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Diferença de atenção entre busca por bilionários e naufrágio com imigrantes na Grécia mostra quais vidas são valorizadas

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Foto: Guarda Costeira da Grécia/Handout/Anadolu Agency via Getty Images

Um oceano de diferenças volta a ser palco de tragédias ignoradas para povos não ocidentais. Enquanto o mundo para para olhar e comentar a busca pelos 5 bilionários a bordo do submersível que desapareceu no oceano em uma expedição aos destroços do Titanic, mais de 300 pessoas morreram em um naufrágio no Mar Mediterrâneo. 

São pessoas que saíram de seus países em uma traineira de pesca lotada com cerca de 750 ocupantes, crianças e mulheres em sua maioria. O barco de pesca saiu da Líbia em direção à Europa e afundou em Pylos, na Grécia, no dia 14 de junho, de acordo com informações da Organização das Nações Unidas (ONU).

O governo paquistanês acredita que mais de 300 cidadãos do país estão entre os mortos. Mas no barco também levava cidadãos sírios, egípcios e palestinos. Segundo informações das autoridades gregas, o número de mortos era de 82 pessoas até agora e quase 500 ainda estavam desaparecidas. Além disso, eles afirmam que 104 pessoas sobreviveram à tragédia, sendo 12 delas de nacionalidade paquistanesa.

A tragédia na Grécia seria uma das maiores dos últimos tempos na região e chama atenção a importância dada pela população mundial ao assunto, frente ao que está acontecendo com os bilionários na expedição ao Titanic, outra tragédia, mas que em diferente medida, mostra quem ganha relevância em uma sociedade que tende a esquecer a necessidade de olhar para o mundo além das questões do ocidente.

Em uma publicação no Instagram, a jornalista Rosane Borges criticou a fetichização da tragédia por esses mesmos super ricos que se colocaram em risco para visitar os destroços de um barco naufragado há anos em meio a uma tragédia “No caso desta expedição, tem ainda o adicional do fetiche à tragédia, de uma rememoração da dor, da barbárie, sem que ela seja transformada em algo que emancipe e mude o curso da história.”, disse ela.

O jornalista Leonardo Sakamoto, ao comparar a atenção dada ao naufrágio na Grécia e à atenção dada aos bilionários que desapareceram no submersível ressaltou que não se trata de uma “disputa de tragédias, mas revela nossas prioridades como sociedade”. “É impossível comparar tragédias pelo número de mortes, uma vez que uma única morte pode compor uma tragédia. E a indignação por algo não exclui a indignação por outra coisa. Mas jogar para baixo do tapete as realidades que também dizem respeito a todos nós, não fazem elas desaparecerem. Pelo contrário, mais cedo ou mais tarde, elas reaparecem. E cobram o preço de nossa inação”, destacou.

Ainda agregado aos diferentes pesos e medidas atribuídos às tragédias e aos refugiados que foram ludibriados por contrabandistas, está a falta de esforços das autoridades gregas na ajuda à embarcação, que foi avistada pela guarda costeira da Grécia antes do naufrágio. Eles afirmam que os passageiros recusaram ajuda, mas fotos da embarcação mostram que os passageiros estavam com os braços levantados quando foram avistados.  

A pergunta que resta, que estamos cansados de repetir e que sabemos a resposta é “quais vidas são valorizadas?”. É uma questão que não deveria existir já que toda vida deve ser valorizada, mas o mar que foi palco das tragédias de pessoas negras em muitos momentos, hoje é de novo aquele que traz a resposta sobre as vidas que infelizmente parecem importar mais.

Autoridades egípcias proíbem museu holandes de escavações por exposição “afrocêntrica” que liga Beyoncé e Rihanna ao Egito Antigo

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Foto: Museu Nacional de Antiguidades

Em mais um episódio de descontentamento com as representações negras sobre o Egito Antigo, autoridades egípcias proibiram arqueólogos do Museu Nacional de Antiguidades (RMO) da Holanda de fazer escavações em Saqqara. O motivo seria por causa da nova exposição do museu, que eles descreveram como “afrocêntrica” por ligar Beyoncé, Rihanna e outros artistas negros ao Kemet.

A exposição “Kemet: Egypt in Hip Hop, Jazz, Soul & Funk” do museu Rijksmuseum van Oudheden (RMO) apresenta artistas negros descolonizados que usam o Egito Antigo como inspiração há anos. A exposição conta com fotografias de álbuns e videoclipes que mostram Beyoncé e Rihanna como Rainha Nefertiti, Nas como rei Tutancâmon, trajes inspirados no Kemet de Sun Ra e canções e outras inspirações de artistas como Nina Simone, Erykah Badu, Miles Davis, Lauryn Hill, entre outros. 

Segundo o museu, eles foram informados da proibição por e-mail que os acusava de “falsificar a história”. De acordo com diretor administrativo do museu, Wim Weijland, o objetivo do “Kemet” é “mostrar e entender a representação do antigo Egito e as mensagens na música de artistas negros e mostrar o que a pesquisa científica e egiptológica pode nos dizer sobre o antigo Egito e a Núbia”. 

Weijland também acrescentou que o museu já explora (com autorização) a necrópole de Saqqara, perto do Cairo, há 50 anos. “O Rijksmuseum van Oudheden está funcionando em Saqqara desde 1975”, disse o diretor que também concordou que eles possuem total direito de proibir. “As autoridades egípcias têm todo o direito de rescindir uma licença para uma escavação; afinal, são suas terras e seu patrimônio. No entanto, o museu considera incorreto o argumento subjacente a essa decisão.”

Após a repercussão, muitos egípcios foram às redes sociais oficiais do museu criticar e muitos fizeram ofensas racistas sobre a exposição. Em nota, o RMO respondeu que não toleram ofensas racistas e discriminação e que convidam a todos para “visitar a exposição e formar suas próprias opiniões.”

Essa não é a primeira vez que o Egito reprova representações negras do Egito Antigo. Em abril, o Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, Mustafa Waziri, disse que representar Cleópatra como uma mulher negra é “uma falsificação da história egípcia”, se referindo a série documental “Rainhas Africanas: Cleópatra”, da Netflix, e que ela teria que ter a “pele clara”.

Ludmilla esbanja leveza em novo clipe ‘Zangadinha’ com Tiago Iorc

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Foto: Bruna Sussekind

Pela primeira vez juntos em uma colaboração musical, Ludmilla e Tiago Iorc lançaram videoclipe inédito da música “Zangadinha”, nesta quarta-feira (21).

Disponível no Youtube, os artistas se encontraram no Rio de Janeiro para gravar o audiovisual e foram coroados com um dia ensolarado e de céu azul, contribuindo com o clima alto-astral da canção. Usando top de crochê e saia jean curta, Ludmilla esbanja beleza e leveza no vídeo, combinando com o ritmo da música.

“Uma vibe muito gostosa, muito doce, muito leve, que é o que a música traz, uma leveza até quando a pessoa está zangada, vibe Tiago Iorc e Ludmilla, que ficou essa junção maravilhosa”, descreveu a cantora no making off do clipe.

Lançada há menos de um mês, no dia 25 de maio, “Zangadinha” já conquistou o público, com mais de 1 milhão de streams nas plataformas de música.

Veja o clipe:

Ao querer enfrentar o racismo, CBF dá aula do que não fazer em uma gestão de riscos sociais reputacionais

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O presidente da FIFA Gianni Infantino e o presidente do CBF Ednaldo Rodrigues 📸 @jo.marconne

Texto: Viviane Elias Moreira

Em 24 de agosto de 2022, a Confederação Brasileira de Futebol realizou um seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, como um marco de um novo momento contra o preconceito no esporte. “Fiz questão de realizar esse evento aqui na sede da CBF para mostrar ao mundo do futebol e aos preconceituosos que ainda frequentam os estádios do país e do mundo, que estamos lutando para bani-los. Sabemos que a realidade é dura. Mas estamos aqui para mudar”, disse o Presidente da CBF, o sr. Ednaldo Rodrigues. 

Ações práticas adotadas pós seminário: 

  • Em 14 de fevereiro de 2023, A CBF instituiu punições por racismo em competições brasileira, que se resumem em:  advertência, multa administrativa, vedação de registro ou de transferência de atletas, perda de pontos, em relação a clubes por infração e só depois de passar por uma comissão que a CBF vai instituir*. 6 meses após o seminário.
  • O grande e oficial posicionamento da CBF quanto os casos de racismo sofridos pelo jogador Vinicius Junior ocorreram somente em 21 de maio de 2023. 8 meses após o seminário realizado e no mínimo 4 meses depois do começo dos primeiros ataques públicos ao jogador.
  • Com a frase “Com racismo não tem jogo”, no dia 17/06/23, a CBF utilizou o amistoso Brasil x Guiné, realizado na Espanha, para adoção de várias “ações” contra o racismo (utilização da camisa preta da seleção pela primeira vez, em 109 anos de história; adesivação do estádio; protocolo de jogo em preto e branco; vídeo no telão de combate ao racismo antes dos jogadores entrarem em campo; 1 minuto de silêncio e regressiva de 10 segundos  para o apito inicial mostrando mãos de atores negros**).  O que foi relevante deste jogo: um representante negro da equipe de Vinicius Junior foi vítima de racismo por parte de um dos seguranças do estádio que lhe apontou uma banana e afirmou que aquela era uma “arma que seria usada contra ele” (ato flagrado e testemunhado por jornalistas no local) e total ausência de crianças negras na entrada com os jogadores em campo: “Num jogo em que é para ser uma bandeira contra o racismo. Não há uma criança negra junto com os jogadores” (fato observado por uma das principais vozes da luta antirracista no futebol, o grande jornalista PC Vasconcellos). 10 meses após o seminário realizado

 

A empresa CBF hoje é o case que você precisa para mostrar para sua empresa do potencial de impacto que o Diversity Washing é capaz de causar para o risco social reputacional da sua empresa. E complemento: as empresas brasileiras não estão preparadas para esta conversa. 

 

Primeiro porque utilizam o termo Diversity Washing para falar sobre concorrentes ou casos externos, mas não se preocupam em entender que fazem a mesma coisa em sua cultura organizacional, utilizando grupos de afinidades como arcabouços de ideias, que, muitas vezes são ignoradas ou sintetizadas em programas de mentorias internas com começo e sem fins e cursos rasos sobre a importância de se falar sobre diversidade e inclusão em universidades corporativas. Importante ressaltar que o termo Diversity Washing foi patenteado no Brasil pela Liliane Rocha, autora do livro Como ser um líder inclusivo e muitas vezes é utilizado sem o devido crédito (ação de apagamento que é uma micro agressão clara para uma mulher negra e é um exemplo de como o Diversity Washing atua).  


Segundo que as áreas de gestão de riscos das empresas, quando levam em conta a questão do risco social, as perguntas direcionadas por estes profissionais estão centralizadas em perda de mão de obra técnica e/ou ausência de funcionários ligados a funções estratégicas decorrentes de doenças, pandemias ou greves. 

 

Não há a pergunta de milhões: quais os riscos para sua empresa em não ter uma equipe com diversidade? E não há como ter esta pergunta: quantas áreas de gestão de riscos, compliance ou resiliência corporativa que você conhece que são diversas? A falta de olhar de pessoas diversas nos processos são o principal ponto para os riscos sociais se tangibilizar nas  empresas. No case CBF, que ninguém, realmente, não notou que não havia crianças negras em meio a no mínimo 22 crianças não negras que estavam por lá? 

 

E aí que o case CBF se mostra o puro suco do que se não fazer em uma gestão de riscos sociais reputacionais: eles poderiam ter o olhar mais apurado e coerente com a causa racial há muito tempo. E dados eles têm de monte: o Observatório da discriminação racial no futebol, lançou em 2021 o 8º relatório sobre discriminação racial no futebol. Sim, OITAVO.  Há dados compilados de casos de discriminação racial no futebol desde 2014, inclusive com indicadores interessantes sobre casos de xenofobia, machismo e LGBTfobia, comparados Brasil e mundo.

 

Lembra ou não lembra aquele censo de diversidade que sua empresa fez no passado e até hoje não divulgou os números ou está trabalhando internamente na base operacional para mostrar o aumento dos indicadores de profissionais negros? Há também a questão de se preocupar com o marketing com frases prontas como: é uma longa jornada para conseguirmos virar o jogo. Os CNPJs adoram esta frase. 

 

Pois, para que você entenda querido cnpj, a jornada que foi longa, vai precisar ser curta porque quem estará acompanhando o seu posicionamento são as pessoas impactadas nesta jornada longa que vão literalmente desistir de vocês. Quer o exemplo do case CBF? Notem a quantidade de pessoas que não assistem mais aos jogos da seleção brasileira e estão migrando para esportes como o basquete, onde houve uma ação imediata por parte dos jogadores com relação a questões raciais nos últimos anos. 

 

Se a sua empresa não começar a se preocupar com as consequências de ignorar as ações de correções imediatas que são necessárias para as questões de riscos sociais reputacionais ligados a diversidade, em especial a questão de diversidade racial em nosso país, mas cases como estes serão cada dia mais incorporados como rotina no imaginário da população brasileira. 

 

Nós, como negros, estamos há 131 anos tentando convencer as pessoas sobre as consequências que o sistema escravocrata deixou de sequelas em nossas estruturas pessoais e corporativas e não podemos permitir que os CNPJs criem evoluções destas micro agressões que sofríamos no passado, disfarçada de S de ESG, como esta que foi eternizada para sempre em cadeia nacional com a ausência de possibilidade de uma criança negra ser reconhecida ao lado dos seus ídolos do futebol. Quer saber as consequências? Leia a minha coluna do mês anterior que estão todas descritas por lá.  

 

Aqui vão meus sinceros agradecimentos e respeito ao Vini Junior (que é a esperança negra de luta antirracista para uma legião de crianças negras periféricas que querem um dia ser como ele), a equipe que “faz a mágica acontecer” do Observatório da discriminação racial no futebol (vocês são fera e uso a camiseta de vez sempre que consigo), ao eterno ídolo Aranha (que não desiste nunca e quem ainda não leu, leia  o Brasil Tumbeiro) e claro, ao mestre incansável, Paulo Cesar Vasconcellos (que foi um dos primeiros jornalistas negros que ouvi a falar sobre as questão racial de foram aberta e coerente neste país).

 

COMENTÁRIO COMPLEMENTAR: sim, mulheres pretas gostam de futebol e eu sou uma delas. Por favor, vamos dar nosso apoio a seleção feminina de futebol na próxima copa do mundo. Elas merecem o nosso respeito em dobro. 

 

Fonte: Acesso em 20/06/2023_14:00h

*https://ge.globo.com/futebol/noticia/2023/02/14/cbf-institui-punicoes-por-racismo-em-competicoes-brasileiras.ghtml

**https://www.terra.com.br/esportes/brasil/amistoso-brasil-x-guine-tera-uma-serie-de-manifestacoes-contra-o-racismo,22a7abe967961570bc82c10a6428123eqnfyyitz.html

***https://www.cbf.com.br/a-cbf/informes/index/ednaldo-rodrigues-abre-seminario-contra-o-racismo-estamos-aqui-para

Escola infantil de Higienópolis, em SP, organiza ato contra ataques racistas e ameaças pichadas em postes

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Foto: Reprodução

A escola de educação Infantil EMEI Monteiro Lobato, localizada no bairro de Higienópolis, no Cento de São Paulo, está organizando um ato em defesa das crianças, famílias e funcionários, em frente a instituição para o dia 22 de junho em repúdio aos ataques racistas e ameaças pichadas nos postes ao redor da escola. A mobilização incluirá uma caminhada, a limpeza das pichações e a leitura do manifesto.

No último dia 10, postes ao redor da EMEI Monteiro Lobato foram pichados com mensagens de ódio, com frases como “viva voz é coisa de macaco” e “música, se eu escolho você morre”. A diretora da instituição registrou um boletim de ocorrência. Maria Cláudia Fernandes revelou à Folha de S. Paulo que, após o incidente, uma viatura da GCM (Guarda Civil Metropolitana) foi designada para garantir a segurança da escola durante o período de aulas. No entanto, a origem do ataque ainda permanece obscura: “Não temos clareza sobre quem está por trás dessas agressões”, disse Fernandes.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Na tarde desta quarta-feira, 21, o Mundo Negro teve acesso ao manifesto emitido pela escola, em que a equipe reitera seu posicionamento “frente aos constantes ataques ao projeto político pedagógico da unidade escolar”. O manifesto também destaca a importância do currículo antirracista adotado pela instituição com base na Lei 10.639/2003, que institui o ensino da cultura africana e afro-brasileira nas escolas. O texto diz que a EMEI “afirma seu compromisso com as diretrizes do Currículo da Cidade – Educação Infantil (2019) e sua responsabilidade com uma Educação Pública de qualidade, ancorada em três conceitos orientadores da Educação Infantil: Educação Integral, Equidade e Educação Inclusiva, atuando de forma intransigente por uma Educação Antirracista”.

A escola afirma no manifesto que encaminhou B.O para a Diretoria Regional do Ipiranga, acionando o Comitê de Proteção Escolar, além disso, a equipe também convocou uma reunião extraordinária do Conselho Escolar que decidiu pelo Ato Público, em que será realizada a limpeza dos postes, a leitura do manifesto e uma caminhada pela paz ao redor do EMEI. 

O conselho da escola ainda emitiu uma nota de repúdio à resposta da Secretaria Municipal de Educação, que respondeu em entrevista à Folha que ainda não havia provas concretas de que as pichações foram direcionadas especificamente à escola, mesmo com mensagens como “Escola sem educação, escola sem respeito, escola sem noção” e “pedagogia da violência”.

“Entendemos que a declaração de que “não há provas de que as pichações foram direcionadas à escola” só pode ter partido de alguém desconectado do ambiente escolar e da geografia do local”, afirma a nota do conselho. “Há quase 72 anos nossa escola atende moradores do bairro e trabalhadores da região e ficamos extremamente decepcionados com a postura da SME. Entendemos a falta de apoio como uma grave ameaça ao ensino público como um todo, mas também ao ensino público dentro de um bairro nobre, que, na opinião deste Conselho, deveria ser mantido e incentivado pela Secretaria, como garantia de educação de qualidade para todas as crianças, independente de sua classe social, raça, credo ou orientação”, reforçava outro trecho.

A diretora Maria Cláudia Fernandes destacou que a unidade escolar tem sido alvo de ataques virtuais desde 2018, quando começaram as intimidações após a divulgação de um vídeo que questionava a abordagem de temas como equidade de gênero em sala de aula. O vídeo em questão foi produzido e compartilhado nas redes sociais pelo pai de um dos alunos.

No ano passado, Fernandes denunciou as ameaças à Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara Municipal, relatando ter recebido “ameaças por telefone, denúncia e visita da polícia civil à unidade e denúncia na Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos”. Os atos racistas recentes ampliam a preocupação em relação à segurança e ao ambiente escolar para toda a comunidade envolvida.

“Medida Provisória” e “Marte Um” lideram indicações no 22º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro

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Foto: Divulgação

Na semana do cinema nacional, a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais divulgou a lista dos finalistas do 22º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, a maior premiação do audiovisual brasileiro. Os filmes “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos e “Marte Um”, de Gabriel Martins, são os filmes com mais indicações. A premiação acontece no dia 23 de agosto, no Rio de Janeiro.

O longa-metragem “Medida Provisória” é o favorito, com 15 indicações, seguido por “Marte Um”, com 13 indicações. Lázaro Ramos concorre na categoria “Melhor Primeira Direção De Longa-Metragem”, por sua estreia como diretor, e Gabriel Martins concorre na categoria “Melhor Direção”.

Os finalistas são escolhidos por profissionais do audiovisual de todas as áreas do setor associados à Academia, entidade aberta a toda a classe. Nesta edição, foram indicados 34 longas-metragens brasileiros e 12 longas estrangeiros que concorrem ao Prêmio Grande Otelo em 28 categorias, mais o prêmio do Voto Popular. Também estão na disputa 15 curtas brasileiros (5 de ficção, 5 documentários e 5 de animação) e 14 séries (4 de animação, 5 documentários e 5 de ficção).

Uma das novidades é que os filmes ibero-americanos foram indicados pelas Academias de seus respectivos países e não pelas distribuidoras. São elas: Academia de Cine de Chile, Academia de las Artes y Ciencias Cinematográficas de la Argentina, Academia de las Artes y las Ciencias Cinematográficas de España, Academia Colombiana de Artes y Ciencias Cinematográficas e Academia Portuguesa de Cinema.

Outras novidades são que séries de ficção passam a concorrer em uma única categoria, sem distinguir produções independentes da TV aberta, TV Paga e OTT, e a categoria “Melhor Longa-Metragem Comédia” concorrerá exclusivamente ao Voto Popular.

“É uma alegria imensa chegar à 23ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro que, não por acaso, chama-se, com toda a pertinência, reverência e reconhecimento, Prêmio Grande Otelo. Esse é um ano muito especial porque se comemora também 125 anos do cinema brasileiro e ele se mostra cada vez mais plural. O Brasil é plural. Viva nosso encontro! Viva nossos filmes! Viva a nossa insistência!”, comentou a produtora Renata Almeida Magalhães, presidente da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais.

Os vencedores de cada categoria serão escolhidos entre os dias 29 de junho a 10 de julho, com votação entre os associados. No dia 23 de julho, serão abertos os votos populares nas categorias de drama, comédia e documentário. A abertura dos envelopes e os resultados são apurados, acompanhados e auditados pela PwC Brasil.

A cerimônia acontece no dia 23 de agosto, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, e será transmitida ao vivo pelo Canal Brasil e pelo Youtube da Academia.

Empreendedor negro é CEO da maior startup que permite visitar imóveis no metaverso

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Foto: Arquivo pessoal

Aos 40 anos, o empresário Alder Lima é o CEO da startup Metamazon Solutions, criada em 2022 para substituir as maquetes físicas e os apartamentos decorados. A empresa liderada por Lima, um homem negro, LGBTQIA+ é considerada a maior do seu segmento é responsável por desenvolver uma réplica virtual de casas e prédios, permitindo que consumidor consiga interagir em qualquer dispositivo, ou presencialmente, com óculos de realidade virtual.

Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, Alder, que cresceu em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, contou como enfrentou a resistência de empresários em investir em um negócio que tem como CEO uma pessoa com seu recorte, acrescentando a isso o fato do setor de tecnologia ser majoritariamente branco.

Caçula de três irmãos, Alder Lima contou que a venda de cocadas e picolés despertou seu desejo de empreender e mudar a realidade de sua família. “Esse foi um gatilho muito importante para a minha vontade de vender e fazer algo diferente”, contou ele.

Alder também relembra momentos de racismo vivenciados por ele e sua mãe. “Isso se tornou ainda mais forte quando uma colega da minha mãe, branca, disse que ‘Quem nasceu para ser pano de chão nunca será tapete’. Me lembro da minha mãe chorando e de situações em shoppings onde éramos perseguidos e, muitas vezes, destratados”, relembra. “Prometi a mim mesmo que quando crescesse, sairia de casa e mudaria a realidade dos meus pais, e seria alguém diferente, circularia nesses ambientes”, contou ele.

Após enfrentar desafios em Uberlândia, Minas Gerais, onde passou por dificuldades financeiras depois que sua empresa de cerimonial tomou um golpe de um fornecedor, ele enfrentou também a depressão. Alder encontrou uma nova oportunidade em um projeto na emissora de TV. Mesmo lidando com mais situações de racismo, ele não desistiu e continuou em busca de seu propósito.

“Era um segundo baque, questionava minha capacidade, a depressão aparecia novamente. Fui trabalhar cobrando devedores de uma empresa de tecnologia, e lá cresci: tive o cargo de supervisor, trabalhei no RH e fui diretor regional. Aprendi o que era gerenciar e decidi iniciar uma terceira empreitada.”, contou.

O empresário contou que montou uma empresa chamada Ar360, credenciada pelo Google e que facilitava a criação de Tours virtuais no aplicativo de mapas, em Fortaleza, no Ceará. A empresa ia bem até que Alder tomou um novo golpe. “Pensava em internacionalizar o negócio, mas mais uma vez, um baque —um funcionário desviou dinheiro das operações, e as dívidas surgiram. Fui chamado de ‘ladrão’, e disseram que ‘só podia ser preto mesmo’ para deixar um negócio desses ir ao chão.”, disse.

Foi então que Alder fundou a Metamazon Solutions, uma start-up que está revolucionando a forma como os imóveis são apresentados aos consumidores. Por meio das réplicas virtuais, a empresa oferece uma experiência imersiva e interativa, permitindo que os clientes visualizem os imóveis de forma realista e detalhada.

“Com o boom do metaverso, pensei em reconstruir minha presença na tecnologia com o que já tinha da Ar360. Mariana Tavares, minha atual sócia, aportou investimentos para a Metamazon Solutions, fundada no Acre. Apesar do alto custo, pensei em criar uma solução para substituir a maquete física para o consumidor entrar no decorado e visualizar sua possível casa sem a empresa gastar muito material”, detalhou.

Foto: Reprodução/Instagram

Elder conta que após abrir a nova empresa também passou por situações racistas que dificultavam que ele conseguisse apresentar o projeto. “E daí vem o racismo, que nos impede de abrir portas com empresas, de negociar com alguns chefes que simplesmente não me deixavam apresentar o projeto. Em uma situação, autorizaram a presença de Mariana —que é branca— , mas não a minha”.

O empresário conta que ao ter contato com a Casa Preta Hub, criada pela CEO da Feira Preta, Adriana Barbosa, ele entendeu que poucas pessoas negras lideravam startups e percebeu que o racismo era uma das causas de muitas das barreiras que ele teve que enfrentar. “É na Casa Preta Hub que, pela primeira vez, me senti igual a todo mundo e percebi que muitas das minhas quedas envolviam uma questão muito mais profunda —o racismo. É ali que faço amigos sempre, me inspiro, me motivo, e descubro que minha luta estava incompleta por não pensar em questões raciais.”

“A Metamazon Solutions é um sucesso, mesmo com toda a dificuldade de empreender sendo pessoa preta e estamos em processo de mudança da sede para São Paulo”, celebrou.

Neusa Borges celebra papel com Tony Tornado na série ‘A Divisão’: “Gigante da arte”

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Foto: Reprodução/Globoplay

Neusa Borges, 82, e Tony Tornado, 93, dois grandes veteranos da televisão brasileira, estreiam na terceira temporada da série “A Divisão”, da Globoplay, como casal e pais do Delegado Mendonça (Silvio Guindane), e atriz comemora. 

“Que grata sorte eu tenho em poder contracenar com esse gigante da arte e querido amigo chamado Tony Tornado. Eu e Tony já fomos primos, marido e mulher na TV, no cinema e no streaming”, postou nas redes sociais, nesta terça-feira (20).

A atriz recordou os outros momentos em que ambos atuaram juntos. “Em 1994, nosso encontro foi na novela ‘Quatro por Quatro‘, em que interpretamos os primos Henricão e a Tereza. Em 2022, nosso encontro foi no filme ‘Juntos & Enrolados‘, em que demos vida ao casal Olavo e Margarete. E agora em 2023, estamos juntos novamente”, se refere ao papel de casal em “A Divisão”.

A série da Globoplay, em produção com AfroReggae Audiovisual, é baseada em uma histórias reais e mostra o Rio de Janeiro acuado por uma onda de sequestros nos anos 90. As forças de segurança convocam agentes corruptos e um delegado com fama de genocida para salvar a cidade dos bandidos e da polícia. A data de lançamento da terceira temporada ainda não foi divulgada.

Jovem negro é tratado como indigente em UPA em Minas Gerais e família descobre morte mais de 30 dias depois

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Foto: Reprodução

Na UPA São Benedito, em Santa Luzia, Minas Gerais, Kauã Rodrigo Pereira, um jovem negro de 20 anos, morreu no dia 08 de maio e foi tratado como indigente. Mesmo com o jovem portando seus documentos, a família não foi avisada sobre seu óbito, que só descobriu mais de 30 dias depois por um suposto colega que entrou em contato. O IML aguarda o laudo da autópsia para saber o real motivo da morte. Por causa do tempo, o enterro precisou ser com o caixão velado.

Segundo as informações do presidente da Unidade Popular (UP), Leonardo Péricles, a família só descobriu a morte no dia 16 de junho por um suposto colega que reconheceu Kauã. Segundo o boletim médico da UPA, ele morreu no dia 08 de maio, há mais de 30 dias atrás. Ainda não foi revelada a causa da morte nem a situação em que ele chegou. Mesmo com seus documentos, Kauã foi tratado como indigente e em nenhum momento sua família foi procurada, mesmo com sua mãe o procurando todo esse tempo. 

Leonardo Péricles acompanhou os parentes de Kauã na última terça-feira (20) em busca de informações e esclarecimentos. A UPA disse que ele estava sem identificação e que em sete dias vai entregar uma cópia do laudo para a família. No IML, a família foi informada que o corpo foi identificado por papiloscopia, análise por impressão digital, e que em mais ou menos 30 dias o laudo da autópsia será concluído.

O presidente da UP também levou o caso para o Ministério Público, Promotoria de Justiça, Direitos Humanos, Igualdade Racial, apoio comunitário e para fiscalização da atividade policial, Dra. Maria Fernanda Araújo. Também foi realizada uma oitiva que vai dar início às investigações dos fatos.

“Estamos diante de um caso gritante, que mostra como o estado é desumano e racista, um menino negro pobre, morre numa UPA, seu corpo é enviado ao IML, este, mesmo identificando o corpo não informa a família e está, só fica sabendo da morte de Kauã 39 dias depois, buscando essa informação a partir de uma ligação de pessoa desconhecida. Por demorar tanto tempo, o caixão teve que ser lacrado. Nem o direito ao luto foi garantido para sua mãe, família e amigos. Para aqueles que dizem que é um caso isolado, este foi o quarto homem negro desta família, que embora por motivos diferentes, foi enterrado com caixão lacrado.”, disse Léo Péricles.

“Seguiremos juntos à família buscando justiça por Kauã e para que, tendo as respostas do que aconteceu, busquemos caminhos para que casos como este, jamais voltem a acontecer!”, acrescentou.

‘Chevalier: A Verdadeira História Nunca Contada’: Filme sobre primeiro violinista negro já está disponível no Star +

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Foto: Reprodução

Pouco conhecida pelo público, a história de “Chevalier: A Verdadeira História Nunca Contada” estreou na última sexta-feira, 16 de junho, no Star+. O filme narra a vida do compositor Joseph Bologne, conhecido como Chevalier de Saint-Georges, o primeiro músico negro a receber aclamação crítica na Europa do século XVIII. Após um anúncio inicial sobre o lançamento nos cinemas no ano passado, o filme chegou à plataforma de streaming.

Inspirado na incrível trajetória de Joseph Bologne, Chevalier de Saint-Georges, o filme retrata a vida de um homem filho de uma mulher escravizada africana e de um fazendeiro francês, Bologne. Também conhecido como Black Mozart, Chevalier desafia as expectativas sociais ao se tornar um renomado violinista, compositor e esgrimista. O enredo também aborda seu complicado romance e seus desentendimentos com Maria Antonieta e a corte francesa.

O drama biográfico é dirigido por Stephen Williams, conhecido por seu trabalho em séries como “Lost” e “Watchmen”. O roteiro foi escrito por Stefani Robinson, roteirista de sucesso em produções como “Atlanta” e “What We Do in the Shadows”. A produção conta com Ed Guiney, Andrew Lowe, Stefani Robinson e Dianne McGunigle. O filme teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2022, no dia 11 de setembro.

Nascido no Caribe em 1745, Joseph Bologne, Chevalier de Saint-George, foi levado para a França aos sete anos de idade para estudar. Lá, ele se destacou como campeão de esgrima, talentoso violinista e maestro principal da Orquestra de Paris. Além de suas conquistas musicais, Bologne liderou a primeira unidade de cavalaria composta por soldados negros, demonstrando sua habilidade como espadachim. Sua contribuição como pioneiro afrodescendente na música clássica é um legado importante e inspirador.

“Chevalier: A Verdadeira História Nunca Contada” conta com a atuação de Kelvin Harrison Jr. no papel principal, trazendo à vida essa figura histórica fascinante. O elenco também inclui talentos como Samara Weaving, Lucy Boynton, Marton Csokas, Alex Fitzalan e Minnie Driver, que complementam a narrativa com performances cativantes.

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