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Série ‘Os Quatro da Candelária’ resgata humanidade e sonhos de crianças vítimas da violência

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Fotos: Guilherme Leporace/Netflix

“Eu acho que o espectador pensar que rua e criança não é algo que combina, e que a gente precisa rever isso. A gente teve aí um período longo, entre 2005 e 2010, que a gente tinha reduzido absurdamente o número de crianças na rua. E a gente observa que principalmente esse período pós-pandemia, isso aumentou absurdamente. A volta de utilização da cola, o crack, e isso é muito, muito ruim. Se você tem umas gerações que não têm condições de ter acesso à saúde, educação, saneamento, a uma cama, um ar, a afeto, a gente compromete o nosso futuro enquanto nação”, essa é a mensagem principal que Luís Lomenha, diretor da série “Os Quatro da Candelária” quer passar para os expectadores ao contar as histórias de quatro crianças e adolescentes vítimas da chacina que aconteceu em julho de 1993.

Tendo como referência o crime brutal que aconteceu há 30 anos e deixou 8 mortos, seis deles menores de idade e mais dois jovens, que todas as noites dormiam juntos a outras dezenas de crianças nas escadas da igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, e que foram violentamente assassinadas por 3 policiais e um ex-PM, a série de ficção acompanha a história dos personagens Douglas (Samuel Silva), Sete (Patrick Congo), Jesus (Andrei Marques) e Pipoca (Wendy Queiroz), mostrando a rotina dos quatro amigos até o momento da chacina.

OS QUATRO DA CANDELARIA. Samuel da Silva Martins as Douglas in Os Quatro da Candelária. Cr. Guilherme Leporace/Netflix © 2024

Para o diretor, contar a história sob o ponto de vista dessas crianças, mostrar seus desejos e suas necessidades, para além do crime que as vitimou ou que traumatizou outros tantos sobreviventes é “devolver essas crianças à infância, ressignificar essas histórias, devolver a humanidade para elas”, afirmou. “Tem uma frase de um samba da Porto da Pedra, “Eu venho do Carnaval”, que diz ‘liberto permanece o pensamento, ele foi o meu alento quando o corpo foi prisão’. É um samba sobre Nelson Mandela. Então, começar a construir essas narrativas pelo sonho foi um dos objetivos para a gente poder devolver essa humanidade e infância para essas crianças. Sonho é algo que é inerente, eu acho que é todo ser humano, e essas crianças também sonhavam, mas até o sonho delas foi interrompido. Foi isso que a gente tentou fazer”, destacou Lomenha em entrevista para o site Mundo Negro.

Para dar ainda mais veracidade à história, os diretores contaram com o apoio de sobreviventes da chacina, como a articuladora social Erica Madrinha e José Luiz, conhecido como Snoop. Ele acompanhou as gravações, auxiliando os atores nas performances em cena, contou o diretor Luís Lomenha: “Eles partilharam com a gente como era a vida, de fato, em frente à Candelária. Tinham mais de 70 crianças, cada um tinha uma idade diferente, então eles contaram a partir do ponto de vista deles o que eles viveram e essas histórias misturadas com outras histórias deram origem aos quatro personagens. A gente sempre que precisou foi muito mais que a ficção, mas tudo aquilo ali estava muito no universo de sonho e de desejo deles, como o chocolate, como a ideia do trem, enfim, a noção de família, muito diferente da noção de família que a gente entende, as condições que os levaram à rua, que é muito próxima um do outro, e é muito próxima de todas as crianças em situação de rua do Brasil. Tentamos dialogar com todas essas questões e criar uma história que, de fato tivesse uma potência, que ela não operasse no universo da carência, mas sim na potência”.

Marcia Faria, que dirige a série ao lado de Luís Lomenha destacou que a história dessas crianças ainda precisa ser contada: “Quando o Luiz me convidou para dirigir, eu li os roteiros, eu entendi imediatamente que eu precisava fazer parte dessa série, que essa história precisava ser contada”, destacou Faria. “A série fala sobre isso, sobre o ponto de vista, isso foi fundamental, de a gente trazer humanidade, de a gente tirar da estatística, de a gente falar sobre os desejos, falar sobre os sonhos dessas crianças que tiveram sua vida brutalmente interrompida ali”, ressaltou.

Três policiais e um ex-PM foram acusados pelo crime que matou oito crianças e adolescentes. Dois dos policiais acusados e o ex-policial foram condenados a prisão com penas que somadas superam 200 anos de prisão. Apesar disso, a pena foi extinta e os acusados encontram-se em liberdade. Informações do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJSP), afirmam que o PM Nelson Oliveira dos Santos ficou preso até a extinção da pena, em 2008. Enquanto o PM Marco Aurélio Dias de Alcântara e o ex-PM Marcus Vinícius Emmanuel Borges receberam indultos e foram liberados em 2011 e 2012. Maurício da Conceição Filho morreu em 1994, antes de ir à julgamento.

Durante a entrevista, Lomenha pontuou a necessidade de olhar para as crianças e para as violências que elas ainda sofrem, sobretudo aquelas que vivem nas ruas. O diretor afirmou ainda que a escolha de usar o lúdico e a fantasia para falar sobre essas crianças e jovens também foi uma forma de acessar mais pessoas: “Acho que a série passa essa mensagem num trânsito do realismo com a fantasia, com a ação, com a aventura, com uma linguagem que não é uma linguagem militante, didática, que afasta um espectador que tenha um pensamento mais conservador. Acho que ainda o conservador vai olhar e vai entender a mensagem ali. Acho que não entende o desumano, mas o conservador vai conseguir compreender. Nosso objetivo é chegar ao maior número de pessoas possível, não é pregar para convertido. De fato, a série não acredito que vá contribuir para uma revolução social, mas se ela revolucionar o próprio audiovisual em termos de linguagem, acho que já fizemos grandes coisas”.

Dados do Panorama da Violência Letal e Sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, apresentados durante o Fórum Brasileiro de Segurança Pública deste ano mostram que jovens negros somam 83,6% das vítimas letais, sendo a maioria deles do sexo masculino. Cauê Martins, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que “crianças de até 9 anos frequentemente sofrem violência dentro de suas casas, perpetrada por pessoas conhecidas, muitas vezes familiares. Quando analisamos, por outro lado, as mortes de crianças e adolescentes de 10 a 19 anos, o palco se desloca para a violência urbana, a arma de fogo passa a ser o principal instrumento utilizado nos crimes e o local das ocorrências de violência letal muda significativamente, saindo do ambiente doméstico em direção à via pública”.

Falar sobre o tema ainda é algo urgente e mais do que necessário, considerando a situação atual de violência a que estão submetidas as crianças e os adolescentes, em especial os negros, no Brasil. Pode ser doloroso acompanhar o sofrimento desses quatro personagens da ficção, mas é ainda mais intenso e avassalador pensar que as experiências de Douglas, Sete, Jesus e Pipoca são mais reais e estão mais próximas de nós do que podemos imaginar.

Gabriela Loran retorna como Giovana na nova temporada de “Arcanjo Renegado” no Globoplay

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Foto: Reprodução/Instagram

A atriz e influenciadora Gabriela Loran se prepara para reprisar seu papel como Giovana na terceira temporada de “Arcanjo Renegado”, que estreia em 14 de novembro no Globoplay. Na trama, produzida pelo AfroReggae Audiovisual, a personagem de Loran ocupa o cargo de chefe de gabinete da presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Maíra (interpretada por Cris Vianna), e deve protagonizar cenas de grande ação e tensão na nova fase da série.

Loran, que interpreta Giovana desde a primeira temporada, destaca a relação de proximidade que se formou nos bastidores. “Gravar ‘Arcanjo’ é sempre uma experiência incrível. Nós estamos nos tornando uma grande família. É maravilhoso construir essa história não só dentro da trama, mas fora dela também”, afirma a atriz, creditando o apoio do criador da série, José Júnior, e do produtor de elenco, Raoni Seixas. O sucesso da personagem na trama já garantiu seu retorno na quarta temporada.

A atriz adiantou que o público pode esperar fortes emoções. “Minha personagem e a Maíra enfrentam obstáculos e barreiras imensas. Uma das cenas mais tensas da temporada é protagonizada por nós”, revela. A produção promete explorar as complexidades e desafios enfrentados por mulheres em posições de poder, destacando a presença inédita de uma personagem trans em um cargo político de destaque na dramaturgia brasileira.

Além de “Arcanjo Renegado”, Gabriela Loran também está em “Body by Beth”, no TNT e Max, e recentemente emprestou sua voz para a animação infantil “A Colmeia de Aziza”, dirigida por Rodrigo França.

Novembro Negro: Rio celebra cultura e consciência racial com grande programação

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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O Novembro Negro, oficializado no calendário carioca em 2023, chega com uma programação intensa e diversa no Rio de Janeiro, celebrando a cultura afro-brasileira e promovendo a igualdade racial. Com atividades organizadas pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial (CPIR), vinculada à Casa Civil, e apoiadas por várias secretarias municipais, o mês inclui seminários, oficinas, feiras de empreendedorismo e rodas de samba, levando reflexão e conscientização a diferentes pontos da cidade.

Este ano, a programação foi inaugurada com o anúncio do Centro Cultural Rio-África, que será construído próximo ao Cais do Valongo, na região conhecida como Pequena África. Fruto de uma parceria entre a Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ) e a CPIR, o centro será um espaço para valorizar a presença negra no Rio de Janeiro, evidenciando sua importância histórica e cultural.

No Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), a programação inclui aulas de dança afro-brasileira, oficinas de capoeira e feiras culturais que destacam o protagonismo negro na arte e cultura brasileiras. O espaço ainda contará com exposições e eventos que ressaltam a ancestralidade afrodescendente, proporcionando aos visitantes uma vivência completa da cultura negra no Rio de Janeiro.

A Cidade das Artes também faz parte das celebrações, com lançamentos de livros, espetáculos de dança afro contemporânea e corais em homenagem ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. Inspiradas no conceito de Ubuntu, as apresentações oferecem uma experiência artística que reforça a importância da ancestralidade e da identidade afro-brasileira.

Além das atividades culturais, o Novembro Negro RIO aborda questões de conscientização, com cursos de letramento racial promovidos pela Fundação João Goulart, voltados para o combate ao racismo estrutural e para o desenvolvimento de práticas inclusivas nos serviços públicos. As atividades educativas destacam o compromisso da cidade com uma sociedade mais justa e antirracista.

Com quase 200 eventos programados, o Novembro Negro RIO convida a população a refletir e celebrar a cultura afro-brasileira em sua pluralidade, reforçando o valor das contribuições afrodescendentes para a identidade cultural carioca.

Programação Novembro Negro RIO – Principais Eventos

  • Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab):
    • 2/11, 10h – Oficina de Capoeira Abadá
    • 10/11, 10h – Edição Zumbi – Roda de Samba Fruta do Pé
    • 20/11, 10h – Roda de Samba com Feijoada da Dida
  • Cidade das Artes:
    • 3/11, 16h – Lançamento do livro “Uma heroína chamada Firmina”
    • 20/11, 17h – Show Golden Boys – O legado continua
    • 23 e 24/11, 19h – Espetáculo “Semutsoc: Uma Jornada de Despertar”
  • Programação Geral:
    • 5/11, 10h – Seminário Cátedra FGV Pequena África (Muhcab)
    • 20/11, 9h – Cortejo da Ciata na Praça Onze
    • 20/11, dia inteiro – Comemorações no Monumento a Zumbi
    • 29/11, 14h – Festival Ubuntu no Clube dos Servidores Municipais

Filme baiano afrofuturista é selecionado para festival internacional da Nigéria

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“Meu Pai e a Praia” (Foto: Divulgação)

Em uma Salvador do futuro, Kinho fica desapontado quando seu pai não pode levá-lo à praia. No entanto, no dia seguinte, seu pai aparece de forma inesperada. Embora Kinho perceba algo diferente em seu comportamento, ele aproveita o precioso tempo ao lado dessa figura paterna. Foi com este enredo que o filme “Meu Pai e a Praia”, da produtora Gran Maître Filmes, ganhou destaque internacional e foi selecionado para a 13ª edição do Africa International Film Festival (AFRIFF), que acontecerá em Lagos, na Nigéria, entre os dias 3 e 9 de novembro.

Escrito e dirigido por Marcos Alexandre, o curta-metragem de ficção científica foi financiado por meio do edital público Salvador Cine I, em 2023, e retrata a ausência paterna e explora temas de afeto, maternidade solo, tecnologia e a busca por laços familiares em meio à ausência. Com os protagonistas Kaio Ribeiro, que interpreta o menino Kinho; Aline Nepomuceno, mãe responsável por tentar preencher a lacuna paterna; e Heraldo de Deus como o pai, as cenas foram gravadas em julho do ano passado na Praia da Boa Viagem e em alguns locais da cidade de Salvador (Bahia).

“Estrear em um festival africano com um filme produzido na cidade mais negra fora da África, com um elenco e equipe técnica majoritariamente composta por pessoas negras, é de uma beleza ímpar. Este marco representa mais do que uma estreia: é uma reafirmação dos laços culturais e históricos entre Salvador e o continente africano”, comemora Marcos. 

No dia 08 de novembro, a música original do filme será lançada no perfil do artista Carlos do Complexo, além de uma série de ações nas redes sociais da Gran Maître (@granmaitrefilmes). O curta deve ganhar as telas nacionais no primeiro semestre de 2025. “O festival abre um caminho diferenciado para o filme, especialmente por criar uma ponte entre as narrativas afro futuristas emergentes na Bahia e a rica produção cinematográfica africana. Essa conexão fortalece não apenas as histórias que contamos, mas também o impacto que queremos causar no mundo, projetando futuros possíveis para narrativas feitas em nossa cidade”, diz Gabriela Correia.

A Gran Maître Filmes é especializada no desenvolvimento de projetos artísticos para cinema, televisão e plataformas digitais. Seus diretores, Marcos Alexandre e Wesley Rosa, e as produtoras Susan Rodrigues e Gabriela Correia, buscam promover um espaço inclusivo e diverso para comunidades negras e grupos sub-representados nas telas. 

“Razões Africanas”: documentário sobre influências da diáspora africana no jongo, blues e rumba estreia em novembro

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Foto: Reprodução

O documentário “Razões Africanas”, dirigido por Jefferson Mello, estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 21 de novembro, trazendo uma narrativa que explora as influências africanas na formação de três ritmos essenciais para a música mundial: o jongo, a rumba e o blues. Com um novo trailer divulgado, o longa revela imagens das viagens de Mello e sua equipe por seis países — Brasil, Cuba, Estados Unidos, Angola, Congo e Mali — em busca das raízes culturais de cada estilo.

A produção acompanha três personagens representativos desses ritmos: a brasileira Lazir Sinval (jongo), a cubana Eva Despaigne (rumba) e o americano Terry ‘Harmonica’ Bean (blues). Por meio de depoimentos, o filme revela não apenas as trajetórias pessoais e musicais de cada artista, mas também o elo profundo entre suas manifestações culturais e a herança africana, celebrando as diversas influências da diáspora africana em contextos históricos e contemporâneos.

A montagem alterna cenas do cotidiano dos músicos com análises de especialistas, criando um mosaico de sons, danças e tradições que transcendem fronteiras geográficas. “Razões Africanas” também destaca a relevância de se compreender a música como um espaço de diálogo e resistência cultural, explorando a importância da preservação e valorização desses patrimônios imateriais.

Com passagens por mais de dez festivais de cinema, incluindo o Festival Cinema on the Bayou, nos Estados Unidos, onde venceu o prêmio de Melhor Documentário Especial pelo Júri, o filme também foi premiado no Festival Internacional de Cinema Africano da Argentina. No Brasil, a produção conta com o apoio do Instituto Vale e da A&M Álvares Marsal, sendo distribuída pela Tremè Produções em 14 estados.

Para Mello, a jornada cinematográfica é mais do que uma busca musical. “O filme é um resgate da memória e uma homenagem à contribuição africana na cultura mundial. A diáspora africana foi fundamental para a música como conhecemos hoje”, afirma o diretor.

Sinopse: “Razões Africanas” traça a jornada dos ritmos jongo, rumba e blues, unindo músicos de diferentes países e revelando como a cultura africana segue viva através da música. O documentário propõe uma reflexão sobre identidade e herança cultural, apresentando o impacto das influências africanas nos estilos que ganharam o mundo.

Canal Brasil celebra Mês da Consciência Negra com estreia de longas, documentários e entrevistas exclusivas

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Foto: Reprodução

Em novembro, o Canal Brasil celebra o Mês da Consciência Negra com uma programação dedicada a temas como ancestralidade, cultura afro-brasileira, diversidade e luta contra o racismo. Com uma seleção de filmes, documentários, séries e entrevistas, a programação se estende de 2 a 23 de novembro e reúne grandes nomes do audiovisual e da música.

Entre as estreias, destaca-se o filme A Revolta dos Malês, de Jeferson De e Belisario Franca, que revive o maior levante de escravizados da história brasileira. Rodado na Bahia, o longa resgata a memória da revolta e contextualiza sua importância histórica e social. Outro destaque é o documentário Abdias Nascimento, Memória Negra, dirigido por Antonio Olavo, que explora a vida e o legado do ator e militante Abdias Nascimento, figura crucial na luta antirracista e fundador do Teatro Experimental do Negro (TEN). O longa “Um Dia com Jerusa”, dirigido por Viviane Ferreira e estrelado por Débora Marçal e Léa Garcia também está entre os destaques da programação. 

A programação musical, intitulada Mês da Consciência Negra, traz ícones como Elza Soares, Seu Jorge e Dona Ivone Lara, e será exibida semanalmente durante o mês. No dia 20 de novembro, uma maratona de filmes como Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo, e Chico Rei Entre Nós, de Joyce Prado, será exibida, acompanhada pelo especial Espelho, programa de Lázaro Ramos que reúne cineastas negros para discutir o cinema afro-brasileiro.

O Cinejornal apresenta uma entrevista com a atriz Zezé Motta, em que ela compartilha sua trajetória e reflete sobre o protagonismo negro nas telas. Aos 80 anos, Zezé continua a inspirar gerações com sua presença no cinema e na televisão.

A maratona Curta na Tela exibirá uma série de curtas dirigidos por mulheres negras, incluindo Elas por Elas, de Renata Silva, que retrata a realidade de cinco mulheres da Baixada Fluminense.

Confira a programação completa:

Faixa Musical – Mês da Consciência Negra

Horário: Sábados, a partir das 7h

2/11 – Elza Soares – Beba-Me (2007) + Seu Jorge – América Brasil – O DVD (2009)

9/11 – Margareth Menezes – Voz Talismã (2013) + Chico César – Aos Vivos – Agora (2012)

16/11 – Alcione – Eterna Alegria (2014) + SambaBook Jorge Aragão (2016)

23/11 – SambaBook Dona Ivone Lara (2015) + Milton Nascimento – Uma Travessia (2014)

Maratona Curta na Tela: Mulheres Negras na Direção

Horário: Quarta, dia 13/11, a partir das 19h

19h – MEGG – A Margem que Migra para o Centro (2018) (15’), de Larissa Nepomuceno

19h15 – Mãe Solo (2021) (15′), de Camila de Moraes

19h30 – Cores e Botas (2010) (16’), de Juliana Vicente

19h45 – Filhas de Lavadeiras (2019) (22′), de Edileuza Penha de Souza

20h05 – Como Respirar Fora d’Água (2022) (16′), de Júlia Fávero e Victoria Negreiros

20h25 – Minha História é Outra (2023) (22′), de Mariana Campos

20h45 – Espelho (2022) (18′), de Luciana Oliveira

21h05 – Último Domingo (2022) (17′), de Joana Claude e Renan Barbosa Brandão

21h20 – Cabelo Bom (2022) (16’), de Claudia Alves e Swahili Vidal

21h40 – Alfazema (2019) (23’), de Sabrina Fidalgo

22h – Elas por Elas (2024) (20’), de Renata Silva – Inédito

“Abdias Nascimento Memória Negra” (2008) (95′) – Inédito

Horário: Terça, dia 19/11, às 21h

Maratona Dia da Consciência Negra

Horário: Quarta, dia 20/11, a partir de 0h

0h – Espelho Especial – Cinema Negro (2018) (25′), de Lázaro Ramos

0h25 – Curta na Tela Temático: Rainha (2016) (30’), de Sabrina Fidalgo

0h55 – Filhas do Vento (2004) (84’), de Joel Zito Araújo

2h20 – Bróder (2010) (93’), de Jeferson De

3h50 – Um Dia com Jerusa (2020) (80’), de Viviane Ferreira

5h10 – Amor Maldito (1984) (76’), de Adélia Sampaio

6h30 – Maratona Para Onde Vamos? (2021) (3 X 25’), de Claudia Alves

7h45 – Chico Rei Entre Nós (2022) (95′), de Joyce Prado

9h20 – Mirador (2021) (94′), de Bruno Costa

10h55 – Curta na Tela: Nossos Passos Seguirão os Seus (2022) (14′), de Uilton Oliveira

11h10 – Curta na Tela: Jorge (2022) (20′), de Jéferson Vasconcelos

11h30 – Curta na Tela: Movimento (2020) (12’), de Gabriel Martins

11h45 – Lima Barreto ao Terceiro Dia (2022) (106’), de Luiz Antonio Pilar

13h30 – Cinejornal Especial com Zezé Motta

14h – Curta na Tela: Elas por Elas (2024) (20’), de Renata Silva

14h30 – Raízes (2022) (72′), de Simone Nascimento e Well Amorim

15h45 – Maratona The Beat Diáspora (2022) (6 X 25′), de Caroline Lima, Joyce Prado,

Bruno Zambelli, Tico Fernandes e Roguan

18h30 – Café com Canela (2017) (105’), de Glenda Nicácio e Ary Rosa

20h15 – Cabeça de Nêgo (2021) (84′), de Déo Cardoso

21h40 – Curta na Tela: Quintal (2015) (20’), de André Novais Oliveira

22h – Curta na Tela: Nossa Mãe Era Atriz (2023) (26’), de André Novais Oliveira e

Renato Novaes

22h30 – A Revolta dos Malês (2023) (80′), de Jeferson De e Belisário Franca – Inédito

23h55 – Retratos Brasileiros: Zózimo Bulbul (2006) (28’), de Lázaro Ramos

Estudo indica que 61% dos brasileiros pretos e pardos sofreram discriminação no último ano

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Foto: Freepik/Divulgação
Foto: Freepik/Divulgação

Uma pesquisa recente da Kantar Insights, o Brand Inclusion Index 2024 (BII), traz à tona índices de discriminação enfrentados por brasileiros pretos e pardos no último ano. Segundo o levantamento, 61% desse público relatou ter vivenciado alguma situação discriminatória nos últimos 12 meses, com 31% desses episódios ocorrendo no ambiente de trabalho, 26% em espaços públicos e 24% em momentos de consumo, como lojas e mercados.

O estudo da Kantar Insights, realizado com 1.012 brasileiros de quatro grupos subrepresentados (mulheres, pessoas pretas e pardas, pessoas com deficiência e integrantes da comunidade LGBTQ+), examina a percepção dessas pessoas sobre diversidade, equidade e inclusão nas práticas e comunicações das marcas. Dos entrevistados que passaram por episódios de discriminação em 2023, 11% atribuíram as situações à cor da pele e 10% à etnia ou raça.

Os dados revelam ainda uma demanda crescente por ações concretas de inclusão: 86% dos entrevistados pretos e pardos afirmaram que consideram essencial que as empresas promovam a diversidade e inclusão. As marcas Avon, Natura e Nike foram citadas como referências por apresentarem essa população de forma positiva e realista e por adaptarem produtos para atender a diversidade de consumidores. Para os entrevistados, essas marcas representam um compromisso de aproximação e respeito às identidades raciais.

Rafael Farias Teixeira, executivo de marketing da Kantar Insights Brasil e responsável pelo estudo, destacou a necessidade de as marcas irem além da comunicação e adotarem práticas concretas de inclusão. “As marcas mais bem-sucedidas em DEI, na percepção dos brasileiros, são aquelas que de fato têm coragem para transformar a sociedade em que estão inseridas e apoiar as causas desses grupos subrepresentados”, afirmou Teixeira.

O Brand Inclusion Index também evidenciou a lacuna de representatividade nas campanhas publicitárias: apenas 20% dos entrevistados disseram sentir-se representados sempre nas comunicações das marcas, enquanto 69% afirmaram sentir-se representados “algumas vezes” e 6% nunca se identificaram com as mensagens transmitidas.

A pesquisa conclui que o marketing inclusivo apresenta uma oportunidade significativa para o crescimento das marcas, reforçando que consumidores de grupos subrepresentados, como pretos e pardos, esperam que as empresas não apenas comuniquem, mas atuem efetivamente em prol da inclusão e do respeito às diversidades.

Pode-se usar paramento afro em foto de RG ou CNH?

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Foto: Freepik

Pode-se usar paramento afro em foto de RG ou CNH? Desde que se trate de vestimenta religiosa, a resposta é afirmativa e inclui foto para carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), passaporte e identificação biométrica. Várias confissões religiosas possuem preceitos sobre uso de indumentária, vestuário ou acessório religioso na cabeça.

No filme “Plano Perfeito”, dirigido pelo premiado cineasta negro Spike Lee, há uma cena intrigante que nos ajuda a compreender a importância desse preceito religioso. Ao abordarem reféns de assaltantes de banco, policiais retiram rispidamente um turbante da cabeça de um jovem sikh deixando-o profundamente envergonhado, ofendido e indignado.

Isto porque para o sikhismo o Dastar (turbante) simboliza “a mão de Deus”, isto é, o paramento serve para manter a conexão plena do indivíduo com o plano espiritual, divino.

De seu turno, para as religiões afro-brasileiras a vestimenta de cabeça é utilizada dentre outras razões para proteger um Orixá primordial de cada indivíduo: o Ori, termo yorubá que significa cabeça.

O “quipá” judaico, o “hijab” islâmico e o “hábito” utilizado pelas freiras católicas representam outros tantos exemplos de paramentos religiosos de alta significação para seus usuários.

Lembremos que em decorrência de um Tratado Bilateral Brasil/Santa Sé, o Estado brasileiro é obrigado a respeitar os símbolos religiosos católicos. Assim, à luz do princípio da igualdade, o Estado, as instituições e inclusive os indivíduos são igualmente obrigados a respeitar os símbolos de quaisquer outras confissões religiosas. Bem por isso, recentemente o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu o direito de uso de vestimenta religiosa em fotografias para identificação civil.

Há também normativas sobre o assunto no âmbito federal e estadual. Conhecer o instrumental jurídico significa proteger, empoderar e engrandecer as religiões afro-brasileiras.

Texto: Hédio Silva Jr., Advogado, Doutor em Direito, fundador do Jusracial e Coordenador científico do curso “Prática Jurídica em casos de Discriminação Racial e Religiosa”

Falta de patrocínio faz BATEKOO adiar festival e equipe denuncia racismo estrutural no mercado publicitário

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Foto: Manga Beira

BATEKOO, plataforma de entretenimento, cultura e educação voltada para as comunidades negra e LGBTQIAPN+ no Brasil, anunciou o adiamento de seu festival anual devido à falta de patrocínio. Na decisão, a equipe expõe o racismo estrutural que ainda guia o mercado publicitário, revelando nuances do real compromisso com a diversidade e a inclusão.

Inicialmente marcado para 23 de novembro, o evento, em sua terceira edição, não acontecerá após um esforço que envolveu a elaboração de cases impactantes e uma intensa prospecção comercial, buscando apoio junto a mais de 100 marcas e plataformas nacionais. A ausência de patrocinadores tornou a realização do festival inviável para 2024.

A equipe lamenta a decisão e destaca o impacto da falta de apoio financeiro para a marca que, ao longo de uma década, tem promovido a cultura negra e o empreendedorismo periférico em mais de dez estados brasileiros. Em carta aberta, agradeceu à comunidade e aos parceiros fiéis, incluindo marcas como NIVEA, Adidas e Shotgun, que têm apoiado o projeto ao longo dos anos.

Maurício Sacramento, fundador e CEO da BATEKOO, se pronunciou sobre o tema. “É muito bom falar de vitórias, mas também é muito importante falar sobre derrotas. O Festival da BATEKOO foi adiado por falta de patrocínio e tem sido frustrante trabalhar com cultura no Brasil. Sobretudo, se você é uma liderança negra. Se entregamos o mesmo (ou mais) em relevância, números e alcance, por que os festivais propostos por e para a comunidade negra do Brasil ainda estão sendo esquecidos nas decisões de grandes empresas em onde investir?”, questiona.

“Estamos em 2024 comemorando 10 anos de existência e de transformação em um movimento genuíno, diverso e que muda a vida de muita gente, e ainda assim, a gente se vê inseguro com o futuro constantemente. A construção de um festival é um trabalho árduo de um ano que se materializa em 1 dia, e ver essa comemoração sendo adiada é desmotivador, mas, a única certeza que temos é que não paramos por aqui. Contamos com a troca genuína que temos com nossa comunidade para passar por esse momento difícil”, afirma.

Artur Santoro, curador e sócio da BATEKOO, amplia a discussão sobre o apagamento de iniciativas pretas que frequentemente são ignoradas em favor de projetos que não refletem a verdadeira diversidade do nosso país. “O mais difícil é saber que, ainda hoje, existem marcas no Brasil que não cumprem nem 10% de pessoas negras em sua equipe, muito menos nas agências contratadas. […] 90% dos contratos de marcas que a BATEKOO fechou foram encabeçados pelas poucas (e às vezes únicas) pessoas negras existentes na empresa”, relata.

Artur ressalta que, em muitos casos, a ausência dessa representatividade afeta diretamente a distribuição de verbas para projetos culturais voltados para a comunidade negra e LGBTQIAPN+. “O pacto narcisístico da branquitude – mesmo que silencioso – pode até levantar a bandeira antirracista, mas não se reflete na hora de desenhar as verbas milionárias anuais. É importante dizer que neste ano a nossa régua de logos diminuiu lá pelos 70%. A pauta é nossa, mas também coletiva. Quando foi que os projetos negros perderam a relevância cultural a ponto de não conseguirem nenhum apoio, muito menos um patrocínio?”.

Apesar dos desafios frequentes e inúmeros, a BATEKOO garante que não encerra sua jornada aqui e afirma que o festival retornará em 2025. Aos que já adquiriram ingressos para o evento de 2024, a equipe irá informar os procedimentos para reembolso ou reaproveitamento.

Em tempos de crise climática, Candomblé defende harmonia com a natureza

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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O Candomblé, religião de matriz africana, destaca-se por uma relação direta entre espiritualidade e natureza, considerando os elementos naturais como manifestações dos Orixás, divindades sagradas. Essa abordagem fundamenta práticas de preservação ambiental que se alinham ao respeito aos recursos naturais, vistos como sagrados. Em um contexto de intensificação da crise climática, essa visão tradicional oferece uma perspectiva distinta para a conservação de rios, florestas, montanhas e outros ecossistemas, defendendo uma relação de respeito e cuidado que vai além da sustentabilidade convencional.

Para os praticantes do Candomblé, a natureza não é apenas um recurso, mas uma entidade viva e sagrada. Os Orixás, divindades da religião, são associados a elementos específicos do meio ambiente, como rios, mares, ventos e florestas. Essa relação estabelece uma visão em que a preservação ambiental torna-se um dever espiritual e não apenas uma prática ecológica. O que está em jogo não é apenas a saúde do planeta, mas a manutenção de um equilíbrio sagrado entre a humanidade e o universo.

Segundo Baba Thales, Bàbálorisá do Ilè Ojú Ayrá, “sacerdote”, essa relação é enraizada nos ensinamentos ancestrais, que orientam o respeito e a proteção do meio ambiente como parte essencial da vida. “Respeitar os Orixás é, acima de tudo, respeitar o meio ambiente. Cada elemento tem sua função e precisa ser preservado, assim como os ensinamentos ancestrais nos guiam para uma convivência harmônica com o planeta”, afirma. Ele explica que, nos rituais e práticas do Candomblé, existe uma consciência ambiental que valoriza os recursos naturais e busca seu uso consciente, evitando o desperdício e promovendo o equilíbrio.

Para a religião, a atual crise climática é vista como um reflexo de um desequilíbrio entre o ser humano e a natureza. Essa abordagem entende que a exploração excessiva dos recursos naturais é um problema que não afeta apenas o meio ambiente, mas também a própria espiritualidade e bem-estar da humanidade. O conceito de equilíbrio é central para o Candomblé, e a destruição de ecossistemas é percebida como uma ameaça não só à biodiversidade, mas à continuidade dos próprios valores espirituais.

Ao unir espiritualidade e responsabilidade ambiental, o Candomblé representa uma perspectiva de preservação que vai além das práticas convencionais. Sua abordagem reforça a importância de cuidar da natureza não apenas por questões de sobrevivência, mas como parte de um dever com a própria essência divina que, segundo os praticantes, habita o mundo natural e exige respeito e proteção para as futuras gerações.

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