Pessoas oram juntas durante um evento do Juneteenth em Atlanta, no ano passado. Foto: Joe Raedle/Getty Images
O 19 de junho, ou Juneteenth, já é feriado em estados como Texas e Nova York. Projeto ainda vai passar pela Câmara.
O Senado americano aprovou na terça-feira (15), por unanimidade, uma legislação estabelecendo o dia 19 de junho como feriado nacional para comemorar o fim da escravidão nos Estados Unidos.
O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer (Partido Democrata) Fez uma moção para aprovar o projeto de lei, e nenhum senador se opôs. A deputada democrata Sheila Jackson Lee e o senador republicano John Cornyn introduziram a medida no ano passado em meio a protestos em massa contra a morte de George Floyd pela polícia.
Os afro-americanos celebram o fim da escravidão em 19 de junho desde 1865, quando o Exército da União anunciou que a escravidão foi proibida em Galveston, Texas, dois anos depois que o presidente Abraham Lincoln já havia assinado a Proclamação de Emancipação. É uma data que reúne a população afro-americana em todo o país, no que para os brasileiros seria uma mistura de Dia da Abolição com Dia da Consciência Negra. Este ano, Chicago vai ser a primeira cidade a fazer um hasteamento da bandeira do Juneteenth com a presença de autoridades municipais.
Celebrações do Juneteenth em 2020.
“Há mais de 40 anos é feriado estadual no Texas. Agora, mais do que nunca, precisamos aprender com nossa história e continuar a formar uma união mais perfeita ”, tuitou o senador pelo Texas, John Cornyn.
Se o projeto for aprovado na Câmara, 19 de junho se tornará o 11º feriado federal anual. No entanto, apenas os trabalhadores federais são obrigados por lei a usufruir destes feriados. Não há exigência de que empresas privadas dêem folga a seus funcionários.
O servidor púlico federal Paulo Arifa, de 38 anos foi acusado por uma vendedora da rede Studio Z Calçados, localizada do Pantanal Shopping, em Cuiabá, de ter furtado um calçado no valor de R$79,99. Segundo reportagem do G1, Paulo foi ao shopping e comprou o calçado na Studio Z e já saiu usando o produto, indo até uma loja de roupas em seguida. O servidor também saiu do provador já com as roupas novas quando foi abordado pelos seguranças do shopping. “Escutei a vendedora da Studio Z falando ‘ele pegou o sapato’, ainda questionei sobre o que ela estava falando e ela repetiu que eu havia roubado o calçado. Nesse momento o segurança me abordou e pediu a nota fiscal”, conta.
Imagem: Arquivo pessoal
Com o nervosismo da situação, Paulo não conseguiu achar a nota fiscal com a comprovação da compra. “A vendedora continuou me acusando, falando que tinha pegado o troco na loja de roupas, que ela tinha visto. Mas eu tinha feito o pagamento no débito e não em dinheiro. Uma situação humilhante. Neste momento já tinha um grupo de cinco a oito seguranças me cercando”, diz Paulo, que disse ter sido empurrado e torcido o tornozelo e ouviu que a Polícia Militar seria acionada.
Paulo contou à reportagem do que lembrou dos recentes casos de homens negros que foram mortos em lojas após atritos com a segurança e se sentiu em perigo real. “Lembrei da situação do João Alberto, pensei que eles realmente poderiam fazer pior. Já fui abordado outras vezes, pessoas negras passam por esse tipo de situação no Brasil, mas não dessa forma. Fui julgado e condenado naquele momento”, desabafa.
Paulo conseguiu contato com sua coordenadora do trabalho, que foi até o Shopping Pantanal. Após reunião, o servidor encontrou a nota fiscal da compra e mostrou à direção do shopping que alegou que a postura dos seguranças “seguiam procedimento padrão”. “Esse maldito procedimento operacional padrão parece que está no DNA de uma pessoa que nasce com determinada cor de pele”, diz o servidor.
Em nota padrão para esses casos, em seu perfil do Instagram a Studio Z Calçados postou:
“A Studio Z lamenta o episódio ocorrido no dia 9 de junho no Shopping Pantanal, em Cuiabá, e declara que já está tratando com as partes envolvidas. A empresa repudia todo e qualquer tipo de preconceito e discriminação racial, física e social. A marca reforça seus valores e reitera que é uma empresa inclusiva, diversa, que respeita e valoriza a igualdade”.
O Pantanal Shopping também divulgou nota:
“O Pantanal Shopping esclarece que não tolera nenhuma forma de discriminação ou violência e que o tratamento narrado não faz parte das diretrizes do shopping, que baseia a abordagem com o público de forma geral em valores como ética, respeito, humildade e transparência”.
O Mundo Negro tentou contato com a assessoria de ambas as empresas, mas não obteve resposta.
Prêmio Homenageia figuras públicas que defendem iniciativas que promovam mudanças sociais positivas
A filósofa e feminista Djamila Ribeiro foi escolhida para receber o BET International Global Good Award 2021 – Prêmio de Impacto Social, oferecido pelo Black Entertainment Television, líder de entretenimento 100% dedicada à cultura negra nos Estados Unidos e em todo o mundo. O BET Awards será exibido ao vivo pelo canal BET, através do serviço gratuito de streaming Pluto TV e também pela MTV, no dia 27 de junho
O Prêmio de Impacto Social é o reconhecimento do BET International às figuras públicas que defendem iniciativas que promovam mudanças sociais positivas e de conscientização. Djamila é conhecida por sua constante luta pelo direito dos negros e das mulheres, por seu enorme ativismo social, denunciando a violência e a desigualdade social, tão características da sociedade brasileira. Ela também é coordenadora dos selos Sueli Carneiro e Feminismos Plurais, no qual publicou treze livros de autores negros.
“É nosso dever aproveitar deste momento para estimular nosso poder coletivo a erradicar o racismo sistêmico, a violência e a injustiça“, diz Monde Twala, Vice-Presidente Sênior e Gerente Geral da ViacomCBS África. “No BET, consideramos isso nossa responsabilidade. Temos o compromisso de trabalhar em estreita colaboração com líderes comunitários, ONGs, e parceiros corporativos, que lutam para criar uma sociedade mais justa. Somos solidários e buscamos capacitar todos os membros de nossa comunidade que estão trabalhando para essa mudança“, completa.
Segundo Tiago Worcman, Gerente Geral do BET Brasil, a marca se inspirou no grande apelo que Djamila tem com relação à ação por justiça e mudança social. “Nos orgulhamos em saber que ela torna o debate antirracista ainda mais acessível em suas diversas formas de conhecimento“, diz Worcman.
Com três livros que abordam o feminismo e o racismo e um novo livro que está para ser lançado em breve, Djamila é uma voz ativa que já foi algumas vezes homenageada com prêmios nacionais e internacionais. “É um orgulho esse reconhecimento. Em tempos tão sombrios, saber que há uma marca totalmente dedicada à cultura negra, é algo maravilhoso. E poder fazer parte disso, recebendo tão importante prêmio, é uma glória“, diz Djamila .
A banda Olodum lançou nesta terça-feira (15) o clipe da versão remix da música “Jerusalema”, do músico e produtor sul-africano Master KG. O remix, além de pegar carona com o sucesso estrondoso da versão original, enaltece o trabalho do Olodum, que dá à “Jerusalema” um toque único com o samba-reggae, marca registrada da banda, em uma perfeita harmonia com a atual cena eletrônica produzida na África.
“O remix de ‘Jerusalema’, gravado no Pelourinho, templo do samba-reggae, o lugar de fé do Olodum, é uma homenagem às cidades sagradas de Uidá no Benin, Lalibela, na Etiópia, e Jerusalém, em Israel. É uma homenagem à fé, à esperança e à possibilidade de um mundo justo com amor, devoção e paz”, comentou João Jorge, Presidente do Olodum, sobre a estreia.
“Jerusalema” é um sucesso mundial, um verdadeiro viral de 2020, hoje com mais de 399 milhões de visualizações apenas no vídeoclipe da faixa. A versão original do músico e produtor sul-africano Master KG – que está no topo do mundo como um dos músicos mais condecorados da geração dele, ao ostentar o cobiçado Prêmio Afrima 2018, da diáspora continental e africana, na categoria Melhor Eletro e Dança; e Prêmio Afrimma 2019, como Melhor Home da África Austral, conta com a colaboração da vocalista multitalentosa Nomcebo Zikode.
Um dos grupos percussivos brasileiro de maior relevância mundial, o Olodum, bloco-afro do carnaval de Salvador, na Bahia, foi fundado em 1979 com opção de lazer para os moradores do Maciel-Pelourinho, dando àquela comunidade uma nova oportunidade para brincar, de forma organizada e inclusiva, este que é um dos períodos mais festivos do Brasil.
Além de bloco de carnaval e uma banda, o Olodum é hoje uma Organização Não Governamental do movimento negro brasileiro, com sede no Centro Histórico de Salvador. Entre as muitas contribuições com a sociedade, o Olodum desenvolve ações de combate à discriminação social, estimula a autoestima e orgulho do povo afro-brasileiro, defende e luta para assegurar os direitos civis e humanos das pessoas marginalizadas na Bahia e no Brasil e mantem o projeto social Escola Olodum, referencia na educação complementar de crianças e adolescentes da cidade de Salvador.
Falta pouco mais de R$ 2 mil para concluir a campanha.
Quarta-feira (16) é o último dia para contribuir com a construção de um dos projetos mais audaciosos do intelectual, artista e político brasileiro Abdias Nascimento: o Museu de Arte Negra (MAN). O MAN foi criado em 1950 para valorizar a arte, a cultura e a pessoa negra, combatendo o racismo estético, mas, até hoje, nunca teve uma sede. Com o objetivo de criar uma plataforma e uma exposição inaugural com pinturas de Abdias Nascimento em 3D e realidade aumentada, foi lançada em maio deste ano, a campanha de arrecadação para o MAN, que está quase batendo a meta de R$ 100 mil.
Neste formato de campanha, a cada real arrecadado na plataforma de doação, o BNDES acrescenta R$2, triplicando o valor arrecadado, mas é tudo ou nada: se a campanha não bater a meta, as contribuições são devolvidas aos doadores e o MAN não se torna realidade.
O lançamento do Museu está previsto para 13 de novembro, quando completam dez anos da deposição dos restos mortais de Abdias na Serra da Barriga, em Alagoas, local histórico da República dos Palmares.
Empresários, nomes de sucesso e pessoas que se destacam dentro ou fora do País se torna destaque na tradicional revista de bordo da linha aérea Gol. Hoje, quem mostra sua trajetória e fala um pouco sobre seu vida e historia foi o presidente da CUFA, Preto Zezé.
“Nós quebramos a lógica que reduz o preto sempre a ônus, garimpamos oportunidades e na selva queremos o bônus. À minha família da CUFA Ceará, somos a soma das nossas potências. Vamos com tudo, na humildade , no trabalho, na terra , na água e agora no ar com a revista Voe Gol de junho. O bonde não para!”, declarou ele em suas redes sociais.
Preto Zezé é empresário, nasceu na Baixada Fluminense, onde viveu até os sete anos e foi criado na favela do Sapo, na zona oeste do Rio de Janeiro. O então empresário desafia a lógica assustadora e avassaladora da desigualdade social e cria a “Favela Holding”, um conglomerado de 21 empresas que desenvolve economicamente a periferia. Hoje é produtor de eventos e ativista social brasileiro, especializado em favelas e periferias.
O fundador da CUFA estampa agora a revista mensal sobre empreendimentos da companhia.
Nosso presidente @pretozeze foi capa da revista @VoeGOLoficial , na entrevista ele fala um pouco sobre sua história desde que lavava carros nas ruas do Ceará, passando por sua formação na CUFA Brasil até os dias de hoje. pic.twitter.com/R6ndmbgj06
Na entrevista, ele fala um pouco sobre o tempo em que lavava carros nas ruas do Ceará, passando por sua formação na CUFA Brasil e chegando aos dias de hoje.
Celso Athayde também comprou, recentemente, os direito da “Cab Motors”, empresa de jipe brasileiro Stark e anunciará parcerias comerciais em vários países da África. A Favela Holding será representante desse jipe brasileiro em 54 países da África.
HipHopDX, uma das principais plataformas sobre hip hop do mundo, chega ao Brasil e tem como primeiro entrevistado o rapper mineiro Djonga. Após chegar na França, no Reino Unido e na Ásia, o portal anuncia a sua versão brasileira., No dia 11 de junho, Djonga, o nome mais aclamado da atual cena do rap falou sobre seu último single, ‘Easy Money’ e sobre como promover a melhoria de vida do jovem negro através do rap e de seu coletivo A Quadrilha.
“É um projeto não só para ganhar dinheiro, não só para ficar famoso, Não só para ser grande, mas para dar emancipação para a galera. Quero emancipar mentes. Quero que a galera entenda a importância de ser independente e abrir seus próprios projetos”, diz.
Imagem: Reprodução
Ainda em entrevista para o portal, Djonga comentou sobre a coreografia de Raquel Tabaneco que apresenta no clipe da nova música e se tinha intenção de virar viral no TikTok. “Não é por causa do TikTok, mas até então eu nem sabia o que era isso. Quando eu fui lançar e falei que tinha passinho aí uma galera falou pra mim: ‘vai bomar no TikTok’. Eu fui me interar e pensei ‘pode crer, legal. Ainda não e uma rede que eu estou por dentro, mas galera fez uma página da família Djonga e galera está lá tocando terror, colocando as dancinhas lá e tomara que dê certo, explode lá, explode a música, explode tudo e vamo embora”, conta entre risos.
Além de propor uma cobertura do que está rolando no hip hop internacional, esse primeiro conteúdo com o Djonga mostra a vontade do HipHopDX Brasil de estar próximo do rap nacional. A ideia é ter uma atividade proativa capaz de cobrir o que está acontecendo na cena por meio de entrevistas, temas quentes, reviews de lançamentos, entre outros. “O hip hop é a voz da liberdade pessoal, da mudança e da possibilidade de se ter sucesso. Nós lançamos o HipHopDX Ásia no fim de março e, agora, essa expansão segue com a América Latina.
É empolgante cruzar mais uma fronteira e poder contar histórias sobre como artistas e culturas locais se fundem e resultam em músicas incríveis, comunidades e discursos”, diz Sharath Cherian, fundador e CEO do HipHopDX. “Ter o Djonga junto com a gente nessa primeira entrevista é uma maneira de mandar o seguinte recado: ‘estamos aqui, somos autênticos e nos importamos de verdade com a produção brasileira”, aponta.
O especial ‘Falas de Orgulho’ mostrará a jornada de oito personagens de diferentes idades, regiões, trajetórias de vida e religiões – e por trás delas, histórias de superação, preconceito e auto aceitação, passando por temas transversais às letras que formam a sigla LGBTQIA+.
Um desses personagens é Mariana Ferreira, a primeira da sua família a entrar em uma faculdade. De origem humilde, filha de pai metalúrgico e mãe empregada doméstica, ela viu nos estudos uma forma de mudar a sua realidade. Formada por uma das universidades de maior renome no país, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a médica conta como se reconhecer bissexual mudou a sua profissão. “Acho importante me reconhecer em um grupo. Além da questão da luta por direitos, me possibilitou também a ajudar outras pessoas. Eu atendo várias mulheres lésbicas, bis, homens trans e ouço muitas queixas desses pacientes que, por muitas vezes, passam por constrangimentos em atendimentos ginecológicos”, diz.
Aos 26 anos, Mariana entrou na igreja de véu e grinalda. Casou-se com o segundo namorado que teve na vida e realizou o “sonho de princesa” que permeia a mente de muitas jovens. “Naquela época, não achava que me relacionar com uma mulher seria uma opção. O que a gente aprende desde cedo é justamente o oposto. E eu fiz tudo bem ‘certinho'”, explica a médica que agora está com 35 anos.
Foi somente depois de passar por uma grande perda que Mariana passou a se questionar qual era a vida que queria viver e se abrir para explorar seus desejos e vontades. “Quando perdi meu irmão, estava terminando o meu casamento. Eu achava mulheres interessantes, mas nunca tinha me relacionado. Eu tive uma educação bem machista e o meu círculo de pessoas próximas era completamente cis-heteronormativo, inclusive no meu trabalho”, conta ela que é médica ginecologista e obstetra.
Sobre seus relacionamentos com homens e mulheres, Mari pondera os pesos e medidas que advêm da sua sexualidade “Tem uma questão em ser bissexual: sempre que você está com um homem, as pessoas te veem como hétero. E isso afeta quando você está se relacionando. Quando eu estava com meninas, por exemplo, muitas vezes não me sentia confortável para beijar ou dar as mãos na rua. Coisa que não passo quando estou com meninos.”, finaliza.
Confira mais detalhes na entrevista abaixo feita pela Globo:
Como e quando você se entendeu LGBT?
Quando eu casei, que foi com o segundo namorado que eu tive, não achava que me relacionar com uma mulher seria uma opção. O que a gente aprende desde cedo é justamente o oposto. E eu fiz tudo bem ‘certinho’: casei na igreja de véu e grinalda, meu pai me levou até o altar. Quando perdi meu irmão, passei a refletir muito sobre a vida e sobre o que eu queria viver. Nessa época, eu estava terminando o meu casamento e foi quando comecei a me relacionar com mulheres. Eu já achava mulheres interessantes, mas nunca tinha me relacionado. Eu tive uma educação bem machista e o meu círculo de pessoas próximas era completamente cis-heteronormativo, não só na minha família, mas também no meu trabalho. Hoje em dia, me entendo como uma pessoa que pode se apaixonar e se relacionar com qualquer outra pessoa.
A sua sexualidade influenciou no seu trabalho de alguma forma?
Embora eu nunca tenha falado sobre isso “publicamente”, nas minhas redes sociais, todas as pessoas mais próximas sabem. Acho importante me reconhecer em um grupo. Não só pela questão da luta por direitos, mas também por me permitir ajudar outras pessoas de uma forma mais sensível. Eu atendo várias mulheres lésbicas, bis, homens trans e ouço muitas queixas desses pacientes que, por muitas vezes, passam por constrangimentos em atendimentos ginecológicos. Eles se queixam muito, por exemplo, quando chegam para uma consulta e o médico pergunta “qual método contraceptivo que você usa?”, já presumindo a heterossexualidade. Na minha época da faculdade de medicina, eu não tive matérias que ensinassem sobre saúde para LGBTs, saúde da população negra. Acho que as coisas estão começando a mudar, mas a gente ainda tem muito a melhorar.
Muitas pessoas ainda enxergam a bissexualidade como um tabu. Você já sentiu esse tipo de preconceito?
Tem uma questão em ser bissexual: sempre que você está com um homem, as pessoas te veem como hétero. E isso te afeta quando você está se relacionando. Quando eu estava com meninas, por exemplo, muitas vezes não me sentia confortável para beijar ou dar as mãos na rua. Coisa que não passo quando estou com meninos. Certa vez, em um carnaval, cheguei a ser empurrada por um homem que eu nem conhecia só por estar beijando uma mulher em um bloco.
Como você vê a luta LGBT atualmente?
A comunidade LGBT é muito diversa. Essa sigla carrega muitas lutas que são distintas entre si. Dentro da própria comunidade, temos vários tipos de relação. Por exemplo, um homem gay, dependendo de sua classe social, ou se ele é branco ou negro, cis ou trans, ele vai sofrer opressões diferentes. Acho que, cada vez mais, temos que nos enxergar como esse grupo heterogêneo e lutar coletivamente por respeito.
O especial vai ao ar no dia 28 de junho, logo após ‘Império’.
O espetáculo “O Pequeno Herói Preto” estreia no canal do YouTube de mesmo nome de forma gratuita no próximo sábado, 19 de junho, às 11h. A peça infanto-juvenil escrita por Junior Dantas e Cristina Moura e estrelada por Dantas, mistura diferentes linguagens valorizando aspectos da cultura negra e heróis da vida real.
Gravado no Teatro Firjan Sesi Centro, a peça narra as aventura de Super Nagô, um youtuber de 10 anos que descobre seus poderes através de sua família. “Nos meus projetos, sinto vontade de falar de coisas que vivi e, com o tempo, comecei a perceber que sou de uma família de super-heróis e heroínas, cada um com seu jeito e seus poderes. Minha avó fazia comidas maravilhosas e a ela associo o poder do fogo; minha mãe estava sempre limpando, lavando e trabalhando para criar os três filhos, então a ela associo o poder da água; ao meu avô, a terra e ao meu pai, o ar. É uma forma de sempre levar comigo a energia da minha cidade, família e amigos, tudo misturado a uma boa dose de ficção”, revela Junior.
Imagem:Divulgação
O Pequeno Herói Preto usa os conhecimentos de seus antepassados e da natureza para transformar positivamente a vida das pessoas ao seu redor, apresentando nossa história, cultura e ancestralidade às crianças ainda na primeira infância. Em estilo de autoficção, a peça reforça a ideia de que todos temos poderes apresentando heróis e heroínas reais, que com gestos simples alteram para melhor o seu entorno, além de muitas referências do conceito e do olhar afrofuturista, conceito que interliga a cultura africana à ficção científica.
A produção faz uso da tecnologia em sua linguagem para se aproximar ainda mais das crianças. “Este é um espetáculo teatral – porém, com a pandemia, a versão online foi pensada de forma audiovisual. Desenvolvemos um espetáculo lúdico, poético, colorido, com um personagem alto astral, uma ótima história e músicas para todo mundo ficar cantando durante e depois da peça”, aposta o ator sobre as músicas originais compostas por Muato, que também assina a direção e produção musical. As músicas serão lançadas posteriormente nas plataformas digitais, assim como clipes musicais serão desenvolvidos.
De olho na geração que já nasceu em conexão digital, a montagem apresenta cenário de Cachalote Mattos composto por luzes de LED e armações móveis, que vão mudando de formato de acordo com a cena. “Tudo é muito contemporâneo: figurino, músicas e os temas abordados. Também temos ilustrações animadas assinadas por Luísa Martins e Rodrigo Menezes que aparecem na tela, contracenam e ajudam a contar a história. Numa cena sobre heróis e heroínas, por exemplo, eles surgem na tela, é uma atração à parte”, adianta Junior sobre a cena com personagens históricos como Dragão do Mar, Tereza de Benguela, Benjamin de Oliveira e Tia Ciata.
Personalidades como Gilberto Gil, Elza Soares e Conceição Evaristo, além dos heróis da DC e Marvel, Lanterna Verde e Pantera Negra são homenageados. “O poder deles é transformar a vida das pessoas através da arte. É muito importante que isso vire assunto em casa, na escola e na roda de amigos. Eu não tive personagens com os quais eu me identificasse e me sentisse representado quando pequeno. Com certeza, essas crianças vão crescer mais empoderadas e acreditando no seu potencial. Com este trabalho, eu volto a ser criança. Aprendo e me divirto o tempo todo”, conclui Junior Dantas.
A empresa Papel Craft demitiu Tomás Oliveira, homem branco que acusou de roubo o instrutor de surfe Matheus Ribeiro. O caso ganhou as redes sociais no último domingo, depois que Matheus divulgou o vídeo em que mostrava o momento em que Tomás e sua namorada tentavam abrir o cadeado da bicicleta elétrica de Matheus com suas chaves.
Ao postar um anúncio de promoção, a empresa recebeu vários comentários de seguidores pedindo um posicionamento da empresa a respeito do caso de racismo protagonizado pelo funcionário. Em resposta a alguns comentários, a empresa informou que “o funcionário já está desligado da empresa”, mas não publicou um posicionamento oficial.
Entenda o caso — Matheus Ribeiro aguardava a namorada no último sábado, em frente ao Shopping Leblon, quando foi acusado por um casal de brancos de estar em posse da bicicleta deles. “Você pegou essa bicicleta ali agora, não foi? É, sim, essa bicicleta é minha”, disse a mulher branca a Matheus.
O instrutor de surfe contou a história nas redes sociais, e disse que precisou mostrar fotos antigas onde já estava com a bicicleta para que provar que não tinha roubado nada.
“Porém, eu só consegui provar que a bicicleta é minha quando – sem a minha autorização – o ‘lindo’ rapaz pegou o cadeado da minha bicicleta e tentou abrir. Eles não conseguem entender como você está ali sem ter roubado deles, não importa o quanto você prove”, disse Matheus no seu post.
“Um preto numa bike elétrica? No Leblon? Ah, só podia ser! ‘Acabei de perder a minha, foi ele’, ironizou Matheus nas redes sociais.
A reportagem do Mundo Negro entrou em contato com a empresa mas ainda não obteve resposta. Atualizaremos a matéria assim que a empresa se manifestar.