No mês de junho o álbum Songs In A Minor, da cantora Alicia Keys completa 20 anos. O disco marcou o lançamento da carreira vitoriosa da artista e levou um Grammy – dos quinze que a cantora tem na coleção. Para comemorar, Alicia lançou a edição especial de 20º aniversário desse álbum que marcou época. Songs in A Minor (20th Anniversary Edition) apresenta duas faixas bônus inéditas, Foolish Heart e Crazy (Mi Corazon), das sessões originais de gravação do álbum.
Keys deu início à celebração do 20º aniversário na semana passada no Billboard Music Awards com uma apresentação incrível de músicas do álbum, incluindo “Piano & I”, “How Come You Don’t Call Me”, “A Woman’s Worth” e culminou com uma versão dinâmica e dramática de seu single de sucesso, “Fallin’”. Veja a apresentação aqui.
Como parte da celebração do aniversário, a Modern English colaborou com a Sony Music, em nome de Keys, em um site personalizado onde os fãs são convidados a escrever cartas sobre suas boas lembranças do álbum, do lançamento até a turnê e de sua música em geral. Os fãs podem interagir com o conteúdo (que também permite fotos) gerado pelos usuários enquanto navegam por um globo em movimento. Visite o site aqui.
Junto com o Songs In A Minor (20th Anniversary Edition), a TIDAL também está participando da celebração com um relançamento digital especial de todo o catálogo icônico de Keys, a partir de 5 de junho. O relançamento de Songs In A Minor contará com comentários exclusivos em vídeo, ao lado dos colaboradores de seu álbum, oferecendo aos fãs uma nova maneira de descobrir mais sobre a música de Keys.
Lançado em 5 de junho de 2001, Songs In A Minor quebrou recordes mundialmente. O álbum estreou em primeiro lugar na Billboard 200 e é certificado como diamante em todo o mundo. O primeiro single do álbum, “Fallin’”, impulsionou Keys para o sucesso global. A música passou seis semanas no primeiro lugar da Billboard Hot 100 e ganhou um lugar na super cobiçada lista das 100 melhores músicas da década da Billboard. Pitchfork, em seu programa ‘Sunday Review’, recentemente, revisitou o álbum dando a ele 8,5 e declarando, “hoje revisitamos a excelente estreia de Alicia Keys em 2001, um álbum R&B auto-produzido e inspirado em Chopin que abriu um caminho único para o estrelato mainstream”.
Desde o lançamento de Songs In A Minor, Keys vendeu mais de 65 milhões de discos e construiu um repertório incomparável de sucessos e realizações. Alicia se tornou a artista feminina de R&B nº 1 do milênio, com 27,5 milhões de vendas digitais certificadas em todo o mundo (EUA) e 20 milhões de vendas de álbuns (EUA). Seu sétimo álbum de estúdio, ALICIA, foi lançado com ótimas críticas em setembro de 2020 e rendeu a Keys seu 8º álbum em primeiro lugar na parada de álbuns de R&B da Billboard. Os singles do álbum, “Show Me Love” e “So Done” renderam a Keys um recorde em primeiro lugar por onze e doze vezes seguidas, respectivamente, na parada da Billboard Adult R&B Songs.
O cantor Péricles inovou nesta sexta-feira, ao entrar no universo do rap e trap com a música Traje de Verão, num feat promovido pelo produtor Papatinho. Na música, Papatinho reúne Péricles, Dfideliz e MC Hariel. Nos versos a música traz claras referências a sucessos do ExaltaSamba, como Gamei e Azul Sem Fim. O single e o clipe da música foram lançados nesta sexta-feira (4).
Assista ao clipe:
Para esta música, Papatinho mistura elementos do trap, funk e drill e traz Péricles rimando pela primeira vez em uma batida nesse estilo. No refrão chiclete, o astro do pagode canta: “Ela me beija com traje de verão, gamei / Dançou diferente, chamou minha atenção, gamei / Então tira ouvindo esse som / Mexe com o meu coração / É o papo do Péricão / Gamei, gamei, gamei”.
Em outros trechos, Péricles traz versos reconhecidos por qualquer admirador do Pagode 90. “Quando eu vi / Me amarrei”. Outros versos de pagode imortalizados pelo ExaltaSamba aparecem no single, na voz de MC Hariel: “Vou confessar / Que era eu / Aquele azul sem fim / Que você mergulhou”.
A música promete trazer pro mesmo bonde quem ama o Pagode 90 e quem não fica parado com as levadas de trap e funk.
Chef Maristella entre suas receitas - Foto: Arquivo pessoal
Em um momento que se discute meio ambiente e fome é fundamental refletirmos sobre como evitar o desperdício de alimentos. Conversamos com a Chef Maristella Sodré sobre como aproveitar o que a gente come e como de forma prática, podemos aplicar ideias da gastronomia sustentável na nossa cozinha.
Maristella é Formada em Gastronomia Social em vários projetos de gastronomia sustentável, empresária e apresentadora da série “Comida Que Transforma” exibida pelo YouTube da Gastromotiva e pelo NHACGNT. Ela também foi vencedora na Categoria Celebridades/ Influenciadores do Prêmio Lixo Zero Brasil 2020.
Mundo Negro – O que é por definição, uma gastronomia sustentável? Ela se aplica a todas as classes sociais?
Chef Maristella – É a Gastronomia que utiliza técnicas de Aproveitamento Integral dos Alimentos, reduzindo o desperdício e valorizando uma alimentação mais natural e nutritiva. Infelizmente não é aplicada a todas as classes sociais. Na realidade, as pessoas, independente da sua posição social, são muito cruas em relação a essas informações. Normalmente por preconceito ou por total desconhecimento. Mas claro que esses conhecimentos são muito menos integrados a realidade da população mais vulnerável.
Foto: Arquivo pessoal
De que forma as questões de sustentabilidade estão ligadas aos cuidados com o meio ambiente?
A Sustentabilidade Ambiental está diretamente ligada a preservação do Meio Ambiente. Nós, seres humanos, devemos utilizar e cuidar dos recursos naturais para que não falte para as gerações futuras, formando assim uma cadeia solidária e consciente. Devemos ser responsáveis ao lixo que produzimos todos os dias. Pois o planeta é um só. Preservar o planeta e cuidar dos recursos naturais é uma questão de urgência em relação ao futuro da humanidade.
Como essa pauta de gastronomia sustentável pode ser discutida dentro da comunidade negra que faz parte dos índices de fome que voltaram a aumentar por conta da pandemia?
Através de uma linguagem mais simples e acessível a todos. Trabalho em comunidades há mais de 3 anos. No início, observava uma grande dificuldade na aceitação desse assunto nos alunos e a repulsão pela mudança desses hábitos. Trabalhei muito e adaptei todo o planejamento e linguagem das aulas, trazendo ingredientes e realidades que aproximasse mais do seu dia a dia, mas com adaptações mais sustentáveis e saudáveis. Hoje, graças a Deus, meus alunos vão as aulas com mais entusiasmo e curiosidade. Animados em criar e reproduzir dentro das suas próprias casas. Pessoas socialmente vulneráveis e que geralmente recebem doações de alimentos todos os meses como ajuda e que hoje tratam o alimento de maneira diferente. Respeitando cada cocção e cada finalização. Com uma visão mais sustentável. Sem desperdício. O preconceito se transforma em admiração. O que me deixa muito feliz , pois aproveitam melhor o alimento absorvendo todos os nutrientes existentes e consequentemente obtendo mais comida em cima da mesa para sua família. O que não se pode consumir, aprendem outras formas de devolver os nutrientes ao solo, como por exemplo, técnicas de compostagem. Vivenciando e trazendo aos poucos essa nova realidade as suas vidas. Mas infelizmente é um índice muito baixo da população negra que possui esse privilégio de aprendizado. Meu sonho é mudar esse quadro o mais rápido possível, pois é uma questão de urgência, em relação a fome e ao futuro do planeta.
Foto: Arquivo pessoal
DICAS PRÁTICAS SOBRE COMO TER UMA ALIMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL
PLANEJAR AS COMPRAS DE MANEIRA CONSCIENTE
RESGATAR A ANCESTRALIDADE ATRAVÉS DA COMIDA, POIS NOSSOS AVÓS E BISAVÓS JÁ EXERCIAM ESSA PRÁTICA DO APROVEITAMENTO INTEGRAL DOS ALIMENTOS. COM A INDUSTRIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS, DEIXAMOS DE LADO ESSE PRAZER DE CONSUMIRMOS O QUE VEM DA TERRA E OPTAMOS PELO MAIS PRÁTICO.
UTILIZAR O ALIMENTO NA SUA TOTALIDADE, INGERINDO TODOS OS NUTRIENTES EXISTENTES (POIS A MAIOR CONCENTRAÇÃO DE NUTRIENTES ESTÁ PRINCIPALMENTE NAS PARTES QUE NORMALMENTE DESCARTAMOS)
FAZENDO UMA HORTA
SEPARANDO O LIXO E DANDO O DESCARTE DE MANEIRA ADEQUADA
CONSUMIR MAIS PRODUTOS NATURAIS E MENOS INDUSTRIALIZADOS
A Wolo TV continua lançando material original com foco no público negro. Essa semana em especial, a plataforma de streaming contará com quatro lançamentos exclusivos, todos disponíveis a partir do dia 5 de junho, sábado.
“Sujeito Objeto” de Djalma Calmon acompanha Pedro e Renata, mais um casal em meio à multidão de sujeitos. Ele é um artista de rua, estátua viva que se tornou seu próprio personagem: calado e duro. Ela é viva, mas está morrendo por dentro.
Imagem: Divulgação
Em “Aquém das Nuvens”, de Renata Martins (colaborou em “Malhação – Viva a Diferença“) vamos poder ver a história de Nenê, casado com Geralda há 30 anos. Em uma tarde de domingo, como de costume, ele vai à roda de samba encontrar os amigos. Ao voltar para casa, surpreende-se com uma notícia sobre Geralda. Sem deixar que o ritmo do samba caia, Nenê encontra uma solução para ficar ao lado de sua eterna namorada.
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“5 Fitas” nos apresentará os dois garotos fofos, Pedro e Gabriel que no dia da Lavagem do Bonfim, decidem fugir de casa e se aventurar entre a multidão, para tentar pedir por uma bola de futebol, deixando toda família desesperada. A produção é de Heraldo de Deus e Vilma Martins.
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Por fim temos o multi-indicado em várias premiações, incluindo melhor ator de média-metragem paraHeraldo de Deus, Melhor Fotografia e Melhor Roteiro, “Facão”. Um jovem reservado e solitário, passando por um momento de dificuldade, se arrisca em pequenos delitos para sobreviver. Ao assaltar Pietra, uma jovem apaixonada por cinema, tem sua vida transformada pelos filmes que encontrou na mochila roubada. O longa dirigido por Camila Hepplin foi exibido no Fade To Black Festival.
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Prontos para um fim de semana recheado de boas obras nacionais? A Wolo TV não exige assinatura mensal e cnta com programas totalmente gratuitos e outros sob aluguel a um preço acessível.
O livro “Menina Nicinha” tem forte inspiração nas conversas de Evelyn Sacramento, que é co-fundadora do projeto literário Lendo Mulheres Negras e escritora da obra, com sua avó, onde eram contadas lembranças da infância, com direito a molecagem, trabalho e memórias do recôncavo baiano.
Voltado para o público infantil, o livro é informativo e reflexivo, sem deixar de despertar a curiosidade e a inteligência dos pequenos leitores. A publicação tem 36 páginas e ilustrações da mineira Bárbara Quintino.
O livro Menina Nicinha foi contemplado no Prêmio das Artes Jorge Portugal, e tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
A venda do livro começou no dia 2 de junho e os pedidos podem ser feitos no site (https://www.lendomulheresnegras.com.br/menina-nicinha). Os 50 primeiros livros vendidos até o dia 3 serão autografados pela autora e todos os pedidos feitos até dia 20 de junho terão frete incluso, no valor de R$35,00 por livro. Além disso, os materiais didáticos estão disponíveis para download gratuito no site do projeto.
Serginho Groisman recebe neste sábado, dia 5,vários convidados em seu programa. Entre eles, o ator Lázaro Ramos, o intelectual Silvio de Almeida e a cantora Iza, que falam sobre seus projetos a seguir. O programa vai ao ar aos sábados, depois do ‘Vai que Cola’.
Lázaro Ramos aproveitou para falar um pouco sobre seu lado escritor e apresentar os detalhes dos seus novos livros infantis ‘O Pulo do Gato’ e ‘Edith e a velha secreta’. “Eu nunca imaginei isso, mas virou um lugar que é quase terapêutico para mim. Inclusive foi o que me salvou no ano passado, durante a pandemia”, conta ele sobre as publicações.
Lázaro, fala ainda sobre a experiência como diretor do filme ‘Medida Provisória’ e aproveita o bate-papo de sábado para contar um pouco sobre como anda a sua vida familiar durante a pandemia, ao lado de Taís Araujo e os dois filhos do casal.
Continuando com os convidados, o programa traz ainda a cantora Iza, que adianta as suas últimas novidades profissionais: “Eu estou preparando o lançamento do meu segundo álbum e acho que esse processo de tentar me encontrar foi muito decisivo para construir o que eu vou mostrar. Neste momento eu estou mais madura, o meu som está mais maduro”.
Na atração, Iza apresenta a sua nova música, ‘Gueto’. Também no ‘Altas Horas’, a voz de Johnny Hooker invade o estúdio ao cantar ‘Flutua’ e ‘Crise de Carência’.
O filósofo e professor Silvio de Almeida também estará no ‘Altas Horas’ e fala a respeito do livro ‘Racismo Estrutural’, levantando reflexões sobre o assunto. Silvio Almeida ainda revela uma parte de suas lembranças, em especial as que guardou do pai e a influência paterna em sua criação.
O ‘Altas Horas’ ainda recebe a microbiologista Natalia Pasternak, que analisa a vacinação no Brasil.
Com a propriedade de ter se tornado dona de mais de 1.6 bilhão de streamings, indicada a Grammy Latino, apontada Mulher do Ano (GQ Magazine), Iza acaba de lançar, em todas as plataformas digitais, o single de estreia do seu segundo álbum, previsto para o próximo semestre. “Gueto é uma forma de celebrar da onde eu vim. Não é sobre ostentação,mas sobre ocupação. Ser a mina preta da zona norte estando em vários comerciais onde eu nunca tinha visto uma mina preta antes”. Essas são as primeiras falas da cantoracarioca sobre seu mais recente lançamento: o clipe do single ‘Gueto’. A letra inicia com um aviso que se reflete na força da canção e da fala da artista: `Olha quem chegou/ É fogo na babilônia/Trajada de amor/ Só pra te causar insônia”. Iza é uma das poucas cantoras no país que consegue causar frisson antes de um novo lançamento, como uma Rihanna brasileira.
Imagem:Rodolfo Magalhães
O clipe de ‘Gueto’ não economiza nas cores, na celebração da cultura urbana e das lembranças da cantora. “Eu queria muito desenhar esse gueto colorido que existia na minha cabeça e que existe, sabe? Eu sou de Olaria, Zona Norte do Rio de Janeiro e eu lembro de um gueto colorido, bem cuidado, um gueto onde a gente não tinha medo de andar na rua, que é de lei a gente fechar a rua no domingo, a gente nem precisava avisar a prefeitura, era só passar a cordinha que não passava nem caminhão. Era uma vontade grande de mostrar esse lugar, tornar esse lugar lúdico”, explica a cantora que busca com a produção do clipe evocar lembranças de bairros onde as pessoas viveram.
Iza tem alçado vôos altos desde que lançou o álbum “Dona de Mim” (2018), mas sem perder de vista a origem que lhe catapulta para o salto. “Esse sentimento de pertencimento das pessoas significa ter orgulho de onde eu vim, significa que sim, brota ouro da onde eu vim, significa mostrar que o que mais faz sucesso nesse país veio do gueto, sim. A gente pode não se ver na TV, mas o que as pessoas têm consumido veio desses lugares. Então é sobre isso, né? A gente faz parte de tudo e deveríamos ocupar mais”, diz, também lembrando que celebrar as origens é colocá-la em espaços antes negados.
Imagem: Rodolfo Magalhães
Na semana passada, a Revista Time publicou um artigo em que elegia Iza como um dos ícones da nova geração. A publicação rasgou elogios à postura da cantora sobre temas importantes como representatividade e posicionamento frente ao racismo no Brasil. “Sou formada em Comunicação e a cabeça explode quando você ganha uma indicação como essa. Eu me sinto muito feliz. A gente costuma dizer que não trabalha para ganhar prêmio, nem nada, mas é óbvio que quando a gente recebe um tapinha nas costas desse, dizendo que a gente está no caminho certo, tudo muda e é dessa forma que vejo. É muito lindo e me sinto abençoada por receber esse reconhecimento. Principalmente num momento que é tão difícil fazer arte, sabe?”, diz a cantora que continua: “Eu queria muito que as pessoas entendessem que não é legal ser exceção. Eu não quero que as coisas sejam assim. É a primeira vez que fico falando de mim na música, mas não é sobre essa coisa do primeiro lugar, de ser eu. É sobre a questão mesmo de abrir as portas para tanta gente incrível que faz diferença na arte do país, que é vetor, sim, de mudança na arte do país e não tem lugar, não tem visibilidade. Então é muito legal quando a gente recebe uma nomeação como essa porque tudo quanto é dúvida que a gente tenha na cabeça acaba sendo sanada, principalmente quando não temos contato com público que é quem abraça a gente quando a gente está precisando”, termina.
Iza é articulada e firme como nem sempre se vê entre artistas de longo alcance na música brasileira. Fala de forma clara, concisa, mas sem esvaziar discursos e explicações. É de se esperar que o jeito de se expressar na fala esteja também na nova canção e nas poses confiantes da superprodução do novo clipe. Para o novo álbum, que ainda não teve todas as faixas decididas, a cantora promete dancehall, R&B, Rap e trap, formando a caldeira musical que já estava presente no debut de 2018. O próprio single lançado é uma pontinha do que virá e a julgar pela produção, não será menos impactante para a cena musical que o disco anterior.
Imagem: Rodolfo Magalhães
A entrevista ocorreu dias antes de polêmicas sobre a obrigação ou não de haver posicionamento político de pessoas públicas. Como uma profecia, houve resposta a uma questão sobre levantar pautas. “Eu sou a bandeira. Eu estar ali sentada no horário nobre. Eu já estou falando muita coisa só de estar ali ocupando, sabe? Eu acabo falando de racismo e essas coisas porque são coisas que eu vivi e faz parte da vida de todos os brasileiros, então não tem como fugir disso. Seria muita hipocrisia da minha parte. Não é proposital. É o que eu sei falar de verdade. Eu vou trazer as minhas vivências e infelizmente estaremos sofrendo racismo até lá e a gente vai continuar falando sobre isso até isso mudar”, reflete a cantora que entende que sendo suas músicas feitas para um recorte específico da população já está enviando uma mensagem.
Na condição de artista enclausurada por conta da pandemia, a cantora diz ter lidado com questões que havia protelado, tornando esse novo registro algo mais pessoal e biográfico que os trabalhos anteriores. De encontro às suas raízes e ciente de exaltar a ancestralidade negra, Iza reflete: “Não tem muito como eu falar para onde estou indo se eu não souber da onde vim. A gente se perde pelo caminho se não soubermos da onde a gente veio. Por isso é muito importante fincar muito o pé no chão, nas suas raízes e deixar claro para as pessoas que nossa trança tem muita história para contar. Isso é muito mais que um estilo”.
Imagem: Rodolfo Magalhães
Já chamada de Beyoncé brasileira, Iza não esconde a inspiração na cantora norte-americana soltando um “amém” ao citar o nome da diva pop. “Ela me inspirou muito a falar de onde eu vim, me encorajou muito a falar de onde eu vim e eu acho que isso é mágico, sabe? A libertação de você querer falar quem é, de querer falar para o mundo quem você é. Isso é mágico. Espero que meu trabalho tenha o impacto assim na vida de alguma pessoa porque com certeza o trabalho dela me impactou bastante, me inspirou a continuar procurando uma voz minha”, afirma a intérprete de “Pesadão”.
Iza fala com sorriso aberto ao lembrar que nos shows a faixa etária abrange desde crianças até idosos. A cantora também mostra consciência de que sua visibilidade sendo mulher negra de pele escura ainda não significa que os padrões de representatividade sejam os ideais. Iza lembra que faltam mulheres negras gordas com visibilidade. “Muitos que vieram antes da gente estão trabalhando para abrir as portas e agora a gente tem que trabalhar para ‘arregaçar’ as portas e deixar aberta. A gente precisa trazer as pessoas para onde a gente está”, discursa com assertividade. “Uma vez que você é exceção, eu falo isso para os artistas. Uma vez que você conseguiu furar o bloqueio, você tem obrigação de trazer gente com você. A gente precisa ser vetor de mudança”, aponta.
“ Eu canto a minha vida inteira que nem uma louca. Desde criança em casa. Por que eu só tive coragem de me expor com 25? Muito provavelmente porque eu nunca me vi na TV. Porque quem eu via era completamente diferente de mim. Porque eu achava que não dava. Tem uma hora que você acha que não dá mesmo. Se você não se vê nos lugares, você vai achar que não dá! Isso precisa mudar. Quando lancei ‘Pesadão’ as pessoas comentavam que só tinha negro no clipe e eu vou colocar só negro até as pessoas pararem de cometar e acharem normal isso. A gente tem obrigação de trabalhar essa ocupação!”. crava Iza em palavras que soam ainda mais forte olhando para os olhos determinados da cantora.
Imagem: Rodolfo Magalhães
Nas últimas semanas surgiu um boato sobre uma possível parceria com Sam Smith, já que ambos colocaram o mesmo tema da foto ao mesmo tempo em suas redes sociais, mas Iza diz que foi apenas um delírio coletivo, embora tenha gostado da ideia. “O homem vai pensar que eu estou stalkeando ele. Todo mundo marcando o homem porque brasileiro não tem limite. Foi uma grande coincidência, que eu amei, mas foi só uma grande especulação. Ainda sobre possíveis parcerias, Iza diz que está conversando com Ludmilla, que na sua opinião é a maior cantora negra do país.
O clipe foi gravado em São Paulo e no Rio de Janeiro. A rua que aparece no vídeo de ”Gueto” foi construída em uma antiga fábrica de São Paulo para evitar aglomerações possíveis de se usar em uma rua de verdade, enquanto a parte da Igreja da Penha utilizou a locação real. Com a pandemia, Iza estuda soluções audiovisuais para entregar conteúdo aos fãs já que não fará shows em 2021 por conta da pandemia. Na última quinta-feira, Iza realizou a maior live de sua carreira, como exemplo de alternativas para divulgar o trabalho.
Ao se despedir da equipe de jornalistas presentes na coletiva, a cantora agradeceu nome por nome,dizendo que sabe o quanto o trabalho da imprensa é importante nessa ponte com os fãs, ainda mais em tempos de reclusão e expôs o coração deixando cair lágrimas. “Muito obrigada pelo carinho gente. É TPM, meu deus”, brincou.
Se o próximo disco vier com toda a alma que a cantora demonstra, toda a ansiedade se justifica. Confira o clipe:
Na noite desta quinta-feira (3) MC Rebecca lançou o clipe do single principal de seu trabalho, Pussy Gang, em parceria com Hyperanhas. As quatro faixas do EP Outro lado também já foram lançadas. Os clipes de Bala, Só Faço o Que Eu Quero e Beijo e Bye Bye’ serão lançados nas próximas semanas, no canal da artista e também em todas as plataformas digitais.
Ao lado das influenciadoras Rafa Uccman e Yris Araujo, a funkeira aparece como a patroa de uma casa noturna. Ao comandar alguns strippers em show para mulheres, Rebecca promove uma troca de papeis entre os gêneros e mais uma vez traz o prazer feminino como tema de canção, assim como nos hits Cai de Boca, Ao som do 150, Sento com Talento e Tô Preocupada (Calma Amiga). Com a união do funk, trap e rap, a cantora aposta em muita sensualidade, empoderamento, liberdade feminina.
Pussy Gang traz o início de uma história ainda com muitos mistérios a serem desvendados. Isso porque os quatro clipes, gravados em São Paulo, formarão um curta-metragem, ou seja, os próximos acontecimentos retratando o passado e o futuro desta série só serão contados por meio das outras três faixas – ainda sem datas anunciadas.
Rebecca é a diretora criativa do EP ‘Outro Lado’. “Chegou o momento de todos conhecerem o meu outro lado! Estou muito feliz com todo o resultado desse trabalho. Idealizamos uma forma diferente de comunicar as músicas e unir os clipes. O projeto conta uma história surpreendente e de maneira autêntica. Pussy Gang vem com tudo para apresentar a minha gangue e recrutar mais integrantes. Já estou ansiosa para vocês conhecerem os próximos capítulos”, comemora ela.
O crescimento vertiginoso de produções de autoria e/ou protagonismo negro nos últimos anos vem despertando debates calorosos dentro da academia e da crítica cinematográfica. O principal deles é motivado pelo uso recorrente de termos como “cinema negro” e “narrativas negras” para definir filmes (ou séries, clipes, animações etc.) escritos, dirigidos ou estrelados por pessoas negras. Pode parecer intuitivo para o público em geral, mas nem sempre um filme com essas características recebe esse rótulo consensualmente. Ao longo da história, o termo “cinema negro” ganhou contornos estéticos e políticos específicos, como um movimento artístico-cultural que emergiu paralelo às mudanças sociais mais amplas acerca da representação racial. Isso significa dizer que fazer “cinema negro” não é apenas sinônimo de presença negra atrás e/ou na frente das câmeras – embora esses aspectos ainda sejam fundamentais. Fazer “cinema negro” diz respeito à forma com que os filmes são produzidos, como as imagens são capturadas e qual narrativa está sendo contada.
O teórico negro do cinema Michael B. Gillespie vem pensando isso de modo interessante, ao defender o uso do termo blackness film [negritude fílmica] para escapar dos clichês que geralmente acompanham o “cinema negro” do senso comum (filmes sobre racismo e a realidade social negra) ou a ideia de “performance negra” (culturas negras performadas exoticamente na tela). Blackness film, nesse sentido, é pensar as produções audiovisuais onde o que prevalece é a liberdade criativa do(a) artista negro(a), implicado(a) tanto pelas produções de autoria branca, quanto (e principalmente) pela própria subjetividade, trajetória de vida e poder de imaginação. É, em síntese, se apropriar e escapar, paradoxalmente, dos enquadramentos teóricos e políticos da crítica e produção cinematográfica branca, para projetar a complexidade da negritude e do “mundo negro” fora das relações raciais com a branquitude – inclusive ironizando-as.
Ao meu ver, são exatamente essas características que estão presentes na terceira temporada da série Master of None, dirigida impecavelmente em cinco episódios pelo seu ex-protagonista Aziz Ansari, que também assina o roteiro com a brilhante roteirista e atriz Lena Waithe. Após o envolvimento pessoal de Ansari em uma polêmica de assédio sexual, o seu personagem Dev deixa o centro da narrativa, transferindo para a melhor amiga Denise (Lena Waithe) e sua companheira Alicia, interpretada por Naomi Ackie. A temporada, então, gira em torno do relacionamento de Denise com Alicia e os conflitos que surgem a partir do desejo das duas de terem uma criança. Mas essa não foi a única mudança radical na série. Antes uma dramédia que flertava fortemente com o gênero sitcom em alguns momentos (afinal, Ansari também é comediante), Master of None se transformou num drama cult, profundamente complexo, sensível, político e muito bem construído pela dupla Ansari e Waithe. Em suma, se transformou numa “série de arte”.
A proposta estética parece combinar perfeitamente com a mudança de tom na narrativa. Agora, a série valoriza a fluidez natural dos diálogos, dando a sensação de que o tempo passa mais devagar para quem assiste. A primeira percepção é que todos os enquadramentos são fotograficamente bem definidos, e são raras as cenas em que a câmera se movimenta. Na verdade, quem se movimenta são os personagens, que por vezes saem do quadro e são reconhecidos apenas pela sua voz. Essa nova dinâmica exigiu que quase todas as cenas fossem gravadas em plano-sequência, já que praticamente não há os cortes comuns do cinema de gênero, como os tradicionais plano e contra-plano em diálogos. Para compensar a ausência de uma dinâmica acelerada, a direção de arte aposta numa paleta de cores impecável, tanto nas roupas e acessórios das personagens, quanto nos objetos e detalhes da casa de campo que Denise e Alicia moram.
A narrativa, apesar de também tematizar problemas sociais a serem enfrentados por um casal negro lésbico, conseguiu passar ao largo dos clichês de uma “produção-denúncia”. A crítica está ali, e é forte, mas ela não é abordada diretamente. É tratada a ideia de amor romântico, o desejo de maternidade para uma mulher negra lésbica e a solidão que pode fazer parte desse processo sem que o telespectador assuma isso como norte da narrativa. Não é uma temporada sobre racismo e lesbofobia, embora também seja. Nesse ponto, o roteiro acerta em apostar em diálogos corriqueiros de um casal, que passa por momentos de carinho, sexo e companheirismo, mas também por crises comuns a todos os outros casais. Ao fim e ao cabo, apenas ficamos apreensivos acerca do desfecho do casal, principalmente após o intenso episódio quatro, protagonizado por Alicia.
Nessa terceira temporada, Ansari e Waithe humanizam Denise e Alicia – e até mesmo Dev, que aparece esporadicamente também tendo uma briga de casal e dando apoio a Denise. “Humanizar”, nesse caso, significou tornar personagens negras complexas, que cometem erros e passam por questões subjetivas nem sempre ligadas às relações de opressão, embora isso seja constitutivo de suas trajetórias de vida. A ausência relevante de personagens brancos na série é um bom indicativo de como a série conseguiu, nesta temporada, quebrar com os clichês em torno do “cinema negro” e da “performance negra” sem necessariamente precisar sair do realismo e da verossimilhança. E acreditem, é muito difícil alcançar esse nível.
A estrela multicampeã de tênis Venus Williams disse que nunca sofreu em coletivas de imprensa porque desenvolveu um mecanismo de defesa. “Sei que cada pessoa que me faz uma pergunta não pode jogar tão bem quanto eu”, disse em entrevista aos repórteres do Aberto da França (Roland Garros).
Venus continua: “Portanto, não importa o que você diga ou escreva, você nunca acenderá uma vela para mim”, disse a tenista de 40 anos que entende que atletas se diferem na forma de lidar com a imprensa. Serena disse que “sente por Naomi Osaka” e também passou por entrevistas coletivas “muito difíceis” em sua carreira. “É assim que eu lido com isso. Mas cada pessoa lida com isso de forma diferente”, concluiu.
Venus Williams e Naomi Osaka (Imagem: AFP)
Williams respondia sobre os atritos da tenista Naomi Osaka com a organização do evento após dizer que entrevistas coletivas faziam mal à sua saúde mental. “É chutar uma pessoa quando ela está no chão”, chegou a comparar, Osaka.
Osaka retirou-se de Roland Garros na última terça-feira, após ter dito que não daria entrevistas coletivas após os jogos. A atleta chegou a ser advertida quanto a uma possível multa e respondeu dizendo que esperava que a punição fosse direcionada para instituições de caridade, mas acabou por desistir da queda de braço com a organização. A tenista japonesa ganhou apoio de outros tenistas e também de esportistas de outras modalidades, como o piloto de Fórmula 1Lewis Hamilton.
Osaka disse que seus problemas de saúde mental começaram em 2018, quando ela ganhou o primeiro de seus quatro campeonatos no Aberto dos Estados Unidos em uma polêmica final contra Serena Williams (irmã de Venus). Ela tinha apenas 20 anos na época.