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Marcos Luca Valentim e Elis Regina anunciam gestação de gêmeos

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Foto: Reprodução/ Instagram.

O jornalista Marcos Luca Valentim e sua esposa, a dentista Elis Regina anunciaram na tarde deste sábado (14) que estão aguardando a chegada de gêmeos, que serão os primeiros filhos do casal, que está junto desde 2015. “Sem condições de escrever muito no momento, mas só pra dizer que AGORA SOMOS QUATRO!”, escreveu o jornalista do SporTV.

A gestação é de gêmeos univitelinos, portanto, idênticos e, consequentemente do mesmo sexo. Um chá revelação vai ser feito com a família e amigos próximos para anunciar se serão dois meninos ou duas meninas. A gestação foi planejada e chega em um momento de estabilidade profissionais tanto para Marcos quanto para Elis.

“Estava em nossos planos engravidar esse ano. Ela conclui o mestrado no meio do ano, e quando as crianças vierem ela já vai ter concluído o mestrado. Foi muito bom poder planejar essa gravidez”, contou Marcos. O casal esperou passarem as primeiras doze semanas de gestação para poder anunciar para o mundo o que algumas pessoas próximas já sabiam.

eprodução.Imagens dos bebês em ultrassom. Foto: Reprodução.

Esperamos passar as doze semanas, os bebês e a mamãe estão bem e a gente resolveu contar agora porque a gente sabe que tem muita gente que torce pela nossa felicidade.

Com a surpresa dobrada, Marcos já anunciou que espera parcerias para dar conta de tantas fraldas. “Esperamos parcerias com fraldas, hein?! Marcas parceiras, venham que pai e mãe tão on”, brincou.

Com líderes e ativistas, Jay-Z anuncia evento para debater justiça social e racial

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Foto: Getty Images.

O rapper, empresário e artista Jay-Z, por meio da United Justice Coalition (UJC), braço filantrópico Roc Nation, sediará a primeira Cúpula de Justiça Social, nos Estados Unidos. O evento reunirá líderes, especialistas e defensores comprometidos em trabalhar em prol da justiça social e racial no mundo.

De acordo com o site da UJC, o evento realizará ações com o objetivo de promover mudanças nas seguintes áreas: famílias impactadas pela violência policial, leis/políticas, registro, educação, ação cívica e diferentes esferas de influência, incluindo mídia, entretenimento e tecnologia.

Em um comunicado compartilhando a notícia, a diretora administrativa de filantropia da Roc Nation, Dania Diaz, disse à ABC: “É uma oportunidade para as pessoas realmente aprenderem sobre questões que afetam suas comunidades – questões que inevitavelmente surgirão nas eleições de meio de mandato – e espero, ele vai conduzir a ação. No mínimo, para conectar mais pessoas ao que está acontecendo localmente em suas comunidades, mas também, você sabe, fazer com que elas se registrem para votar, em primeiro lugar. E reconhecer que existem redes de pessoas e organizações nas quais eles podem se apoiar para obter suporte e mais recursos“.

“Se você pensar sobre isso do ponto de vista lírico e apenas do ponto de vista cultural, as vozes que impulsionam o hip hop e a música e as letras e as experiências que são trazidas para a mesa são realmente em grande parte do ponto de vista social e racial. E então eu acho que quando falamos de hip hop, como um veículo para mover a cultura, também é um veículo para abordar questões de justiça social e problemas sistêmicos”, acrescentou Dania.

A United Justice Coalition (UJC) é uma organização de caridade que trabalha em várias áreas para aumentar a conscientização sobre as principais questões de justiça social e a necessidade de reforma da justiça criminal. O grupo é composto por um conjunto de consultores especializados que se reúnem para compartilhar estrategicamente recursos, informações e ideias para abordar a injustiça sistêmica em toda a América e unificar as comunidades.

A Cúpula de Justiça Social acontece no sábado, 23 de julho, na cidade de Nova York. Para mais informações, clique aqui.

Maternidade e carreira: por que ainda precisamos falar sobre isso?

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Foto: Getty Images.

Por Kelly Baptista*

Sejamos sinceros. Vida pessoal e profissional nunca foram apartadas. O que tínhamos eram apenas paredes dividindo os espaços físicos, pois tudo sempre esteve integrado de certa forma. Levávamos nossos filhos para o trabalho e o trabalho para a nossa casa.  

O que acontece é que na pandemia essas “paredes caíram”, e então ficou insustentável não falar de carreira com filhos e reorganizar a gestão de todos os nossos papéis.

Nenhuma mulher deveria precisar escolher entre maternidade e carreira, mas não é isso que os dados mostram. A pesquisa Crescer, de 2019, apontou que 94% das mulheres relatam ter dificuldade para conciliar a carreira com a maternidade e 64% disseram ter tido a carreira prejudicada – seja porque tiveram de recusar projetos mais ambiciosos ou promoções para terem tempo para a família, ou porque deixaram de ser promovidas por serem mães.

A ideia de que a maternidade é uma sentença para a carreira das mulheres existe. Infelizmente, há fundamento nessa crença: metade das mulheres grávidas são demitidas em até dois anos após a volta da licença-maternidade.

Quando nos voltamos para as mulheres pretas e periféricas, a pandemia teve um impacto diferente e a questão deve ser vista sob outro prisma. No Brasil, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais, do IBGE. Em 2018, de acordo com o estudo, esse valor representava aproximadamente R$145 mensais, por pessoa. 

Pessoas negras, consideradas de um grupo menos escolarizado, não foram beneficiadas pelo home office. Nesse grupo, as mulheres são maioria em quase todas as atividades não-essenciais de atendimento aos grandes públicos, como os serviços domésticos, a alimentação, a beleza, a hotelaria e o entretenimento. 

Observando estes cenários, são inegáveis os impactos na saúde mental, já que a tripla jornada, isolada de redes de apoio, somada à tentativa de corresponder às expectativas de dar conta de todas essas tarefas, leva as mulheres a vivenciarem a frustração, o cansaço extremo, irritabilidade e altos níveis de estresse. 

O livro Deixe a Peteca Cair, da escritora negra norte americana Tiffany Dufu, traz uma valiosa lição: tudo o que precisamos é deixar a peteca cair! Depois da maternidade, ela entendeu que abrir mão de controlar tudo e delegar parte das tarefas ligadas ao cuidado dos filhos e da casa ao marido, reavaliar suas expectativas, diminuir sua lista de afazeres, pedir ajuda ao companheiro e a outras pessoas, abriu o espaço de que precisava para florescer no trabalho, além da possibilidade de desenvolver uma relação doméstica mais significativa e profunda. 

Desta forma, #TáTudoBem é uma mensagem que nos acompanha nesses tempos pandêmicos, mas que faz ainda mais sentido para as profissionais que são mães. Tá tudo bem sentir medo, tudo bem sentir desespero, tá tudo bem sentir que está deixando os pratos caírem, se sentir culpada, ter dias ruins e dias um pouco melhores. Conciliar maternidade, trabalho e as diversas outras responsabilidades da mulher já era difícil. Sobretudo agora, nesse cenário atípico, cada uma vivendo esse momento da maneira que consegue. O que não deve tirar de nós nossos sonhos e ambições para chegarmos ao que é ideal para nós em todas as esferas de nossas vidas. E tá tudo bem. 

Jennifer Hudson está a um passo de se tornar EGOT, o título máximo do entretenimento

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Jennifer Hudson. Foto: Ebony.

Você conhece o termo ‘EGOT’? Ele é designado para se referir a pessoas que conquistam os 4 prêmios máximos do entretenimento mundial, ou seja, o Emmy (TV), Grammy (Música), Oscar (Cinema) e Tony (Teatro). São raríssimos os artistas que atingem esse status, afinal de contas, ganhar qualquer um desses prêmios citados, de forma isolada, já um feito enorme. Nomes como Whoopi Goldberg e John Legend estão entre as raras celebridades a possuírem os quatro prêmios. Agora, Jennifer Hudson está a um passo de entrar para a requisitada e seleta lista de artistas com tal conjunto de honrarias.

Jennifer Hudson com seu Oscar de ‘Melhor Atriz Coadjuvante’ por ‘Dreamgirls’, em 2007. Foto: Getty / Vince Bucci.

Já possuindo um Oscar de atuação por ‘Dreamgirls’ em 2007, dois Grammys (Melhor Álbum de Teatro Musical por ‘The Color Purple’, em 2017, e Melhor Álbum de R&B por ‘Jennifer Hudson’, em 2009) e um Daytime Emmy (como produtora executiva da animação ‘Baby Yaga’), Hudson, que só precisa de um prêmio Tony, foi indicada à edição 2022 da premiação de teatro por seu trabalho como produtora da peça ‘A Strange Loop’. A peça, escrita por Michael R. Jackson, segue a vida um homem queer negro tentando escrever um musical enquanto luta com seus desejos, identidade e instintos.

Jennifer Hudson segurando seu primeiro Grammy, em 2009. Foto: Toronto Star.

Anteriormente, após vencer o Emmy por ‘Baby Yaga’, Hudson celebrou a vitória com a imagem de um anel cravado com a sigla ‘EGO’. “Uau Deus uau!!!!!! Eu tenho esse anel há muito tempo! Para mim sempre representou este dia, o dia que eu diria que tenho um EGO! Emmy, Grammy e Oscar! Que presente de aniversário antecipado! Vocês não podem limitar Deus !!!! É apenas uma história que Deus poderia escrever e alturas que só Deus pode superar”, comentou a artista.

O Tony Awards 2022 acontece no próximo dia 12 de Junho.

“Portugal é a maior estrutura racista do mundo”, afirmam criadores do BANTUMEN

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Foto: Reprodução | Instagram

No novo episódio do podcast Falas Diversas, apresentado pela jornalista Silvia Nascimento, recebemos o casal Vanessa Sanches e Eddie Pipocas. Eles são criadores da plataforma BANTUMEN, que fala sobre a cultura negra na lusofonia.

“A plataforma de comunicação é de e sobre os afrodescendentes que falam português, portanto têm a sua base em Lisboa, Portugal. A plataforma nasceu em Angola há sete anos, e estamos espalhados pela lusofonia. Temos um colaborador em São Paulo, em Moçambique, em Angola e em Cabo Verde, portanto estamos espalhados, é o que tentamos fazer para ter sempre alguém para poder dar a sua própria visão sobre aquilo que se passa no local”, explica Vanessa.

Eles criaram a BANTUMEN quando estavam morando em Angola, mas se mudaram para Paris, na França, quando uma crise econômica afetou o país.

Eddie nasceu na capital de Angola, Luanda, e Vanessa é filha de uma angolana, mas nascida em Portugal. Eles se conhecerem no território português, e perceberam o quanto tinham em comum, com as vivências de um corpo preto na Europa.

“A minha mãe foi assistente de bordo durante muitos anos, então ela viveu em Portugal a vida toda. E eu com os meus avós, em Angola. Nos anos 2000, meus dois avós faleceram, eu como ainda era menor [de idade], mudei-me para Portugal, onde eu terminei o secundário, fiz faculdade. Agora estamos em Paris, um outro mundo africano, que é o mundo francófono, bem maior do que o lusófono, são muitos mais países, é muito mais cultura, são muito mais religiões”, relata Eddie.

Com essa nova experiência, Eddi complementa que agora eles prentedem incluir as novas experiências na plataforma. “Aproveitamos essa facilidade da Vanessa ter conhecido França, pra nos conhecermos como negros, mas na perspetiva de outras pessoas negras, de outras religiões, para implementar dentro da BANTUMEN, para perceber que existe um atraso no mundo em português e o avanço extremo no mundo francófono”.

“Paris é uma das cidades mais multiculturais que existe no mundo e estou falando só da parte africana. Nós encontramos aqui negros de todos os cantos do mundo. É incrível perceber a forma como cada um de nós tem uma forma tão peculiar, tão diferente de pensar à africanidade”, ressalta Vanessa.

Vanessa Sanches e Eddie Pipocas do site BANTUMEN. (Foto: Reprodução/Instagram)

Para o casal, os negros da lusofonia ainda estão atrasados no reconhecimento da negritude. “Portugal foi o último a largar as colônias, foi o último a admitir a escravidão, a hegemonia branca sob os negros, sempre tentou disfarçar as colônias. Portugal reproduziu filmes em África, para passar na Europa, como se fossemos todos iguais”.

Eddie compara a colonização de um país para o outro e como isso ainda reflete nos dias atuais. “Os negros do Haiti se revoltaram há três séculos atrás contra os franceses, então tem consciência de luta há muito tempo. Angola é independente há 47 anos, ou seja, a minha mãe foi colonizada, não estou falando dos meus avós, é muito pouco tempo”.

E complementa: “Nós que viemos de África, com sentido de liberdade, mas é um sentido de liberdade fingido porque nós temos duas ou três canais nacionais, mas depois temos oito canais portugueses, as novelas são portuguesas e felizmente, desde 2015, a Globo já está mais diversa, então nós, mesmo em África, quem está em Angola, quem está em países que fala português, consegue se ver numa Taís [Araújo], se ver no marido da Taís, o [Lázaro] Ramos. Eu vivo em Portugal há vinte anos e nunca vi uma pessoa preta num banco, nem como segurança”.

Vanessa também observa muito a falta da representatividade em Portugal. “Só o ano passado, por exemplo, é que nós festejamos um negro ao vivo num telejornal nacional, e só há três anos, que tivemos a primeira atriz negra personagem principal de uma novela, portanto nós estamos realmente no início do início. E quando nós chegamos aqui em Paris, basta ligar a televisão e vemos publicidades, que aparecem brancos, aparecem pretos. Vamos num banco, somos atendidos por um preto em qualquer esfera. Conseguimos perceber que em quase todas as esferas, há uma certa representatividade”.

“Nós acreditamos que Portugal é a maior estrutura racista do mundo. Portugal trabalhou tão bem na sua estrutura, que nós vamos lidar com isso por pelo menos mais 50 anos”, afirma Eddie.

Em Portugal, também não dados com a quantidade de pessoas negras, apenas de imigrantes. Segundo Vanessa, há alguns anos o povo negro luta por um Censo focado em raça, o Instituto Nacional de Estatística disse que iria incluir a raça nos levantamentos, mas os portugueses ainda aguardam o resultado. “É muito mais fácil contar quantos muçulmanos têm, quantos católicos, de que quantos negros portugueses”, lamenta.

A entrevista completa você pode assistir no canal do Site Mundo Negro no Youtube ou no Spotify.

Érika Hilton propõe CPI do Racismo na Câmara de SP

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Foto: Reprodução | Instagram

A vereadora Érika Hilton (PSOL) protocolou na Câmara Municipal de São Paulo nesta sexta-feira (13), um requerimento para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar violências contra pessoas negras e indígenas na capital paulista, na mesma data que marca os 134 anos da Abolição Escravatura.

A parlamentar já iniciou as articulações dentro da casa legislativa para colher 19 assinaturas necessárias para criação da CPI, para promover uma “ampla investigação” com o objetivo de, posteriormente, “formular ações, políticas públicas e formas de enfrentamento e superação das desigualdades sociais originadas pelo racismo”.

Érika ressalatou no documento apresentado à Câmara que: “A CPI ora proposta, mais do que simplesmente discutir os severos efeitos do racismo na vida da população negra e indígena paulistana, visa empreender iniciativas que atuem para reverter a desigualdade étnico-racial que submete esses sujeitos à marginalização, segregação e subvalorização constantes”.

Hoje, a vereadora aproveitou o 13 de maio para resumir em um vídeo as razões pela qual o movimento negro não comemora a data da Abolição da Escravatura.

Nesta semana, a parlamentar conseguiu uma conquista na Justiça, para que homens trans sejam incluídos no programa de distribuição de absorventes descartáveis e itens de higiene na rede municipal de ensino da capital. Atualmente, Érika é presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de SP, que investiga a violência contra pessoas trans e travestis na capital.

Aos 83 anos, avó de Spartakus estrela série ensinando receitas nordestinas ao neto

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Foto: Divulgação.

O creator e apresentador da MTV Spartakus Santiago está com novidades. Ele acaba de lançar sua nova série culinária, ao lado de sua vó, Dona Lourdes, com o objetivo de celebrar a cultura nordestina, em especial a de Itabuna, sua terra natal. Dividida em doze episódios a obra tem o título de Spartacozinha.

“Além de ter me criado como um filho, minha avó tem um conhecimento de vida muito maior que o meu. Aos 83 anos, ela sabe como se alimentar, se exercitar, cuidar da saúde, como viver bem. Nos meus 28 anos sinto que sei muito sobre música, internet, redes sociais, algoritmos e causas sociais, mas às vezes sinto que não sei o básico pra ter a saúde física e mental que ela tem”, afirma Spartakus.

Spartakus Santiago e Dona Lourdes. Foto: Reprodução.

Diretamente de Itabuna, com gravação usando apenas duas câmeras fotográficas e um celular, a série ensina receitas e segredos para fazer um bom cuscuz, pirão, moqueca, vatapá, feijão com caldo, feijão tropeiro, bife com batata, doce de banana, assado, mungunzá e cocada. Ao final de cada episódio, a expectativa surge em saber qual nota Dona Lourdes vai dar, uma maneira divertida que Spartakus encontrou para criar um paralelo com famosos programas de culinária da televisão. 

Spartakus Santiago e Dona Lourdes. Foto: Reprodução.

“Eu acredito que a maioria dos influenciadores busca se aproximar do público mais jovem por ser quem mais traz visualizações e engajamento, principalmente as redes mais recentes como TikTok. Por isso, na lógica do nosso sistema, quem é mais maduro pode ser visto como sem valor. Não fiz essa série pensando em bombar na internet, e sim como forma de registrar o conhecimento da minha avó, uma mulher negra e nordestina que tem um valor inestimável pra mim e para minha família”, explica o apresentador da MTV.

O primeiro episódio foi ao ar no dia 13 de maio. O objetivo é lançar um episódio novo a cada semana.

Racismo, gênero e trauma: A Madalena em todos nós

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Imagem: divulgação/reprodução

Por Vanessa Rodrigues

Me reconheço muito em Madalena. Assim como ela, aos nove anos comecei a trabalhar em “casa de família”. Me lembro da minha “patroa” dizendo para a vizinha, que era melhor ter uma menina “novinha para fazer os trabalhos de casa, porque conseguia abaixar para ver a sujeira”.

Em uma outra ocasião, fui defender o  garoto que eu cuidava, enfrentando o tio que queria espancá-lo. Ele me bateu com o cinto nas costas. Ainda posso sentir a marca na pele.  Nessa mesma família, ganhei uma joia da avó da minha “patroa”. Eu era muito solícita e sempre a ajudava dando banho, carinho e afeto à velhinha. A filha da dona da casa, me tomou a joia, dizendo que eu não a usaria e, me deu em troca uma tornozeleira de latão, quebrada.

Um pouco mais velha, acredito que com uns 12 anos, comecei a trabalhar na casa da professora branca do meu irmão. O marido dela era um jornalista e comentarista político de esquerda bastante conhecido na cidade. Ela me recebeu dizendo que eu seria como filha na casa. Mas com pouco tempo, começou a dizer que eu não era limpa, jogar as panelas que eu lavava no quintal e me obrigar a limpar o coco do cachorro dela e dividindo com ele também o arroz amanhecido e o resto de caldo de carne.

Uma vez, sem conseguir dormir, fui à biblioteca da casa e me servi de alguns livros. Fiquei lendo quase a noite toda, porque não conseguia descansar. Era difícil em um chão forrado apenas com um acolchoado fino. Sempre fui muito magra, sinto muito frio. Acabei perdendo a hora de chamar o garoto, filho da “patroa” pela manhã. Ela gritou comigo por ter pego os livros, perdido a hora. Disse que não me pagava para ler. Eu ganhava algo como um terço de salário por mês. 

Ah, antes que eu me esqueça, eu não fui abandonada com nenhuma dessas famílias. Não fui privada de ir à escola. Mas mesmo contando esses episódios abusivos à minha família, eles não me davam crédito. O resultado disso é que fui cada vez mais normalizando os maus tratos. Os abusos de todas as maneiras, internalizando meu lugar de subalterna. Foram mais de vinte anos de vida e quinze de terapia, para que eu entendesse o tamanho da negligência, do que sofri, simplesmente porque era garota negra, mesmo sendo excepcionalmente inteligente. 

Eu me reconheço em Grada. Assim como ela, fui convidada inúmeras vezes a fazer parte de passeios com pessoas brancas, para que eu pudesse conhecer a praia e “ajudá-las um pouco” com o cuidado da casa e das crianças. Um certo dia, quando eu estava no mestrado voltando para casa e andando pelas ruas da Unicamp, fui abordada por uma moça branca. Ela me indagou sobre uma oferta de trabalho doméstico. Primeiro, se eu conhecia alguém. Depois, se eu mesma não queria me encarregar das tarefas. Quando eu disse que não, ela não se conteve e precisou me perguntar, porque eu não queria a vaga: “Trabalho está difícil, moça”. Eu respondi que tinha bolsa de mestrado. E que neste momento estava dedicada a minha pesquisa.

Percebem? Existe um pressuposto onde todas as meninas pretas se vinculam com o lugar do servir. Madalena em Salvador, eu em Campinas e Grada na Europa. Sobre nós recai o pressuposto do “racismo genderizado” (Kilomba, 2020) onde é perversamente óbvio entender que uma garota negra, naturalmente trabalha para uma família branca. Madalena foi escravizada, eu trabalhei e sofri abusos na infância por parte de um salário e Grada recebeu uma proposta, a qual ela pode negar. O tamanho da irracionalidade dos agentes nestas ações é diretamente proporcional, tanto à intensidade da cor da pele, quanto ao grau de reparação das políticas públicas, tempo em que ocorrem e as relações étnicas. 

É sobre isso também que se trata. Mesmo com todo o contato com o mundo externo, com os livros, televisão e alguns professores salvadores, minha vida até bem pouco tempo beirava a ideia de inferno. Minha auto-estima foi estraçalhada e aceitei parceiros abusivos por toda a minha adolescência. Tinha vergonha de sair na rua e imaginava que o mundo era mais bonito quando eu ficava em casa, porque na minha fantasia, eu destoava de tudo que era belo. Desta maneira, era um grande favor quando eu me mantinha trancada em casa. Minha sorte foram os livros, minha amiga Dedé, e depois a terapia.

Acredito que eu entenda verdadeiramente o que sentiu e sente Madalena. O racismo nos faz sentir indignos. Menos humanos, deslegitimados e invisíveis. Diminui nossa potência, racha com a nossa inteligência e te faz sentir menor o tempo todo. Abrão Slavutzky, na apresentação do livro de Isildinha B. Nogueira – “ A Cor do Inconsciente” – consegue resumir bravamente como a branquitude nos vê:

“Ser negro não é uma condição genérica, é uma condição específica, é um elemento marcado, não neutro. O ‘ser negro’ corresponde a uma categoria incluída no código social que expressa dentro de um campo étnico-semântico onde o significante ‘cor negra’ encerra vários significados. O signo ‘negro’ remete não só a posições sociais inferiores mas também a características biológicas supostamente aquém do valor daquelas propriedades atribuídas aos brancos.” (Slavutzky, 2021)

O racismo é uma espécie de trauma, que abala a pessoa em seu equilíbrio narcísico. E é certo dizer que, quando tratamos de narcisismo, estamos dizendo do individual. Mas como uma espécie de paradoxo, essa ruptura é parte de um efeito patológico geral, instaurado no inconsciente coletivo da sociedade, impedindo uma integração das pessoas negras e brancas em um mesmo humano enquanto sujeito universal.  Por isso que dizer que ser negro é estar mais longe do que é humano, se conecta com um pressuposto de que a universalidade e pureza é vinculado a bancura, e consequentemente à branquitude.

Grada Kilomba se torna uma artista, psicanalista reconhecida depois dos abusos que viveu. Eu, provavelmente, se tivesse nascido na mesma época de Madalena, teria o mesmo fim. Como ela, existem muitas. O mito da Democracia Racial, nos obriga a lidar com os racismos cotidianos no âmbito individual, ao mesmo tempo que somos silenciados no coletivo, rotulados como vitimistas ou vitimizados.

A aparente equidade nas relações raciais acabam por criar uma ruptura psíquica que sobrepõe a nossa capacidade de abstração e simbolização no mundo. Isso ocorre porque não existe tal equidade, sobretudo nas camadas sociais vinculadas a um poder. Em sendo o racismo uma maneira de violência, quando uma pessoa negra é atravessada por essa energia, nem sempre é possível elaborar abstrata e simbolicamente essa violência. Toda a vez que a ação racista é repetida,  o conceito toma cada vez mais contornos traumáticos, de maneira cumulativa, agindo em nível de emergência traumática de raça. 

Me recordo ao terminar “Memórias da Plantação” e conhecer todos os relatos de Grada na escola, na universidade, com os amigos e na rua, o sentimento de identificação. Do outro lado do mundo uma menina sofreu racismos parecidos com os meus. Estou aqui escrevendo. Luto contra este fato. Madalena não pode. Ela está inserida com maior profundidade nesse fenômeno  desencadeado pela desumanização, o descaso e o sofrimento psíquico fomentado pela escravização, privação, maus-tratos e o racismo. 

Madalena sofre uma angústia que é da ordem do medo, da aniquilação.  Essa angústia tem a ver com os ataques que nós, enquanto pessoas negras, sofremos repetidas vezes, de maneiras cada vez mais sofisticadas e atualizadas. Esses ataques se referem, no limite, à destruição da nossa existência. Para ela, materializou-se no terror de tocar as pessoas brancas. Ao mesmo tempo, ela não quer  “contaminá-las”, com sua negritude,  tem medo de ser aniquilada pela brancura . É uma ideia introjetada pelo sofrimento de que existe nela uma suposta inferioridade negra  e uma superioridade branca.  Nesse lugar são os brancos é que dizem que são os negros e não os negros que dizem quem são os brancos. O poder está centralizado na brancura. Essa montagem é perversa e está ancorada em uma aversão ao próprio ser humano pela racialização como um lugar de inferioridade.

Entendam: brancura não é uma categoria neutra. Negritude não é uma categoria menos humana. A diferença entre as duas se dá na dialética social do poder. Enquanto a branquitude ocupa lugares de controle e opressão, a negritude, em virtude da perversidade do racismo, precisa ainda se consolidar socialmente enquanto identidade do humano. Desta maneira, o racismo é patológico no branco, pois se configura como uma situação neurótica que contém um enigma perverso de uma situação pulsional. Percebem?

Quando o primeiro europeu nomeia de “negro” uma pessoa africana em condição de escravizado, ele delimita uma hierarquia que o marca como menos humano, menos evoluido. Essa categorização perversa se mantém até hoje, sobretudo no Brasil, escondido sob o véu da democracia racial um ideal de igualdade que na verdade serve apenas para silenciar abusos cometidos. Madalena se via inferior. Não porque deseja, mas sim, porque não pode desejar. Impossibilitada de gritar sua dor. Impedida de se expressar em toda a sua humanidade. Espero que assim como eu pude me reestruturar e entender que sou como sou: Mulher Negra, humana e capaz, Madalena possa se libertar como resistência de corpo, alma e espírito para o mundo que a feriu, introjetando-o como potência que ela certamente é! Somos juntas, somos força em nossas histórias. Somos Madalena. Somos Grada. Sou Vanessa.

Toda criança espera ser acolhida em suas necessidades, amada e integrada na sua familia como objeto de amor e cuidado. Quando isso não ocorre, acontece uma ruptura traumática que transforma o Ego – como projeção do Eu no mundo – em algo fragmentado, desumanizado, desmoronando o equilibrio narcísico

Costumo dizer, que quando um bebê nasce,esperamos que  ele seja  pura potência psíquica. Que ele possa ser vontade em direção a realidade, onde consiga realizar suas melhores fantasias e desejos. E é para isso que tentamos trabalhar: a plena realização das características especiais de cada um dentro dos contornos sociais que nos limitam. A psicanálise trata disso. Vou propor aqui um exercícios de entendimento para o conceito psicanalitico de ego.

Grosso modo, ele é como o Eu se representa na realidade/ materialidade. Então, quando nascemos, esse eu que ainda não sabemos que existe como parte, se comporta como um todo para se proteger. Isso significa que tudo se trata de mim: comer, dormir e ser acolhido são as grandes necessidades do bebê, esse pequeno narcísisico que só se interessa por si e pelo o que pode saciá-lo.  Aos poucos, esse narcisismo vai se dissipando, no contato amoroso com os cuidadores e nas descobertas empíricas que vão sendo realizadas a partir da generosidade e do afeto dos que amam o bebê. Esse seria um processo normativo de desenvolvimento infantil. Mas nem sempre isso ocorre desta maneira.  

Em algums casos, o equilíbrio narcísico pode se romper a partir de um sentimento de desemparo ou angústia de aniquilação. Esse trauma abala a concepção do Ego, isto é, a maneira como o indivíduo se coloca no mundo é fragmentado, desconectado com o seu Eu e sem representação para si mesmo. O caso de Madalena da  Silva ilustra esse fenomeno traumático  desencadeado pela desumanização, o descaso e o sofrimento psiquico criado pela escravização e o racismo. Madalena não se entendia como humana e igual à repórter branca que a entrevistou. O racismo produz uma espécie de trauma que abala a pessoa em seu narcisismo.

Há de se considerar que essa subalternização da existência da pessoa negra pode causar como sintoma traumático uma espécie de recuo dos espaço públicos, um desejo de anonimato, uma vontade se desaparecer, por se sentir como uma emergência de diferença não aceita, menos humana e distante do ideário branco.

Kendrick Lamar fala sobre família e relações tóxicas em seu álbum ‘Mr. Morale and The Big Steppers’

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Kendrick Lamar está de volta. O artista, classificado como um dos maiores da geração contemporânea, entrega ao mundo o álbum ‘Mr. Morale and The Big Steppers’. Através de um hip-hop consciente e inteligente, Kendrick propõe jogos introspectivos, mas pontuais sobre suas decisões políticas e concepções de mundo. Sem medo de criticar posições antivacinas e antidemocráticas, o rapper traz reflexões que se concentram em sua fase paterna, com o poder da família no centro de todo o disco.

Kendrick Lamar em ‘Mr. Morale and The Big Steppers’. Foto: Divulgação.

Estruturalmente, ‘Mr. Morale and The Big Steppers’ é dividido em dois capítulos de nove faixas, com pouco mais de uma hora de música. As letras profundas refletem o período de reclusão iniciada por Kendrick. “Passo a maior parte dos meus dias com pensamentos fugazes. Escrita. Ouvindo. E colecionando velhas cruzadores de praia. Os passeios matinais me mantêm em uma colina de silêncio“, escreveu o rapper sobre seu novo álbum. “Fico meses sem telefone. Amor, perda e tristeza perturbaram minha zona de conforto, mas os vislumbres de Deus falam através da minha música e família. Enquanto o mundo ao meu redor evolui, reflito sobre o que mais importa. A vida em que minhas palavras vão pousar em seguida”.

Com grande apoio da crítica especializada, o novo triunfo de Lamar vem sendo descrito como uma de suas declarações mais profundas, complexas e reveladoras. A abordagem em torno do disco também abre margem para a concepção de relações tóxicas, como canta o artista em ‘Mirror’: “Eu me escolhi… Todos nós somos tóxicos, mas o ganho pessoal sobre minha dor não faz sentido. Eu me escolhi, me desculpe”. Já em ‘Savior’, somos apresentados a um jogo profundo em torno da concepção de identidade. “Se você procurar seu senso de identidade em ser uma vítima, vamos dizer, coisas ruins aconteceram com você na infância. E, por isso, você desenvolve um senso de si mesmo baseado nas coisas ruins que aconteceram com você”, reflete Lamar.

Acompanhando o lançamento do disco, também foi anunciado a turnê mundial ‘The Big Steppers‘, ainda sem data de chegada no Brasil. Escute o álbum ‘Mr. Morale and The Big Steppers’ aqui.

XP anuncia abertura de mais de 100 vagas de estágio

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A XP anunciou nesta semana, mais de 100 vagas de seu Programa de Estágio para diferentes áreas da empresa, com início no mês de agosto. As inscrições, que vão até o dia 3 de junho, são direcionadas a estudantes que estejam atualmente matriculados em curso de graduação com previsão de formatura entre julho de 2023 e julho de 2024. Os candidatos precisam ter disponibilidade de 30h semanais para o estágio. Eles podem residir em qualquer lugar do País, já que as oportunidades são remotas e seguem o modelo de trabalho, #XPdeQualquerLugar.

O processo de seleção da XP valoriza os candidatos com alinhamento cultural com os valores da empresa (mente aberta, espírito empreendedor, sonho grande e foco no cliente). Mais importante do que os pré-requisitos em um currículo, as etapas de avaliação buscam identificar pessoas que queiram protagonizar as suas próprias carreiras e estejam em busca de um cotidiano incomum, dinâmico e imprevisível. Pessoas que tenham visão de longo prazo e estejam dispostas a, de mente aberta e com espírito empreendedor, embarcar no sonho grande de seguir transformando o mercado financeiro e melhorar a vida de milhões de pessoas.

“Fazer estágio na XP Inc. significa muita autonomia e protagonismo desde o início da jornada. Os estagiários têm a chance de criar seus projetos e serem responsáveis por eles da concepção à execução, incluindo a oportunidade de liderar as iniciativas. Por isso, buscamos estudantes dinâmicos, pessoas que gostem do imprevisível e que assumam um compromisso de longo prazo”, afirma Wesley Miquelino, Gerente de Programas e Desenvolvimento de pessoas da XP Inc.

O programa de estágio é mais uma iniciativa da XP Inc. para melhorar a vida das pessoas através da educação e desenvolvimento de talentos. “Acreditamos que investir em um programa de estágio é investir na formação dos nossos futuros líderes e quando olhamos para o nosso processo seletivo, a nível nacional, por conta do modelo #XPdeQualquerLugar, acreditamos que temos o potencial de trazer uma turma que tem a diversidade no DNA. E essa é uma premissa muito importante para nós, pois isso nos torna mais fortes. Com um ambiente ainda mais diverso, favorecemos a inovação, a criação de produtos e serviços melhores e consequentemente vamos melhorar a vida de milhões de brasileiros e brasileiras.”, complementa Luiza Ribeiro, Head de Gente da XP Inc.

Além da uma bolsa-auxílio, os selecionados para o programa de estágio também contam com bolsa extra semestral, vale refeição, plano médico, plano odontológico, Gympass, auxílio home office mensal, auxílio móveis home office e auxílio creche.

O Programa de Estágio da XP Inc. prevê uma trilha de conteúdo de seis meses, com foco no desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais. Do início ao final do programa, os estagiários são acompanhados pelo time de Programas e Desenvolvimento em atividades que incluem imersão nos valores e cultura para que conheçam a história, negócio e atuação da XP Inc; treinamentos on the job, com ferramentas e recursos para o melhor desempenho das atividades; desenvolvimento de habilidades e atitudes essenciais para a formação profissional.

As vagas de estágio são para trabalhar em diversas áreas, como Assessoria (B2B e B2C), Atendimento, Asset Management, Investment Banking e Back Office.

Informações detalhadas sobre como se inscrever no programa e para acompanhar outras vagas anunciadas podem ser encontradas https://www.xpinc.com/carreiras/#/ ou na página da XP Inc no Linkedin.

Sobre a XP Inc.

A XP Inc. é uma das maiores instituições financeiras do país, dona das marcas XP Investimentos, Rico, Clear, Infomoney, XPeed e Spiti, entre outras. A XP Inc. tem mais de 3,5 milhões de clientes e R$ 873 bilhões de ativos sob custódia. Nos últimos 21 anos, a empresa vem transformando o mercado financeiro brasileiro para melhorar a vida das pessoas, garantindo relações mais transparentes entre os clientes e as instituições financeiras. Para mais informações, acesse: https://www.xpinc.com/

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