Ao final de um ano, estudantes passarão por processo seletivo e poderão trabalhar na companhia. Inscrições vão até 22 de agosto
As empresas têm passado por um processo de transformação digital nos últimos anos, trazendo novos desafios para o mercado de trabalho brasileiro, incluindo a formação e preparação de profissionais para as chamadas “profissões do futuro”. Pensando nisso, a XP Inc. irá começar seu programa de formação de profissionais digitais com a formação de uma turma de 300 pessoas no Curso de Desenvolvimento de Software Web oferecido pela Trybe, escola de tecnologia referência na formação de profissionais da área. Ao final da formação, que tem duração de um ano, as pessoas estudantes da turma passarão por um processo seletivo e poderão trabalhar na XP. Inscreva-se aqui.
O programa tem como objetivo dar suporte ao mercado brasileiro com a formação de profissionais digitais, além de possibilitar a inserção produtiva de centenas de brasileiros que não teriam acesso a esse tipo de educação.
“Somos hoje uma empresa capaz de cuidar de praticamente todo o ecossistema financeiro do cliente. Isso demanda o desenvolvimento de produtos e de muita tecnologia embarcada. Nossa necessidade em contar com profissionais de tecnologia é grande e só vai aumentar, além de acreditarmos que educação e desenvolvimento profissional fazem parte da estratégia da XP”, ressalta o CEO da XP Inc., Thiago Maffra.
A XP Inc. tem atualmente cerca de 4.500 colaboradores e deve encerrar o ano com quase 6.000 pessoas em seu quadro de profissionais. Ao final de 2021, quase 50% desse montante de colaboradores devem estar em posições relacionadas à área de tecnologia.
A diretora ESG da XP Inc., Marta Pinheiro, destaca que a seleção será feita de modo a garantir diversidade na turma de estudantes. “Nossa aspiração é a de que a turma seja composta de pelo menos 30% de mulheres e 40% de pessoas pretas e pardas. Desde que criamos a diretoria ESG, assumimos o compromisso de buscar maior diversidade dentro da empresa e esse programa não poderia ficar de fora. Esse lançamento é o primeiro de vários outros cursos que a XP pretende realizar, buscando aumentar cada vez mais o impacto de nossas ações.”.
Para se certificar de que as pessoas estudantes aprovadas para a Turma XP terão sinergia com a plataforma de investimentos, o processo seletivo padrão da Trybe ganhou uma etapa a mais. Além de formulário de inscrição, desafio prático (para o qual a Trybe oferece o material de estudo), testes online de raciocínio e uma entrevista virtual, pessoas interessadas também terão de responder a um questionário online de fit cultural da XP.
“Para nós, além do conhecimento técnico é fundamental a aderência do candidato à cultura XP. Buscamos profissionais que tenham a mente aberta, espírito empreendedor e pensem grande. Queremos atrair os profissionais mais brilhantes e que ambicionem trabalhar e crescer conosco”, explica Patricia Claro, gerente de Recrutamento e Seleção da XP.
Com uma formação de alta qualidade, totalmente focada no sucesso profissional de estudantes, a Trybe usa uma metodologia própria e exigente no ensino de programação. São mais de 1,5 mil horas de estudo, com aulas online e ao vivo, com um mínimo de seis horas de atividades por dia, seguindo um currículo dividido em Fundamentos do Desenvolvimento Web, Desenvolvimento Front-end, Desenvolvimento Back-end, Ciência da Computação, Soft Skills e Metodologias Ágeis. Até julho deste ano, 92% das pessoas formadas pela escola estavam trabalhando em até 3 meses após a conclusão do curso. Mais de 140 mil pessoas já se inscreveram para estudar na Trybe.
Esse é um programa diferenciado, possui uma formação intensiva com 12 meses de aulas, em que os alunos do curso saem de fato preparados. “Buscamos deixá-los concentrados nos estudos, oferecendo o suporte financeiro necessário, além de um processo de mentoria específico com profissionais seniores da área de tecnologia da XP”, explica Marta.
A XP já era parceira da Trybe no programa gratuito que a escola oferece para empresas se conectarem e contratarem pessoas sendo formadas em uma das carreiras mais demandadas pelo mercado. De lá para cá, a XP Inc. já contratou mais de 20 pessoas formadas pela escola de tecnologia. Hoje, a rede da Trybe conta com mais de 100 organizações, sendo esta a primeira vez que a escola de tecnologia tem uma turma exclusiva dedicada a uma empresa.
Para a Trybe, a parceria reforça a qualidade da formação em desenvolvimento de software oferecida pela empresa e a sua proposta de se tornar a primeira escolha para profissões digitais da América Latina. “A criação da Turma XP está totalmente alinhada com a nossa missão e gerará oportunidades para a vida de centenas de pessoas”, diz Matheus Goyas, CEO e cofundador da Trybe.
Centésima edição do #Provoca vai ao ar nesta terça-feira (3).
Nesta terça-feira (3/8), o #Provoca vai ao ar, a partir das 22h, pela centésima vez na TV Cultura. Marcelo Tas recebe Preto Zezé, presidente da CUFA (Central Única das Favelas). Na conversa, Preto Zezé fala sobre racismo, o trabalho da CUFA na pandemia, como as comunidades foram atingidas e o papel das favelas na economia brasileira.
“Eu descobri que era preto com 15 anos”, conta o ativista. Preto Zezé relembra que, ao ouvir a música Negro Limitado, do Racionais MCs, enxergou sua realidade. Ao lembrar da letra da música, diz: “Uma raquetada que eu levei. (…) Eu estava ainda achando que era um ‘marrom bombom’, que racismo não existe, tentando fugir disso porque não é uma coisa muito fácil você abrir uma porta dessas dores, não”.
Sobre a atuação da CUFA na pandemia, Preto Zezé afirma: “É preciso dizer que muita gente conheceu a CUFA agora, a gente já existe há mais de 20 anos”. Ele também conta que durante este período tiveram que fazer o que as empresas chamam de reconversão da matriz produtiva. “A gente fez a nossa do ponto de vista da atuação. Porque a gente atuava com uma coisa que era rival do Covid-19. Que é o que? A mobilização, juntar gente, é aglomeração. Então, paramos tudo dos nossos projetos. As nossas sedes viraram grandes centros de distribuição e logística. Os nossos voluntários constituíram uma frente que está na rua. Enquanto ao OMS falava ‘fique em casa’, nós estávamos na rua direto”, acrescenta.
Na edição, ele conta que conseguiu transformar raiva em indignação, pois a raiva é uma coisa momentânea e descontrolada, e que o rap “de certa formou ajudou a organizar a revolta e a politizar o ódio. E aí, quando você politiza o ódio, sai da agenda de ódio, somente uma reação, para indignação. A indignação é permanente”. O líder da CUFA ainda fala que se você politiza o ódio, ele é transformado em ação prática e explica: “Uma ação prática é você mudar a estrutura. Vou dar um exemplo, agora. Você vê o caso de racismo no Brasil, o ódio fazendo ele tocar fogo nos racistas. Eu quero tocar fogo no racismo”.
Ainda falando sobre racismo, Preto Zezé debate sobre a questão do racismo velado. “Gente, se é velado com uma pessoa negra morta a cada 23 minutos, todos os indicadores sociais negativos para a população negra mesmo ela produzindo 1.70 na economia, se a gente estar excluído da sociedade é algo velado eu fico perguntando: ‘o que seria explícito?’”, finaliza.
Ao ser questionado por Tas quanto aos dados sobre favelas brasileiras, que mostram que há 13 milhões de pessoas movimentando 120 bilhões de reais, destaca: “É um país chamado favela, né? Que muitas vezes quando é retratado publicamente, há um estigma sobre território, remete sempre a miséria, a tragédia, a desgraça. Não se percebe que é de lá que sai a inovação”. Preto Zezé ainda comenta que as pessoas produzem a riqueza, mas não se apropriam disso e que o esforço da CUFA é apresentar um país ao outro.
A ginasta brasileira de 22 anos, Rebeca Andrade, ficou em quinto lugar na final do solo de ginástica artística das Olimpíadas de Tóquio. Andrade entrou com um collant rosa, amarelo e branco, radiante, sorridente e segura. Um pequeno passo para trás deixou Rebeca fora do pódio.
Imagem: Reprodução/Globo
A guarulhense encerra sua participação na competição como a ginasta brasileira mais vencedora da história das Olimpíadas (prata no individual e ouro no solo) e deixa aberta as portas para que mais mulheres negras brasileiras tentem praticar um esporte ainda muito restrito a clubes de elite. “Vai inspirar muitas pessoas, eu estou fazendo a diferença assim como outras pessoas fizeram para que eu estivesse aqui, por eu ter sido inteligente para não deixar ela passar. Eu estou muito grata e muito feliz”, disse Rebeca em entrevista à Globo.
Sem abandonar o sorriso do rosto, a ginasta não escondeu a felicidade por estar onde está. “Eu estou feliz com todas as apresentações que eu fiz desde o primeiro dia. Essa alegria vem de dentro para fora. Eu amo me apresentar no solo. Estou levando para casa duas medalhas inéditas e estou muito feliz”, declarou.
A norte-americana Jade Carey confirmou o favoritismo e conseguiu 14.366 dos juízes. Ela foi seguida pela italiana Vanessa Ferrari que cravou a nota de 14.200. A japonesa Mai Murakami e a russa Angelina Melnikova empataram na terceira posição, com 14,166 pontos. “É como se eu tivesse ganhado a medalha”, sobre a medalha das colegas.”Qualquer uma que ganhasse ia merecer”, disse Rebeca Andrade sobre o resultado final e demonstrou gratidão mais uma vez: “Agradeço as orações e juro que eu senti e por isso eu me saí tão bem”, concluiu.
A maior ginasta de todos os tempos, Simone Biles,confirmou que vai participar da final da trave nas Olimpíadas de Tóquio. A informação foi confirmada através do Twitter da USA Gymnastics (órgão regulador nacional de ginástica dos Estados Unidos). “Estamos muito animados em confirmar que você verá dois atletas americanos na trave final amanhã – Suni Lee e Simone Biles !! Mal posso esperar para ver vocês duas!”, diz a postagem.
Imagem: Getty Image
A ginasta de 24 anos está sendo acompanhada dia a dia por uma equipe médica que avalia sua condição física e psicológica. Biles não pôde participar das finais em que tinha se classificado: havia desistido do individual geral – prova em que Rebeca Andrade conquistou a prata -, decisão do salto, barras assimétricas e da final por equipes, em que Estados Unidos ficou com a prata.
A atriz conversou com a bailarina Ingrid Silva sobre pandemia, novos projetos e maternidade no quadro ‘Frente a Frente’ em novo episódio já disponível no Globoplay e que foi ao ar na sexta (30) às 17h no Multishow.
Ingrid, que atualmente mora em Nova York, nos EUA, ressalta as bonanças de estar em um país em que o processo de vacinação tem avançado, já Taís Araújo pontua a importância do SUS, ainda que com suas fragilidades e em como a sua prática é fundamental para a sociedade como um todo.
“A preocupação tem que ser com a vida do outro, porque quando todos estiverem vacinados, garantimos a saúde e a vida dessa maioria. Então, não é sobre você querer ou ser à favor, não é sobre você! Este assunto é sobre sociedade, é uma questão humanitária”, comenta a atriz.
Após as atividades culturais serem estacionadas devido à pandemia, Taís ainda ressalta a saudade dos palcos, a urgência de voltar ao teatro e em breve com a peça ‘O Topo da Montanha’ – produção sobre a última noite de Martin Luther King, em que contracena com seu esposo e também ator e apresentador, Lázaro Ramos.
Ingrid também destaca o seu novo projeto: o livro que está escrevendo e será lançado em breve.”Eu me descobri, também, como escritora. (…) E acho que tomei um gosto muito grande pela escrita, eu já gostava de escrever antes, desde pequena eu sempre tive diários. Neste livro são memórias, coisas que eu já vivi”, relata a bailarina.
Com apresentação de Alberto Pereira Jr., Xan Ravelli, Ad Júnior, João Luiz Pedrosa e Babu Santana, a nova temporada do Trace Trends tem, a cada semana, um episódio inédito exibido às quartas-feiras no Globoplay e às sextas-feiras, às 17h, no Multishow.
De acordo com o dicionário, moda significa: 1. Conjunto de opiniões, gostos, assim como modos de agir, viver e sentir coletivos. 2. abs. O uso de novos tecidos, cores, matérias-primas etc. sugeridos para a indumentária humana por costureiros e figurinistas de renome. Quando paramos para observar a indústria de moda hoje, encontramos atrelada à ela palavras como luxo, desejo, riqueza e poder. É comum nos depararmos com pessoas que ainda carregam a ideia de que trabalhar com moda é “coisa de burguês.” Para conseguirmos entender melhor as raízes desse pensamento, precisamos fazer uma viagem histórica para os primórdios da humanidade a fim de encontrarmos os pontos principais da construção e transformação do significado dessa palavra.
Começando pelo período Paleolítico, que é a parcela de tempo que corresponde desde às origens do homem até 8.000 A.C, os primeiros seres humanos eram nômades e viviam se deslocando em busca de melhores condições de vida. Nesse período, conhecido como Pedra Lascada, o Homo Sapiens realizava a caça de animais de grande porte(renas e mamutes) através da invenção de diferentes armadilhas para dois principais fins específicos: alimentação e aquecimento. A camada grossa de couro com pêlos dos animais abatidos era utilizada como manto para aquecer o corpo e revestir o interior das cavernas que esse grupo habitava temporariamente. Além disso, carregar uma camada grossa de couro de animais nas costas também servia como representação de força e emitia o sinal de que aquele indivíduo possuía grande habilidade com a caça, tornando-o assim, através deste e de outros processos, o chefe da tribo.
Quando avançamos um pouco mais no tempo e observamos as organizações de povos das civilizações antigas Africanas, também encontramos sistemas parecidos de comunidades desenvolvidas. Chefes de tribos empunhando suas lanças com dentes de animais capturados na ponta, capas de pêlos nas costas e até mesmo, ossos de animais representando colares e amuletos de proteção. Até aqui, a moda – se assim podemos dizer – já era utilizada para distinção de quem era quem, e o que esse indivíduo representava dentro do grupo.
Abrangendo pequenas regiões, dada a falta de globalização e quilômetros de terra separando os povos nesse período, a moda não era usada como ferramenta de opressão e segregação, mas sim como exibição de crenças e cultura.
Shaka, O Genial Guerreiro que fundou o Império Zulu.
Dando um largo salto na linha do tempo e aterrissando na França, em específico no período de 14 de maio de 1643 a 1 de setembro de 1715, que corresponde aos 72 anos de reinado de Luís XIV(conhecido como o Rei Sol), conseguimos encontrar aqui, um exemplo sólido de como a moda era utilizada como ferramenta detentora de poder, sinônimo de riqueza e arrecadação de fortuna.
Depois de dois séculos com a Espanha dominando a Europa e desfrutando de sua Idade de Ouro – acumulando um vasto império global que alimentou uma economia em ascensão – a indumentária espanhola era estreita, rígida e predominantemente preta. Como forma de posicionamento e articulação política, Luís XIV começa a propagar na França a ideia de que o luxo era o novo ideal. Roupas, tecidos, jóias e móveis começaram a ser desenvolvidos no próprio Estado, o que fazia a economia girar dentro do país, gerando emprego para seus súditos e transformando a França em líder mundial de bom gosto e tecnologia. (Esse acontecimento antecedeu a Revolução Francesa, que aconteceu em 1789, resultado da desigualdade entre diferentes grupos sociais e a crise econômica vinda dos excessivos gastos para bancar os luxos da corte francesa).
Banhada por um estilo colorido, brilhante e marcante, todos os produtos tinham tempo certo para serem exibidos, sendo Versailles o grande palco desse desfile, deixando a França sempre à frente no que significava ditar moda, arte, música e cultura. O Rei Sol acreditava que o luxo era necessário não só para a saúde econômica da França, mas para o prestígio e sobrevivência da própria monarquia.
Aqui, em meio ao século XVII, começamos a perceber como a moda também pode ser utilizada como pilar de sustentação para regimes opressores e governos absolutistas, principalmente para a distinção de pessoas em classes sociais.
O Casamento do Rei Luís XIV.
Progredindo mais um pouco na linha temporal, dessa vez concentrando nosso olhar para os Estados Unidos em 1983, no bairro do Queens, em Nova York, onde a rebeldia e a luta contra um sistema arbitrário crescia, nasce o grupo de Hip-Hop Run DMC – o qual não passa despercebido quando o assunto é comunicação através da indumentária. Representando a estética presente nas ruas, composta por agasalhos esportivos, correntes de ouro e bucket caps, um dos itens principais dessa combinação era o tênis branco Adidas. Com uma história não tão calorosa, o tênis branco era utilizado sem cadarços por detentos dentro dos presídios americanos, que proibiam a presença desses complementos, a fim de evitar suicídios ou serem usados como instrumentos de comportamentos violentos. A propagação desse item se tornou tão grande no mainstream após serem utilizados por jogadores de basquete, jovens músicos e artistas, que virou até letra e título de uma música do Run DMC: My Adidas, lançada no álbum Raising Hell, de 1986, com versos do tipo:
“Pegamos a batida da rua e colocamos na tv Meu adidas são vistos na tela do cinema Hollywood sabe que é bom se você sabe o que eu quero dizer Nós começamos no beco, agora estamos chill em Cali..”
Hoje, a maioria das pessoas tem ou já teve um par de tênis branco, e poderia apostar que muitos já utilizaram esse calçado sem cadarços, sem conhecer a história e movimento de luta de classes por trás dessa aplicação. Aqui, conseguimos ter uma dimensão maior de como a moda pode ter uma mensagem inicial que transmita representação, e ao decorrer de sua passagem, ter seu significado alterado à favor de uma indústria de base capitalista. Nesse ponto, começamos a esbarrar nas vertentes do significado de apropriação e hegemonia cultural.
Run DMC, My Adidas – 1986.
Esse rapto de narrativas que utilizam a moda como ferramenta de representação na luta contra um sistema autocrático já aconteceu em outros momentos na história da humanidade, podendo citar nesse parágrafo principalmente os movimentos Punk, Hippie e Panteras Negras – que iam contra instituições racistas, segregacionistas e mercadológicas. Na época em que esses movimentos aconteceram, muitos conservadores perderam o sono, até estes conseguirem entender que a melhor maneira para manter as estruturas funcionando dentro do sistema capitalista, era dar voz e palco para esses grupos dentro da mídia e por de trás das cortinas, continuar os enfraquecendo.
Para conseguir explicar melhor como essa estratégia funciona, preciso citar o conceito de Hegemonia Cultural, segundo o Marxismo(definição que se encontra na enciclopédia Columbia, quinta edição, de 1994, na página 1215): “Na filosofia Marxista, a hegemonia cultural é o domínio de uma sociedade culturalmente diversa pela classe dominante, que manipula a cultura dessa sociedade, ou seja, as crenças, as explicações, as percepções, os valores, os costumes, de modo que a visão de mundo deles, a visão de mundo imposta dessa classe, se torne uma norma cultural.
A ideologia dominante e universalmente válida, que justifica o status social, político, econômico, como natural e inevitável, perpétuo e benéfico a todos, e não como uma construção social e artificial que beneficia apenas a classe dominante.” E para conseguir entender mais a fundo como essa hiper mercantilização de tudo acontece sem que percebamos, poderia adicionar à definição anterior mais um conceito de Marx, dessa vez sobre a Alienação. Para o filósofo, sociólogo, economista, historiador e revolucionário socialista Karl Marx, a alienação acontece quando “o indivíduo não se reconhece mais plenamente no produto de seu trabalho e tem acesso a ele apenas mais tarde, ao comprá-lo no mercado” ou seja, “em vez de se apropriar de imediato do produto resultante do ato de trabalho, o trabalhador precisa comprar no mercado aquilo que, muitas vezes, ele mesmo produziu para seu empregador.
A apropriação só acontece por meio da mediação do mercado, que aparece como instância central da economia. O produtor não se reconhece no produto, não se reconhece como produtor, e afirmar-se socialmente como comprador e consumidor.” Essa definição pode ser encontrada no livro Marx – Uma Introdução, doeconomista e escritor Jorge Grespan.
Ilustração, Calvin e Hobbes – Bill Watterson.
Com isso, conseguimos perceber que a raiz central que fortalece a facilidade da mudança do significado e mensagem que a moda pretende passar, vem da desconexão do próprio indivíduo com aquilo que está presente no mercado. E quando essa conexão acontece, como no caso dos tênis brancos nas cadeias dos Estados Unidos, ou do movimento Punk e Hippie, a classe dominante, que detêm o poder das instituições de mercado, rapidamente se apropria da causa central desses movimentos, enfraquecendo-os e transformando-os em um discurso que vá de encontro com suas próprias ideologias.
Para exemplificar melhor como esse mecanismo funciona na prática, poderia citar a exploração da hashtag #BlacklivesMatter, que começou a surgir com o assassinato de George Floyd em março de 2020, nos Estados Unidos, e hoje está sendo utilizada para estampar canecas e camisetas.
Gostaria de mencionar também outro caso de assassinato de uma jovem mulher negra, modelo e designer de interiores no Rio de Janeiro. Kathlen tinha apenas 24 anos, estava grávida de 14 semanas quando foi atingida com um tiro de fuzil no tórax, na comunidade de Lins de Vasconcelos. Quando a notícia se espalhou nas redes, grupos e imprensa negra começaram a cobrar explicações sobre o caso. A notícia tomou tamanha proporção nacional que a empresa de moda onde Kathlen trabalhava veio à público se pronunciar.
Com uma nota publicada em suas redes, a empresa em questão prestou solidariedade à família da jovem assassinada e aproveitou a ocasião para divulgar um cupom de desconto com o nome de Kathlen para a realização de compras no site, com a mensagem de que “uma porcentagem no valor da compra seria revertida para instituições de caridade.”
Black Lives Matter, 2020.
O principal ponto desse texto é tentar deixar cada vez mais claro para que você leitor possa entender como a moda em si não possui um DNA ruim, pelo contrário… ela pode e deve ser utilizada como ferramenta essencial na luta contra governos e sistemas racistas, autoritários e detentores de poder. Mas é necessário frisar aqui também, como ela pode ser facilmente sequestrada por instituições e utilizada em prol de seu fortalecimento.
Cabe a nós ficarmos atentos para ver até que ponto a mudança e apoio às causas minoritárias divulgada em campanhas publicitárias realmente acontecem no dia-a-dia dentro das empresas que levantam essas bandeiras. Antes de realizar a compra de qualquer roupa que transmita a mensagem de algo que defendemos e acreditamos, precisamos procurar tentar ao menos saber em que conta bancária o valor daquele produto chegará e quem assina o cheque final.
Ensinar sobre moda e desmistificar esse mercado considerado elitista, deveria ser a pauta mais importante atrelada à essa indústria. Quando compreendemos a força e importância da moda, ela passa a ser nossa melhor aliada.
Caíque Nucci Jovem atuante no mercado de comunicação, Caíque Nucci começou sua trajetória no mercado de moda como modelo, participando de casting de desfiles para marcas e estilistas como LAB Fantasma e Fernando Conzendey, em eventos como Casa de Criadores e SPFW. E foi no backstage que encontrou sua verdadeira paixão. Formado em Design de Moda pela Escola Panamericana de Arte e Design, Fashion Marketing pela Belas Artes e com especialização em Marketing Digital pela EBAC – Escola Britânica de Artes Criativas, começou a estruturar sua carreira profissional dentro de assessorias de imprensa e agências de comunicação, na parte de produção de moda e jornalismo. Até aqui, carrega em seu portfólio o trabalho prestado para marcas como Converse, Levi’s, New Era, Luxottica, PUMA, Antonio Bernardo e Animale. Fascinado por desenvolvimento de marcas, pesquisa de tendências e comportamento, sempre em busca de inovação, Caíque também integra o grupo de três apresentadores do A Hora Delas Podcast, onde debatem sobre temas como moda, beleza, cultura e sociedade.
“Eu vim saravá terra que piso. Eu vim saravá terra que piso”…“Meu galo macuco boa noite. Meu galo carijó bom dia”… “Nasci n’Angola. Angola que me criou. Eu sou neto de Moçambique, eu sou negro sim sinhô”
No repicar dos tambores do Jongo de Pinheiral, Jongo da Serrinha, Jongo do Quilombo São José, responsáveis pelos pontos que abrem esta gira de palavras, respectivamente, saúdo-as e por meio delas saúdo todas as comunidades jongueiras e as peço licença para conduzir esse texto-roda.
E lá se vão mais de um ano desde que a pandemia do covid-19 começou. Meses e meses sem “nossas aglomerações” pretas em forma de roda aqui pelo Rio de Janeiro. Aquelas que nos fazem sorrir e aquecem nossos corações.
Que saudade de ouvir, cantar, dançar, celebrar esses e tantos outros pontos de jongo. De sentir o pulsar do meu coração junto ao candongueiro, de tabiá no compasso do caxambu e girar-levitar junto as viradas do tambu. Saudade de me apaixonar por cada saia de chita que gira e com elas suas variedades de cores e flores. De escutar cada verso de jongo e me fazer viajar pelas nossas histórias, memórias contadas muitas vezes por meio de uma linguagem cifrada. Sabedoria trazida por nosso povo de além-mar e transmitida de geração em geração.
E os encontros, os abraços, beijos, sorrisos com as pessoas que se gosta?! Muitas delas só são vistas no dia da roda. Porém, sentidas e vividas com tamanha intensidade. Alegria indescritível, eu diria. E aquele brilho nos olhos ao ver a irmã ou irmão chegando na roda enquanto se está com o “machado” (tá puxando um ponto), aquela/e que a gente não vê um tempão. Dependendo da ocasião, canta logo, por exemplo, um ponto do Quilombo São José: “se eu soubesse que cê vinha eu mandava te esperar. Mandava amarrar canoa no laço verde do mar”. Ou então, se tá na roda respondendo o canto e batendo palma, na primeira oportunidade chama-a para dar aquelas umbigadas dentro da roda.
Saudade de tocar os tambores do jongo e vibrar com o diálogo singular entre o candongueiro, caxambu e tambu. Cada um cumprindo sua missão. Candongueiro batendo como um coração da roda que, como dizem os antigos, vai “buscar quem mora longe”; o caxambu impulsionando nosso balançar, o nosso gingado. E o que falar sobre o grandioso tambu, o mais grave dos tambores, fazedor dos floreios, viradas e improvisos.
Mas, de todos eles, falta sinto mesmo é de tocar e ser tocado pelo candongueiro. É espiritual, lugar de introspecção, conexão ancestral. A cada tocar com as minhas mãos o coro desse tambor, sinto um pulsar melodioso de um grande coração que se faz imensidão por se constituir através da junção de cada pessoa-coração entregue no bater de uma palma, cantar, tocar e dançar.
Roda micro-cosmo da Existência, onde todas as partes – divindades, ancestrais, elementos da natureza, pessoas e animais – se fazem presentes manifestando sua função. Não se trata de religião, mas a expressão de um modo de viver, sentir, pensar que só se faz em interconexão. Não manifestação de uma cosmovisão simplificadora da vida, mas a corporificação de uma “cosmosensação”. Lugar de reconexão com nossas práticas e valores ancestrais. Antiguidade, palavra, espiritualidade, musicalidade, circularidade, ancestralidade, comunidade… tá tudo lá, atravessando a todas/os que se permitem verdadeiramente sentir-vivenciar.
Recordo das histórias de jongueiros que falam do pé de bananeira que é plantado durante uma roda e que cresce e alimenta a todos. Ou então das pessoas que se perdem no caminho de volta para casa por causa de um ponto que não foi desatado, ou mesmo de pessoas que são curadas de uma enfermidade dentro da roda. Histórias contadas e recontadas e tantas outras vividas a cada roda de jongo iniciada. Descrições de sabedorias e conhecimentos ancestrais.
Além dessas memórias, é bom se contar também as histórias de mulheres e homens que deixam de negar seus cabelos, sua pele, suas histórias e as assumem com orgulho e altivez. A cada roda, pessoas vão retomando sua autoestima e dignidade negra sequestrada pela violência do racismo. A roda também é essa magia! A cada cantar um turbante é colocado, a cada tocar um crespo é valorizado, a cada dançar sorrisos de autoamor são escancarados e celebrados. É o poder político de nossas tradições, é a magia jongueira atuando em nossos corações.
Antes de cantar os pontos de despedida, é preciso se dizer sobre a saudade daquelas conversas regadas a cerveja, cachaça e licor fora da roda. Momento de saber das novidades, de fofocar, de xavecar o encanto visto na roda, de fazer novas amizades e de matar ainda mais a saudade dos já amigos/as. E, sobretudo, de gargalhar a vida ao lado de quem se gosta. Afetos experienciados, curtidos, cultivados e conquistados.
“Vou caminhar que o mundo gira. Gira meu mundo” (Jongo da Serrinha).
Assim, vou me despedindo dessa “roda de palavras”, mas não sem antes saudar e pedir a benção de Vovó Maria Joana Rezadeira, Mestre Darcy do Jongo, Tia Maria do Jongo, Tio Mané, Mestre Cabiúna e a todos ancestrais jongueiros. E pedir para que, tão logo estejamos todas/os vacinadas/os, a gente possa fazer nossas rodas de jongo pela cidade e assim, (re)encantar as ruas com a magia das rodas de jongo. Machado!
Obalera é Homem negro de Candomblé. Cientista social pela PUC-RIO e mestrando de Filosofia na UFRRJ. Pesquisador-ativista na área de relações raciais, escritor e poeta. Educador e brincante da Companhia de Aruanda
Publicação adota linguagem lúdica para refletir sobre a preservação da cultura ancestral e a proteção da natureza, atendendo ao currículo da educação básica sobre o ensino da cultura negra
O livro infantil “Òrun Àiyé: A Criação do Mundo”, escrito pela cineasta baiana Jamile Coelho, incorpora narrativa lúdica da mitologia iorubá sobre as origens humanas, a partir da jornada dos Orixás. A narrativa transita pela preservação da cultura afro-brasileira e o respeito aos mais velhos e a natureza, atendendo à proposta curricular sobre o ensino da cultura negra na educação básica do país. A obra está em pré-venda na plataforma Catarse.
A história tem início no Òrun, plano espiritual onde vive Olorum, o senhor de todas as coisas. Ele confere ao filho Obatalá a missão de criar o mundo, o Àiyé. Mas é Odùdùa que espalha a magia do saco da criação, criando a terra, diante da desobediência do irmão. A história é contada a partir da interação dos irmãos Antônio e Beth com o Vovô Jaime, enaltecendo a tradição africanista do saber transmitido entre gerações pela oralidade. O livro de 40 páginas tem ilustrações do artista visual Marcone Silva e contracapa do antropólogo baiano Vilson Caetano.
Na cultura africana, as pessoas mais velhas são elevadas a bibliotecas do pensamento ancestral. Quando um griô, o contador de histórias, parte para o mundo espiritual, essa memória é perdida. Mas quando homenageada, essa herança, que já virou anciã, vem à tona. Por isso, a publicação reverencia a importância de Jaime Sodré, professor e historiador baiano falecido em 2020, referência na preservação e na divulgação dos estudos africanos na Bahia.
O ebook, disponível para leitura em agosto, custa R$ 20 e o exemplar físico, com entrega em setembro, é R$ 49 mais frete. Há outros valores disponíveis, com opções de brindes. O livro é inspirado em animação homônima, codirigida por Jamile Coelho e Cintia Maria, pela Estandarte Produções. Recordista de visualizações da plataforma Itaú Cultural Play, o filme é narrado e tem trilha sonora do músico Carlinhos Brown, ganhou mais de 25 prêmios erodou mais de 100 festivais em 25 países e 22 estados brasileiros.
Veja o teaser:
FICHA TÉCNICA:
Título: Òrun Àiyé
Subtítulo: A Criação do Mundo
Autora: Jamile Coelho
Editora: Emôrio
Tamanho: 23 x 19cm
Páginas: 40
Preço sugerido: R$ 20 (ebook) e R$ 49 (livro físico)
Pintura: "Redenção de Cam" do artista espanhol Modesto Brocos
Por Jonathan Raymundo
É preciso compreender o racismo como um sistema de dominação GLOBAL que visa a exploração ou o descarte das raças tidas como inferiores para a manutenção e elevação das condições materiais, simbólicas, psicológicas e sociais dos racistas. Portanto, um elemento fundamental é a economia.
Foi a partir da escravização que os Europeus conseguiram acumular riqueza e produzir os avanços tecnológicos das duas Revoluções Industriais e desenvolver suas armas automáticas com as quais conseguiram adentrar no interior da Africa e hoje são capazes de destruir o PLANETA apertando botões.
O dourado que foram buscar em África não foi o sol e nem seus olhos cor de mel irmão e irmã, mas o ouro, a força de trabalho, a inteligência, etc. Não é porque você é bonito ou feio, mas porque você possui algo que é preciso roubar e que sem a qual eles não conseguem se desenvolver e nem garantir as suas famílias a reprodução tranquila das suas características genéticas. Pois quando conseguirem sobreviver sem nós, seremos descartados até o final.
Faça uma lista de quantos povos africanos e indígenas já não existem mais e depois responda pra si mesmo se é exagero. Racismo é sobre SOBREVIVÊNCIA GENÉTICA. É nesse sentido que eu proponho o debate sobre a família preta. Eu não tô falando de ilusão liberal individualista, não tô falando sobre o amor romântico, menos ainda sobre a solução dos seus ou meus problemas emocionais, muito menos sobre slogans ao modo “meu corpo, minhas regras” levado a frente pelo feminismo, e sim, sobre a manutenção genética de nossa gente no Planeta.
Tô falando sobre produção de riqueza, herança, manutenção de valores civilizatórios, de PODER e sobretudo sobre SOBREVIVÊNCIA. Essas questões no território que mais mata jovens negros do Planeta, que é o segundo que mais aprisiona, que mantém ainda a raça preta em condições materiais de miséria são mais que fundamentais, são emergenciais e se não entendem isso, não compreenderam nada sobre a História de dominação dos povos e sobre o conceito de Necropolitica.
Basta uma crise na economia que o nossa gente volta a comer carcaça. Diante dessa emergência e desse caráter objetivo da família preta e dos bebês pretos qualquer filosofia ou pensamento que se desdobra na desunião estratégica (não tô nem dizendo romântica) do nosso povo é COLONIZAÇÃO. Irmã e Irmão se certa ideologia faz você não olhar e enxergar a dignidade no seu semelhante é COLONIZAÇÃO, é desgraça, é necropolitica, compõe a totalidade sistêmica do racismo.
Infelizmente, a maioria das discussões sobre amor e sobre família preta nas redes sociais não pode ser levada a sério, porque: Primeiro, fala a partir de imaginação. O fato é que 75% dos casamentos são entre pessoas da mesma raça. Segundo, fala a partir de uma análise liberal romântica branca e burguesa que não percebe GLOBALMENTE a realidade e reduz o todo ao seu umbigo.
Encarceramento em massa, empobrecimento, deseducação, assassinato, falta de seguridade alimentar, suicídio, auto ódio, patriarcado, colonização, desestruturação familiar por N ataques, todos dados que precisam ser racializados e entendidos à luz da História de dominação racial e a pessoa começa a frase com o: “Eu passei por….”
É cilada bino. Não é sobre eu. É sobre nós. É sobre o futuro de nossa gente no planeta! Enquanto você tá aí, eles já tão indo colonizar Marte e vão te deixar pra trás tá?
Muito comum que a presença de Denzel Washington cause uma simpatia instantânea por seus personagens. Mesmo em tipos malandros como seu policial de ‘Dia de Treinamento’, há algo que faz com que haja um esforço em estar no lugar dos papéis interpretados pelo ator. Em “O Voo” (2012) o ator compõe uma de suas figuras mais complexas dentro da extensa cinematografia que construiu e oferece simpatia e antipatia em uma receita de complexidade que só um ator desse calibre poderia defender sem esbarrar na canastrice.
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O piloto Whisp Whitaker consegue salvar a aeronave e a maioria de seus passageiros, tornando-se um herói para a imprensa, mas a morte de seis dos ocupantes faz com que a Administração Federal de Aviação aprofunde as investigações até encontrar evidências de abuso de álcool e drogas por parte do piloto antes de assumir o avião.
Whitaker é um homem que vive no limite, entre a fuga da realidade promovida pelas bebidas e os conflitos com filho e ex-esposa, o acidente faz com que decida por mudar os rumos de sua vida. Na face cansada de Washington se vê a história de um homem que sabe o que é o certo a se fazer, mas está preso dentro de circunstâncias que fogem ao controle.
É incrível como mesmo que saibamos quando Whitaker conta uma mentira, a convicção de Washington em tela faz com que a gente esqueça desse detalhe (como quanto ele tenta convencer outros e a si mesmo que o álcool e a cocaína não teriam interferência na sua capacidade de pilotar um avião).
O filme dirigido por Robert Zemeckis (‘Forrest Gump’) tece críticas às companhias aéreas, sindicatos, indústria farmacêutica e esconde no cinismo de seu protagonista uma certa amargura com relação aos supostos desígnios divinos. Na sequência incrível do acidente o avião destrói parte de uma igreja e acaba em um cemitério, numa alegoria que perpassa a existência do anti-herói do longa.
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Com uma trilha sonora recheada de clássicos do rock que ajudam a dar cor ao que se passa em tela, “O Voo” mantém um nível de tensão sempre no alto, alimentando um suspense imprevisível, difícil de desvendar. Desde o início mostrando cena de sexo e uso de drogas emendando com a cena da queda da aeronave, não há tempo para respirar e não por causa de reviravoltas fajutas, o que torna a experiência no mínimo instigante.
Ao redor do personagem temos as boas participações de John Goodman como um traficante de plantão e a dependente química interpretada por Kelly Reilly. Essa última acaba por se tornar um ponto de identificação e possível redenção para o piloto interpretado por Washington, mas o que será maior? A paixão entre os dois ou vício?
Outro destaque é a interação de Washington com o advogado áspero interpretado por Don Cheadle, que rende alguns dos melhores diálogos do filme.
“O Voo” traz Denzel Washington em um de seus personagens mais complexos. Zemeckis traz em seu filme um estudo de personagem fascinante, onde o heroísmo e anti-heroísmo moram em zonas cinzentas, difíceis de identificar. Experiência total que compensa o trecho final um pouco piegas.
O filme foi indicado (merecidamente) ao Oscar nas categorias de Melhor Ator e Melhor Roteiro original.