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‘BlackRocks’: Festival on-line ofecere conteúdo produzido por pessoas negras de diferentes regiões do Brasil

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Em meio ao momento atual, festival organizado pela BlackRocks Startups oferecerá gratuitamente mais de 50 palestras e painéis com profissionais de diversas regiões do país, tendo curadoria nacional nas cidades de: São Luís/MA, Cuiabá/MT, Rio de Janeiro/RJ, Florianópolis/SC e São Paulo/SP.

Com conteúdos ministrados por profissionais das áreas de inovação, tecnologia e negócios digitais o Arena BlackRocks festival será uma plataforma de conexão da população negra ao ecossistema de startup.

A fundadora e CEO do BlackRocks Startups, Maitê Lourenço, ressalta a importância do festival neste momento: “Entendendo que a população negra é a mais prejudicada em nosso país, se faz urgente criar mecanismo para capacitá-la e promover a ampliação de nossas atividades, estes já são nossos objetivos como BlackRocks e agora, durante a pandemia de COVID-19 e as consequências econômicas, se faz mais que necessário o processo educacional para o nosso povo.”

O BlackRocks Startups tem atuação como aceleradora de negócios e uma grande plataforma de conexão, acesso e transformação de perspectiva para profissionais negros e empreendedoras/es.

Os conteúdos que serão apresentados majoritariamente por pessoas negras, estão divididos em trilhas que poderão ser acompanhadas tanto por profissionais que desejam se aprimorar e/ou tenham interesse em ingressar em áreas como marketing, design, desenvolvimento, vendas, metodologias ágeis e muito mais. Também foca em empreendedoras e empreendedores que possuem o desafio de realizar a transformação digital em seus negócios, escalar e/ou criar uma startup.

Serviço:

O Arena BlackRocks acontecerá on-line de 13 a 18 de Julho, Palestras simultâneas todos os dias às 18h, 19h e 20h. As inscrições são feitas pelos site: www.arenablackrocks.com.br 

“Você é preta, não era nem pra você estar aí” Ludmilla desabafa sobre briga com Anitta

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Na última sexta-feira (12) a cantora Ludmilla mandou um recado para Anitta, com quem já gravou músicas e dividiu palco diversas vezes.

“De você quero distância”, disse Ludmilla sobre a cantora, após a circulação de um vídeo em que Anitta ironiza o relacionamento de Ludmilla com Bruna Gonçalves.

Após muita repercussão e revolta sob a fala de Ludmilla e o silêncio de Anitta sobre o assunto, hoje (15), a cantora Ludmilla postou um vídeo em seu instagram como uma carta aberta, fazendo um desabafo sobre tudo o que rolou durante a curta parceria entre as duas.

Muitas provas são expostas no vídeo da relação complicada entre as cantoras em que a Ludmilla sempre saía em desvantagem.



E no fim do vídeo a cantora desabafa. “Eu como mulher preta, sempre senti isso. As pessoas queriam que eu ficasse no meu cantinho, por mais que eu estivesse certa, queriam que eu pedisse desculpas.”
“Tipo: ah, você é preta, não era nem pra estar aí, já está em um lugar que não era nem pra estar ocupando.”

Nas provas do vídeo, Ludmilla mostra diversas vezes em que sofreu racismo por parte de fãs de Anitta, que exigiam que a cantora apenas agradecesse as “portas” que Anitta abriu para ela.
“Tem uma hora que a gente não aguenta mais.” Desabafou Ludmilla em sua conta no instagram.

Como usual, o posicionamento de Ludmilla fez com que os ataques por parte dos fãs de Anitta só aumentassem. Nas redes sociais, influenciadores comentaram sobre o assunto e como a situação vivida por Ludmilla não é nenhuma novidade para pessoas pretas no mundo da música.

Para “nos ajudar a evoluir”, Evaristo Costa cede suas redes sociais para Luciana Barreto

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Nesta segunda-feira (15) Evaristo Costa compartilhou que vai abrir espaço em seu Instagram para a jornalista e mestre em relações étnico-raciais Luciana Barreto. Seguindo a ‘onda’ de outras pessoas brancas com grande visibilidade, fazendo com que pessoas negras continuem tendo voz ao falar sobre questões raciais. 

Em seu Instagram, Evaristo deu as boas vindas a jornalista e agradeceu por ela ter aceitado o convite “obrigada por dividir com a gente seus conhecimentos e sua história. Receba nossas boas-vindas”. 

Nos próximos dias, Luciana vai tratar de questões raciais, falar de respeito, dar dicas de leitura e “nos ajudar a evoluir”.

Teyana Taylor e Iman Shumpert terão mais um bebê

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A atriz, cantora, compositora, dançarina e coreografa anunciou no ultimo dia 12, que está esperando seu segundo filho com o marido Iman Shumpert, jogador de basquete pelo time Brooklyn Nets. A primeira filha do casal nasceu em 2015.

O Anuncio veio através do video clipe do single ”Wake Up Love” onde Teyana exibe ao lado da família, sua barriguinha de grávida. A música, faz parte do próximo álbum da artista que deverá ser lançado ainda esse mês, e se chamará ”The Album”.

Apesar do momento de sublime felicidade, Teyana não ignorou o seu sentimento sobre ser casada com um homem preto em uma sociedade racista, e escreveu uma carta aberta no Instagram, confira:

https://www.instagram.com/p/CBWRAuxFpXA/?utm_source=ig_web_copy_link

Ungodly Hour: Chloe x Halle conquistam público e crítica com seu novo album.

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A Wrinkle in Time director Ava DuVernay approached Chloe and Halle to write "Warrior," a song they say they hope will inspire young black girls.

Ungodly Hour, segundo álbum de estúdio da dupla formada pelas irmãs norte americanas Chloe e Halle Bailey de apenas 21 e 20 anos de idade respectivamente, foi lançado no último dia 12 de junho e está fazendo muito barulho entre os fãs do R&B.
Publicações como Rolling Stones, Clash Magazine, The Guardian e Entertainment Weekly estão entre os nomes que aclamaram o lançamento do duo. O disco já está com 80 pontos no Metacritic, renomado site que faz as médias das notas recebidas pela critica especializada, além de um espaço onde os próprios leitores avaliam o lançamento. Entre o público, o álbum também foi muito recebido, com nota 9.6.

O álbum que seria originalmente lançado em 5 de junho, mas teve sua data adiada em respeito as manifestações #BlackLivesMatter, foi produzido por artistas como Sounwave e Boi-1da que já trabalharam com nomes como Beyoncé, Kendrick Lamar, Rihanna e Drake.
Além disso, a dupla canta ao lado de Swae Lee e Mike Will Made It no single Catch Up.
Ungodly Hour está disponível em todas as plataformas digitais, e você pode ouvir agora mesmo.

Cantora Barbra Streisand dá ações da Disney para filha de George Floyd

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Cantora Barbra Streisand e Gigi Floyd, filha de George Floyd

A cantora Barbra Streisand doou ações da Disney para Gianna Floyd, a filha de 6 anos de George Floyd, assassinado por ficar 8 minutos e 46 segundos imobilizado por Derek Sauvin, polícial da cidade de Minneapolis, Estados Unidos. O caso decorreu uma série de protestos em diversos países.

A notícia foi anunciado pela própria garota em suas redes sociais, “Obrigado @barbrastreisand pelo meu presente, agora sou um acionista da Disney graças a você.”

No entanto, não foi revelado pela cantora e nem pela família de Floyd quantas ações foram doadas para a menina. O site americano “TMZ” informou que as ações da Disney, uma das mais seguras e valiosas do mercado, estão valendo cerca de US$ 115 dólares cada (o equivalente a R$ 580 na cotação atual).

Gigi Floyd também pode contar com um fundo de doações que já arrecadou mais US$ 2 milhões desde o assassinato do seu pai, em 25 de maio.

https://www.instagram.com/p/CBYSZ4pnqeP/

‘Sangue e Água’ série Sul Africana terá uma 2ª temporada na Netflix?

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Com apenas seis episódios em sua 1ª temporada, Sangue e Água (Blood & Water) é a segunda de origem africana apresentada na Netflix (a primeira foi Queen Sono) e conta a história de uma garota da África do Sul, Puleng Khumalo (Ama Qamata), que tenta encontrar sua irmã Phumele há muito sequestrada por uma rede traficantes de pessoas.

A série sul-africana da Netflix faz parte de um pacote de séries teen nas quais a plataforma está apostando, incluindo títulos como Riverdale, 13 Reasons Why e Outer Banks. E já que a estratégia está dando tão certo, nos perguntamos: Sangue e Água terá uma 2ª temporada? 

A verdade é que, até o momento, não há nenhuma sinalização da Netflix sobre uma segunda temporada de Sangue e Água. Normalmente, o streaming tem uma tendência a aguardar algumas semanas, o que pode chegar até dois meses, para avaliar os dados de exibição de uma série e só assim decidir pela sua renovação ou não.

Há alguns sinais positivos no ar, para que a série seja renovada, a outra série sul-africana, Queen Sono, já foi renovada para uma 2ª temporada. Outro bom ponto é que circula pelo twitter um vídeo dos atores principais reagindo a notícia de que a série foi renovada e terá sim uma segunda temporada; veja:

Nina Silva comanda o Instagram de Fábio Porchat para falar sobre Black Money

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Neste final de semana, Nina Silva, CEO do Movimento Black Money, comandará o Instagram do apresentador Fábio Porchat.

O Black Money é uma plataforma on-line – Marketplace – que permite a conexão entre empreendedores e consumidores negros. “Nosso objetivo é ser mais do que um Marketplace para negócios negros, mas uma ferramenta para gerar autonomia e prosperidade para comunidade negra, dentro dos valores afrocentrados. Queremos auxiliá-los a utilizar seu poder econômico e populacional em seu próprio benefício”.

Durante o final de semana, Nina dará espaço para afroempreendedores falarem sobre seus negócios durante lives que ocorrerão durante toda a sua permanência na rede social do apresentador, sempre falando sobre empreendimentos e iniciativas, usando a rede de acordo com a iniciativa Black Money.

“Vou comandar o instagram do Fábio Porchat até segunda-feira (15). Durante esse tempo, através da #VozesNegrasImportam, vamos conversar sobre diversos assuntos do meu cotidiano: inovação, transformação digital, futuro do trabalho, finanças, #blackmoney, empreendedorismo, gestão de negócios, desigualdades raciais e nossa sociedade. Além de fortalecer o rolê de empreendimentos negros. Sejam bem-vindxs ao meu mundo! Bora nessa?”. Para acompanhar todo o conteúdo é só seguir @ninasilvaperfil no Instagram.

Os efeitos do racismo e a perpetuação da riqueza dos brancos

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Arte: Ella Byworth

Marcelo Arouca*

As recentes expressões de racismo no Brasil e nos EUA fizeram com que a temática racial ganhasse os holofotes e passasse a fazer parte de vários espaços de discussão seja nas redes sociais seja nos programas de rádio e televisão. O dado em comum na abordagem da temática era a tentativa de estabelecer comparativos entre o Racismo nos EUA e o Racismo no Brasil. E, em todas as análises, a violência policial era destacada como expressão máxima do racismo. Afinal, as mortes de George Floyd e João Pedro se apresentaram como fatos inegáveis do racismo praticado pelas polícias de lá e daqui.

No bojo das discussões, também se buscavam estabelecer comparações entre outras variáveis da vida social em que o racismo se manifestara como, por exemplo, nas áreas de educação, mercado de trabalho e saúde. Neste particular, vale destacar que a pandemia da covid-19 também materializa o racismo. Afinal, tanto lá quanto cá, as comunidades negras ocupam as primeiras posições no ranking da letalidade da doença mesmo sendo minoria entre os infectados. Por fim, vale destacar também a tentativa de se explicar as diferenças na forma com que estadunidenses de reação aos casos de racismo promovidos pelos respectivos estados.

Entretanto, todos esses debates despertaram em mim a necessidade se abordar algo que vem sendo quase que negligenciado em todas as discussões sobre racismo. É recorrente, e salutar, discutir os efeitos do racismo na sociedade brasileira sob a ótica da geração e perpetuação da pobreza entre os descendentes dos escravizados – nós, os negros e negras. Todavia, quase nada é escrito sobre a geração e perpetuação de riqueza que esse mesmo fenômeno (O RACISMO) perpetuou entre os brancos.

Portanto, se as condições de vida dos negros de hoje são resultantes do processo de exploração que seus antepassados foram submetidos durante a escravidão e também dos efeitos do racismo no pós-abolição, pode-se afirmar que as condições de vida dos brancos de hoje também são resultantes do mesmo processo, porém usufruindo das riquezas por ele geradas.

Se essa afirmação for verdadeira (e é), será preciso abrir uma janela de discussão e de pesquisa profunda para que se possa fazer uma espécie de genealogia da riqueza no país remontando desde à origem do processo escravocrata e racista, passando pelas leis racistas de incentivo à imigração europeia do final do século XIX que tanto enche de orgulho os seus descendentes. Um dado que pode facilitar essa pesquisa é que, ao contrário do que ocorreu com os documentos da escravidão, há muito mais registros e documentos que possibilitarão a identificação das famílias que se beneficiaram com o racismo no Brasil.

Na prática, essa identificação pode não trazer nenhuma compensação monetária aos descendentes dos povos escravizados, mas servirá, ao menos, para mostrar que não é apenas nas mãos da polícia que há gotas de sangue negro.

* Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia; Consultor de Projetos Sociais e Ambientais; e Pai de Beatriz, Letícia e Martin.

Como Watchmen ajuda a entender o fim da escravidão no Brasil

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Texto de Fernando Campo Grande, publicado originalmente no site Kolmeia.net

No final de 2019, fui surpreendido pela série da Watchmen produzida pela HBO. Minhas expectativas estavam altas graças aos trailers de divulgação e por ser fã declarado da DC comics. Porém, não estava preparado pelo que estava por vir ,uma vez que a série já começa pelo massacre da cidade de Tulsa – Oklahoma/EUA.

Trailer da série

 Confesso que nunca soube sobre essa história, e o próprio diretor (Damon Lindelof) revelou só ter conhecido ao fazer pesquisas para a série. A partir dessa curiosidade me despertou uma pergunta: o quanto de fato sabemos sobre a história negra no Brasil. 

 Infelizmente, ainda hoje os cerca de 54% da população ainda não possuem as ferramentas necessárias tanto para conhecer a sua própria história, tampouco para contar a sua própria. Logo, esse texto irá escolher um determinado período: a abolição. 

Já adianto que a função desta postagem serve para provocar a mesma curiosidade que o primeiro episódio de Watchmen provocou em mim, e se pelo menos uma pessoa que ler de fato for pesquisar sobre 13 de maio, já estarei extremamente grato. 

O que estava acontecendo antes da Princesa Isabel assinar a lei áurea?

Aposto que na escola você deve ter ouvido a seguinte narrativa:

 ” no dia 13 de maio, a princesa Isabel assinou a lei áurea, pondo fim a escravidão dos negros” 

Durante muito tempo boa parte da população decorou essa frase tal como os versos do hino nacional. Na verdade, houve até algumas adaptações para TV a colocando como redentora e tudo mais. No entanto, a história não foi bem assim. 

Assim como em Watchmen, a história foi bem sangrenta e com vários episódios

Não tivemos um massacre como da cidade de Tulsa, mas nossa história contou com massacres e tramas. Para prepará-lo melhor, assim como nos flashbacks da série da HBO, vamos deixar uma pergunta: Já perceberam que os negros raramente aparecem como protagonista nos atos históricos no Brasil?

Então, é sempre bom relembrar o óbvio, ou seja, tudo isso ocorreu graças a dois fatores. O primeiro deles é que negros eram vistos como propriedade e não como pessoas, quem dirá seres pensantes. O segundo, e também muito importante, o ensino de qualidade estava disponível apenas para as classes dominantes.

 Dessa forma, ainda que você fosse branco, se não fosse da classe dominante, muito provavelmente seria analfabeto e corria o risco de não ser tratado como  “Branco”. Para o subtítulo desse bloco fazer sentido, vamos falar de um evento em específico, A Guerra do Paraguai. 

Esse é outro exemplo de como passamos batidos por eventos chaves da nossa história. Afinal, quantas  vezes você ouviu a mentira de que o Brasil sempre foi pacífico? Pois bem, para se ter uma ideia, guardadas as devidas proporções, a Guerra do Paraguai foi um dois maiores conflitos armados do continente sul americano. Ouso dizer que pode ter sido um dos maiores da América. Inclusive, vale muito a pena assistir ao documentário Guerras do Brasil.doc e claro uma conversa com algum pesquisador de história da sua cidade.

Qual a importância da guerra do Paraguai para a abolição da escravidão? 

Para exemplificar melhor, irei citar o significado da palavra catalisador. De acordo com o dicionário Michaelis, catalisador é uma substância que altera a velocidade de uma reação química. Com isso, A Guerra do Paraguai foi o catalisador de algo que já estava em curso. Pois, durante o século XIX o número de fuga de escravos, quilombos e até mesmo insatisfação popular só aumentava. Todos eles sempre sufocados pela guarda nacional. Os fatos aconteceram assim:

1 – Brasil decidiu entrar na guerra ao lado da Argentina, porém, mesmo sendo um país gigantesco, não tinha um exército formado. A princípio eles contaram com o apoio dos voluntários da pátria, mas rapidamente passaram a alforriar negros para enviá-los à guerra.

2 – Negros recém libertos lutaram ao lado daqueles que antes os perseguiam. Além disso, o conflito que duraria apenas alguns meses, durou 6 anos.

3 – Ao retornar ao Brasil, os negros livres manusearam em armas, sabiam que o Brasil era a último país a apoiar a escravidão e os soldados do exército eram ex-combatentes. 

Ainda sim, em 1870, ao término da Guerra do Paraguai, a elite da época queria re-escravizar os negros. Com isso, restavam 18 anos até o dia 13 de maio de 1888, longe de serem pacíficos ou sem articulações. 

A conquista da abolição 

De volta ao universo da série Watchmen da HBO, dentro da ficção há uma série de TV chamada American Hero Story. Nela, existe um herói chamado Justiça Encapuzada (Hooded Justice) que usava capuz preto e laço de corda ao redor do pescoço. Além disso, foi o primeiro aventureiro mascarado e a principal influência dos Minutemen, grupo de heróis fantasiados.cujo qual foi um dos membros fundadores. 

Ainda assim, ele não tinha nem de longe o papel de protagonista. Antes de continuar o assunto desenvolvido na parte 1, na série fictícia, o Justiça Encapuzada era protagonizada por um ator branco e mais a frente neste texto vocês irão entender o porquê dessa menção específica. 

Na edição 179 da revista Aventuras na História, publicada em abril de 2018, há uma matéria que somente um palavrão pode descrever. Com o mesmo título desse bloco, o artigo relata algo que eu já imaginava: os negros lutaram e muito pela abolição. 

Primeiramente, fica fácil de imaginar que aqueles negros combatentes da guerra do Paraguai ao voltarem não assistiriam passivamente pessoas sendo chicoteadas. Na edição citada há um relato em especial da formação de  uma vasta rede de colaboração, incluindo caixeiros-viajantes e funcionários da rede ferroviária no estado de São Paulo. 

Dessa forma, podiam ajudar negros a fugirem através dos vagões e seguirem para o quilombos de jabaquara. Em outra citação, negros alfabetizados liam as notícias para os demais saberem o que acontecia, sem contar aumento do número de negros que se rebelaram por conta própria. Vale lembrar que nesse momento, o exército se recusava a perseguir negros.

Outro ponto importante foi que tanto os EUA, quanto Cuba já tinham abolido a escravidão. Com isso, o Brasil tinha se tornado o último país no ocidente a manter o regime. Dessa maneira, uma parcela maior da sociedade estava insatisfeita com a escravidão. Por isso, em 1880, dez anos após o término da Guerra do Paraguai, a abolição estava nas ruas, na arte, nas manifestações. 

Era o início de um movimento civil organizado, muito provavelmente com a contribuição daqueles ex-combatentes da guerra do Paraguai e muitos outros cansados da opressão. Além de figuras como Luís Gama, José do Patrocínio e André Rebouças, todos abolicionistas negros e com grande influência na imprensa e no meio político.

Afinal, o que Princesa Isabel fez de fato?

Nesse mesmo período, os abolicionistas ganhavam cada vez mais adeptos, desde a imprensa, passando por pessoas da elite, membros do governo e assim chegamos a Princesa Isabel. E aqui chegamos em um ponto de divergência. 

Segundo Danilo Nunes, mestre em História pela UFRJ e professor de História da SME-Rio, ela sofreu pressão dos abolicionistas, deputados e da Inglaterra. Inclusive, de acordo com o artigo O Lado B da Princesa Isabel publicado na revista IstoÉ, a filha de Dom Pedro II estava bem longe da figura de redentora dos escravos. Diante disso, a assinatura da Lei Áurea possivelmente foi um ato ocorrido muito mais por pressões do que de fato por vontade própria. Ainda que tinha acontecido foi uma vitória para o povo negro naquele momento, outra luta estava começando.

Contudo, há um grupo que reconhece seus atos. Se analisarmos a situação, de fato ela merece parte do reconhecimento, afinal ao assinar a lei áurea, ela teve a coragem que o pai não teve. No episódio 45 do Podcast História no Cast, existe um interessante debate em relação a participação da filha de Dom Pedro II no processo da abolição. Embora eles não a coloquem na figura de redentora, mostram bons argumentos sobre a contribuição dela que inclusive lhe custou o trono. Uma vez que no ano seguinte os militares com o apoio da elite cafeicultura expulsaram toda a família Real. Com isso, a República foi implementada e diferentemente da abolição, sem participação popular.

A Injustiça histórica liga o enredo da série a nossa história

Portanto, atribuir a ela toda a glória do primeiro movimento popular, onde diversos líderes negros contribuíram até com a própria vida é algo tão escandaloso quanto o que aconteceu ao Justiça Encapuzada. Apenas uma observação, o Justiça Encapuzada na série fictícia foi baseado em homem negro que caçava supremacistas brancos protegidos por um sistema corrupto. Logo, toda mitologia dos super-heróis teve início com homem que teve sua história completamente ignorada. 

Encerro esse texto com uma observação feita pela também redatora  do Kolmeia.net Carla Benevenuto. Na última temporada de Game of Thrones, vimos a criatura mitológica conhecida como o Rei da Noite, tentar a todo custo eliminar o Bran que naquele momento possuía as lembranças de todos os habitantes de Westeros. Se não fosse Arya Stark, Bran teria morrido e assim toda a atenção história existente dos 7 reinos. Com isso, todos estariam condenados eternamente a tal longa noite.

O efeito de não saber a história ou ela ser contada pelo lado do dominante, é o mesmo de deixar a longa noite acontecer.  

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