O Rei do Blues vai ganhar uma exposição no Brasil! A partir do dia 26 de julho, o público terá a oportunidade de mergulhar na vida e obra do músico B.B. King através da exposição inédita intitulada “B.B. King: um mundo melhor em algum lugar”. A mostra, realizada pelo MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, apresenta diversos itens históricos e proporciona uma experiência sensorial que aborda temas de segregação e inclusão.
A exposição conta com itens emprestados do acervo do B.B. King Museum, destacando imagens de diferentes fases da carreira do artista, incluindo retratos marcantes e a icônica guitarra Gibson Lucille, assinada por King. Além disso, são exibidas as credenciais das turnês realizadas por B.B. King no Brasil ao longo dos últimos 30 anos, juntamente com outros objetos significativos, como o primeiro troféu Grammy recebido pelo cantor em 1971.
A exposição busca explorar a trajetória de vida de B.B. King como uma metáfora para os preconceitos vivenciados na sociedade atual. Ao abordar a luta contra a segregação, a mostra também destaca movimentos sociais ao redor do mundo, oferecendo uma narrativa que une a vida do músico, as lutas históricas e o projeto cenográfico que reflete a busca por um futuro mais plural e inclusivo.
B.B. King, conhecido como Rei do Blues, nasceu em 1925 e faleceu em 2015, deixando um legado inestimável para a música. Durante sua carreira de quase sessenta anos, ele gravou mais de cinquenta discos e foi influência para artistas renomados como Jimi Hendrix e Carlos Santana. Sua trajetória pessoal, desde a infância em meio à segregação racial até o reconhecimento internacional, torna-se um exemplo de superação e celebração da cultura negra.
A exposição tem curadoria de André Sturm e Cacau Ras estará aberta ao público de 26 de julho a 08 de outubro, de terças a sextas, das 10h às 19h; aos sábados, das 10h às 20h; e aos domingos e feriados, das 10h às 18h. O MIS está localizado na Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo.
Nesta segunda-feira (10) a produção ‘Desejo Fatal’ atingiu o topo da Netflix Brasil, se tornando a série mais assistida do momento no país. A obra de suspense sul-africana conta uma história marcada pela luxúria, paixão e tragédia.
De acordo com a sinopse oficial, abalada por problemas em seu casamento, a personagem Nandi (Kgomotso Christopher) decide tirar um fim de semana de folga e vai viajar com sua melhor amiga Brenda (Lunathi Mampofu). Durante a viagem, Nandi fica perturbada ao descobrir mensagens suspeitas de traição envolvendo seu marido Leonard (Thapelo Mokoena). Brenda, então, encoraja Nandi a se soltar e se envolver com Jacob, um jovem atraente que elas encontraram na praia.
Foto: Netflix.
Acontece que Nandi acaba se envolvendo de forma intensa com Jacob (Prince Grootboom). No dia seguinte, Nandi retorna para casa, esperando deixar tudo o que aconteceu para trás. No entanto, tudo muda quando Brenda é encontrada assassinada, e tanto Jacob quanto seu círculo de conhecidos parecem estar envolvidos no crime.
A série se passa na África do Sul. O inglês é predominantemente falado, mas vários outros idiomas sul-africanos estão incluídos em ‘Desejo Fatal’. A primeira parte da obra foi lançada na última sexta-feira (7) com 7 episódios. A 2ª parte deverá chegar em breve ao catálogo da Netflix.
A ativista, escritora e professora Angela Davis, está no Brasil. Ela está em Salvador, Bahia, para participar do XVIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic), na Universidade Federal da Bahia, e lançar seu livro “Abolicionismo. Feminismo. Já”, pela Companhia de Letras.
A ativista e professora da Universidade da Califórnia está acompanhada da sua colega de universidade e uma das três co-autoras do livro, Gina Dent. As pesquisadoras Erica R. Meiners e Beth E. Richie, professoras universitárias do estado de Illinois, também participaram do livro que aborda temas como feminismo e abolicionismo. Para as autoras, o sistema de Justiça que vivemos no Brasil e nos EUA é punitivo e tendencioso, julgando principalmente pela raça, gênero e sexualidade.
As duas pesquisadoras vão participar de uma mesa do congresso amanhã às 10h30, para falar sobre o tema do livro junto com a professora da UFBA, Denise Carrascosa, que escreveu o prefácio. As inscrições já estão esgotadas e a transmissão ao vivo acontece na TV UFBA, no Youtube.
XVIII Congresso Internacional da Abralic acontece entre os dias 10 e 14 de julho no auditório da Faculdade de Direito da UFBA. Além de Davis e Dent, Conceição Evaristo e Anielle Franco também participam do evento.
Já no domingo (09), em uma coletiva de imprensa, Davis e Dent falaram um pouco sobre o livro, que tem como um dos pontos principais a crítica ao sistema de encarceramento e aponta alternativas. “O livro inclui várias formas alternativas de justiça transformadora, que podemos chamar de justiça restauradora. Assim, podemos alcançar justiça sem investir num sistema que causou tanta dor. A solução não pode ser algo que cause mais danos à pessoa que causou danos”, comentou Dent. “O feminismo abolicionista está sempre olhando para uma época em que a justiça não precise ser vingativa, em que a justiça promova harmonia e saúde. Mas estamos convivendo com a justiça vingativa em todos os sistemas do mundo”, complementou Angela Davis.
A marca de fast food, Taco Bell, revelou recentemente que Sean Tresvant assumirá o cargo de CEO, após a aposentadoria do atual líder, Mark King. Essa mudança de liderança marca um momento significativo para a empresa, já que Tresvant se tornará o primeiro CEO negro em mais de 60 anos de história da Taco Bell.
A nomeação de Tresvant foi elogiada por David Gibbs, CEO da Yum! Brands, empresa controladora da Taco Bell. Gibbs enfatizou as habilidades visionárias de Tresvant como líder de negócios e sua capacidade de impulsionar iniciativas transformadoras de vendas. “Sean está focado em manter nossa poderosa marca Taco Bell na vanguarda da cultura e redefinir a inovação no setor”, afirmou Gibbs. “É por isso que ele é o executivo ideal para continuar executando com sucesso as estratégias de crescimento global de longo prazo da Taco Bell e levá-las ao próximo nível.”, disse.
Antes de ingressar na Taco Bell, Tresvant construiu uma sólida carreira na Nike, ocupando cargos de liderança por mais de 15 anos. Na Nike, ele teve a oportunidade de liderar o marketing da Jordan Brand, onde conquistou resultados notáveis. Desde que se juntou à Taco Bell, Tresvant tem sido responsável por movimentos estratégicos que elevaram o reconhecimento da marca, incluindo parcerias de alto nível com celebridades e o ressurgimento da Pizza Mexicana.
Em um comunicado, o executivo falou sobre o compromisso da empresa em impulsionar a inovação, fornecer valor e investir em iniciativas digitais para obter resultados líderes do setor, tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente. “O amor que nossos fãs e membros da equipe têm pela Taco Bell é extraordinário e significa que estamos em uma posição única para ultrapassar os limites da cultura e nos tornar uma marca que inspira e permite que o mundo viva mais”, declarou.
Após passar semanas internado e longe dos holofotes, o ator Jamie Foxx foi visto publicamente pela primeira vez em um barco e demonstrando estar bem. Nas imagens gravadas por fãs, ele acena e faz sinal de “paz” enquanto sorri para as câmeras. As informações foram divulgadas neste domingo (09) pelo TMZ.
Jamie foi visto na tarde de domingo em Chicago em um barco curtindo com amigos e familiares. No vídeo, é possível ver a animação dele e também dos fãs. Segundo as informações, o ator ainda recebeu uma salva de palmas de um barco vizinho.
Na noite de sábado (08), ele foi visto caminhando pela cidade e aparentando bom humor. Mostrando estar bem e afastando as especulações sobre sua saúde.
Relembre o caso
A estrela de Hollywood foi hospitalizada no dia 12 de abril por “complicações médicas”. Ele estava gravando um filme para a Netflix, em Atlanta, quando precisou ir para o hospital e ficou semanas internado, preocupando os fãs.
Durante as semanas que passou internado, a internet especulou seu real estado de saúde, segundo divulgado até que amigos próximos estavam preocupados e pedindo orações pelo ator. Mas sendo desmentidos pela família.
No começo de maio ele publicou em suas redes sociais um post agradecendo os fâs por todo amor e que se sentia “abençoado”. No dia 12 de maio, sua filha Corinne Foxx anunciou que Jamie recebeu alta e estava se recuperando em casa.
Se hoje jovens publicitários celebram a presença de profissionais negros brasileiros no Festival de Publicidade de Cannes desse ano, eles precisam saber que existem muitos movimentos sendo realizados por aqueles que estão na área há muitos anos, abrindo caminho para os seus. Como é o caso da publicitária Raphaella Martins, executiva da Meta, que participou da Mesa Brasil, que ajudou a desenhar o festival de 2023.
Raphaella é responsável por criar o Projeto 20/20, primeiro programa de inclusão racial do mercado publicitário, que ajudou a fundar quando estava na J.Walter Thompson (atual Wunderman Thompson) e que influenciou a criação de um Pacto entre o Ministério Público do Trabalho e as principais agências de publicidade do país para contratação de profissionais mais profissionais negros.
Em 2021, foi homenageada no Women To Watch Brasil em 2021 e foi eleita em 2019 pela YouPix como uma das 15 pessoas que mais contribuíram para o mercado de conteúdo e influência no Brasil. Fez parte da lista Game Changers 2022 por desafiar o mercado a pensar diferente e contribuir com transformações positivas na indústria, além de integrar a Powerlist Bantumen, que elege as 100 Personalidades Negras Mais Influentes da Lusofonia.
Ela conversou com o Mundo Negro o sobre cenário da publicidade para profissionais negros nos últimos anos e contou como analisa a presença de mais negros brasileiros em Cannes. “Reflexo de um trabalho de bastidores incansável de muita gente que entende não ser mais possível falar sobre inovação, tecnologia e futuro, se continuarmos com protagonismo econômico e de narrativa apenas de um único grupo”.
Confira a entrevista completa com Raphaella Martins
Mundo Negro – Em 2022, você e Joana Mendes foram as primeiras mulheres negras brasileiras a pisar em um palco de Cannes, como isso aconteceu?
Raphaella Martins – Em Maio de 2022, quando saiu a lista dos jurados do festival, dos 24 brasileiros selecionados apenas 1 profissional era negro. Olhando essa fotografia não proporcional do Brasil, o Papel&Caneta, coletivo sem fins lucrativos, junto com a Chapa Preta, Publicitários Negros, AUE, eu e mais alguns profissionais do mercado escrevemos uma carta pública para o Simon Cook, presidente do festival, questionando a falta de pluralidade e reflexo do que somos como país no grupo de jurados selecionados daquela edição. O presidente nos respondeu publicamente, se comprometendo com uma série de ações imediatas e a longo prazo. Uma das ações imediatas envolveu o convite para que estivéssemos em um dos painéis da edição falando sobre a importância de termos uma mesa de decisão plural para uma melhor indústria criativa. E foi aí que eu, a Joana Mendes junto com a Cindy Gallop, grande nome da publicidade global com mediação da Stacie Graham, diretora global de equidade racial da WPP, nos reunimos para dizer muita coisa óbvia, mas que segue fora do radar de muitos festivais globais como Cannes Lions.
MN – Qual foi a resposta recebida depois de enviar a carta aberta ao presidente do Festival, em 2022, questionando a falta de jurados negros brasileiros na lista de Cannes no ano passado?
RM – A carta teve uma boa repercussão na imprensa internacional, mas dentro do Brasil a discussão ficou muito nos bastidores e principalmente sem voz ativa pública de muitos dos que se dizem aliados. E esse foi um grande aprendizado sobre a urgência de ampliarmos o entendimento do que é ser um aliado efetivo que usa seu espaço de influência e poder para de fato contribuir com a transformação. Questiono inclusive hoje o termo “aliado”, pois essa movimentação não tem a que se aliar se ela não é uma responsabilidade de apenas algumas pessoas, uma vez que todos nós profissionais de comunicação perdemos com uma indústria limitada criativamente. E ainda assim vejo muita gente branca se passando por consciente, subindo em palco pra ganhar prêmio de D&I, mas fugindo das conversas e posicionamentos desconfortáveis quando momentos como esse aparecem. Ser aliado não é falar no secreto que nos apoia, mas deixar o desconforto da fogueira pública para os grupos oprimidos que já mal conseguem respirar nesse meio.
MN – Como foi sua participação na mesa Brasil, que pensou o desenho deste ano para o Festival?
RM – Vir para o Brasil estava na lista de compromissos públicos assumidos pelo presidente do festival, Simon Cook, e em Novembro de 2022 ele passou uma semana aqui com a indústria. E como parte da tour global, o festival promoveu um encontro nas principais cidades do mundo liderada pessoalmente pelo Simon para repensar a estratégia da edição que marcaria a 70a edição. Fui convidada para o encontro de São Paulo com outros profissionais do mercado dividindo provocações principalmente sobre a urgência do festival rever valores, logística e estrutura que permita maior aproximação com a criatividade que já existe nas periferias do mundo, mas que ainda segue estatisticamente fora do radar do festival. E com o objetivo de aproxima-ló de profissionais criativos brasileiros de grupos sub-representados e politicamente minorizados, promovi um encontro na sede do Clube de Criação, com espaço cedido pela Joana Mendes, onde junto com alguns profissionais negras e negros brasileiros como a cineasta Thatiane Almeida, Luna Lina presidente do Publicitarios Negros, Dilma Campos presidente da Outra Praia, Peter Albuquerque, Felippe Guerra da Somos Brasis, Gabi Rodrigues VP da Soko, pudemos falar sobre a urgência de darmos protagonismo intencional a profissionais de grupos sub-representados de países da América Latina e do continente africano para expandirmos definitivamente a excelência, qualidade e inovação da criatividade global.
MN – Esse ano houve uma presença negra brasileira bastante celebrada no Festival, como você analisa essa movimentação?
RM – A importância e reflexo de um trabalho de bastidores incansável de muita gente que entende não ser mais possível falar sobre inovação, tecnologia e futuro, se continuarmos com protagonismo econômico e de narrativa apenas de um único grupo que ainda é invariavelmente do ponto de vista global, norte americano e europeu. Precisamos celebrar qualquer avanço, precisamos celebrar a comprovação do quanto a visão destes profissionais enriqueceu nossa perspectiva sobre o festival, pois pudemos viver e consumir a semana por ângulos que nem seriam pensados se eles não estivessem lá. Porém, quando vemos que o palco principal segue sendo protagonizado apenas pela perspectiva norte global – 90% dos palestrantes no Palais eram ou dos EUA ou da Europa – mesmo quando se fala sobre diversidade e inclusão, precisamos seguir cientes e conscientes que a celebração não nos seduzirá a ponto de esquecermos do grande trabalho que ainda precisamos fazer todos juntos como mercado se quisermos de fato romper com a lógica da história unica. Essa lógica enfraquece, empobrece e diminui nosso potencial global criativo. E a delegacão de profissionais negros brasileiros que esteve lá mostrou com novas perspectivas, resultados e prêmios que dá pra ser diferente.
MN – Como criadora do Projeto 20/20, o primeiro programa de inclusão racial do mercado publicitário, como você analisa o cenário para os profissionais negros da publicidade no Brasil atualmente?
RM – Em 2017, quando desenhei junto com a Patrícia Santos da EmpregueAfro a estrutura do programa 20/20, lançamos um processo seletivo que trouxe pro radar da indústria não só profissionais contratados pela J Walter Thompson, agência pela qual lançamos o programa, mas também uma nova excelência criativa que oxigenou todo o ecossistema com a movimentação dos profissionais pré-selecionados não contratados entre várias agências do grupo e pelo mercado. Essa movimentação junto com o processo de conscientização e mudança cultural que desenhamos com a Semana da Equidade Racial para lançar o programa e que hoje já está em sua 8a edição, escalou para além dos muros de uma única empresa, influenciou o Pacto entre o Ministério Publico do Trabalho e as principais agências de publicidade do país que se comprometeram em contratar mais profissionais negros até 2030 em áreas estratégicas de suas organizações. E isso nos traz atualmente para um cenário muito particular: estamos hoje inseridos em muitas posições de influência desta teia complexa, sofisticada, mas que ainda segue sendo estruturalmente racista. E isso nos exige seguir ainda mais vigilantes e estrategicamente sofisticados – principalmente em posições do que se entende como poder – para não nos deixarmos seduzir por um “topo” que ainda não existe enquanto nossa base segue estatisticamente nos piores índices e muitos dos nossos jovens potenciais criativos, sonhadores e talentosos sendo mortos a cada 23 minutos por balas achadas.
MN – A eleição de uma chapa preta para presidir o Clube de Criação nos últimos dois anos foi um marco histórico para o segmento. Quais mudanças a publicidade no Brasil pode esperar a partir de avanços como este?
RM – Janelas com novas oportunidades de conexão. A Chapa Preta traz perspectivas e profissionais com repertórios que se conectam com uma visão que segue fora do radar dos grandes grupos de comunicação e de todo ecossistema. E esse conflito positivo entre o processo criativo que já existe mapeado e excelência criativa que acontece aos montes principalmente nas periferias do Brasil e fora do eixo RJ-SP é o que nos possibilita ampliar agora o nosso entendimento do que é criatividade, sair da auto-referência, do estereótipo e viver a beleza que é desbravar o desconhecido, o incerto que é o único caminho possível para inovação e evolução do nosso mercado.
Um novo estudo do Núcleo Ciência Pela Infância da Universidade Federal de Sergipe (UFS) revelou que 46,3% das crianças pretas no Brasil não gostam da cor da própria pele. A informação, que mostra a forma como o racismo e a discriminação racial impactam a autoestima das crianças, faz parte do estudo intitulado “Mães que dialogam sobre racismo e valorização do grupo racial fortalecem a autoestima de crianças negras”, conduzido por Dalila Xavier, professora do Departamento de Psicologia da UFS.
A pesquisa, realizada em Sergipe, recebeu reconhecimento através do Prêmio Ciência Pela Primeira Infância, concedido pelo Núcleo Ciência pela Infância (NCPI). “Os dados se relacionam às questões raciais presentes na sociedade. A criança preta, por conta de suas vivências e relações diante do racismo, tende a ter mais dificuldade em se aceitar, o que impacta diretamente sua autoestima e compromete o seu desenvolvimento”, comenta Dalila.
A pesquisa envolveu a participação de crianças brancas, pardas e pretas, com idades entre 5 e 13 anos, juntamente com suas respectivas mães. O objetivo era analisar como a identidade étnico-racial é desenvolvida nessas crianças e verificar se estratégias de socialização, como discutir a importância do respeito independentemente da cor da pele, têm impacto em sua autoestima.
Durante as entrevistas, as crianças foram solicitadas a indicar com qual cor de pele se identificavam. Os resultados revelaram que 75% das crianças brancas se identificavam como brancas, enquanto 87,8% das crianças pretas se identificavam como pretas. No caso das crianças pardas, 69,2% se identificaram como pretas e 30,8% se consideraram brancas.
Além disso, foi investigada a percepção das crianças em relação à própria cor da pele. Mais de um terço das crianças pardas (38,5%) e quase metade das crianças pretas (46,3%) afirmaram ter pouco ou nenhum apego ao seu grupo racial. Por outro lado, a grande maioria das crianças brancas (82,5%) afirmou gostar de sua cor de pele.
“A criança adquire sua identidade ainda na infância em meio ao processo de socialização. Nesse sentido, o diálogo realizado por pais e educadores auxilia as crianças a valorizarem o próprio grupo étnico-racial, contribuindo para seu desenvolvimento pleno. Quanto mais as mães dessas crianças falam sobre a história, raça e cultura do grupo, mais elas gostam de ser pretas”, explica Dalila.
Juliana Alves é um rosto conhecido da televisão brasileira, mas não tanto como deveria. Já foi a Dinha em “Cheias de Charme”, Selma em “Chocolate com Pimenta” e agora Wanda em “Amor Perfeito”. Em entrevista ao Mundo Negro, a atriz relembrou sua trajetória na dramaturgia, que mesmo com uma carreira considerada de sucesso, ainda está em busca de papéis que possa demonstrar sua versatilidade e profunidade artística.
Juliana Alves como Wanda em “Amor Perfeito” | Foto: Divulgação/Gshow
“Ter construído uma história, onde eu tive um contrato de 2007 a 2020, é uma grande vitória. Isso eu conquistei com muita dedicação, muito trabalho e também reconheço que isso é algo muito valoroso. Mas eu não me sinto totalmente contemplada dentro das minhas expectativas e não me sinto totalmente realizada no que diz respeito a reconhecimento porque eu gostaria de ter sim uma quantidade de trabalhos onde eu pudesse desenvolver mais minha arte e pudesse mostrar mais versatilidade, trazer mais profundidade nas minhas construções artísticas. (…) Eu me sinto muito grata por todos os trabalhos que tenho feito, mas sim, eu busco ainda, com 20 anos de carreira, um reconhecimento maior pelo meu trabalho.”, comentou.
Durante seus 20 anos de carreira, Juliana Alves batalhou para superar o racismo no audiovisual, mas muitas vezes se sentiu boicotada e desencorajada nas produções. “O exemplo de solicitar para fazer um teste de uma produção que tinha ficado sabendo e aí ser informada que já tinham uma atriz negra fazendo aquela produção, então isso seria um impedimento para eu inclusive fazer um teste (…) Eu me sentia sozinha no sentido de que artistas negras não eram muito encorajadas”, comenta a artista.
Mas durante essa busca, 2023 se mostrou ser um ano de muita gratidão em relação ao trabalho e suas escolhas. Ela desfilou no Carnaval, participou da “Dança dos Famosos”, está em “Amor Perfeito” e no recém lançado “Um ano Inesquecível – Primavera”. “Esse ano mostrou para mim que essas escolhas que eu fiz não são escolhas fáceis, mas são escolhas que me trazem realmente uma sensação de que estou mais viva e mais forte do que nunca.”
Uma das poucas atrizes negras em uma época em que produções recusavam e boicotavam negros, hoje em dia ela luta para garantir seu espaço, mas também de outras mulheres e homens negros. “Eu hoje vejo que a troca entre nós, que muitas vezes fomos incentivados a nos afastarmos, tem acontecido cada vez mais e a gente está cada vez mais fortalecida e mais unidas. Então nenhum passo para trás. Hoje eu tenho muito mais força. Sem alardes, nas estranhas, ali nos bastidores, eu consigo fazer muita coisa que antes eu não conseguia transformar. Isso me traz muita força artisticamente também.”
Foto: Márcio Farias
Confira a entrevista completa:
Como está sendo a experiência de voltar para as novelas atuando em “Amor Perfeito”? Para você, há muita diferença entre o mundo das novelas para o mundo dos streamings?
Eu vejo sim algumas diferenças nas experiências que eu tive de trabalho nos streamings em relação as novelas. Acho que hoje existe uma tendência de desconstrução de algumas relações de trabalho e de repensar, mudar um pouco o ponto de vista em relação as histórias das novelas. Mas de uma maneira geral eu percebo que os conteúdos de streamings estão mais antenados com as coisas que estão acontecendo no mundo, como forma de narrativas diferentes e desde a criação das histórias, escolha do elenco, até mesmo as relações de trabalho existe alguns cuidados em relação de termos um ambiente mais saudável no ambiente de trabalho e também ter uma responsabilidade social maior com as pautas que hoje a gente tem pra transformar esse mundo em um lugar mais justo, mais democratico e melhor.
O que acontece é que o mercado está muito dinâmico e os profissionais se revezam muito entre estar na tv e estar no streaming. Então cada vez mais eu acredito que essas diferenças tendem a diminuir. Tenho esperanças que isso aconteça.
Você possui muitos anos de carreira na TV e participou de uma época que não havia muita representatividade negra. Como é voltar agora em um momento em que pessoas negras estão ganhando mais protagonismo e atenção? Você sente que há muita diferença desde a sua primeira novela?
Sim, no início da minha carreira eu me sentia muito sozinha nas produções. Eu já falei sobre isso algumas vezes em algumas entrevistas sobre o exemplo de solicitar para fazer um teste de uma produção que tinha ficado sabendo e aí ser informada que já tinham uma atriz negra fazendo aquela produção, então isso seria um impedimento para eu inclusive fazer um teste, ter alguma possibilidade de entrar para produção. Isso era algo dito sem nenhuma restrição porque era a forma de pensamento predominante da época. Eu me sentia sozinha também no sentido de que artistas negras não eram muito encorajadas, até por questões de possíveis represálias e possíveis restrições de trabalho, elas não se encorajavam muito. Ou a própria imprensa também não trazia esse assunto de maneira tão frequente de falar sobre questão racial e todas as problemáticas que a gente vem tendo ao longo dos anos, mas que na época era pior sobre racismo. Já teve situação de eu receber advertência e falarem: ‘você é uma atriz que fica falando de racismo e não é pra você ficar falando sobre isso porque você tem que aproveitar a oportunidade que você está tendo; As outras atrizes não ficam falando sobre isso da maneira que você fala; Você não pode acusar aquele que te emprega’. Mas a gente hoje entende que antes não existia tanta autocrítica da parte das empresas de que existe um problema sério estrutural que precisa cada vez mais melhorar. Vem melhorando com os anos, mas precisa cada vez mais melhorar.
Após 20 anos da minha primeira novela, que era uma novela de época, hoje faço uma novela de época que tem uma abordagem muito diferente com relação as pessoas negras. Essa novela que faço agora, existe um olhar sobre as pessoas negras mais atento, não se inviabiliza mais essas pessoas que existiam e tinham diversas funções na sociedade. Hoje se entende que existia sim, por menor que fosse a quantidade, pessoas negras que conseguiram ter algum tipo de ascensão social. Mostrar essas pessoas é uma forma de inspirar e transformar cada vez mais a realidade. A minha personagem, por exemplo, é uma personagem maravilhosa, à frente do seu tempo, que inspira outras mulheres, extremamente elegante e que ousa em romper os padrões sociais. Então sim, eu celebro este momento, mas com muita atenção. Essa construção foi uma construção de autoria e direção da novela, ainda temos muito a melhorar, principalmente com a diversidade das pessoas negras em protagonismo. Eu celebro essa conquista, que foi uma conquista de muitos anos, muita luta de movimentos negros, de artistas insatisfeitos que se reunem pra estabelecer estrategias e códigos de conduta para ir rompendo essas barreiras. Foi um movimento que foi suado, mas conseguimos. Mas celebro com muita atenção porque ainda temos uma longa jornada pela frente, ainda vivemos muitos problemas estruturais e temos que ter muita consciência de que a gente tem que utilizar essa esperança que vem dessas mudanças para continuar construindo uma história mais justa para a população negra.
Você participou de muitas novelas que são amadas até hoje pelos brasileiros, “Chocolate com Pimenta”, “Caminho das Índias” e “Cheias de Charme”. Você acha que vem recebendo o reconhecimento que merece por seus trabalhos?
Em relação ao meu reconhecimento eu faço algumas ponderações. Eu tive ao longo da minha carreira muitas oportunidades de trabalho e poucas oportunidades de personagens diferentes. Muitas vezes mais lembrada por uns personagens do que por outros. Alguns personagens tiveram mais espaço nas tramas do que outros. Eu não tive um ano na minha vida, a não ser no início da minha carreira, por volta de 20005/2006, que foi um ano de investimento e estudo, falta de trabalho. Nos anos seguintes eu sempre estive envolvida com algum trabalho na dramaturgia e isso eu considero uma carreira de sucesso porque no quadro que nós temos no Brasil anteriormente, principalmente falta de oportunidade para atrizes negras, eu ter construído uma história, onde eu tive um contrato de 2007 a 2020, é uma grande vitória. Isso eu conquistei com muita dedicação, muito trabalho e também reconheço que isso é algo muito valoroso. Mas eu não me sinto totalmente contemplada dentro das minhas expectativas e não me sinto totalmente realizada no que diz respeito a reconhecimento porque eu gostaria de ter sim uma quantidade de trabalhos onde eu pudesse desenvolver mais minha arte e pudesse mostrar mais versatilidade, trazer mais profundidade nas minhas construções artísticas. Isso eu entendo que é algo que eu ainda tenho diversas possibilidades de conquistar e continuo trabalhando por isso. Eu me sinto muito grata por todos os trabalhos que tenho feito, mas sim, eu busco ainda, com 20 anos de carreira, um reconhecimento maior pelo meu trabalho.
Esse filme que a gente lançou agora recentemente foi um trabalho que me trouxe bastante esperança nesse sentido de construções de trabalhos com uma consistência diferente. Eu tive a oportunidade de representar uma família negra muito bem equilibrada, consolidada e feliz com todos os problemas que as famílias têm de uma maneira que eu ainda não tinha tido oportunidade de vivenciar. Essa personagem, a Ingrid, foi muito importante para mim como artista.
2023 tem sido um ano de retorno para você. Desfilou no Carnaval pela Unidos da Tijuca, está na novela “Amor Perfeito”, na “Dança dos Famosos” e recentemente no terceiro filme de “Um ano Inesquecível” entre outros projetos e vida pessoal. Como tem sido o desafio de dar conta de tudo?
Certamente esse ano de 2023 está sendo um dos anos mais importantes da minha vida por tudo que eu tenho vivenciado e por todos os desafios que eu tenho enfrentado ao vivenciar coisas que eu desejei tanto na minha vida. Coisas que realmente me realizam quanto ao profissional, mas ao mesmo tempo me trazem grandes desafios porque não depende única e exclusivamente do meu desejo, da minha conduta. Esse ano mostrou para mim que essas escolhas que eu fiz não são escolhas fáceis, mas são escolhas que me trazem realmente uma sensação de que estou mais viva e mais forte do que nunca.
Acho que estou dando conta (risos), mas entendo também a importância do respeito a nossa verdade, respeitar nossos princípios e as coisas que a gente acredita. Porque de todos os desafios que eu enfrentei esse ano, teria sido muito mais fácil se eu tivesse esquecido de defender aquilo que eu acredito e como fiz questão de defender o que acredito as coisas não se tornaram mais fáceis assim. Então eu saio mais fortalecida por ter conseguido realizar coisas. Fazer isso com o sentimento de missão comprida e principalmente com esperança que a gente vai ter dias melhores
Como mulher negra e mãe, quais são os desafios que você enfrenta dentro do audiovisual?
Os desafios são bem estruturais e outros também [são] questões muito particulares. Eu enfrento os desafios, desde a forma que as pessoas enxergam a mulher negra. É um trabalho que depende muito de um público e muitas vezes as pessoas que tomam as decisões não estão conscientes e antenadas no investimento que a gente tem que fazer para transformar esse imaginário popular. Requer um investimento, requer desconstruir os padrões e realmente que a gente construa uma contribuição de um imaginário através do investimento e fortalecimento das mulheres negras nas próprias produções. Que a gente possa exaltar, apoiar e amparar mulheres negras nas produções. Eu desde, por exemplo, na dramaturgia, um texto que eu receba, que muitas vezes eu preciso dialogar com mais escuta sobre a forma de fazer aquele texto, sobre posicionamento de câmera e principalmente nas representações muitas vezes machistas e racistas que a gente tem da relação dos personagens. Eu vejo uma ampliação muito grande das possibilidades, eu vejo um cenário muito mais rico e esperançoso e, contraditoriamente, vejo pessoas que utilizam das pautas para manipular cenários e acabar transitando e perpetuando o racismo. A gente precisa ser muito atento e muito forte para enxergar essas ciladas que a gente pode entrar de reiterar e acabar apoiando um comportamento hipócrita e oportunista. Hoje, em 2023, há muita gente falando de racismo, então é mais comum ver esse tipo de coisas acontecendo. E ao mesmo tempo eu vejo um cenário que me traz um pouco mais de alento quando vejo uma união maior das nossas irmãs e irmãos também em prol dessa melhoria de condições.
Eu hoje vejo que a troca entre nós, que muitas vezes fomos incentivados a nos afastarmos, tem acontecido cada vez mais e a gente está cada vez mais fortalecida e mais unidas. Então nenhum passo para trás. Hoje eu tenho muito mais força. Sem alardes, nas estranhas, ali nos bastidores, eu consigo fazer muita coisa que antes eu não conseguia transformar. Isso me traz muita força artisticamente também.
O livro ‘A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932‘, do jornalista Oswaldo Faustino, apresenta a brava atuação de uma legião formada, a princípio, por três batalhões voluntários compostos exclusivamente de afrodescendentes na Revolução Constitucionalista de 1932, que é lembrada no dia 9 de julho.
“Poucos brasileiros sabem que esses bravos batalhões existiram. Infelizmente, o protagonismo negro continua fora da história oficial”, afirma Faustino. A cada capítulo, ele recria os valores de uma época pautada pelo patriotismo, mas também por um intenso preconceito racial. Um dos méritos do livro é mostrar que, apesar de alijados de direitos e com chances mínimas de ascensão social, milhares de negros aderiram a uma causa estranha à sua realidade – causa que, embora justa, traria ínfimas mudanças à sua situação de excluídos.
Faustino teve a ideia para o livro quando o ator Milton Gonçalves expressou o desejo de fazer um filme sobre a Legião Negra e solicitou ao colega jornalista que pesquisasse o assunto. Utilizando documentos históricos, publicações da época, obras acadêmicas e entrevistas com familiares dos combatentes, Faustino mergulhou na história de personagens reais que interagem com os personagens fictícios criados pelo autor no romance. Através dessa pesquisa, ele reconstruiu o contexto social, cultural e econômico da São Paulo dos anos 1930, onde paulistas de elite, negros, imigrantes europeus e migrantes vindos principalmente do Nordeste se relacionavam em situações de conflito ou aparente harmonia. Cada grupo possuía seus costumes e ocupava espaços específicos. Infelizmente, os negros e pardos eram frequentemente relegados aos cortiços, porões e subúrbios, engajando-se em atividades como rodas de tiririca, jogos ilegais e trabalhos ocasionais.
Por João Torquato, Analista de Comunicação do Instituto Brasil-Israel, Ativista do Movimento Negro e Apresentador do Podcast “E eu com isso”.
Quando a gente fala em povo judeu ou sobre Israel, na maioria das vezes vem um estereótipo em nossa mente: um homem branco, religioso, que defende a militarização de sociedade e é de direita.
Esse pensamento não surgiu à toa.Nos últimos anos, setores mais radicais da sociedade brasileira promoveram um sequestro de símbolos judaicos e da bandeira de Israel. Grupos criminosos que perseguem e destroem terreiros de religiões de matriz africana e, ao mesmo tempo, utilizam a estrela de Davi como símbolo ainda que não tenham qualquer relação de fato com o judaísmo.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, se dizia um amigo de Israel e fez uma fala escancaradamente racista dentro de um clube judaico no Rio Janeiro. E com certeza você já deve ter visto perfis de direita em alguma rede social com a bandeira de Israel no nome. Será que Israel e o povo judeu são tudo isso que a extrema direita revindica? Será que Israel é um país branco?
O povo judeu é um povo plural, com judeus de origem indiana, polonesa, chinesa, russa, etíope e de outros lugares do mundo. Os judeus Sefardim, que são aqueles provenientes do norte da África, península Ibérica e Oriente Médio (Mizrachim) , correspondem a 55% da população de Israel.E cerca de 2,2% da população Israelense é negra retinta, ou seja, ser judeu não tem nada a ver com ser branco.
Segundo o professor Michel Gherman, que ministra na UFRJ e pesquisa a utilização de símbolos judaicos por setores da extrema direita, “esses setores criaram uma Israel imaginária, para eles, Israel é uma vista como um elemento mais branco possível, onde apenas a Israel bíblica existe, eles têm um desprezo pelo Estado de Israel moderno e toda sua pluralidade”. Para a extrema direita pouco importa se Bolsonaro não tinha negros na equipe ministerial, enquanto Israel tinha uma ministra de imigração negra nascida na Etiópia durante o governo de Yair Lapid e Naftali Bennet. Eles só reivindicam elementos imaginários que dialogam com as pautas de seu interesse, criando uma Israel que não existe.
Dentro da sociedade israelense, a maioria dos judeus negros são de origem etíope, que mesmo em menor proporção, se encontram inseridos na sociedade em cargos de alto escalão, ocupando espaços de protagonismo na televisão.Mas, assim como no Brasil, eles são vítimas do racismo estrutural.
No continente africano, outros países além da etiópia têm judeus, como é o caso dos judeus Igbos na Nigéria, dos Abayudaya na Uganda ou dos Lemba na Tanzânia e Zimbabué. No Brasil, de acordo com o censo do IBGE (2010), temos quase 1.700 judeus negros, e é bem provavel que hoje esse número seja maior. Em Israel, o país chegou a ter nos anos 1970, um movimento dos panteras negras, ou HaPanterim HaShkhorim, em hebraico. O movimento era inspirado nos panteras negras dos Estados Unidos, os panteras negras israelesenses foi criado por judeus do norte da África e do Oriente Médio para lutar contra a discriminação racial no país.
Falar sobre os judeus negros vai além de combater essa narrativa imaginária da extrema direita: é divulgar a pluralidade das formas que a negritude pode ser manifestada. Para mim, como negro e judeu, o judaísmo também é uma forma de manifestar minha negritude, quando lembro do Sigd, um feriado observado pelos judeus da etiópia, ou quando eu coloco a minha kipá (solideu) feita pelos judeus de Uganda. Ser judeu para mim também é ser negro.