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Pretos no ENEM: referências negras para você se inspirar

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Danrley de Freitas Foto: Reprodução Instagram

Quando a ancestralidade e o nós por nós é a chave para continuar a caminhada dos estudos em meio à incerteza da pandemia

Por Camila da Silva

@silva.jornalismo

Mesmo o perfil dos estudantes do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) sendo majoritariamente negro, somando 3 milhões (59,1%) dos estudantes que prestaram o exame no ano passado, as referências e o apagamento do conhecimento científico e ancestral entre a população preta ainda persiste, ao procurar no Google “vestibulandos para seguir no instagram”, os primeiros rostos a aparecerem são os brancos. Em um dos portais que listam 20 contas de estudantes e professores como referência, apenas 25% são negros, ou seja, 5 entre os 20 perfis. 

Essa invisibilidade, chamada tecnicamente de Epistemicídio, fazem com que as referências dentre diversos temas como a Educação sejam majoritariamente brancas, do currículo das escolas às universidades, quase que de forma natural, a morte começa pelo apagamento histórico. Nesse momento, no qual, o ENEM foi adiado e as respostas governamentais para os cuidados com alunos e professores são quase nulas, pensar no futuro se torna ainda mais difícil. Pensando nisso a iniciativa Pretos no ENEM já fez a ponte entre 4 mil voluntários e 5 mil alunos que ainda não puderam pagar a taxa de inscrição (R$85) do exame. 

Além disso, elencamos aqui sete perfis, entre os studygrams de vestibulandos, universitários e profissionais dos cursos de graduação mais procurados pelos estudantes em conjunto com referências das histórias pretas dessas profissões.

‘Pedagogia e Letras’

Daniella Kelly – @estudaeguria

Compartilhando resumos, dicas de estudo e as angústias de ser vestibulanda, a estudante natural de Olinda (PE) já soma 12 mil seguidores em seu instagram de estudos.

Millena Correia – @alem.deletras

De Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, Millena, agora estudante de Letras, compartilhou sua jornada como vestibulanda e continua como universitária, pautando em seu perfil alguns temas recorrentes do ENEM e dicas de gramática. 

https://www.instagram.com/p/B9A-4dEjcAA

Os dados mais recentes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o perfil dos professores das redes estaduais e municipais no Brasil mostram que cerca de 1 milhão dos profissionais atuantes são negros, sendo 44% do total e ainda, de forma mais evidente, as mulheres negras, sendo 83% desses profissionais. O mesmo nem sempre se revela quando olhamos para o Ensino Superior, no entanto, temos as referências que vêm de longe, Katemari Diogo da Rocha, professora doutora em Ciências pela Columbia University in the City of New York (EUA), produziu em 2015 a pesquisa “Contando nossa história: Negras e Negros nas Ciências, tecnologias e engenharias no Brasil”, com o intuito de criar um banco de histórias protagonizadas por cientistas negros brasileiros. E no documentário Flores de Baobá, da cineasta Gabriela Watson Aurazo, encontramos paralelos do cotidiano de educadoras negras no Brasil e nos Estados Unidos. 

‘Medicina’

Já no curso mais concorrido e procurado pelos estudantes, temos Maria Odília Teixeira, baiana de São Félix do Paraguaçu se formando em 15 de dezembro de 1909, inovando na sua tese inaugural na pesquisa de tratamento da cirrose, enquanto as sete médicas anteriores debruçaram-se sobre tocoginecologia ou pediatria.

Bruna Azevedo dos Santos – @pretanamedicina

O protagonismo dessa estudante à rendeu, além de inspiração para outros estudantes, o reconhecimento como embaixadora do Descomplica, um dos maiores cursinhos pré-vestibular online e também do aplicativo de foco para estudos e outras atividades, o Flipd-The Digital. Além do ENEM, ela também compartilha dicas para as provas regionais de SP.

Jenyfer Lopes – @jenystudy

Jenyfer, também é embaixadora do Descomplica, além do ENEM, compartilha seus estudos para o vestibular da Universidade de Brasília (UnB). Ela está no segundo período de Biologia no Instituto Federal de Brasília e concilia seus afazeres do instituto e os pessoais com o estudo para o vestibular. No seu perfil também disponibilizou cupons de desconto para outros vestibulandos estudarem online e modelos de cronograma para organização.

https://www.instagram.com/p/B6V3gy-gWQu

Danrley de Freitas – @danrleydefreitas

Estudante de medicina de Viçosa (MG), Danrley compartilha as especificidades do curso no seu IG e também no seu canal do youtube, com oficinas de redação, dicas e macetes na área de exatas, além de apostilas em PDF para outros estudantes.

‘Direito’

Bianca Nogueira – @biajuridica

Nem todo mundo tem o privilégio de estudar e não trabalhar, certo? 

É essa a rotina que a paulista Bianca Nogueira compartilha em seu instagram, como conseguir o tão esperado estágio mas mesmo assim não pegar DP na faculdade. Além dos estudos universitários ela disponibilizou em um drive (que está nos destaques do seu instagram), material de estudo de línguas que ela mesma usa para aprender de forma autônoma inglês e espanhol.

Mari – @direitostudies

Entre leituras, estágio e provas da faculdade, Mari mostra, agora já no final de sua graduação, a sua rotina na UFRJ, também em conjunto com outras estudantes debatem assuntos como em “Os caminhos das universidades públicas”, debatido com Luana Gomes da UFG, do @foco.nodireito.

No direito brasileiro Esperança Garcia, mulher negra escravizada é a primeira advogada piauiense, que foi reconhecida, em 2017, pela OAB/PI. Em 1770, ela escreveu uma petição ao governador da capitania em que denunciava as situações de violências pelas quais ela, seus filhos e suas companheiras passavam e pedia providências. Dia 06 de setembro, data de escrita da carta, foi instituído o Dia Estadual da Consciência Negra, no Piauí, em 1999. Em 2016, foi criada a Pós-Graduação em Direitos Humanos em sua homenagem, em Teresina/PI.

Sendo a primeira, abre portas para muitas em outras gerações, como a da advogada Lisiane Lemos (@lisianelemos), 30, de Pelotas, interior do Rio Grande do Sul, que foi reconhecida em 2018, premiadas na categoria empreendedorismo do Most Influential People of Africa Descent (MIPAD), da ONU (Organização das Nações Unidas) como um das jovens negras mais influentes do mundo. Hoje é conselheira da ONU e Gerente de Negócios da Google

Esporte Espetacular deste domingo aborda o tema racismo com jornalistas e atletas negros

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O Esporte Espetacular deste domingo (7) vai seguir o exemplo de vários programas da casa…Dar voz aos negros. O programa terá reportagens especiais sobre o que tem acontecido nos Estados Unidos e o posicionamento dos atletas brasileiros sobre o que acontece aqui no Brasil com as mortes de João, Matheus e Miguel.

Além disso, o jornalista e karateca Diego Moraes participará do programa junto com colegas de profissão, narradores e comentaristas negros da emissora contando sob a ótica de cada um o que acontece no Brasil e no mundo e o que acontece nas suas vidas desde que perceberam e tomaram consciência das consequências do racismo. “Não é proibido brancos falarem sobre racismo, mas de racismo só preto pode falar. Podemos falar sobre vários assuntos, agora discutir o que sentimos, só podemos nos expressar quando sentimos. Por isso é importante quando o racismo vem à tona, os negro terem voz e trazer o olhar, o sentimento do negro do que ele vive no dia a dia. Nós não deveríamos pedir espaço pra falar das nossas sensações, deveríamos ser convidados pra falar e sermos ouvidos.”, disse Diego.

Em entrevista ao Mundo Negro Diego Moraes falou sobre toda articulação e movimento que está surgindo por parte da sociedade branca em prol de apoiar o movimento negro: “Acredito que estamos num processo e num movimento cada vez maior dos brancos entenderem que o racismo estrutural é um problema que eles criaram e podem resolver também, nos dando voz. Nos deixando ocupar espaços de destaque e liderança nas empresas. Diversidade é uma palavra muito bonita pra ficar na fachada, mas tem que estar presente nas atitudes do dia a dia. O que vai acontecer depois as manifestações esfriarem? Não faço ideia. Mas espero que a mudança não seja em passos lentos, seja em passos urgentes”.

Confira os participantes dessa edição do Esporte Espetacular:

Julio Oliveira – narrador

Thiago Oliveira – apresentador

Karine Alves – apresentadora

Debora Gares – repórter

Denise Bastos – repórter

Lucas de Sena – repórter

Rodrigo Franco – repórter

Diego Moraes – repórter

Grafite – comentarista e ex-jogador

Paulo Cesar Oliveira – comentarista e ex-árbitro

PC Vasconcelos – comentarista

Esporte Espetacular deste domingo aborda o tema racismo com jornalistas e atletas negros

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O Esporte Espetacular deste domingo (7) vai seguir o exemplo de vários programas da casa…Dar voz aos negros. O programa terá reportagens especiais sobre o que tem acontecido nos Estados Unidos e o posicionamento dos atletas brasileiros sobre o que acontece aqui no Brasil com as mortes de João, Matheus e Miguel.

Além disso, o jornalista e karateca Diego Moraes participará do programa junto com colegas de profissão, narradores e comentaristas negros da emissora contando sob a ótica de cada um o que acontece no Brasil e no mundo e o que acontece nas suas vidas desde que perceberam e tomaram consciência das consequências do racismo. “Não é proibido brancos falarem sobre racismo, mas de racismo só preto pode falar. Podemos falar sobre vários assuntos, agora discutir o que sentimos, só podemos nos expressar quando sentimos. Por isso é importante quando o racismo vem à tona, os negro terem voz e trazer o olhar, o sentimento do negro do que ele vive no dia a dia. Nós não deveríamos pedir espaço pra falar das nossas sensações, deveríamos ser convidados pra falar e sermos ouvidos.”, disse Diego.

Em entrevista ao Mundo Negro Diego Moraes falou sobre toda articulação e movimento que está surgindo por parte da sociedade branca em prol de apoiar o movimento negro: “Acredito que estamos num processo e num movimento cada vez maior dos brancos entenderem que o racismo estrutural é um problema que eles criaram e podem resolver também, nos dando voz. Nos deixando ocupar espaços de destaque e liderança nas empresas. Diversidade é uma palavra muito bonita pra ficar na fachada, mas tem que estar presente nas atitudes do dia a dia. O que vai acontecer depois as manifestações esfriarem? Não faço ideia. Mas espero que a mudança não seja em passos lentos, seja em passos urgentes”.

Confira os participantes dessa edição do Esporte Espetacular:

Julio Oliveira – narrador

Thiago Oliveira – apresentador

Karine Alves – apresentadora

Debora Gares – repórter

Denise Bastos – repórter

Lucas de Sena – repórter

Rodrigo Franco – repórter

Diego Moraes – repórter

Grafite – comentarista e ex-jogador

Paulo Cesar Oliveira – comentarista e ex-árbitro

PC Vasconcelos – comentarista

Esporte Espetacular deste domingo aborda o tema racismo com jornalistas e atletas negros

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O Esporte Espetacular deste domingo (7) vai seguir o exemplo de vários programas da casa…Dar voz aos negros. O programa terá reportagens especiais sobre o que tem acontecido nos Estados Unidos e o posicionamento dos atletas brasileiros sobre o que acontece aqui no Brasil com as mortes de João, Matheus e Miguel.

Além disso, o jornalista e karateca Diego Moraes participará do programa junto com colegas de profissão, narradores e comentaristas negros da emissora contando sob a ótica de cada um o que acontece no Brasil e no mundo e o que acontece nas suas vidas desde que perceberam e tomaram consciência das consequências do racismo. “Não é proibido brancos falarem sobre racismo, mas de racismo só preto pode falar. Podemos falar sobre vários assuntos, agora discutir o que sentimos, só podemos nos expressar quando sentimos. Por isso é importante quando o racismo vem à tona, os negro terem voz e trazer o olhar, o sentimento do negro do que ele vive no dia a dia. Nós não deveríamos pedir espaço pra falar das nossas sensações, deveríamos ser convidados pra falar e sermos ouvidos.”, disse Diego.

Em entrevista ao Mundo Negro Diego Moraes falou sobre toda articulação e movimento que está surgindo por parte da sociedade branca em prol de apoiar o movimento negro: “Acredito que estamos num processo e num movimento cada vez maior dos brancos entenderem que o racismo estrutural é um problema que eles criaram e podem resolver também, nos dando voz. Nos deixando ocupar espaços de destaque e liderança nas empresas. Diversidade é uma palavra muito bonita pra ficar na fachada, mas tem que estar presente nas atitudes do dia a dia. O que vai acontecer depois as manifestações esfriarem? Não faço ideia. Mas espero que a mudança não seja em passos lentos, seja em passos urgentes”.

Confira os participantes dessa edição do Esporte Espetacular:

Julio Oliveira – narrador

Thiago Oliveira – apresentador

Karine Alves – apresentadora

Debora Gares – repórter

Denise Bastos – repórter

Lucas de Sena – repórter

Rodrigo Franco – repórter

Diego Moraes – repórter

Grafite – comentarista e ex-jogador

Paulo Cesar Oliveira – comentarista e ex-árbitro

PC Vasconcelos – comentarista

Justiça para Miguel: O movimento negro e nordestino foi às ruas motivado pela morte do garoto de 5 anos

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Foto: Joe Andrade

Texto e imagens: Joe Andrade *

Estamos em uma pandemia mundial as recomendações da  OMS é para que fiquemos em casa, mas o  assassinato brutal  de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos fez com que a população recifense saísse nas ruas para protestar contra a impunidade que é privilégio branco nesse país.

Miguel foi morto  na última terça-feira (02), após cair do 9º andar do condomínio de luxo Píer Maurício de Nassau, conhecido como Torres Gêmeas, localizado no bairro de São José, no centro  do Recife.  A mãe do Miguel trabalhava como empregada doméstica para Sarí Gaspar  Côrte Real e o atual prefeito de Tamandaré Sergio Hacker Corte Real que mesmo o país passando por uma pandemia não dispensaram suas empregadas.

Sari pediu para que Mirtes levasse sua cadela para passear, nesse intervalo de tempo a mãe do Miguel confiou em sua patroa para observar o seu filho, a próxima vez que Mirtes veria seu filho seria estirado no chão, morto. Sarí Gaspar  Côrte Real  foi autuada por homicídio culposo por ter deixado a criança sozinha no elevador, a  primeira dama pagou 20 mil reais de fiança e responde em liberdade.

O ato contra essa impunidade  foi organizado pela família do Miguel e recebeu um grande apoio do movimento negro local, faixas, gritos de revolta e uma tremenda dor tomou conta do ambiente.

Um pouco antes do protesto começar, carros passavam buzinando e ouvia-se gritos ‘’ ASSASSINA!’’.  Nossas vidas valem 20 mil reais? E se fosse o contrário? Provavelmente o rosto de Mirtes estaria estampado nos principais jornais. A impunidade quando o assassino é um sujeito branco fica evidente nesse caso. 

https://twitter.com/sitemundonegro/status/1268989611587616769

Estamos em isolamento social, quebramos uma recomendação importantíssima  da OMS porém não dá para ficar em casa no meio de tanta impunidade. Mesmo dentro de casa estamos morrendo. O  Miguel  morreu duas vezes, quando caiu do nono andar  e pela  pela negligência desse Estado racista.  

Existe um grande mito na internet onde acredita-se que o movimento negro brasileiro não se mobiliza quando trata-se de injustiças. Nesta sexta-feira (05/06/2020) um movimento negro e nordestino esteve nas ruas por Miguel e por tantas outras pessoas negras vítimas do nosso deste estado genocida. A mobilização acontece.  Sem pandemia ou com pandemia nós não deixaremos que essas mortes passem em branco. deixamos passar em branco!

Fique em casa, mas se tiver que sair que seja para protestar contra o extermínio da população negra.

* Joe Andrade é estudante de Teatro na UFPE é criadora da página Desenrolando no Facebook.

PEC das domésticas completa sete anos com a maioria sendo mulher negra e sem direitos

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Fotografia: Zanele Muholi

O debate da morte de Miguel mostra, além de tudo, uma realidade gritante da sociedade brasileira, a deslegitimação e excludência da empregada doméstica. Mirtes, mãe de Miguel, mulher preta e periférica que trabalhava limpando a casa de outros e sem seus verdadeiros direitos reconhecidos, é a representação de mais de 3,9 milhões – entre 6,2 milhões empregadas domesticas – de mulheres negras e brasileiras.

No ano de 2020, a PEC das Domésticas completa sete anos com uma realidade não muito diferente de 2013, ano em que foi assinado a lei que dava mais direitos a essa população. A renda mensal desse público, muitas vezes, ainda é menor do que um salário mínimo e a carga de trabalho excede o limite estabelecido. Muitos patrões arrumaram uma solução para não obter vínculos com suas empregadas ou precisar assinar suas carteiras de trabalho, as diaristas.

No ano de 2018, o número de trabalhadoras domésticas com carteira assinada desce a 43,5%. Sendo composta em sua maioria por mulheres (95,6%) e com um grande percentual de mães que não completaram o ensino básico educacional.

A historiadora e rapper Preta Rara, que trabalhou como empregada doméstica por sete anos, descreve em seu livro ‘Eu, empregada doméstica’ relatos sobre a profissão e fala que conseguiu entender a representação da função para os empregadores. Segundo a mesma, “O que eram as mulheres pretas escravizadas, hoje são as empregadas domésticas e as senzalas é o quartinho da empregada”.

Preta Rara explica, ainda, que o trabalho doméstico é hereditário para mulheres pretas. Assim como ela, sua mãe e sua avó também foram empregadas. Romper com esse ciclo é extremamente complexo e demanda anos de luta. “Esse não pode ser o único lugar para essas mulheres”, relata.

A Emenda Constitucional 72 homologada no ano 2013, também chamada de PEC das Domésticas, reconheceu que a classe precisa de direitos centrais. Como recebimento de um salário mínimo ao mês, pagamento garantido por lei, jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 semanais e hora extra. Contudo, os índices do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, cada dia mais, a informalidade cresce na área.

Mulheres que são contratadas como Mirtes – que trabalhava na casa do prefeito de Tamandaré, Estado de Pernambuco, e constava na folha de pagamento da prefeitura – demostram que a irregularidade da profissão só aumenta.

A desqualificação das empregadas é ainda mais exorbitante quando são mulheres negras. O racismo deixa escancarado sua relação com a profissão quando as profissionais são desrespeitadas e ridicularizadas em seu ambiente de trabalho. Silva Santos, presidente do Sindicato Das Empregadas de São Paulo, falou em uma entrevista para o site ‘Gênero e número’ que vêm recebendo inúmeras denúncias de abusos e ameaças raciais.

Diante de uma herança escravocrata, nota-se que as antigas amas de leite e mucamas são as cozinheiras, governantas, lavadeiras e babás de hoje em dia.

Tia Má estreia quadro semanal no programa ‘Encontro’

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O programa Encontro com Fátima Bernardes estreou nesta sexta-feira (5) o novo quadro: ‘Você Viu?’, apresentado por Maíra Azevedo mais conhecida como Tia Má. A jornalista e influencer trará análises bem-humoradas sobre entretenimento e o que mais repercutiu na internet. “O quadro é um olhar do telespectador sobre a programação dos canais da globo mas com o meu jeitinho sempre usando o humor pra levar um pouco de reflexão”, disse Tia Má em entrevista ao Mundo Negro.

O quadro vai ao ar toda sexta-feira e será um grande resumo da semana. Tia Má comentará os acontecimentos e as possibilidades de entretenimento durante a quarentena. Maíra participou do programa Encontro de ontem, quinta-feira (4), em um painel que abordou o tema do racismo. Na discussão, ela revelou que ensina o seu filho de 12 anos a não correr, “para não chamar a atenção da polícia”.

https://twitter.com/RedeGlobo/status/1268889651852558336


A jornalista que está grávida do seu segundo filho diz que não deixará de falar das coisas que são importantes “para a gente”. “Vai ser um grande desafio porque esperam que nós que somos forjado na luta antirracista tenhamos sempre um posicionamento mais ferrenho diante dessas situações mas eu acredito que o amor e o riso também podem ser um grande instrumento de empoderamento e conscientização”. 

Kanye West participa de protestos e doa US$ 2 milhões para família de vítimas da violência policial nos EUA.

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O cantor foi visto em protestos em Chicago.

As doações incluem o financiamento de advogado para as famílias de Breonna Taylor, e Ahmaud Arbery, outras vítimas do racismo e violência policial nos EUA em 2020.

West também iniciou plano financiado de educação para arcar com a faculdade da filha de Floyd, Gianna Floyd de 6 anos.

Além disso, o rapper também investiu em negócios dirigidos por pessoas negras que foram afetados pela crise devido ao COVID-19.
As informações foram confirmadas a CNN norte-america pelo representante do cantor.

As doações de Kanye aconteceram após a uma semana marcada por ondas de manifestações, que tomaram diversos estados dos EUA e até outros países, em repúdio a morte brutal de George Floyd e outras vítimas negras pelas mãos da polícia.

Na última quinta-feira (4), o rapper foi visto em um dos protestos que ocorriam em Chicago, contra a violência policial e o racismo que custaram a vida de George Floyd, Breonna Taylor, Ahmaud Arbery e tantos outros.

https://www.instagram.com/p/CBCPaq7Bo97/

 

Outras vítimas:
Breonna Taylor, paramédica que foi assassinada em março desse ano, em sua casa com 8 tiros durante uma operação contra o tráfico de drogas em seu bairro, não foi encontrado nenhum tipo de drogas em sua casa. Nenhum policial foi acusado por sua morte.


Ahmaud Arbery, foi assassinado em fevereiro desse ano, por dois policiais brancos, enquanto praticava exercícios em seu bairro. Um vídeo gravado por um outro policial mostra que insultos racistas foram as últimas palavras ouvidas por Arbery. Os policiais culpados foram detidos dois meses depois do crime.

Glória Maria se emociona ao anunciar que racismo será tema do Globo Repórter

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O programa Globo Repórter, da Rede Globo, de hoje (05/06) traz o tema “racismo”. Glória Maria, jornalista e apresentadora do programa se emociona a falar da temática que será abordada: “Um assunto que conheço desde que sou pequenininha, praticamente desde que nasci.”

O programa terá uma edição especial e reexibirá o painel histórico do programa “Em Pauta”, da Globo News, com o time de seis jornalistas negros Heraldo Pereira, Maju Coutinho, Aline Midlej, Flávia Oliveira, Zileide Silva e Lilian Ribeiro, somado com a participação especial de Glória Maria. 

https://www.instagram.com/p/CBEIj9ZAMT-/

O programa será exibido após a novela das 21h.

Todo branco é racista?

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Uma pergunta muito comum surgiu após os últimos acontecimentos com relação a racismo e negritude. Afinal, todo branco é racista?

Sim. E eu irei explicar o porquê.

O que significa racismo?

Segundo o dicionário é um sistema de opressão que cria uma hierarquização das relações utilizando critérios como raça, religião, cultura e outros elementos. Ou seja, o racismo não é apenas a atitude hostil direcionada ao indivíduo de outra raça, mas sim um conjunto de doutrinas e pensamentos que estabelecem a superioridade social de uma raça com relação a outra.

Nós vivemos em uma sociedade com um sistema racista que reafirma estruturalmente todos os dias que brancos são superiores aos negros.

Esse sistema tem engrenagens que funcionam de forma que brancos tenham privilégios sobre os negros. TODOS os brancos, não são só alguns, mas TODOS OS BRANCOS acabam por ter essa vantagem social, simplesmente por serem brancos. Assim como os homens possuem privilégios com relação às mulheres, simplesmente por serem homens.

Considerando isso, concluímos que todos os brancos, automaticamente, fazem parte do sistema. Mesmo que não façam nada para alimentá-lo, o sistema irá funcionar para beneficiar eles.

Mesmo que você, branco, diga hoje que é antirracista, o mundo não irá parar de enxergá-lo como uma pessoa branca e te promover facilidades.

Assim como eu, um homem negro, dizer que a partir de hoje sou branco, não deixarei de ser lido como tal e não deixarei de sofrer as opressões que ser um homem negro no Brasil trazem.

Sendo parte ativa e beneficiários dessa estrutura de opressão, os brancos são lidos como racistas.

Entenda, a ideia não é te comparar a um membro da Ku Klux Klan ou dizer que você é um descendente de Adolf Hitler, mas te mostrar que você faz parte das engrenagens do sistema racista que rege a nossa sociedade.

Quando olhamos para um carro, formado por diversas peças e engrenagens que sozinhas são – ou podem ser – outras coisas, não deixamos de chamar o conjunto todo de carro.

Dificilmente olhamos para um parafuso de um carro e dizemos “olha só, a junção daquele parafuso com aquele couro e aquela estrutura de plástico sobre rodas é um carro”. Fazendo parte ou servindo ao todo, continuamos chamando o conjunto de carro.

Essa é a lógica utilizada. Nosso olhar não está no indivíduo e sim no coletivo, o grupo social que descende de quem criou, compactuou e se beneficia disso.

Se reconhecer como racista e dono de poderes estruturais e cotidianos é o primeiro passo para compreender a estrutura. Se envergonhe do racismo e combata ele desde suas atitudes, falas e cenários, bem como dos seus amigos ao redor.

Grada Kilomba diz que ao invés de ficar questionando “eu sou racista?” e esperar uma resposta confortável, vocês brancos devem questionar “como eu faço pra desmantelar o meu próprio racismo?”. Essa mudança de perspectiva já é um passo GIGANTE para a luta antirracista.

Não se vitimize, não entre na defensiva. Reconheça e lute contra isso.

Eu costumava achar radical colocar todos dentro do ‘mesmo saco’ até entender do que se trata a desconstrução. Quando a violência passa a ser o normal de uma sociedade, todos os nascidos em seu seio cooperam com ela em algum grau e é parte dessa desconstrução reconhecer isso.

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