Em entrevista para a revista Essence, o ator Kevin Hart falou sobre como seu esforço pelo trabalho é inspirado na vontade e no desejo de sucesso que ele vê nas mulheres negras.
“Há uma conversa em andamento sobre igualdade – com razão – como anexado ao crescimento no mundo corporativo, as oportunidades que as mulheres negras merecem. Então eu acho que o que eu mais amo [nas mulheres negras] é a luta. Você está olhando para algumas das pessoas, se não as mais fortes do planeta”, explicou Hart.
Um dos grandes nomes na indústria do entretenimento nos Estados Unidos, o comediante de 43 anos contou que observar sua mãe o motivou a trabalhar ainda mais. “Posso dizer que como um homem negro que foi criado por uma mulher negra, ver seus objetivos em primeira mão e verificar esses objetivos em sua lista não fez nada além de me motivar a ser o homem que sou hoje. Então esse nível de inspiração, motivação e foco… veio de algo que foi incorporado em mim. E minha mãe é definitivamente uma das representações mais perfeitas de uma mulher negra”, declarou Kevin Hart.
Nancy Hart, mãe do ator, faleceu em 2007, aos 57 anos, depois de uma batalha contra o câncer de ovário. Na época, o ator falou sobre como a mãe mantinha a família unida e como isso deixou um legado para ele, o pai e o irmão. “Mamãe faleceu. Foi muito difícil. A família que eu tinha, éramos meio próximos, mas era tudo por causa da minha mãe. Ela sempre dizia: ‘Ei, vamos nos reunir para jantares de Natal, jantares em família.’ Ela foi a ligação para isso, então quando eu perdi esses pedaços de tecido, o pedaço principal foi para meu pai e meu irmão. Esta é nossa pequena família. Esse sobrenome Hart, bem aqui. Se não tentarmos fazer esse sobrenome significar alguma coisa, então não temos nada que vai viver. Meu sobrenome significa algo agora, mas é porque fizemos isso significar alguma coisa.
A cantora e atriz Linn da Quebrada falou, em entrevista à Quem, sobre a dificuldade que ainda tem de se perceber como alguém que pode ter grandes sonhos. Com uma carreira artística sólida e tendo uma passagem memorável pelo BBB 22, a artista ainda carrega as marcas da defesa contra as frustrações.
“Digo com certo pesar, mas não aprendi a sonhar, e acho que fiz isso inconscientemente para não me frustrar durante a vida. As coisas que foram se realizando antes mesmo que eu sonhasse. Até hoje não aprendi a sonhar muito grande, alto. Não sei o tamanho do que posso querer, mesmo estando nesses espaços em que estou me instaurando”, disse a multiartista.
Prestes a apresentar o Prêmio Multishow, a artista avalia que é um privilégio viver este tempo de transformações. “Não via isso acontecer, ao mesmo tempo que eu projetava. Não necessariamente ser apresentadora da premiação, mas estar num lugar em que agora chego e digo ‘finalmente, que justo’. Que privilégio estar vivendo isso, mas não por mim, pelo público, porque deve estar sendo maravilhoso ver todas essas transformações acontecendo”, avalia.
Longe de querer cair nas armadilhas da representatividade, a artista pontuou, em coletiva de imprensa, que é um erro achar que uma pessoa, sozinha, pode representar toda a comunidade LGBTQIAP+. “Não é meu objetivo representar, mas se a gente olhar para esse olhar essa função de apresentadora, tendo como objetivo de representar uma comunidade, ela é falha por si só”, avalia.
Linn conquistou o Brasil durante sua participação no BBB 22 e teve a oportunidade de apresentar seu trabalho para uma grande parcela da população que ainda não a conhecia. Como ela já pontuou em outras ocasiões, ter saído do programa como uma travesti amada pelo público foi incrível.
A rede social Parler vai ser adquirida pelo rapper Kanye West. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (17) pela empresa Parlement Technologies, responsável pela rede social. O Parler é um aplicativo popular entre o público conservador e se denomina como “a rede social da liberdade de expressão”. Segundo a companhia, a expectativa é de que o negócio seja concluído no quarto trimestre de 2022, mas o valor da transação não foi revelado.
“Em um mundo onde as opiniões conservadoras são consideradas controvérsias, nós precisamos ter certeza que teremos os direitos de nos expressar livremente”, disse Ye em nota. Segundo Ye, a compra da Parler vem como resposta ao suposto boicote que ele vem sofrendo das grandes empresas de tecnologia.
Na última semana, o rapper teve suas contas do Instagram e do Twitter restringidas após as plataformas removerem seus posts que foram classificados como antissemitas.
Como dono da Parler, Kanye West “garantirá um papel futuro na criação de um ecossistema ‘sem cancelamentos’, onde todas as vozes são bem-vindas”, comentou o CEO da Parlement.
Criada em 2018, a Parler ganhou força na internet em 2020, quando recebeu milhões de usuários que buscavam por um ambiente “sem censura”. No entanto, o aplicativo chegou a ser removido das principais lojas de apps devido os posts que circulam por lá.
Segundo testemunhas, o cantor foi vaiado e fãs imitaram sons de macaco após ele se manifestar contra a redução da maioridade penal
O cantor Seu Jorge teria sido alvo de racismo durante um show seu no Clube Náutico, em Porto Alegre, na última sexta-feira. A motivação para o ataque seria o fato de Seu Jorge ter levado ao palco um jovem negro para tocar cavaquinho e discursado contra a maioridade penal e os assassinatos de outros jovens negros moradores de comunidades pobres.
Segundo testemunhos expostos nas redes sociais, isso fez com que surgissem gritos de “vagabundo”, “safado” e imitações demacacos, acompanhadas de gritos de “mito”, “mito”.
Outras informações dizem que o cantor começou a ser vaiado após ter feito o sinal do “L”, em referência ao candidato à presidência da República, Lula.
“Reconheço que houve as vaias e que muitos da plateia se incomodaram com as criticas, conteúdo e tom, de uma palestra donde se esperava/contratou uma apresentação musical. Quanto a manifestações racistas explicitas, não reconheço terem partido do salão”, disse outro usuário do Twitter.
De acordo com o jornal O Globo, equipe do artista foi procurada e disse que não ia “se manifestar sobre o ocorrido”.
Como colunista do Mundo Negro quero dar o primeiro spoiler do livro Gastronomia Preta, que será lançado em novembro, e apresento a vocês a trajetória desta mulher que de tornou inspiração para muitas outras mulheres negras que trabalham com gastronomia no Brasil e que buscam entender e valorizar a história do povo preto.
Benê Ricardo é sinônimo de resistência, resiliência, sucesso e inspiração para muitos(as) chefs pretos(as) no Brasil. Com a ajuda de Fernando Ueda, amigo pessoal de Benê e quem guarda parte de seu acervo, a história dessa grande chef (que muitas vezes foi invisibilizada) é contada com muito orgulho neste texto que estará no livro. E por representar tantas pessoas e a história de uma gastronomia genuinamente brasileira é que temos essa grande chef na capa do primeiro volume da coleção.
Em 1981, aos 38 anos, Benê Ricardo foi a primeira mulher brasileira a receber um diploma de chef de cozinha no país. E nesse contexto de um momento da ditadura e do sexismo, Benê Ricardo fez história na gastronomia – foi e sempre será parte da história de muitas mulheres cozinheiras e chefs no Brasil.
Mineira de Ouro Fino, ficou órfã aos 12 anos e virou empregada doméstica nessa idade. Trabalhando na casa de uma família de descendentes de europeus, recebeu o convite para acompanhá-los e partiu rumo à Europa, voltando de lá (anos depois) especialista em culinária alemã. Ganhou um concurso de receitas da Revista Cláudia e seu prêmio foi trabalhar na cozinha experimental do periódico. E continuou a voar e a inspirar muitas futuras cozinheiras e chefs pretas.
Defensora da biodiversidade e dos insumos tipicamente brasileiros, Benê Ricardo sempre esteve na vanguarda. Como aponta Fernando Ueda, “(…) a chef morreu atualizada e também na vanguarda. Levou a taioba (verdura tipicamente presente na culinária popular mineira) para São Paulo, usava diferentes castanhas no preparo de biscoitos e era assertiva com seus pares nas cozinhas”. Se com os amigos a chef Benê era um doce, na cozinha sempre tinha alguém com medo de errar perto dela em função dela sempre querer a perfeição. E, quando a chamavam para fazer avaliações de restaurantes, sempre dizia a verdade – e isso não agradava outros chefs de cozinha e donos de restaurantes quando o preparo não estava dentro do padrão de qualidade da chef.
Como especialista em cozinha alemã, o racismo se fazia presente de maneira explícita de diferentes formas. Em um jantar feito para alemães, um deles chegou e comentou na sua língua para outro compatriota: “Onde já se viu negro fazer comida alemã!”. Benê, fluente em alemão, respondeu: “Eu faço. E faço muito bem!” Não deveria existir à época a gíria, mas a gente atualiza: Benê sambou na cara do gringo alemão com essa resposta!
Uma vez por mês, em Santana (bairro da zona norte paulistana), a chef preparava um almoço para amigos que trabalhavam perto de sua casa – a definição de VIP também foi atualizada neste momento. Em 2018, nos deixou órfãos – mas o seu legado permanecerá. E até hoje esses amigos VIPs se encontram e o grupo de WhatsApp se chama “Chef Benê”. Seus amigos conversam todos os dias neste grupo e Benê se faz viva para eles e para todos profissionais de gastronomia pretos(as) do Brasil.
Capa do livro Gastronomia Preta
Olhar para nossa ancestralidade é muito importante; e, reconhecer os que vieram antes da gente, também. Por isso, a capa do livro é uma homenagem à chef Benê Ricardo: a primeira mulher a se formar em um curso profissional em Gastronomia no Brasil. Não seria possível pensar no primeiro volume da coleção Gastronomia Preta sem evidenciar logo na capa a importância dessa profissional. Espero que agora, com essa homenagem, muitos e muitas de nós possamos reconhecer a importância da mulher preta na gastronomia brasileira.
Um estudos divulgado pelo American Câncer Society, em fevereiro deste ano, mostra que a partir de 2019, o câncer de mama tornou-se a principal causa de morte por câncer para mulheres negras nos Estados Unidos. No Brasil, uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também apresentou uma tendência de aumento na taxa de mortalidade de mulheres negras por câncer de mama no estado de São Paulo no período de 2000 a 2017. Enquanto a taxa de mortalidade entre as mulheres brancas passa por uma tendência de redução.
As disparidades entre os dois grupos aqui e nos Estados Unidos está relacionada, sobretudo, às diferenças socioeconômicas que dificultam o acesso ao diagnóstico precoce e a tratamentos adequados.
Para a mastologista Cecília Pereira, o atraso no diagnóstico pode retardar o tratamento, contribuindo com números elevados de mortalidade de mulheres negras pela doença. Além disso, a médica destaca que a taxa de reconstrução através de cirurgia plástica também é menor, mesmo esse sendo um direito garantido por lei. “Para o câncer de mama a questão não é a negligência do tratamento, mas sim o atraso no diagnóstico que acaba por retardar o tratamento, o que eleva a mortalidade. Vemos também uma menor taxa de reconstrução através de cirurgia plástica, que é um direito de todas as mulheres com câncer previsto por lei”, explica a médica.
Foto: Reprodução/Instagram
Sobre o cenário de mortalidade do câncer de mama ser maior para mulheres negras, a mastologista que também atua pelo Grupo Ifé Medicina, explica que existem duas questões que devem ser explicadas. “Na verdade, precisamos elucidar questões diferentes, mas que se entrelaçam. O câncer de mama é o câncer de maior incidência entre todas as mulheres no mundo, e essa alta incidência é a grande responsável pela mortalidade, mas conforme informações da Unicamp, mulheres negras tem maior dificuldade ao acesso aos serviços de saúde em decorrência do racismo estrutural: maior grau de analfabetismo, menor renda e menor conhecimento sobre medidas de prevenção. Essas dificuldades atrasam o momento do diagnóstico o qual muitas vezes ocorre em quadros avançados onde a chance de cura é muito menor. Também é importante compreender, que o câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças com comportamentos distintos e que também é responsável pelo recorte racial. Segundo o American Cancer Society, mulheres negras apresentam uma chance maior de apresentar um tipo de câncer chamado triplo negativo, o qual é mais comum em mulheres jovens e tem comportamento bastante agressivo, o que também é mais um responsável por essa taxa de mortalidade”, conta.
A dra. Cecília explica que a prevenção do câncer de mama pode ser dividida de duas formas, uma envolve evitar a exposição a fatores de risco e a outra está relacionada ao acesso à mamografia: “Podemos dividir a prevenção ao câncer de mama entre prevenção primária e prevenção secundária. A prevenção primária é voltada para evitar a exposição a fatores de risco, já a prevenção secundária é feita por meio de rastreamento e exames para diagnóstico precoce da doença. Pensando nessas medidas, inúmeros trabalhos científicos comprovaram a obesidade sendo o principal fator que aumenta o risco, mas que é prevenível. Pensando nessa estratégia, o desafio é em incentivar e rever hábitos alimentares das famílias que adotaram formas de alimentação não saudáveis, optando por produtos mais baratos, como os ultraprocessados. Uma realidade hoje conhecida como “nutricídio”. Em relação a prevenção secundária o objetivo deve visar promover, incentivar e proporcionar o acesso ao principal e único exame capaz de reduzir a mortalidade do câncer de mama que é a mamografia. Vê-se, portanto, que em ambas as esferas (primária e secundária), deve haver um pacto que precisa de estratégias não só pessoais como sociais”.
Autoexame como estratégia de autoconhecimento
“O papel do autoexame foi ressignificado ao longo dos anos. Se antes era um aliado na detecção precoce do câncer de mama, hoje ele tem papel útil em duas situações específicas: como um estímulo de autoconhecimento do corpo da mulher e como uma ferramenta para diagnóstico em regiões do país onde a mamografia não é uma realidade e não alcança o público-alvo: mulheres a partir de 40 anos. Então o autoexame não deve ser recomendado como método de rastreamento universal, mas contextualizar com questões sociais se faz necessário em um país com uma realidade tão heterogênea como o nosso”, finaliza a especialista.
A tradicional Sessão Black, com ingressos disponíveis para todas as pessoas, será realizada no dia 12 de novembro, na semana da estreia do filme, no Kinoplex do Itaim Bibi, às 20h. “Está todo mundo com muita ansiedade. Todos os dias recebemos mensagens pelos nossos canais. Que o mês de Novembro venha logo!”, diz Ana Paula Evangelista, organizadora do evento junto com o marido Durval Arantes.
Já para a Sessão Black Kids, as pessoas poderão adotar um ingresso para o IA levar mais de 100 crianças da comunidade Monte Azul, da Zona Sul de São Paulo, com o apoio do liderança Preto Claudinho, para o Kinoplex do Shopping Vila Olímpia, no dia 22 de novembro. “Crianças que nunca entraram no cinema. Estão todos felizes”, conta Ana Paula. O combo inclui frete, pipoca e refrigerante.
Em setembro, o movimento realizou a Sessão Black e Sessão Black Women, apenas para mulheres, para assistir ‘A Mulher Rei’ e lotou as salas de cinema com o entusiasmo para assistir a ilustre Viola Davis.
Para ajudar com a adoção de um ingresso para as crianças, tem um pix disponível para efetuação do pagamento. Para mais informações e compra de ingressos, chame no Whatsapp (11) 93226-4365.
No Rio Grande do Sul, dois jovens negros foram detidos no estacionamento do supermercado Carrefour, Zona Leste de Porto Alegre, acusados por suspeita de furto de quatro barras de chocolate. O fato aconteceu na última quinta-feira (13), mas passou a ganhar destaque nas redes sociais neste final de semana. Testemunhas que estavam no local afirmaram que os seguranças utilizaram uma abordagem violenta e chegaram a ajoelhar sobre o pescoço de um dos jovens.
“Foi um acontecimento bem ruim, ter presenciado aquilo ali. Se não fosse um rapaz que apareceu eu não sei o que seria, porque ele já estava quase desfalecido no chão”, disse uma testemunha em conversa com o G1. “Eles com pé no pescoço do menino, sufocando o menino, o menino bem magrinho, um monte de gente em cima dele, negro né. Isso que me chamou mais atenção. Eu não sou a favor de roubo, mas por mais que tivesse, se tivesse roubando, acho que essa não é uma forma de ser abordado.”
Através de uma nota, a rede Carrefour declarou que os seguranças do supermercado não participaram da abordagem. “A rede informa que, na noite de 13 de outubro, a polícia foi acionada para lidar com uma ocorrência na referida loja. Não houve participação de colaboradores da rede na abordagem. Profissionais da loja atuaram de forma a isolar o local, enquanto a abordagem era realizada pelos policiais. A empresa acompanha o caso, que está sendo conduzido pelas autoridades policiais competentes.”, disse o comunicado.
Apresentando histórias sobre as relações familiares de pessoas negras no Brasil,a série ‘Histórias de Famílias’ chega ao GNT e Globoplay. Com cinco episódios, a obra apresentada por Jefferson De entrevista pais, mães, educadores e especialistas que compartilham relatos de suas experiências enquanto crianças e o reflexo na criação de seus filhos negros.
O projeto propõe a importância do lugar de fala, a desconstrução de modelos de beleza caucasianos, o fortalecimento do orgulho de ser negro desde a infância e a construção de identidade através da arte, da tecnologia e da ancestralidade.
“Quando criança muitas vezes era apontado como ‘o menino de cor’ e não entendia o porquê. Na escola, percebi que todas as famílias eram, de certa forma, compostas por pessoas de “cores”, diz Jefferson. Ele explica, que ao passar dos anos, com a percepção da estrutura racial, ele começou a refletir sobre o modo de identificar as pessoas e os reflexos dessa identificação no desenvolvimento infantil..
Na série, o casal Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, por exemplo, revela ter adquirido um maior entendimento sobre essa discriminação a partir da adoção de crianças pretas. Ao longo da temporada, o Jefferson também recebe o ator Jonathan Azevedo, o fotógrafo Vantoem Pereira, o ator Juan Paiva e sua família. Entre os entrevistados da primeira temporada também estão as atrizes Cintia Rosa e Juliana Alves, além do cantor BNegão.
Fernanda Cristina Pires da Silva, 46, descobriu o primeiro diagnóstico de câncer de mama quando estava grávida, em 2016. Como paciente paliativa do SUS, se tornou referência na luta contra a doença e ajuda outras mulheres na mesma situação. “Durante esses seis anos de tratamento, compreendi que a pessoa mais interessada pela minha vida sou eu e que devo buscar os meus direitos para que eu tenha o melhor tratamento possível”.
No especial Outubro Rosa, o MUNDO NEGRO entrevistou a professora do ensino público de São Paulo. Ela é casada e mãe de um adolescente de 16 anos. Quando descobriu que estava grávida do segundo filho, em 2016, Silva fez uma mamografia, por ser uma exigência do concurso público que havia realizado. “Na minha primeira consulta de pré-natal peguei o resultado, constava alterações (Birads 5)”. Ou seja, uma lesão com características de malignidade.
A professora finalizou o tratamento após 25 sessões de radioterapia (Foto: Reprodução)
Logo em seguida, Fernanda fez um ultrassom e descobriu que perdeu o bebê com dez semanas de gestação após sofrer um aborto espontâneo. E recebeu o resultado do exame da mastologista, confirmando o câncer de mama. “Naquele momento eu fiquei sem chão, e logo pensei ‘vou morrer, quem vai cuidar do meu filho? (que tinha 10 anos na época) e da minha avó’?”, se questionava.
Encaminhada para o Hospital Pérola Byington,na capital paulista, uma das principais referências em saúde da mulher na América Latina com atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), ela fez entre 2016 e 2017, a mastectomia, o primeiro protocolo de quimioterapia, retirou o ovário para não produzir mais hormônios por prevenção e 25 sessões de radioterapia.
Após quinze dias da primeira quimioterapia, Fernanda notou a grande quantidade na queda de cabelo e sofria muito. “Eu sabia que fazia parte do processo, mas doía na alma. Tanto que são poucas as fotos do início do tratamento, pois eu queria me esconder”. Mas na segunda quimioterapia, começou a aceitar melhor e raspou a cabeça. “Antes do tratamento eu alisava o cabelo e era uma tipo de cuidado. Agora veio a Fernanda de cabelo crespo, que precisou aprender a cuidar dessa nova mulher”.
Em 2019, Fernanda foi a diagnosticada com câncer novamente (Foto: Arquivo pessoal)
Mas em setembro de 2019, a doença voltou com metástase no pulmão e a professora se tornou uma paciente de câncer de mama metastático. “Chorei por dois dias seguidos e não conseguia comer. Até que pensei: ‘O que estou fazendo deitada e chorando neste sofá? Pois estou viva e continuarei o meu tratamento. Quantas mulheres queriam ter acesso ao tratamento e não tem'”, refletiu e saiu para comemorar o aniversário de casamento antecipado por não saber como seria a reação na nova medicação.
Esta etapa foi concluída em quatro meses. Em novembro de 2021, ela descobriu a metástase óssea no osso esterno. O câncer HER2 positivo, é do tipo que tende a crescer e se disseminar mais rapidamente do que os outros. “Depois que a doença se torna metastática, o tratamento seguirá por toda minha vida. Mas hoje consigo conviver com o diagnóstico, com qualidade de vida sendo uma paciente paliativa”, explica Fernanda.
Fernanda em setembro de 2022, depois de realizar os protocolos (Foto: Arquivo Pessoal)
Houve dois momentos em que a Fernanda não recebeu os medicamentos do SUS e procurou pela grande mídia para garantir as medicações gratuitas e obteve êxito. “Tenho uma doença que ameaça a minha vida, mas aprendi também que todos os seres humanos estão sujeitos a finitude da vida, por esse motivo acredito na minha cura diária, isso me fortalece para continuar a viver”, finaliza esperançosa.
Hoje, além da professora já ter retornado às salas de aula, também é voluntária na Casa Paliativa em São Paulo, espaço de acolhimento de pacientes com câncer, com situações similares à dela.