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Artista de Diadema retrata maternidade negra em maior obra de arte urbana do país

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Foto: Divulgação

Obra realizada em Belo Horizonte reforça o afeto entre a real família brasileira

Nascido e criado em Diadema, o artista visual, Robinho Santana inaugura a maior obra de arte urbana do Brasil, realizada em Belo Horizonte. O trabalho que integra a 5ª edição do festival de arte pública CURA – Circuito Urbano de Arte, retrata a maternidade negra, com uma mulher que cuida de seus dois filhos. 

O artista que norteia seus trabalhos na retração do povo preto como protagonistas e autores de sua própria história, reforça a importância da representatividade, da exaltação do afeto entre a real família brasileira, e do reconhecimento da grandeza desse povo discriminado apenas pela cor de sua pele, conforme revela em entrevista recente ao UOL. 

“Sentir-se representado de forma digna faz com que você olhe para outros lugares para além daquele em que a sociedade te colocou, te faz querer conhecer, te inspira a ser e a entender que você também pode ser aquilo que o outro parecido contigo é. O poder e a importância da representatividade negra nas artes plásticas, por exemplo, me fez estar aqui, quando lá atrás me vi em outro artista negro e vislumbrei que era isso que eu queria fazer de minha vida”, conta o admirador de Jean-Michel Basquiat (1960-1988).

Vice-presidente de Finanças da Bayer, Maurício Rodrigues atribui seu sucesso aos pais e muito estudo

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Maurício Rodrigues é vice-presidente de Finanças da Bayer Crop Science para América Latina - Foto: Divulgação Bayer

Maurício Rodrigues é um dos representantes de uma geração fruto de pais conscientes do papel da educação como grande diferencial na vida de quem nasce com a pele negra em um dos países mais racistas do mundo. Vice-presidente de Finanças da Bayer Crop Science para América Latina , Rodrigues é um dos responsáveis pela maior campanha de recrutamento de trainees negros da empresa que se encerra no próximo dia 21 de outubro.

Engenheiro civil de formação, Rodrigues tem mais de 20 anos de experiência no setor financeiro e conhecimento de gerenciamento de riscos e liderança de grandes grupos. Na Bayer ele também atua como sponsor do BayAfro, grupo de afinidade responsável por desenvolver e discutir políticas de inclusão e diversidade étnico-racial dentro da companhia em todos os níveis hierárquicos.

Projetar uma ascensão profissional desconsiderando a importância de cursar um curso superior ou estudar línguas é uma ilusão. Porém a ausência de referências de pessoas negras que trilharam essa jornada de crescimento profissional, apesar de todas as dificuldades, faz com que muitos jovens não queiram usufruir de oportunidades feitas para eles como os programas de estágio e trainee para estudantes negros.

Nessa entrevista feita pela nossa editora-chefe Silvia Nascimento, Rodrigues compartilha detalhes sobre sua trajetória profissional, que inclui uma experiência internacional de quatro anos que impactou a forma que o executivo analisa as relações raciais no ambiente de trabalho.

Mundo Negro – Olhando sua trajetória profissional, como você se manteve motivado em um país que dificulta os avanços das pessoas negras no mercado de trabalho? Você teve em quem se espelhar e/ou inspirar?


Maurício Rodrigues: Tive a vantagem de ter tido pais que “quebraram o ciclo” e conseguiram se graduar na Universidade Federal do RS em Engenharia e Direito, contrariando o padrão da comunidade negra e do restante da nossa família. Digo que quebraram o ciclo pois fizeram isso sem nenhum incentivo, dado que não existiam outras pessoas da família que se graduaram e com todas as dificuldades financeiras possíveis.


Por terem feito isso, eles valorizaram bastante a educação e me deram condições de estudar em boas escolas, o que me permitiu entrar numa boa universidade e me abriu portas para concorrer a uma grande empresa.
Além disso, ambos serviram de grandes exemplos e referências para mim pois me faziam sonhar que era possível crescer e atingir cargos mais altos na área que eu tivesse interesse.
Essa combinação de boa base de educação e referência para me deixar sonhar alto fez uma grande diferença na minha carreira, algo que sei que não é realidade para a maioria da população negra do país.
E por isso tento dar minha parcela de contribuição hoje em dia também atuando como referência para essa população para que possam também sonhar com essa possibilidade.

Você já teve experiências profissionais fora do Brasil? Se sim, onde foi e racialmente como foi essa vivência para você?
Vivi 4 anos fora do país, sendo dois anos e meio em St. Louis, nos EUA, um ano e meio no México.
Tanto profissionalmente como pessoalmente, a experiência de morar fora foi muito boa para poder ter uma perspectiva diferente e mais ampla sobre vários aspectos. Falando especificamente do tema racial, aprendi muito morando nos EUA para poder entender melhor o histórico dessa luta por lá, e sem dúvida viver diversas situações de racismo cotidianas (similares às que vivo no Brasil).
Outro ponto importante do meu período nos EUA foi que fui convidado a participar com mais ênfase na questão racial. Não era aceitável por lá que os negros não se envolvessem nos grupos de discussão da temática de maneira mais atuante. Talvez o meu histórico até o momento no Brasil, como vários outros negros, era de não me pronunciar de maneira mais efetiva sobre o assunto e conviver com as situações de racismo. Isso era uma espécie de proteção por muitos anos para evitar que estivesse em constante luta e que não me prejudicasse na época pois a discussão racial nas empresas praticamente não existia.


No meu retorno ao Brasil em 2014, depois da experiência de envolvimento nos EUA, e já tendo alcançado uma posição de maior exposição, senti que tinha a condição, e mais que nada o dever, de contribuir para essa discussão na empresa, o que acabou fazendo com que me tornasse “sponsor“ do grupo de equidade racial que foi formado em 2015 na empresa

É normal do jovem negro não achar que merece estar em certos espaços. O que você como CFO da Bayer , mas também como homem negro, tem a dizer aos candidatos nesse sentido?
Primeiramente eu tenho que reconhecer que o grau de dificuldade para almejar estar nessas posições realmente é enorme pela falta de referências e pela complexidade para ter boa educação de boa parte da população negra. As ações afirmativas promovidas pelo governo nos últimos anos contribuíram para melhorar essa situação e formar jovens em melhores universidades, mas a falta de referência ainda continua sendo uma grande barreira. A meu ver, aí que surge a necessidade de profissionais negros darem sua contribuição e atuarem como referências para esses jovens.

Mas o que eu digo normalmente para esses jovens é: acreditem no seu potencial! Apesar de todas as adversidades, vocês tem que conseguir sonhar alto e se inspirar nas referência que encontram. Em especial num mundo tão volátil e incerto que temos hoje em dia, a resiliência (fruto do ambiente complexo que muitos desses jovens vivem) torna-se algo fundamental e um diferencial importante para que possam se desenvolver numa empresa.
Recomendo também que procurem as formas mais diversas de estudo e valorizem muito o aprendizado contínuo. Novamente, reconheço a dificuldade que muitos enfrentam, seja por falta de condições ou de tempo em função de condições econômicas desfavoráveis. No entanto, a criatividade e o empenho para procurar estudar, se informar e aprender constantemente é o que será o diferencial na carreira desses jovens.
Por último, aproveitem esse momento em que essa discussão está mais forte e que as empresas estão começando a ter um olhar diferenciado para a questão racial e lutem pelo seu espaço. Independentemente do que algumas pessoas possam dizer ou questionar o valor dessas ações, o mais importante é aproveitar esse momento, se inscrever nos diversos programas, dar o seu melhor para entrar numa empresa através de um programa de estágio ou trainee e conquistar o seu espaço. Não se deixem levar pelas críticas às ações e acreditem ao máximo que é possível entrar nessas empresas e sem dúvida crescer dentro delas para em breve termos muito mais CFO’s, CEO’s e outros cargos de liderança ocupados por pessoas negras.

Maurício Rodrigues é vice-presidente de Finanças da Bayer Crop Science para América Latina – Foto: Divulgação Bayer

A Bayer tem estratégias para reter esses trainees negros? Pergunto por conta das dificuldades que permeiam o cotidiano de quem é jovem preto, como questões de transporte, saúde mental … (há coletivos negros dentro da empresa?)
O objetivo do programa é não apenas atrair esses profissionais, mas também contribuir para o seu desenvolvimento. A jornada de seleção contará com uma experiência de autoconhecimento e aprendizagem através de três pilares centrais: Protagonismo e saúde mental (ações que visam fortalecer a autoestima e descontruir crenças limitantes), Liderança (construção de um espaço para reflexão das referências que inspiram e encorajam suas histórias) e Educação e Carreira (jornadas de autoconhecimento e os desdobramentos voltados para carreira). Após o início do programa, os profissionais terão a oportunidade de liderar projetos estratégicos com alto impacto para a organização, além de contar com uma trilha de desenvolvimento que contemplará diversos conteúdos de aprendizagem técnica e sócio emocionais, programa de mentoria individual, subsídio para desenvolvimento na língua inglesa, caso necessário, e alta exposição na companhia. No que diz respeito a parcerias, as empresas EmpregueAfro, B4People e Cia de Talentos estão colaborando conosco nessa iniciativa.

Além disso, a empresa possui uma série de ações que reforçam seu compromisso com a inclusão e a diversidade étnico-racial. A companhia possui um grupo de afinidade chamado BayAfro, responsável por promover ações de conscientização, campanhas, rodas de conversa e uma série de iniciativas que possam contribuir para um ambiente de trabalho inclusivo, garantindo equidade de oportunidade; além de estimular reflexão para a temática da diversidade étnico-racial.

A Bayer foi pioneira em se aproximar de coletivos e universitários negros e promoveu, em 2017 e 2018, o encontro “Juventude Negra na Bayer”, que teve como objetivo discutir práticas da Inclusão da Juventude Negra nas Grandes Organizações.
Outro exemplo de iniciativa desenvolvida pelo grupo é a realização do AfroTalks, encontros virtuais com o intuito de atuar ativamente na promoção da equidade étnico-racial.

Já o MeetUp Cumbuca é um programa que nasceu dentro do Pilar de Inclusão & Diversidade, cujo principal objetivo é o desenvolvimento comportamental e de competências do grupo de estagiários negros Bayer. Iniciativa desenvolvida em parceria com a EmpregueAfro

Essa campanha do programa de Trainees da Bayer foi algo histórico. Como foi desenhado esse projeto até o lançamento e qual a diferença dessa para as outras ações feitas pela Bayer no sentido de incluir profissionais negros na empresa?

Analisando internamente, os números eram pouco representativos. Esse foi um dos motivadores do programa, criar ações para mudar um cenário comum que não é o ideal. Infelizmente as pessoas negras, em função de uma história ampla de discriminação, ainda têm menos acesso à educação de qualidade e, consequentemente, ao mercado de trabalho formal. Esta dificuldade se reflete nas estatísticas, com uma porcentagem baixa de profissionais negros no mercado formal e, principalmente, em cargos de liderança – em um país em que 56% da população se auto-declara negra. Com este cenário em vista e para contribuir para a correção dessa desigualdade, a Bayer optou por um Programa de Trainee com oportunidades voltadas exclusivamente para jovens talentos negros. O programa Liderança Negra Bayer busca por profissionais que serão protagonistas dessa mudança.

IZA retoma conhecimentos publicitários e assume Direção Criativa da Olympikus

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(Foto: Caroline Lima)

Formada em publicidade cantora diz que a música proporcionou o sonho de trabalhar com a moda

A cantora e publicitária IZA, anunciou nesta semana que é a nova diretora criativa da marca esportiva Olympikus, da qual já mantinha uma relação estreita como embaixadora. Em entrevista à Vogue, IZA revela que antes de se graduar em Publicidade tinha o sonho de se formar em Moda, então essa cocriação ao lado da marca é uma realização para a artista.

“Chegou um reforço pesadão para o nosso time. A mulher que através da voz e do seu corre conquistou o Brasil”, publicou a Olympikus em seu instagram. A princípio serão cocriados dois tênis e uma coleção, que será desenvolvida com o foco de atender às diferentes especificidades dos corpos das brasileiras. 

Além da diversidade no biotipo de corpos, IZA conscientiza sobre a importância de pessoas negras estarem na publicidade, setor que segundo o Instituto Locomotiva, apenas 6% dos negros se sentem representados, e de acordo com o Instituto Etnus, a cada mil funcionários nas agências, apenas 35 são negros. 

Recentemente, IZA foi reconhecida como uma das 100 pessoas afrodescentendes mais influentes do mundo pela MIPAD (Most Influential People of African Descent), importante premiação reconhecida pela ONU. 

Michael B. Jordan entra para o time de produtores do live-action de ‘Super Choque”

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Foto: Reprodução/Internet

Em entrevista ao site The Hollywood Reporter o ator confirmou que se juntou a Reginald Hudlin no projeto de longa-metragem do live-action de um dos super-heróis negros mais amados do país. Super Choque fez grande sucesso no Brasil nos anos 2000, trazendo muita representatividade para as crianças e jovens negros.

“Tenho orgulho de fazer parte da construção de um novo universo centrado em super-heróis negros; nossa comunidade merece isso ”, disse Jordan ao The Hollywood Reporter.

O ator produzirá o filme através da Outlier Society, produtora de Jordan, que está comprometida a dar vida a histórias com diversidade “em todas as plataformas” não se limitando aos quadrinhos ou ao filme ‘Super Choque’.

Super Choque apareceu pela primeira vez nos EUA em 1993 via Milestone Media, uma empresa já extinta, fundada por escritores e artistas negros para representar as minorias nos quadrinhos e fortalecer a luta pela igualdade. Super Choque teve distribuição através da DC e conquistou os amantes de HQ’s. O live-action do herói está sendo muito esperado, na internet os fãs já fazem o levantamento de possíveis atores para interpretar Virgil Hawkins — Super Choque.

Matthew A. Cherry, vencedor do Oscar por Hair Love, irá dirigir longa animado sobre jovem rei Tutankamon

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Após ganhar o Oscar pelo curta animado “Hair Love“, Matthew A. Cherry assinou um contrato com a Sony Pictures Animation para a direção do primeiro longa-metragem animado na carreira do cineasta. Provisoriamente chamado de “Tut“, o filme abordará uma história afro-futurista do jovem rei Tutankamon. O filme levará o público a uma viagem pelo Egito Antigo e celebrará uma cultura que apresentou ao mundo inúmeras convenções e tecnologias modernas.

Cherry foi recentemente anunciado como showrunner de “Young Love”, uma série baseada em “Hair Love” que está sendo produza para o HBO Max. Ele começou sua carreira no entretenimento em 2007, depois de jogar National Football League. Ele trabalhou como assistente de produção em mais de 40 comerciais, e então ganhou seu primeiro crédito como diretor em 2008 em um videoclipe apresentando o artista Terry Dexter. Comandando mais de 20 videoclipes, os seus créditos na televisão incluem a direção de episódios de “Black-ish”, “Mixed-ish” e “The Last O.G“.

Kristine Belson e Karen Toliver serão produtores por parte da Sony. “Tut” ainda não possui previsão de estreia.

Racismo Algorítmico não é apenas sobre engajamento nas redes sociais

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2020 tem sido um ano bem digital. A soma do avanço das tecnologias à pandemia de coronavirus que forçou as pessoas a buscarem soluções digitais para praticamente tudo, tem feito com que as pessoas voltem suas atenções a mais detalhes do meio digital. O mundo não seria mundo se as relações sociais embebidas em racismo do nosso dia a dia não fossem transportadas para as relações no meio digital e, com todos os olhares voltados ao digital, falar sobre Racismo Algorítmico não parece somente coisa de ficção cientifica.

De certo modo, é muito importante que esses debates alcancem o máximo de pessoas possíveis na internet, mas assim como todos os assuntos importantes que caem no mainstream digital, este acabou sofrendo com algumas distorções perigosas.

Bom, vamos começar do “começo”. Digo começo entre aspas porque preciso deixar claro que cientistas e divulgadores científicos negros já falam sobre esse assunto há muito tempo e reduzir o inicio desse debate a 2020 pode parecer injusto com eles. Porém, como este é um artigo que tende a ser mais curto, eu preciso partir de um ponto e decidi partir de tal para facilitar algumas compreensões.

TIK TOK ESCONDE PESSOAS FEIAS

De acordo com uma matéria publicada pelo site The Intercept, em março de 2020, documentos internos comprovavam que a rede social escondia pessoas “Feias” e casas pobres.

O TIKTOK instruiu seus moderadores a esconderem vídeos que mostrassem pessoas consideradas “feias”, deficientes e até casas consideradas “pobres”, segundo documentos internos analisados pelo Intercept. Os arquivos mostram regras explicitas quanto a isso e orientam os moderadores do TikTok a observar com atenção vídeos gravados na casa de pessoas com “características não óbvias de favelas”. Detalhes como “paredes descascadas” ou decoração de mau gosto são características que o site considera indesejáveis. A mera aparência de falta de reparos, o documento mostra, poderia significar a diferença entre o vídeo ser distribuído mundialmente ou ficar relativamente invisível.

Mas isso não diz respeito necessariamente ao algoritmo, certo? São orientações para os moderadores da rede social e isso reflete uma interferência humana classista, racista e preconceituosa dentro da organização da rede social. O interessante desse caso é refletir sobre como as redes sociais podem acabar por refletir a sociedade e valores preconceituosos que nela existe em prol do aumento de usuários e crescimento da rede social.

ALGORITMO RACISTA DO TWITTER

Ainda em 2020 um teste do algoritmo de entrega de imagens no twitter foi testado e gerou polêmica.

O experimento feito no twitter mostrou que o algoritmo da rede prioriza mostrar fotos de pessoas brancas nos tweets. Independentemente da posição das fotografias, mesmo em casos de ter mais fotos de pessoas negras, o algoritmo colocou sempre a foto da pessoa branca em destaque.

https://twitter.com/bascule/status/1307440596668182528

Após viralizar o experimento ainda contou com diversas tentativas de dar destaque à pessoas negras. Foram colocadas diversas fotos da pessoa negra e apenas uma da pessoa branca. A mesma pessoa em uma montagem como branca e como negra e até mesmo imagens de desenhos animados como Simpsons com personagens brancos (amarelos) e negros. Em todos os experimentos o resultado sempre era o da pessoa branca em destaque.

Após a polêmica a rede social emitiu uma nota de desculpas e declarou que iria promover mudanças em seus algoritmos.

“Nosso time realizou testes para vieses antes de lançar o modelo e não encontrou evidências de vieses de raça ou gênero”, afirmou o Twitter, em comunicado, ao jornal britânico The Guardian. “Mas está claro por esses exemplos que temos mais análises a fazer. Nós vamos continuar compartilhando o que aprendermos, quais ações tomaremos e vamos abrir nossas análises para que terceiros possam revisá-las e replicá-las”.

TESTE COMPORTAMENTAL NO INSTAGRAM

Pouco tempo após a polêmica com o Twitter foi a vez do Instagram ser testado. A Influencer Sá Ollebar decidiu publicar fotos de mulheres brancas em seu feed após ver seus números caírem e se espantou com o resultado. Após algumas publicações seu engajamento teve um aumento de cerca de 6000% com relação a suas publicações comuns.


“Antes eu pensava que meus posts não apareciam pq eu não tinha a casa perfeita, a floresta perfeita e não morava na praia.
Hoje eu moro na praia, construí uma casa de quase 400m2, tenho mais de 600 plantas e adivinha?
Não adianta! Preciso de ajuda e não é porque sou incapaz, ao contrário sou tão capaz e persistente que continuo usando meu dinheiro pra aprender mais e mais sobre como fazer meu trabalho melhor, ao invés de usá-lo pra clarear minha pele e fazer cirurgias plásticas pra mudar meus traços.”
Afirmou Sá em sua publicação.

https://www.instagram.com/p/CGL6xpHDGgl/?utm_source=ig_embed

Dentro dessa discussão é importante ressaltar duas coisas. A primeira é que o teste feito por Sá mostra um comportamento de público com relação a publicações do tipo e não reflete sobre os algoritmos. Isso não quer dizer que o algoritmo não tenha viés racial ou que os moderadores do Instagram não priorizem conteúdos de creators brancos e “bonitos” como o Tik Tok, mas a forma como o teste foi feito não reflete resultados de teste em algoritmo e sim em comportamento de usuários que acabam por refletir também a sociedade.

A segunda coisa é que a discussão sobre racismo algoritmo não é somente sobre engajamento nas redes sociais e precisamos tomar cuidado para não reduzirmos esse debate à isso.

Engajamento e entrega de publicações de grupos minoritários nas redes sociais são sim muito importantes, isso pode se refletir em diversas problemáticas seríssimas, mas cientistas negros vem apontando para problemas ainda maiores dentro da discussão sobre racismo algoritmo e isso precisa ganhar espaço nessa discussão.

RACISMO ALGORÍTMICO E RECONHECIMENTO FACIAL

Diversas cidades pelo mundo já têm utilizado reconhecimento facial para resolução de crimes. Acontece que o método ainda não é seguro o suficiente e o Racismo Algorítmico contribui para que muitas acusações sejam feitas de forma errônea.

Esse foi o caso de Robert Williams. O departamento de polícia de Detroit (EUA) o prendeu sob a acusação de um roubo de uma loja de luxo, com base na identificação via software de reconhecimento facial. O problema é que o sistema reconheceu a pessoa errada, e tanto o suspeito quanto a pessoa presa por engano eram negros.

Liliane Nakagawa em uma matéria do site Olhar Digital explica que Para a identificação facial funcionar, utiliza-se um modelo para treinar a inteligência artificial. A maioria das bases de imagens disponíveis para o treinamento de modelos, são bases de dados não inclusivas com a maioria das imagens de pessoas brancas e asiáticas.

“Resultados de uma análise em julho de 2019 mostraram que o software de uma das maiores empresas de reconhecimento facial, a francesa Idemia, possuía maior probabilidade de identificar de forma incorreta mulheres negras em relação às mulheres brancas ou homens brancos e negros. Em configurações de sensibilidade, o algoritmo identificou, de forma errada, mulheres brancas em uma taxa de uma para cada 10 mil. No caso de mulheres negras, a taxa foi de uma para 1 mil. Esse resultado mostra que há dez vezes mais chances de errar o reconhecimento facial em mulheres negras.” Afirma Liliane.

De acordo com informações do Portal do Governo de São Paulo a Polícia paulista usará reconhecimento facial em investigações Em janeiro de 2020 foi inaugurado em São Paulo o Laboratório de Identificação Biométrica – Facial e Digital, na sede do IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt). Por meio de uma tecnologia de reconhecimento facial, as autoridades do estado poderão identificar imagens de cidadãos. O objetivo é usá-la principalmente em investigações policiais.

Além disso o TSE planeja trocar urna eletrônica por voto no celular e tal utilizaria identificação facial e biométrica para que seja efetivado. A ideia é demonstrar a novidade já nestas eleições. O Juiz auxiliar da presidência do TSE e coordenador do projeto Eleições do Futuro, Sandro Vieira diz que três cidades brasileiras terão votação online, com candidatos fictícios, já no primeiro turno destas eleições, marcadas para 15 de novembro.

Paula Guedes Fernandes da Silva em seu artigo “Sorria você está sendo reconhecido: o reconhecimento facial como violador de direitos humanos?” aponta que “existem muitas formas de como o reconhecimento facial pode prejudicar as pessoas, principalmente aplicado à segurança pública. Historicamente, a vigilância do governo foi (e ainda é) direcionada desproporcionalmente às comunidades marginalizadas, principalmente imigrantes, pobres, minorias étnicas e negros, o que é verificado em diferentes contextos. Por exemplo, nos Estados Unidos, em comparação com a taxa de brancos, norte-americanos negros são mortos duas vezes mais pela polícia, enquanto no Brasil, especificamente no estado do Rio de Janeiro, 78% dos mortos pela força policial em 2019 eram negros.

Há preocupações concretas sobre os impactos discriminatórios da vigilância por meio de reconhecimento facial, o que é também confirmado por diferentes estudos que já demonstraram a tendência de esses sistemas desempenharem de forma menos precisa com relação a pessoas de certos grupos demográficos, especialmente mulheres e negros. Nesse sentido, pesquisa do Massachusetts Institute of Technology (MIT) realizada em 2018 concluiu que as principais ferramentas de reconhecimento facial de grandes corporações, como Microsoft e IBM, identificava mulheres negras em uma taxa de erro de 35% em comparação com apenas 1% para homens brancos, demonstrando enviesamento (bias) racial e de gênero em seus resultados.”

Paula afirma que o problema passa a ser ainda maior quando empresas americanas passam a ser responsáveis por esses softwares em contextos sul-americanos diferentes do que eles estão acostumados, como nos EUA e Europa “O problema do enviesamento dos algoritmos de reconhecimento facial é ainda agravada quando deslocamos a questão para o contexto dos países do Sul Global. O Brasil, por exemplo, não possui indústria brasileira relevante que desenvolva tecnologia de reconhecimento, o que faz com que sejamos consumidores de sistemas produzidos por empresas que lidam com realidades e características diferentes das nossas, vindas da Europa, Estados Unidos e Ásia. Esta constatação reforça a chance de produção de resultados imprecisos e enviesados, o que pode levar a constrangimentos, apreensões indevidas e aprofundamento de preconceitos estruturais, já existentes em nossa sociedade desigual.”

Notaram? Falar sobre racismo algoritmo é extremamente importante, complexo e requer um senso coletivo que vai muito além do que o nosso próprio engajamento. Como eu disse anteriormente, essa discussão não é nova e cientistas negros vêm nos alertando há anos sobre essas problemáticas. Um deles é o pesquisador brasileiro Tarcizio silva que compila e divulga dados em seu site referentes a essa discussão. Inclusive Tarcizio disponibilizou em seu site um fragmento de seu projeto de doutorado com uma linha do tempo do Racismo Algorítmico/Tecnológico com casos, dados e reações, vale muito a pena acompanhar o site para entender melhor sobre essa discussão.

Pesquisador Tarcízio Silva

É NECESSÁRIO TER UM OLHAR CRÍTICO PARA A TECNOLOGIA

Falar sobre Racismo algoritmo vai muito além de falar sobre o meio digital e redes sociais, é sobre como a tecnologia pode afetar também a vida de pessoas não necessariamente conectadas. As pesquisadoras Silvana Bahia e Larissa Bispo também pontuam que “Os algoritmos estão presentes tanto nos aplicativos como na nossa vida, e nada mais são do que comandos e orientações programados para serem seguidos – em uma explicação rasa, porém de fácil entendimento. Muitas vezes, olhamos para essas tecnologias com um olhar pouco crítico, quase deslocado das aplicações reais. Mas o que está em jogo é: as tecnologias e os aplicativos não são neutros. Nós precisamos começar a olhar para essas funcionalidades a partir do entendimento de que elas carregam uma visão de mundo, ou seja, o olhar, os objetivos, as intencionalidades e as subjetividades de quem está criando, pensando e estruturando essas ferramentas. E é nesse momento que alguns problemas como o racismo algorítmico podem surgir.”

Em um artigo publicado pelo Sesc São Paulo Silvana Bahia e Larissa Bispo chamam a nossa atenção para a discussão da diversidade na tecnologia. “Falar sobre diversidade dentro da cena tecnológica é cada vez mais importante ao olharmos os quadros das equipes que compõem os times nas empresas. E é dentro desse cenário que problemas como o racismo algorítmico podem acontecer, quando temos aplicativos com algoritmos enviesados, ou seja, com vieses de cor, gênero, raça, orientação sexual. É preciso conhecer quem está por trás das tecnologias que já estão no nosso dia a dia, já estão mudando nossa forma de experimentar o mundo. Enquanto não houver diversidade nesse processo, enquanto pessoas negras, por exemplo, não estiverem pensando tecnologia e inovação, e se não existirem ações para que elas de fato façam parte das mudanças e transformações tecnológicas, nós vamos perder totalmente nosso poder de integração no mundo. Nós não vamos fazer parte do futuro e do que está sendo feito.”

Desde as relações nas redes sociais, aplicativos, tecnologias para eleições e até mesmo resolução de crimes, tudo isso pode refletir um inviesamento racial de algoritmos uma vez que não há diversidade nem nos corpos das equipes que criam tais softwares, até nos bancos de dados utilizados para o Machine Learning. É importante que passemos a refletir sobre isso e reforcemos nosso compromisso para com cientistas e pesquisadores negros que possuem grande empenho em denunciar e divulgar essas problemáticas.

É, o futuro chegou e junto com ele o racismo vigente dentro da nossa sociedade falida.

Filha de diarista faz pós-doutorado em Hong Kong e incentiva o caminho pelo estudo

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Foto: Anderson Coelho

Julia Macedo Rosa, 30 anos, que sempre foi uma aluna aplicada, foi a primeira mulher da família a conquistar um diploma universitário. Sua principal motivação era proporcionar uma vida confortável para a mãe, Maria Aparecida Macedo Pinto, 66, que trabalhava como diarista. Julia é atualmente cientista, formada na Universidade Federal de Santa Catarina e, pós-doutoranda em Bioquímica na The Hong Kong Polytechnic University, uma prestigiada universidade em Hong Kong. 

Sua viagem à Ásia em prol dos estudos, só foi possível por meio da ajuda de amigos e familiares que apoiaram seu financiamento coletivo feito na internet. “O estudo é o único caminho”, afirma Julia em recente entrevista ao UOL. A cientista foi bolsista em uma escola tradicional da cidade e 2009, foi aprovada no curso de Farmácia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Na ocasião, Julia figurou entre os menos de 30% de mulheres negras e pardas que recebem uma bolsa para iniciação científica pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Entretanto, a bolsa no valor de R$ 300 não facilitou as dificuldades financeiras que enfrentou ao longo dos estudos, assim como das tentativas, sem sucesso, de ingressar no mercado de trabalho. Por ter focado na carreira acadêmica e não ter experiência profissional, Julia não conseguia ser aprovada nos processos seletivos. Apesar de ter pensado em desistir, a acadêmica se inspirou no apoio e trajetória difícil de sua mãe, que teve se aposentar por invalidez devido ao trabalho braçal como diarista. Ela segue persistindo nos estudos e vai aprofundar, na Universidade em Hong Kong, os conhecimentos que iniciou no doutorado sobre os efeitos benéficos do exercício físico para os sintomas da depressão.

Exposição coletiva “Zonas Limítrofes”

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Foto: Divulgação

Artistas  propõe a superação de barreiras através de obras inéditas

Inaugurada dentro do “Festival Híbrido Vila Sul Multilinguagem” do Goethe-Institut Salvador-Bahia, a exposição coletiva “Zonas Limítrofes” recebe visitação até o dia 6 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 11h às 17h. Ocupando as duas galerias do Instituto, localizado no Corredor da Vitória, a mostra tem curadoria de Tiago Sant’Ana e reúne obras inéditas, criadas para a ocasião. A autoria é dos artistas brasileiros Iris Helena, No Martins, Rafael BQueer e Ventura Profana, residentes do Programa de Residência Artística Vila Sul. A entrada é gratuita e a visita deve ser previamente agendada.

A exposição ‘Zonas Limítrofes’ tenta entender a existência dos limites como uma relação de interdependência. Perceber como uma delimitação espacial, por exemplo, não existe sem aquilo que se avizinha. Sempre há uma existência de um ou vários outros que permite afirmar a diferença”, comenta Tiago Sant’Ana. A exposição, assim, propõe não o estabelecimento de barreiras, e sim uma superação delas, não somente nas questões conceituais trazidas pelos trabalhos artísticos, mas também pelas próprias linguagens das obras.

Todos os protocolos de segurança e saúde determinados pela Prefeitura de Salvador são rigorosamente seguidos. Os agendamentos são obrigatórios e feitos exclusivamente por meio digital, não sendo possível efetuá-los no local. Os visitantes devem estar utilizando máscaras de proteção facial e terão temperatura aferida na entrada.

SERVIÇO

Exposição coletiva “Zonas Limítrofes”

Curadoria: Tiago Sant’Ana 

Artistas: Iris Helena, No Martins, Rafael BQueer e Ventura Profana 

Quando: De 7 de outubro a 6 de novembro, segunda a sexta-feira, das 11h às 17h

Onde: Goethe-Institut Salvador-Bahia (Av. Sete de Setembro, 1809, Corredor da Vitória)

Quanto: Gratuito, com agendamento prévio em www.sympla.com.br/goethebahia

Classificação indicativa: 14 anos

Transmissão ao vivo: www.youtube.com/goethebahia

Inscrições abertas para formação online sobre ações de enfrentamento ao racismo

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Foto: Nappy

Realizada em parceria com a Universidade Federal do ABC (UFABC), curso online tem início em novembro com o objetivo de promover reflexões sobre o racismo na região

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC, em parceria com a Universidade Federal do ABC (UFABC), abriu as inscrições para uma formação regional online para o fortalecimento das ações de enfrentamento ao racismo. O curso tem início em 3 de novembro, com uma aula magna aberta com o tema “A dor tem cor: perspectivas de superação”.

A sete palestras seguintes ocorrerão uma vez por semana, sempre nas quartas- feiras, de 4 de novembro a 16 de dezembro, das 9h às 11h, e serão transmitidas por meio do canal do Youtube do Consórcio ABC.

Durante os encontros serão tratados os seguintes temas: “A população negra no mercado de trabalho: desafios e perspectivas”, “O reflexo do racismo na vida da mulher negra”, “O impacto do racismo na saúde da população negra”, “A valorização da cultura afrobrasileira através das comunidades tradicionais”, “A urgência das políticas públicas para o enfrentamento ao racismo”, “Desigualdade racial no Brasil: conceitos e aspectos históricos e ideológicos” e, por último, ‘A importância da educação para a equidade racial”.

Organizada pelo Grupo Trabalho (GT) Igualdade Racial, a formação tem como objetivo promover reflexões acerca do racismo na região e suas consequências biopsicossociais sofridas pela população negra.

A ação regional integra as iniciativas de formação e produção de conhecimento da Escola de Governo do Consórcio ABC. Ao final do curso, haverá certificação para quem atingir, minimamente, 75% de presença, que será controlada eletronicamente.

SERVIÇO

Formação Regional para o Fortalecimento das Ações de Enfrentamento ao Racismo

De 3 de novembro a 16 de dezembro, das 9h às 11h

Transmissão ao vivo: Canal do Consórcio ABC no YouTube

Inscrições: Pelo formulário disponível aqui

Mahmundi libera nova faixa visual de seu álbum “Mundo Novo”

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Foto: Divulgação / Universal Music

Videoclipe intimista de “Vai”é gravado em sua casa em São Paulo

A cantora, compositora e produtora Mahmundi, lançou nesta terça-feira (13) o videoclipe de “Vai”, mais uma faixa de seu álbum visual “Mundo Novo”. Após o lançamento em maio, a artista teve a ideia de criar novas versões das faixas apoiadas por vídeos intimistas gravados em sua casa, em São Paulo.

O álbum foi criado por Mahmundi em parceria com os artistas visuais Isadora Soares e JP Cuenca. A ideia do vídeo é apresentar o “novo Mundo Novo” de Mahmundi, em uma tela de computador. Na versão visual do álbum, janelas com imagens separadas de Mahmundi (voz), Frederico Heliodoro (baixo, guitarra, violão, teclado), Felipe Continentino (bateria), Filipe Coimbra (guitarra) e Marcos Abujad (piano) aparecem na tela. Unidos, mesmo que separados. 

 “Mundo Novo” é o terceiro álbum de Mahmundi e traz ao todo sete faixas: “Mundo Novo” – Intro (Paulo Nazareth), “Nova TV” (Mahmundi / Castello Branco), “Convívio” (Paulo Nazareth), a releitura de “No coração da escuridão” (Dadi / Jorge Mautner), “Nós de fronte” (Mahmundi / Castello Branco), “Sem medo” (Mahmundi / Felippe Lau), produzida por Mahmundi e Davi Moraes, e “Vai” (Frederico Heliodoro). 

A artista se destacou com seu disco de estreia, “Mahmundi”, que ganhou em 2016 o Prêmio Revelação da APCA (Associação Brasileira dos Críticos de Arte) e colheu inúmeros elogios da crítica. Em 2018, Mahmundi lançou “Para Dias Ruins”, seu primeiro projeto na Universal Music, que recebeu uma indicação ao Latin GRAMMY®️, na categoria “Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa”.

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