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Mulher, negra e lésbica, Iza Sabino usa o rap para mostrar às suas pares que elas não estão sós

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Trono de Vidro - Iza Sabino: Foto: Filipe Abras

“Assim como na expressão ‘teto de vidro’, o trono de vidro é uma coisa frágil. Quando você chega ao seu posto, você precisa saber cuidar para não quebrar e não desgastar”. Essa é a forma como a rapper mineira Iza Sabino explica o título de seu novo EP, Trono de Vidro (ouça aqui),pelo selo MacacoLab.

Conversamos com ela sobre a importância da representatividade no rap, fator que ela lida triplamente como mulher, negra e lésbica.

Entrevista – Raio Gomes
Foto: Filipe Abras

Mundo Negro – Como você definiria a sua vivência enquanto uma mulher lésbica dentro do cenário do rap?

Me defino dentro do cenário como uma resistência. Pelos temas que abordo, é difícil ter a visibilidade e o reconhecimento, também por ser mulher, mas eu procuro sempre surpreender e mostrar meu trabalho com muita qualidade e de um jeito que consigo me impor de uma forma descontraída e forte.

As experiências de pessoas LGBT, em geral, são tidas como marginalizadas dentro do rap. 

Alguns nomes têm despontado no cenário mundial e nacional, mas não abordam tão diretamente a sexualidade nas suas obras, salvo algumas exceções.

Como você sente essa transformação na cena?

Sinto que é um tipo de revolução, onde estamos tendo mais liberdade de expressão para abordar esses temas, e é muito importante que o público LGBT tenha esse tipo de representatividade dentro da música e que se sintam mais libertos em expressar um sentimento, seja na sociedade ou em relacionamentos.

Há quanto tempo você começou na música?

Comecei tocando violão aos meus 8 anos de idade, quando tive meu primeiro contato com a música. Meu pai gostava muito de rap e, como eu era mais próxima a ele, automaticamente passei a gostar muito do gênero no decorrer dos anos. Fui crescendo e criando vontade de escrever também. Sempre quis ser artista e escrever minhas próprias músicas, e como eu gostava muito de MPB e rap, esses foram os dois gêneros pelos quais eu comecei a estudar e escrever letras. Assim fui me aprofundando e começando minha carreira como cantora e compositora.

Qual é o seu grande desejo de parceria musical e quem te inspira?

Seu Jorge e Elza Soares são grandes artistas pra mim e seria um prazer um dia trabalhar com eles, até pela minha vontade de ser versátil e desbloquear na minha carreira parcerias com outros gêneros. Beyoncé, Missy Elliot, Lauryn Hill, Cássia Eller, Alcione, Elza e o próprio Seu Jorge me inspiram muito dentro da música, além dos artistas locais que sou próxima, como meu grupo Fenda, o Djonga, CoyoteBeatz, entre outros.

Fórum ‘Sim à Igualdade Racial’ tem mais de 1M de visualizações no Youtube e mil vagas de empregos ainda disponíveis

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O ator Fabricio Boliveira - Foto : Ary Kaye

O ID_BR (Instituto Identidades do Brasil) apresentou no último sábado, 23 de outubro, mais uma edição do Fórum Sim à Igualdade Racial. O evento, que é o maior da América Latina, e já conta com mais de 1 milhão de visualizações da transmissão, tem o objetivo de conectar profissionais negros e indígenas a grandes empresas do Brasil e multinacionais. 

“Mais do que dizer não ao racismo, é preciso dizer sim à igualdade racial. Desde 2016, o ID_BR trabalha ativamente com essa missão, lutando para que essa seja uma causa contínua das empresas e de toda a sociedade. O objetivo é transformar igualdade em realidade”, disseram Luana Génot e Tom Mendes, fundadora e diretora executiva e diretor financeiro do ID_BR, respectivamente. 

Durante o Fórum, transmitido pelo Youtube, foram realizados debates, rodas de conversas com representantes negros e indígenas, histórias inspiradoras sobre a trajetória pessoal e profissional de grandes personalidades e atrações musicais com vozes negras e indígenas. 

ESG E A PAUTA RACIAL

Tema que tem sido bastante discutido nas empresas, o ESG (Ambiental, Social e Governança, em tradução do inglês), foi assunto de um dos painéis temáticos do Fórum. Mediada por Luana Génot, a roda de conversa questionou se há espaço para a pauta antirracista dentro da prática. De acordo com os convidados, que fizeram parte do bate-papo, há sim lugar para debater a igualdade racial, mas que ainda é um movimento modesto com investimento lento das empresas brasileiras. Apesar disso, eles enxergam que o progresso está vindo começando pelo setor varejista e chegando à área financeira.

SIM AO EMPREENDEDORISMO NEGRO E INDÍGENA

Um levantamento feito pelo movimento Black Money mostrou que empreendedores negros são responsáveis por movimentar R$ 1,7 trilhão por ano no Brasil e é um mercado que segue expandindo. Com esse olhar, o ID_BR trouxe um painel que contou com um empresário negro e uma indígena para falar sobre a experiência de empreender e ter um papel fundamental na economia brasileira. 

AÇÕES AFIRMATIVAS NO MUNDO CORPORATIVO

Os participantes reforçaram como as ações afirmativas são importantes para as empresas e sociedade de modo geral. Além de trazer para a pauta a meritocracia, oportunidades de desenvolvimento a profissionais negros e indígenas dada pelas empresas.

Outros temas como: tecnologia exponencial, antirracismo global, longevidade, saúde mental da população negra e indígena, tecnologia para um futuro próximo e cenário político e ameaça à democracia também foram assuntos debatidos com autoridades no assunto que trouxeram suas experiências dentro das empresas em que atuam e em sua vida pessoal. 

VOCÊ ESCOLHE ONDE QUER TRABALHAR 

A transmissão também contou com o quadro Trampa Comigo, ação em parceria com a 99Jobs, onde os espectadores tiveram acesso exclusivo a mais de mil ofertas de empregos com diversas vagas em grandes empresas voltadas para pessoas negras e indígenas. 

Confira todas as vagas no Trampa Comigo: Mover – https://99jobs.cc/Mover2021

BRK Ambiental – https://99jobs.cc/BRKAmbiental2021

Coca Cola – https://99jobs.cc/Coca-Cola2021

Mondelez – https://99jobs.cc/Mondelez2021

Vult – https://99jobs.cc/Vult2021

Assaí – https://99jobs.cc/Assaí2021

AEGEA – https://99jobs.cc/Aegea2021

Fundação Tide Setubal – https://99jobs.cc/FTS2021

P&G – https://99jobs.cc/P-G2021

Twitter – https://99jobs.cc/Twitter2021

99Jobs – https://99jobs.cc/99jobs2021

ID_BR – https://99jobs.cc/ID_BR2021

Suzano – https://99jobs.cc/Suzano2021

Bradesco – https://99jobs.cc/Bradesco2021

Ambev – https://99jobs.cc/Ambev2021

Itaú – https://99jobs.cc/Itaú2021

Pepsico – https://99jobs.cc/Pepsico2021

Comfrio – https://99jobs.cc/Comfrio2021

DSM – https://99jobs.cc/DSM2021

Novelis – https://99jobs.cc/Novelis2021

Bayer – https://99jobs.cc/Bayer2021

Todo o conteúdo e atrações do Fórum Sim à Igualdade Racial 2021 estão disponíveis abaixo:

Após ser acusada de criar “treta” para divulgar documentário, Ludmilla reage: “Não preciso disso”

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A funkeira Ludmilla anunciou em suas redes sociais a estreia do documentário Ludmilla – Rainha da Favela, no próximo dia 15, pelo Multishow e no Globoplay.

https://twitter.com/Ludmilla/status/1452664320467378184

Não demorou muito para que um seguidor a acusasse de ter se recusado a realizar um show no Prêmio Multishow e levantado polêmica na internet como forma de divulgar o documentário.

https://twitter.com/RYCHARDGOMES_/status/1452656265067438082

Em resposta à acusação, Ludmilla foi categórica: “Graças a Deus e ao meu trabalho eu não preciso disso!!! O Meu problema foi com o PRÊMIO MULTISHOW e não com o CANAL.”

O documentário Ludmilla: Rainha da favela será focado na carreira da funkeira e vai mostrar o cotidiano de Ludmilla e os compromissos profissionais da compositora. O filme também vai trazer registros dos bastidores de Numanice, e participação de familiares e amigos.

As primeiras divulgações do documentário de Ludmilla começaram em fevereiro deste ano, quando o Globoplay anunciou que pretendia lançar Rainha da Favela até o final de 2021.

“Já temos o casamento todo garantido”, diz Camilla de Lucas sobre ofertas de permuta que recebeu

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Foto: Reprodução/Instagram.

A influenciadora Camilla de Lucas foi pedida em casamento de surpresa em seu aniversário, no último dia 17 de outubro, pelo seu, agora noivo, Mateus Ricardo, e de maneira surpreendentemente rápida, eles receberam inúmeras propostas de permuta para diversos itens do casamento, segundo entrevista que Camilla concedeu à Quem.

“Realmente, fiquei passada porque chegou muita coisa na mesma hora que postei que fui pedida em casamento. Já me ofereceram vestidos de noiva, fotógrafo, salão de festas, assessoria, orquestra, shows e tudo mais. Mas por enquanto ainda não temos nada definido. Ele só me pediu em casamento e eu aceitei”, disse a influencer.

Todas as propostas ainda serão avaliadas pelo casal. Depois, a gente vai filtrar e ver o que é nosso estilo. Ainda temos que decidir a data e marcar o cartório. Já temos o casamento todo garantido. Só falta escolher os padrinhos e madrinhas. Não sei como vai ser, porque já tivemos uma discussão no dia do noivado. Ele me falou que só tem vontade de chamar quatro amigos dele e eu fui pensar e já tinham 10 pessoas que eu queria. Ele quer por limite de padrinhos e madrinhas e eu quero uma fila enorme”, explica Camilla.

A ex-BBB falou sobre a surpresa do pedido de casamento. “Foi tudo muito rápido. Quando vi ele se ajoelhando, fui pega de surpresa. Mas fiquei superfeliz. E mais certa do meu amor por ele do que tudo. A gente já falava de casamento, mas o mais próximo que eu imaginava ele me pedir seria no Ano Novo”, conta.

“Irmãos”: Seu Jorge e Alexandre Pires lançam turnê pelo Brasil

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Foto: Divulgação.

Após o sucesso da parceria musical em uma live durante a pandemia, Alexandre Pires e Seu Jorge vão sair em turnê pelo Brasil na turnê “Irmãos”. Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, Alexandre disse que os dois se conhecem “de outras vidas”.

“Eu acho que para descrever a sintonia que eu tenho com o Alexandre, a palavra perfeita é irmãos”, definiu Seu Jorge. “Podem ter certeza de que o público vai se divertir muito e dividir essa experiência ao vivo com um artista talentosíssimo como Seu Jorge me deixa cada dia mais honrado”, disse Alexandre Pires.

No show, com aproximadamente duas horas de música, o repertório inclui canções históricas das carreiras dos dois artistas, além de versões de grandes nomes da música brasileira. A turnê deverá passar por São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Xangri-Lá, no Rio Grande do Sul, em dezembro de 2021 e janeiro de 2022.

Nonagêmeos malineses nascidos em maio deverão voltar para casa em breve

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Quem lembra dos nove bebês nascidos em maio no Marrocos? Todos eles estão bem de saúde, se desenvolvendo bem e poderão voltar para o país de origem da família, o Mali, em breve.

Perto de completar seis meses de vida, eles e os pais posaram todos juntos pela primeira vez para o site MailOnline e a mãe deles, Halima Cisse disse que “eles estão ficando mais fortes a cada dia e pode ser que tenham permissão para deixar o atendimento médico em tempo integral em breve, para que possamos levá-los para casa”.

Ao todo, nasceram cinco meninas:Adama, Oumou, Hawa, Kadidia e Fatouma; e quatro meninos: Oumar, Elhadji, Bah, Mohammed VI.

Os nove bebês, que foram concebidos naturalmente, pesavam cada um entre 500g a 1kg quando nasceram e tiveram que permanecer em incubadoras na unidade de terapia intensiva da clínica, onde foram cuidados 24 horas por dia por uma equipe de médicos e enfermeiras.

Eles saíram das incubadoras no início de agosto, desde quando a família está morando junta em um apartamento próximo ao hospital para que a equipe médica possa continuar a monitorá-los.

A conta do hospital, que já se aproxima de um milhão de libras (aproximadamente R$ 8 milhões), foi custeada, na maior parte, pelo governo do Mali.

‘O último ancestral’: Com edição de luxo, Ale Santos irá lançar seu primeiro romance afrofuturista

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O escritor Ale Santos - Foto: Divulgação

Excelência negra na literatura? Temos. Ale Santos é ativista, comunicador digital, autor de sci-fi & fantasia afroamericana lança no mês de novembro, seu novo livro ‘O último ancestral’, um dos seus projetos mais desafiadores que será publicado pela HarperCollins umas das principais editoras do mundo.

A obra se trata de um romance afrofuturista que se passa no Distrito de Nagast, um local dominado por Cygens, seres híbridos de humanos e máquinas, que há décadas criaram uma violenta hierarquia racial e conseguiram suprimir a conexão dos humanos com suas tradições e religiões. A capa do livro foi criada numa parceria entre os ilustradores Rafael Albuquerque e Douglas Lopes.

Conversamos com o autor sobre o que o público pode esperar de uma obra que inclui até mapas típicos de jogos de RPG, algo sem precedentes no Brasil em se tratando de conteúdo afrocentrado.

Mundo Negro Que tipo de leitor você acha que vai se interessar pelo seu livro?

Coisas que estão na minha vida também, porque eu fui um desse garotos que ficava imaginando como minha vida podia se encaixar nesse mundo da fantasia e Ficção.

Eu sempre penso em crianças periféricas, negras que nem sempre se vem representados em obras de ficção da cultura pop, pensei numa obra mistura a Ficção científica com o imaginário do Hip Hop, do trap, do funk, do pagode”

A obra apresenta um mapa bem detalhado. Pode explicar de que forma ele acompanha o conteúdo do livro?

Eu sou um cortador de mundos de Ficção, é uma das coisas que gosto de fazer e que ajudam nas discussões sobre a narrativa, ajuda a entender o tempo que os personagens gastam para atravessar as regiões e onde eles estão em cada cena.  Na época da escrita do livro eu fiz um rascunho desse Distrito que criei, a editora abraçou e resolveu transformar no mapa oficial, contratou o Douglas Lopes que já é meu parceiro em outras produções para fazer acontecer. Dá pra ver uns lugares interessantes ali, uma Basílica de São Jorge e um Sambódromo, mas não vou contar muito, prefiro que todos leiam e descubram o que acontece lá e como isso vira palco pra Ficção Afrofuturista.

Você imagine essa história se tornando um filme ou uma série?

Eu sou roteirista, atualmente estou envolvido em algumas produções e também já criei uma série de ficção em podcast, as Ficções Selvagens. Acho que  as produções audiovisuais estão ocupando, cada vez mais, o centro da cultura de Scifi no mundo, então eu tô sim olhando pra chegar lá. É onde quero que minhas histórias estejam, o Último Ancestral tem tudo pra ganhar uma adaptação e já tem algumas produtoras e canais lendo a obra e avaliando os direitos. Eu espero muito que alguma dessas conversas evoluam e quem sabe a gente tem uma das primeiras séries afrofuturistas no Brasil.

O livro já está em pré-venda e pode ser adquirido pela Amazon. (clique aqui)

Com foco em mulheres e pessoas negras, XP Inc. e Tera darão bolsas estudos integrais em Ciência de Dados

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Imagem: Unsplash

Como diria a Beyoncé, há pessoas negras que podem ser um novo Bill Gates, porém o mundo da tecnologia é ainda majoritariamente formado por homens brancos. A falta de diversidade nessa área faz com que muitos talentos se percam. Com objetivo de incentivar mulheres e pessoas negras a ingressar na área de TI, a XP Inc. e Tera darão bolsas integrais para o curso de Ciências de Dados. A Tera, inclusive, é uma startup bem focada em potencializar a diversidade no mercado de tecnologia no Brasil por meio de conteúdos educacionais relativos à economia digital.  

Nessa parceria, a XP Inc. entra com o financiamento integral de 50 bolsas de estudos, sendo cada metade reservada a um dos grupos abrangidos (mulheres e pessoas negras).

A iniciativa representa uma ampliação do programa de diversidade da startup, o  DiversiTera, e tem como objetivo potencializar a diversidade na área, em que 83% dos profissionais são homens, entre 22 e 32 anos, e com alto nível de escolaridade.

Pessoas de qualquer canto do país poderão participar já que o curso é 100% online. Os estudantes ainda contarão com mentorias exclusivas sobre movimentação de carreira, suporte na construção de portfólios e conexão com vagas em empresas parceiras.

Os temas abordados vão desde disciplinas como Análise e Estruturação de Dados até técnicas avançadas em Machine Learning e desenvolvimento de competências em storytelling e visão de negócios. Além disso, os selecionados aprenderão a analisar dados estatísticos, assim como a comunicar seus insights, utilizando ferramentas e técnicas atuais do setor — como Python, bibliotecas de Machine Learning e outros —, podendo ainda se envolver em programas de contratação da gestora de investimentos.

As inscrições estão abertas até 21 de novembro em: http://programas.somostera.com/diversitera-ciencia-de-dados-by-xp-inc [programas.somostera.com]

Segundo Leandro Herrera, fundador e CEO da Tera, fala das experiências anteriores com alunos que obtiveram bolsas de estudo. “O sucesso foi tão grande que agora queremos expandir a proposta e tornar o programa ainda mais amplo e acessível, deixando as portas das carreiras digitais mais democráticas”, conta Herrera.


“A XP tem uma série de iniciativas relacionadas à educação e diversidade. Conseguir aliar ambos os temas numa iniciativa que pode transformar a vida das pessoas é o que buscamos fazer todos os dias, nossa razão de existir.  Queremos transformar o mercado financeiro para melhorar a vida de todos os brasileiros e brasileiras. Acreditamos que, para isso, a diversidade do nosso país deve estar refletida em nosso ambiente de trabalho, e que só assim conseguiremos desenvolver as melhores soluções para diferentes necessidades e pessoas. Iniciativas como essas geram ganhos exponenciais para as pessoas, para os negócios e para nossa sociedade. A parceria com a Tera, assim, nos faz avançar na direção correta para aumentar cada vez mais o impacto de nossas ações”, afirma Marta Pinheiro, diretora ESG da XP Inc.

Genética familiar influencia 10% dos diagnósticos de câncer de mama: conheça os fatores de risco e formas de se prevenir

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Cecília Pereira e Marcelle Thimoti, ginecologistas. Foto: Reprodução.

O Outubro Rosa é conhecido com o mês de prevenção ao câncer de mama e, pensando nisso, o MUNDO NEGRO conversou com Cecília Pereira, ginecologista e mastologista e Marcelle Thimoti, ginecologista, para que elas nos expliquem o que realmente são fatores de risco e os cuidados que cada uma de nós devemos ter em relação a esta doença.

Genética Familiar

Uma das grandes preocupações de quem tem casos de câncer na família, é a probabilidade de desenvolver a doença também. Mas a doutora Cecília Pereira, do grupo Ifé Medicina, do Rio de Janeiro, explica que a maioria dos casos positivos para a doença não tem ligação com o histórico familiar.

“Do total dos diagnósticos de câncer de mama, os casos ligados à genética familiar correspondem a 10%. Uma coisa curiosa é que a maioria das pacientes chegam com esse discurso ‘ah, não tenho nenhum histórico familiar’, ou uma paciente muito preocupada porque tem um histórico familiar positivo, de uma avó que teve câncer com 70 anos, ou uma tia avó, e isso não aumenta o risco, na verdade”, explica Cecília.

Mas quais são, então, os fatores genéticos para os quais devemos olhar com atenção? “Quando a gente fala em genética familiar, estamos falando em parentes de primeiro grau: mãe, irmã, filhas. Esse risco também aumenta quando alguém da sua família teve câncer de mama enquanto ainda estava menstruando, ou histórico de câncer de mama em homens da sua família, você também tem um risco mais aumentado”, explica Marcelle Timothi.

Em alguns casos, como na síndrome de BRCA 1 e 2, as pacientes têm cerca de 70% de chance de vir a desenvolver o câncer. Por isso, em alguns casos, é recomendada a mastectomia preventiva, como forma de não esperar que a doença se desenvolva.

Grande parte dos fatores associados ao risco de desenvolver câncer de mama são relacionados aos nossos hábitos do dia-a-dia. ” A grande maioria dos fatores de risco estão nas nossas mãos, então a prevenção está nas nossas mãos e tem a ver com diminuição do uso de industrializados, comer coisas mais naturais, praticar atividade física, diminuir o uso de tabaco e de álcool”, detalha Cecília.

Prevenção

A porta de entrada para a prevenção e o diagnóstico de câncer de mama é a consulta com a ginecologista ou mastologista e o exame adequado para rastreio da doença é a mamografia.  “Ela é indicada para todas as mulheres a partir dos 40 anos e deve ser feita uma vez ao ano. Os outros exames como ecografia, ressonância, a gente pede de forma individualizada de acordo com a paciente, se ela tem queixa, histórico familiar ou outra condição”, diz Marcelle.

Apesar de ser considerado um pouco desconfortável, não há necessidade de temer o exame e nem o diagnóstico. “Para aquelas mulheres que têm dúvida, que têm medo e estão há muito tempo sem ir ao ginecologista , eu digo que não tenham medo. Vão e façam o exame porque o diagnóstico precoce é muito eficiente e dá chances muito altas no tratamento do câncer de mama”, alerta Marcelle.

E atenção! Apesar de muito difundido como uma forma de prevenção, o autoexame das mamas não pode ser considerado um exame que elimina ou confirma a presença da doença. “Autoexame não é um exame de rastreamento para o câncer de mama, é uma prática para você se conhecer, para você saber qual é o seu normal, para caso alguma coisa nova apareça, acender o sinal de alerta”, lembra Cecília.

Nós falamos Pretuguês

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Foto: Reprodução / Cultne.

Por Michele Carlos

Você já riu ou quis corrigir alguém que falou “framengo”, “crima”, “craro”, “proprema”? Ou quem fala “naisci” ao invés de “nasci” e por aí vai?

Talvez o que você não sabia até agora é que, na prática, nós brasileiros não falamos Português, e sim PRETUGUÊS. Tudo que consideramos “errado”, nada mais é que a marca de algumas línguas de África na construção do português brasileiro, em especial de origem bantu, tronco linguístico com mais de 600 línguas, trazidas a força durante a escravização.

Esse termo foi criado pela intelectual negra  Lélia Gonzalez para se referir a essa sobre a africanização do idioma falado no nosso país. Ela não só falava pretuguês, como o adotou também na escrita dos seus textos acadêmicos. Esbarrou em muita gente higienista que defende a pureza da língua (como isso é possível?), mas ela não tava nem aí porque o que queria mesmo era ser compreendida pelo povo.

Historicamente falando, a língua foi uma ferramenta forte de colonização. Negros escravizados foram obrigados a mudarem seus nomes assim que desembarcaram no Brasil, assim como foi imposto a eles a falarem a língua do colonizador. Tudo isso porque a língua é um traço que nos conecta com a nossa origem, com que nós somos e de onde viemos, é um traço de resistência e conexão com os nossos. Sendo assim, a repressão linguística até hoje serve pra colocar as pessoas nesse lugar de “erradas”, “forasteiras”.

Quem fala mais fortemente o Pretuguês não deve ser taxada como uma pessoa que não sabe falar, que deve ser corrigida. Quem aponta a marca das línguas e dialetos afro como erros gramaticais pode estar praticando preconceito linguístico. Entender tudo isso, faz parte da também da fala sobre diversidade nos espaços. Não adianta pedir por pessoas diversas se vamos corrigí-las e tentar fazer com que a forma que ela se expressa através da fala seja alterada.

O Pretuguês não é apenas substituição do R pelo L. que é inexistente em alguns idiomas africanos. Vem de África também o fato de falarmos cantando na maior parte do país (herança da dupla vogal de idiomas do continente), a dupla negação (“não vai querer não”) ou a redundância (subir pra cima), sem falar a quantidade de palavras africanas que usamos diariamente, como bunda, cafuné, cachaça, quitanda fubá, muvuca, xingar, moleque… se eu for listar tudo esse texto vai virar uma quizumba só.

Por fim, viva Lélia Gonzalez, que nomeou nosso real idioma.

Fonte:

Texto Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, de Lélia Gonzalez.

Episódio Pretuguês com Jonas Andrade do Podcast Assuntando a Arte. Episódio Pretuguês, da série Enigma

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