O rapper Lil Nas X quebrou a internet na madrugada dessa sexta-feira, com o tão esperado lançamento de seu single Montero ( Call Me By Your Name). Além da música em si, o que chamou a atenção do público foi também a estética do clipe, dirigido por ele mesmo ao lado de Tamu Muino, diretor de Up, da Cardi B. A capa da canção também fez bastante sucesso entre os internautas, que exaltaram o artista por entregar algo realmente bem produzido, coisa que nem sempre acontece com artistas masculinos do mainstream ultimamente. O responsável pela arte foi o artista espano-croata Filip Custic, que já trabalhou com artistas como Rosalía. Mesmo com pouco tempo de carreira, Lil Nas X já é lembrado não só por seus sucessos, mas também por ter construído um visual bem característico -até mesmo nas roupas. Sua presença em um red carpet por exemplo é sempre sinônimo de aclamação, pois assim como nas letras de seus hits, ele costuma quebrar o paradigma da masculinidade tóxica imposta aos homens negros.
O vídeo já começa com uma frase bastante impactante: “Na vida, escondemos as partes de nós mesmos que não queremos que o mundo veja. Nós os trancamos, dizemos ‘não’. Nós os banimos. Mas aqui, não. Bem-vindo a Montero.” O nome da canção, ”Montero”, faz alusão ao nome verdadeiro de Lil Nas X que pouca gente sabe mas é Monteiro Lamar Hill.
Confira o vídeo clipe de Monteiro (Call Me By Your Name)
Helio de La Peña foi entrevistado por Luana Genot no programa Sexta Black do canal GNT no Youtube - Foto: Reprodução Youtube
Programas de entrevista são uma ótima forma da gente conhecer mais profundamente as pessoas que a gente gosta, como elas pensam, como respondem questões pessoais e profissionais. Acontece que quando jornalistas brancos entrevistam pessoas negras, o que vemos as vezes são perguntas que reduzem nossa vivência ao território do racismo e da violência.
Se você como eu, gosta de ver entrevistas, mas também gosta de ver pessoas negras como entrevistadoras , selecionei 5 programas no Youtube de entrevistas com esse perfil. Uns mais antigos e outros mais recentes, mas todos com pessoas negras do outro lado, conduzindo a conversa.
Programa Espelho com Lázaro Ramos
Esse é programa é antigo, mas ao mesmo atemporal. Cada entrevista um retrato do tempo que vivemos e muitas delas foram verdadeiras aulas. Mesmo tendo entrevistados de todas as origens, Lázaro Ramos sempre priorizou a comunidade negra para contar suas histórias no seu programa.
Sexta Black com Luana Genot
A fundadora do ID-BR, Luana Genot, em parceria com o GNT apresenta do Sexta Black no Youtube com muitas entrevistas que debatem a questão racial no Brasil dando a oportunidade da comunidade negra falar sobre si mesma.
Entrelinhas com Silvio de Almeida
Um dos intelectuais mais celebrados na nossa geração, Silvio de Almeida, mostra que também tem talento para entrevistar. No seu programa Entrelhinhas em seu canal de Youtube o acadêmico fala sobre política, filosofia, de direito e até economia por meio de entrevistas bem originais.
Guia Negro Entrevista com Guilherme Soares Dias
Em parceria com a produtora Terra Preta Produções o jornalista Guilherme Soares Dias presenteia sua audiência com entrevistas repletas de axé e ancestralidade. Inclusive elas também podem ser assistidas no nosso Instagram e aqui no Youtube as conversas estão disponíveis no Youtube.
Trace Papos
O Canal da Trace Brasil traz para o Youtube conversas incríveis com um monte de artista que a gente gota no quadro Trace Papos com Alberto Pereira Junior e Ad Junior.
No ano de 2016, Ludmilla desfilava como rainha da bateria do Salgueiro e a socialite Val Marchiori era uma das apresentadoras do Carnaval na RedeTV. Em um determinado momento, Marchiori, ao comentar sobre o visual de Ludmilla disse: “A fantasia está bonita, a maquiagem… agora, o cabelo… Hello! Esse cabelo dela está parecendo um bombril, gente”. Foi aí que Ludmilla abriu um processo contra a socialite. Veja aqui
Val Marchiori recorreu ao processo em 2020 alegando se tratar de um mal-entendido e hoje (26) foi divulgado que a socialite venceu o processo e de acordo com a decisão publicada, a 14ª Câmara Cível julgou que Val Marchiori usou do seu “direito de crítica” ao fazer os comentários sobre o cabelo de Ludmilla
“Em que pese ter sido proferida uma observação de natureza ácida, veiculando opinião em tom de crítica dura, não é possível se extrair dos fatos supracitados qualquer intenção de desqualificar ou ofender a autora em decorrência de sua cor de pele, tampouco de ridicularizá-la ou depreciar a pessoa. O que se vê, em verdade, é que a conduta da apelante se insere no exercício do seu direito de crítica, derivado da liberdade de informação e de expressão”, diz um trecho da decisão.
A cantora Ludmilla deverá arcar com honorários advocatícios aos advogados da empresária, no valor de 10% sobre o valor da causa inicial de R$ 300 mil.
“Não vou desistir e nem é só por mim. Eu tenho visibilidade, tenho provas e ainda assim tô passando por isso. Imagina quem é anônimo? Não posso e não podemos desistir” afirmou a cantora em nota divulgada pela assessoria.
Nas redes sociais internautas repercutem o caso e a cantora Ludmilla desabafou sobre o assunto:
por isso e infelizmente não sou a única. Eu não me faço de vítima não. Eu sou! Tá provado. Mas a estrutura desse país é tão racista, que eles tem a audácia de recorrer e ainda por cima comemorar vitória no Instagram. ++
Nas redes sociais, a socialite celebra a vitória no processo com os seus seguidores.
A assessoria da cantora também falou sobre o caso e informou que “a assessoria jurídica de Ludmilla está analisando a decisão para eventual recurso.”
Confira a nota da assessoria:
Recebemos com surpresa a informação que após ser chamada de “Cabelo de bombril” e vencer processo, Val Marchiori tenha recorrido e ganhado a ação e informamos que a assessoria jurídica da artista está analisando a decisão para eventual recurso.
É lamentável, ainda, que a ré comemore uma vitória sobre o preconceito como vem fazendo em suas redes sociais. É lamentável que a branquitude celebre o o horror que é o racismo. Esta decisão mostra o quão difícil é lutar contra o racismo que atinge todas as estruturas do país.
Por fim, Ludmilla, que, como sabido, é sistematicamente vítima de crimes de injuria racial, reitera que jamais desistirá de batalhar pelos seus direitos e dos seus. “Não vou desistir e nem é só por mim. Eu tenho visibilidade, tenho provas e ainda assim tô passando por isso. Imagina quem é anônimo? Não posso e não podemos desistir”
Lil Nas X lançou nesta sexta-feira (26), o clipe de “Montero (Call Me By Your Name)”. O cantor de 21 anos usou a nova música para falar abertamente sobre sexualidade e também publicou uma carta para ele mesmo aos 14 anos, na qual fala sobre um cara que conheceu no verão passado.
Nas X explica a importância de falar publicamente sobre isso enquanto artista e também pede para que as pessoas parem de ditar como as outras devem ser. “Na vida a gente esconde a pessoa que a gente não quer que o mundo veja, prende, diz não e a bane, mas aqui, não. Bem-vindo a Montero”, diz no começo do videoclipe.
O rapper vai do céu ao inferno em uma produção com efeitos visuais impressionantes e referências bíblicas e da mitologia grega. O título é uma homenagem ao premiado filme com o mesmo nome de 2017.
Assista ao clipe
Montero Lamar Hill, aliás, é o nome verdadeiro do cantor que explodiu com “Old Town Road” em 2019. O country rap virou um hit mundial e bateu recorde ao ficar 17 semanas seguidas no topo das paradas da Billboard naquele ano.
Leia a carta de Lil Nas X para o Lil de 14 anos:
“Caro Montero de 14 anos, escrevi uma música com nosso nome. É sobre um cara que conheci no verão passado. Sei que prometemos nunca revelar publicamente, sei que prometemos nunca ser “aquele” tipo de gay, sei que prometemos morrer com o segredo, mas isso abrirá portas para muitas outras pessoas queer simplesmente existirem“, diz.
“Você vê que isso é muito assustador para mim, as pessoas vão ficar com raiva, vão dizer que estou forçando uma agenda. Mas a verdade é que estou. A agenda para fazer as pessoas ficarem longe da vida de outras e pararem de ditar quem elas devem ser. Enviando amor do futuro”, conclui.
O produto chegou com a proposta de ser super leve, de fácil aplicação, que proporciona equilíbrio de tonalidade e uma longa duração, o que fez com que os profissionais o chamassem de ‘hidratante com cor’. O pensamento é de fazer a aplicação da base para dias em que é nítido que você quer aparecer com a pele mais natural, um efeito de ‘sem maquiagem, mas pele limpa’.
No vídeo da campanha, Rihanna, a dona da marca Fenty Beauty, explica que os tons são tão “flexíveis” que conseguiram diminuir uma gama de 50 tons – como chegou no Brasil em 2019 – para 25 e ainda assim, atender a muitos. E tanto a embalagem, como a composição são novas. A “eaze drop”, vem com aplicador ponta gota para facilitar a aplicação com as mãos e na medida certa.
Todos os 25 tons da nova base da marca ficaram disponíveis nesta sexta (26) no site da Fenty Beauty e na Sephora internacional. Aqui no Brasil, ainda não há previsão de chegada, mas vale lembrar que os primeiros produtos da marca chegou com exclusividade pela Fenty após muito tempo e pedidos dos clientes, para que a marca, que é uma referencia em diversidade de tons, fosse vendida no país.
Algumas coisas já foram disponibilizadas sobre a nova marca, entre elas:
O que se sabe até agora não é muito, mas esses são os principais benefícios dessa nova base:
Cobertura leve a média e de longa duração;
Textura suave, que se encaixa bem com primer e cuidados com a pele;
Tonalidade de pele instantânea adaptada e com 25 tons flexíveis;
Fórmula resistente à umidade, suor e transferência.
Possui o complexo QuickBlur para um efeito hidratante e difuso;
O combate ao racismo está em forte evidência na mídia mundial. Atos como manifestações nas ruas e nas redes sociais ajudam o movimento antirracista, mas é preciso levar todo o aprendizado para o cotidiano da sociedade. Nesse sentido, fortalecer o empreendedorismo negro traz benefícios para a economia de toda a comunidade, de uma forma muito mais eficiente e duradoura.
Neste artigo, vamos falar sobre 7 atitudes antirracistas que você pode incorporar aos seus hábitos do dia a dia para contribuir com a população preta da sua região. Confira!
1. Conheça Os Empreendimentos Pretos Da Sua Região
A primeira dica que vamos dar é, também, um excelente ponto de partida para quem deseja ajudar a fortalecer o empreendedorismo negro no Brasil. Apesar de sermos a maioria da população, é bastante comum que as empresas pertencentes a pessoas pretas sejam pequenos negócios em regiões periféricas das cidades.
É importante ir em busca desses locais, conhecer os negócios que surgem dentro de favelas e bairros de classes sociais mais baixas. A quebra do preconceito começa quando você se dispõe a conhecer novas marcas, fora da sua bolha ou dos holofotes da grande mídia. São produtos e serviços de alta qualidade, mais próximos do que imagina.
2. Dê Preferência Ao Pequeno Empreendedor
A luta diária da população preta no Brasil passa pelo empreendedorismo por necessidade. Quantos e quantos são os casos de mães de família que montam um pequeno negócio para sustentar seus filhos vendendo marmitas, doces, fazendo artesanato ou mesmo administrando uma pequena revenda.
A periferia está cheia de pessoas criativas e trabalhadoras, que precisam apenas de mais oportunidade para conquistar mais clientes. Quando você dá preferência ao pequeno empreendedor, você ajuda a fazer com que a roda financeira de toda a comunidade se mantenha girando.
3. Recomende Os Negócios E Profissionais Negros
O famoso QI — quem indica — não vale apenas para quem está em busca de emprego. Ele é uma arma poderosa no mundo dos negócio na conquista de novos clientes. Reflita por alguns segundos, qual foi a última vez que você conheceu algo novo que não tenha sido indicado por outra pessoa?
A indicação tem um poder especial por vir carregada do endosso de quem indica. Ou seja, se alguém sugere a você que vá a um determinado bar ou compre um determinado produto, é sinal de que ela experimentou e gosto. Portanto, sempre que descobrir algum negócio ou profissional preto que tenha gostado, indique a seus amigos e familiares.
4. Pesquise Por Projetos Antirracistas
Estamos em um momento da sociedade que, o simples fato de não tomar nenhuma atitude, é uma atitude em favor da parte opressora. O antirracismo precisa fazer parte da sua rotina e, para isso, é preciso começar de algum lugar.
Se você tem acesso à internet, seja pelo computador ou celular, busque por projetos que visam fortalecer o empreendedorismo negro no país. Conheça várias iniciativas, como o próprio Movimento Black Money, entenda como eles atuam e quais são as formas possíveis de fazer a sua contribuição. Cada apoio importa e pode causar uma enorme diferença nas vidas das famílias pretas.
5. Invista Em Pessoas Pretas
Se você já está no mercado, seja como dono de uma marca, seja como influenciador, invista em pessoas pretas. Entenda o investimento não apenas como dinheiro, mas como qualquer elemento que ajude uma pessoa preta a destacar o seu negócio e conseguir aumentar a sua base de clientes.
Vai convidar alguém para dar depoimentos ou falar sobre racismo em suas redes sociais? Pague por isso, como pagaria a qualquer profissional. Quer mostrar para o mundo que vidas pretas importam? Contrate-os, promova-os, invista em suas carreiras. Patrocine atletas e influenciadores pretos e pretas. Doe para projetos que atuem no fomento de negócios pretos.
Em um momento delicado como este, em que temos que lutar contra tantas coisas ao mesmo tempo, é fundamental compreender, respeitar e, acima de tudo, valorizar o trabalho que tem sido feito pela comunidade negra no Brasil.
6. Forme Parcerias E Colaborações
As parcerias fazem um grande sucesso no universo empresarial, pois gera benefícios para ambas as partes. Se você não é negro, mas quer ajudar a fortalecer o afroempreendedorismo, escolha pessoas pretas para realizar as suas parcerias. Existem profissionais de todos os setores da economia disponíveis para esse tipo de ação.
As colaborações podem ser feitas tanto no virtual quanto no real. No virtual, os sorteios casados entre vários perfis ou mesmo as lives colaborativas são uma boa pedida. Já no mundo real, a sua empresa pode criar promoções com produtos e serviços do parceiro como premiação, por exemplo. Ideias e profissionais competentes para colocar isso em prática é o que não falta.
7. Utilize Seus Privilégios No Apoio À Comunidade Preta
Privilégio é uma palavra que tem sido utilizada por muitas pessoas como sendo algo negativo quando o assunto é o preconceito racial, beirando ao xingamento. Contudo, o privilégio é algo com o qual a pessoa já nasce, assim como nós, pretos e pretas, já nascemos com a cor da nossa pele definida.
A grande diferença está no que se faz com isso. O primeiro passo é reconhecer os privilégios que tem e identificar como eles podem ser utilizados na luta antirracista. Ninguém tem culpa de nascer branco, em uma família de classe média-alta, com um teto seguro sobre si e tudo o que é necessário para atender suas necessidades básicas disponíveis a todo momento.
Em lugar de se sentir mal por ter nascido em uma situação boa, é importante usar isso em favor dos desfavorecidos, por meio de ações simples no dia a dia. A aplicação de todas as dicas oferecidas até aqui é um ótimo ponto de partida. Busque conhecer negócios feitos e mantidos por pessoas pretas, indique-os entre as pessoas não pretas que você conhece, movimente discussões antirracistas entre seus amigos e familiares, use sua rede de contatos em favor de um país menos segregado e racista.
Fortalecer o empreendedorismo negro demanda esforço diário e contínuo, mas não é nenhum bicho de sete cabeças. Pelo contrário, como você pôde ver, há muitas ações simples que se resumem a mudar velhos hábitos, que proporcionam um grande efeito positivo para o povo preto. Faça a sua parte e, juntos, construiremos um mundo melhor para as próximas gerações.
O Movimento Black Money é um hub de inovação para inserção e autonomia da comunidade negra na era digital junto a transformação do ecossistema empreendedor negro,com foco em comunicação, educação e geração de negócios pretos. Tendo como diferencial o fomento do letramento identitário e do mindset de inovação ao ecossistema afroempreendedor, estimulamos o espírito inovador de empreendedores e jovens negros para a criação de diferenciais competitivos no mercado.
Adriana Barbosa CEO da Pretahub sempre sonhou com um lugar que reunisse samba, black music e cultura afro e que atraísse pessoas interessadas em vender, comprar e consumir objetos, roupas, músicas e palestras produzidos por e para negros. A empreendedora é a criadora do maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina, a Feira Preta, e hoje é reconhecida no Brasil e no exterior como um dos nomes mais influentes na valorização da cultura e potência empreendedora da população negra.
No livro ‘Preta Potência’ Adriana conta como a resistência e a ancestralidade a ajudaram a criar o maior evento de cultura negra da América Latina, a obra é lançamento de fevereiro da editora HarperCollins. Em ‘Preta Potência’, a empreendedora reconhecida pelo MIPAD como uma das mulheres negras mais influentes do mundo conta os inúmeros desafios e aprendizados em quase 20 anos de realização da Feira, destacando a importância do empreendedorismo, da ancestralidade e da coletividade para o fortalecimento da cultura negra no país.
Mais do que um evento bem-sucedido, que já movimentou mais de 6 milhões de reais e atraiu mais de 200 mil pessoas em quase duas décadas de existência, o livro mostra como a Feira Preta tornou-se um importante polo de representatividade da pluralidade cultural e inventividade negra no país, responsável por trazer para o palco, artistas como Dona Ivone Lara, Paula Lima, Criolo, Mano Brown, Emicida e Ricon Sapiência, ou a criadora de conteúdo digital e apresentadora de TV Ana Paula Xongani, além de atuar como vitrine de mais de mil afroempreendedores do Brasil, da África e da América Latina.
Adriana destaca que, desde a primeira edição do evento, conta com uma rede de apoio e ação crescentes, capaz de transformar seu sonho em um ideal compartilhado por mulheres e homens negros.
“No ano em que a Feira Preta completa 20 anos, este livro traz uma série de memórias de uma trajetória escrita por muitas pretas potências, que começa lá atrás, ainda na época da escravidão, e das inúmeras lutas travadas diariamente para a realização de um sonho. Traz um olhar histórico sobre o movimento negro no Brasil”, observa.
“E, como não podia deixar de ser, apresenta uma perspectiva coletiva e comunitária, partindo da rede do matriarcado das mulheres negras da minha família e de muitas histórias de mulheres negras empreendedoras que conheci por este Brasilzão. Usei a capacidade intelectual que minhas antepassadas haviam transmitido a mim como uma herança: a habilidade de transformar escassez em abundância”, completa.
Na obra, Adriana vai além dos bastidores da Feira Preta e de sua própria trajetória profissional e conta sobre outras iniciativas implementadas por homens e mulheres negros em São Paulo – do Quilombo de Saracura, na região de Bela Vista, para onde muitos fugiram durante a escravidão, desde o século XIX, dando origem a um polo de resistência na capital paulistana, ao Aristocrata Clube, criado por pelo menos 50 famílias negras na década de 1950, considerado o clube negro mais luxuoso do país.
Independente da iniciativa, o que a autora destaca, em Preta Potência, é aquilombamento e a força do coletivo na luta por representatividade na cultura negra e, sobretudo, a importância de poder contar e fazer a salvaguarda dessas memórias.
A obra conta com colaboração da educadora e doutora em linguística aplicada Ana Lúcia Silva Souza, da jornalista, escritora e documentarista Semayat Oliveira, e da jornalista e mestra em comunicação e cultura Chris Gomes.
Sobre a autora:
Adriana Barbosa é fundadora da Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo da América Latina, e CEO da PretaHub. Em 2017 foi homenageada junto a Lázaro Ramos e Taís Araújo como os 51 negros com menos de 40 anos mais influentes do mundo, segundo o Mipad, premiação mundial, reconhecida pela ONU. Em 2019 venceu, com a aceleradora PretaHub, a categoria Troféu Grão do Prêmio Empreendedor Social, promovido pela Folha de S. Paulo, e também foi premiada na categoria Empreendedorismo e Negócios do Prêmio CLAUDIA 2019. Recentemente foi reconhecida como a primeira mulher negra entre os Inovadores Sociais do Mundo no Ano, pelo Fórum Econômico Mundial, e premiada pelo Prêmio Sim à Igualdade Social, por sua trajetória empreendedora.Adriana tem 43 anos, é paulistana, formada em Gestão de Eventos, pela Universidade Anhembi Morumbi, e pós-graduada em Gestão Cultural na USP.
Uma geração de intelectuais vem sendo formada após a implementação das políticas de ação afirmativa nas universidades. A partir de 2012, o ingresso e permanência de jovens negras e negros nesses espaços, boa parte oriunda das favelas e periferias urbanas, mudou consideravelmente o cenário acadêmico. Não só acadêmico, aliás. Hoje, algumas empresas abrem oportunidades voltadas para esses profissionais recém formados. Programas de treinamento de empresas como Magazine Luiza, Folha de São Paulo e jornal Nexo, destinados a pessoas negras, são alguns exemplos. Essas medidas visam diversificar os quadros de liderança dessas empresas, conforme anunciam. Não creio que isso seja apenas uma tendência empresarial ou abertura espontânea dessas empresas. Isso talvez seja reflexo de tensões e reivindicações internas.
O tensionamento interno é efeito direto da presença dessas pessoas nesses espaços. E se fazer presente é, entre outras, nossa forma de atuar politicamente, como intelectuais negras e negros. Recordo de um post de uma estudante da Faculdade Nacional de Direito (UFRJ) dizendo que só por ela circular pelos corredores da faculdade, como uma mulher negra, já era em si um ato político. E nas universidade nos fizemos presente, também, formando coletivos negros, grupos de estudos e cursos para ingresso na pós-graduação. Fora dela, atuamos e construímos pré-vestibulares comunitários e outras organizações locais.
Racializar esses espaços demarca diferenças, cria fronteiras simbólicas, questiona discursos, aponta ausências e faz lembrar do que se quer esquecer. E isso é positivo porque diversifica, oferece novos referenciais sociais, culturais e filosóficos. Traz para os trabalhos e discussões outras sensibilidades, experiências, vivências, propondo construir conhecimentos que valorizam o testemunho. O que está em jogo não é incorporação, mas diversificação. Na medida que se estabelece essa relação baseada na diferença, percebemos que todo discurso é localizado, e portanto ideológico.
Em um importante ensaio, o sociólogo jamaicano Stuart Hall argumenta como políticas voltadas para promover a diferença cultural fazem emergir outras sensibilidades e criam espaços de contestação do que existe como hegemônico. Disso surgem novas alternativas e se propõe outras tradições como referência. Esse movimento é potente porque possibilita reescrever a história a contrapelo, mostra como um conjunto de medidas institucionais, políticas e ideológicas, deixaram do lado de fora inúmeros personagens, ideias e teorias sobre o mundo. Ressalta, dessa forma, como o esquecimento, a negação, o querer calar são ferramentas políticas do racismo.
Em seu livro Memórias da Plantação, Grada Kilomba fala como a boca é um órgão importante por simbolizar a fala e a enunciação. “No âmbito do racismo, a boca se torna o órgão da opressão por excelência, representando o que as/os brancas/os querem – e precisam – controlar e, consequentemente o órgão que, historicamente, tem sido severamente censurado”, diz a autora. Kilomba analisa o quadro que retrata a escravizada Anastácia amordaçada, como castigo, por motivos que supõe ter sido sua resistência à investida sexual de um “senhor” branco ou para impedir a sua fala de ativismo político. Em 2019, o artista Yhuri Cruz produziu a importante obra Monumento à Voz de Anastácia, propondo uma viagem no tempo para retirar a mordaça de sua imagem e fazer Anastácia livre.
Essa viagem no tempo, atualmente, transcende a própria história colonial e escravista do Brasil. O retorno às tradições africanas, como o Kemet, por exemplo, tem construído caminhos alternativos para a alimentação, saúde e cuidados com o corpo. São filosofias que orientam a vida por outros princípios, mudam a forma que nos relacionamos com o mundo.
A memória é um campo de disputa. Creio que na medida que nos fazemos presente no espaço acadêmico, empresarial, artístico, ou onde quer que seja, nossos corpos fazem política. Existir, por si só, já é um ato político. Mas não para por aí. Estar presente é, também, construir espaços de contestação e meios de vociferar as vozes deixadas do lado de fora, que uma série de políticas institucionais racistas quiseram fazer esquecer. Não há apagamento porque, afinal, essas vozes continuam a ressoar.
Em todos os campos do conhecimento, trazer o pensamento de artistas e intelectuais negras e negros e indígenas, fazendo conhecer via política de resgate, torna nosso imaginário teórico e filosófico mais diversificado e representativo. Nas universidades após políticas de ação afirmativa, os coletivos negros que surgiram e se nomeiram em referencia a essas personagens históricas, muitas delas esquecidas, resgatam e as fazem presente. Pesquisadores e pesquisadoras que se dedicam à trajetória de vida dessas personagens, agem no mesmo sentido. Projetos como os podcasts História Preta, Vidas Negras, Kilombas, Ogunhê, Negra Voz, entre outros, também são exemplos.
Sem dúvida essas políticas de ação afirmativa trouxeram importantes mudanças sociais, econômicas, culturais e políticas que transcendem o espaço acadêmico. E isso mostra que o ingresso não é um fim, e sim o começo de um longo processo de luta pela permanência e construção de representatividade nesses espaços. E isso também vem se refletindo no meio empresarial, como esses programas de treinamento demonstram. E quanto mais cedo essas instituições e corporações entenderem que não entramos apenas para aprender, melhor será para o seu desenvolvimento. Uma vez presentes, tensionando, estamos ensinando.
Na última segunda-feira, Evanston, Illinois se tornou primeira cidade dos EUA a pagar indenizações apara os moradores negros em forma de reparação histórica pelos anos de escravidão, discriminação racial e os efeitos persistentes da escravidão.
O Conselho da cidade do subúrbio de Chicago votou 8-1 para distribuir $ 400.000 (R$2.259.760,00 ) para famílias negras elegíveis. Cada família qualificada receberia $ 25.000 para reparos domésticos ou adiantamentos de propriedade.
Segundo o NBC o projeto será financiado através de doações e receitas de um imposto de 3% sobre a venda de maconha para usos medicinais. A cidade se comprometeu a distribuir US $ 10 milhões pelos próximos 10 anos.
Para ter direito a indenização, os moradores devem ter vivido ou serem descendentes diretos de uma pessoa negra que viveu em Evanston entre 1919 e 1969 e que sofreu discriminação na moradia por causa de leis, políticas ou práticas municipais. (Durante esse período, pessoas negras não podiam ter seus próprios negócios)
“Isso é reservado para uma comunidade ferida que por acaso é negra, que foi ferida pela cidade de Evanston por causa de políticas habitacionais anti-negras”, disse Simmons.
O programa que fornece indenizações aos negros pode servir como espelho para outras centenas de comunidades e organizações em todo o país. Segundo Kamm Howard, co-presidente da Coalizão Nacional de Negros para Reparações na América, cidades que não possuem recursos para pagar a indenização podem indenizar a comunidade de outras formas como: atualização de currículos escolares, melhoramento das condições de desenvolvimento de negócios, oportunidades de habitação e pedidos de desculpa pelo racismo presente nas políticas do passado.
A vereadora Robin Rue Simmons, mulher, negra e líder da iniciativa na cidade de Evanston, enxerga as reparações como um primeiro grande passo. “Isto é sobre a nossa humanidade”, afirma, acrescentando: “Já não era sem tempo, e esse tempo é agora.”
Programas parecidos já estavam em andamento há alguns anos, mas ganharam força com as ondas de protestos que marcaram o ano de 2020 após o assassinato de George Floyd.
O presidente Joe Biden prestou o apoio à criação da comissão federal para estudar as reparações dos negros, uma proposta que está definhada há décadas no Congresso.
Marcelo D2 e a cantora Luciana Mello são algumas das atrações do evento ‘Virada SP Online’, que também apresentará ao público a diversidade cultural da cidade por meio de diversas apresentações das mais diferentes linguagens artística.
Por causa do isolamento social, que é de extrema importância para o país, esta edição da #ViradaSPOnline contará com lives de grandes nomes do cenário nacional e regional. Além de Marcelo D2 e da cantora Luciana Mello, o grupo de hip hop Ruas de Fogo também está na programação. O GEM-Grupo Experimental de Música apresentará uma live especial transmitida diretamente do Teatro Sérgio Cardoso. A trupe agrega em seu trabalho música, lutheria e artes visuais. Utiliza inúmeros tipos de materiais como instrumentos e cenografia, que através da reciclagem de materiais, produzem instalações sonoras.
Presidente Prudente foi selecionada a partir de chamada pública realizada por intermédio do programa #JuntosPelaCultura 2020, adaptado para o formato virtual. Diversas atrações locais estão na programação: O grupo Fina Estampa com o show “Clara Nunes & Ivone Lara: O Reencontro”. No duplo tributo, o Grupo Fina Estampa apresenta os principais sucessos das duas célebres figuras do samba, como “Acreditar” e “Conto de Areia”. Ainda entre as atrações de artistas prudentinos, o grupo Kinoglass com o show homônimo, explorar novos caminhos nos ramos da música pesada, atingindo uma sonoridade auto denominada como Thrash Metal Psicodélico.
A atividade circense da região será representada pelo Circo Teatro Rosa dos Ventos com ‘Hoje tem espetáculo’, comclássicos de palhaço, números, entradas e piadas que são vistas no circo há pelo menos uns 200 anos. Além do Mestre Pradella Capoeira e da Batalha do Vale.
“A cada orientação do Plano São Paulo, nos adaptamos e reformulamos nossas atividades sem nunca parar nossa grata missão – o acesso amplo e democrático da cultura a todas às pessoas, onde estiver; e a contribuição para os artistas regionais tenham o seu trabalho difundido”, afirma Danielle Nigromonte, diretora geral da Amigos da Arte.
A transmissão acontece neste sábado, dia 27 de março, a partir das 12h, pela plataforma #CulturaEmCasa (http://www.culturaemcasa.com.br).