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Assessor de Vinicius Junior acusa segurança de racismo no estádio durante amistoso Brasil x Guiné

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Foto: Bruno Cassuci

Na tarde desse sábado, durante o amistoso entre Brasil e Guiné no Estádio Cornellà-El Prat, em Barcelona, um amigo de infância e assessor pessoal de Vinicius Junior, Felipe Silveira, de 27 anos, relatou ter sido vítima de racismo por parte de um segurança. O incidente ocorreu no momento em que Felipe passava pela catraca de entrada e foi abordado para uma revista de rotina. Segundo ele, o segurança teria retirado uma banana do bolso e proferido comentários ofensivos, dizendo: “Mãos para cima, essa daqui é minha pistola para você”.

Imediatamente, Felipe e outros três membros da equipe de Vinicius Junior, que estavam presentes, se revoltaram e acionaram a polícia. A situação gerou uma confusão no local. Durante a confusão equipe de reportagem do portal ge identificou uma banana no bolso do segurança acusado de racismo.

A confusão foi filmada pela equipe do ge:

Uma funcionária de segurança tentou intervir e remover o segurança do local, mas os membros da equipe de Vinicius Junior não permitiram sua saída. O segurança nega ter proferido qualquer comentário racista, e seu nome ainda não foi divulgado.

O caso está em processo de investigação, uma vez que existem câmeras de segurança no estádio. O estafe de Vinicius Junior solicita que as imagens sejam analisadas. Após o jogo, eles pretendem procurar as autoridades policiais de Barcelona para formalizar uma denúncia.

Vale ressaltar que o amistoso entre Brasil e Guiné foi marcado por ações antirracistas promovidas pela CBF. Uma delas foi o uso de uniforme preto pela Seleção Brasileira durante o primeiro tempo do jogo. Além disso, os jogadores se ajoelharam e o estádio observou um minuto de silêncio antes da partida, em repúdio ao racismo.

Na última quinta-feira, Vini Jr. Foi convidado pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, para liderar o comitê antirracismo criado pela instituição e que será formado por jogadores que deverão sugerir punições mais rigorosas para quem cometer atos racistas no futebol. 

Desigualdades e preconceitos afetam o acesso ao mercado de trabalho de jovens das periferias de São Paulo, revela pesquisa

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Foto: Freepik

Preconceito, localização e qualidade de vida impactam o acesso ao mercado de trabalho de jovens das periferias de São Paulo. Uma pesquisa do Juventudes Potentes, aliança que promove a inclusão produtiva de jovens-potência da periferia da cidade de São Paulo e faz parte do movimento internacional Global Opportunity Youth Network (GOYN), publicou o estudo “Injustiças estruturais entre jovens na cidade de São Paulo”, para descobrir quais sãos as dificuldades dos jovens.

Em parceria com Rede Conhecimento Social, a pesquisa contou com a participação de 600 jovens das regiões Sul e Leste de São Paulo, entre 15 e 29 anos, que colaboraram como respondentes e pesquisadores. No geral, 71% se declararam negros, 24% pretos e 47% pardos. Nove em cada 10 entrevistados acreditam que “existe um processo de desigualdades sociais históricas que atinge algumas pessoas e grupos e as mantém em condições menos favoráveis que outras”.

Para quem mora nas periferias, se manter ativo no mercado de trabalho ou conquistar o tão sonhado emprego precisa enfrentar o preconceito nas entrevistas. De uma forma geral, 45% afirmaram que “preconceito e a discriminação” dificultam a conquistar as vagas, muitas vezes sendo avaliado apenas por suas caracteristicas pessoais e sociais em vez do currículo e potencial. 38% de jovens já se sentiram prejudicados por conta da cor da pele.

Para 50% dos participantes, a baixa qualificação profissional e a concorrência injusta também é um empecilho para conquistar boas vagas de trabalho. Além disso, 39% já se sentiram subestimados por conta do lugar onde estudaram.

Para muitos, a inserção no mercado de trabalho começou cedo, 42% disseram ter começado antes dos 16 anos e 64% dos jovens estão economicamente ativos no momento. Mas para 54% há poucas vagas perto de casa, o que dificulta a conseguir um emprego muitos (24%) até precisam mentir sobre onde moram. Há também uma dificuldade de conseguir se locomover para o emprego: 42% levam mais de uma hora para chegar ao centro, 60% já se sentiram prejudicados por passar muito tempo no transporte e 68% já ficou sem dinheiro para a condução.

Saúde e segurança também foram citados como dois fatores preocupantes, principalmente entre as mulheres e pessoas LGBTQIAPN+. Cinco em cada 10 mulheres não se sentem seguras em chegar tarde em casa e 3 a cada 10 jovens LGBTQIAPN+ não se sentem seguros no bairro em que moram.

Conciliar trabalho, educação e outras responsabilidades também foi citada como um desafio. 21% dos jovens abandonaram os estudos por não conseguirem dar conta de tudo. Já outros 44% disseram que pensaram em parar também. Um dos motivos principais é a maternidade e paternidade: 38% dos jovens são mães ou pais, sendo 37% deles antes dos 17 anos, e 39% disseram assumir sozinhos a responsabilidade pelo cuidado do(s) filho(s).

“A pesquisa mostra que as principais injustiças são vivenciadas por jovens com baixa rendadomiciliar, mulheres, negros, LGBTQIAPN+ e com filhos. Com isso, é importante que a sociedade se conscientize dessa realidade e proponha planos de ação articulados. É imprescindível criar políticas intersetoriais e entre diferentes atores do ecossistema do mundo do trabalho para construir, de forma conjunta, mecanismos de superação das desigualdades sociais e promoção de qualidade de vida a esses jovens, com direito à projeção de futuro, escolhas e dignidade”, comenta Nayara Bazzoli, Diretora de Projetos da Rede Conhecimento Social.

A pesquisa apontou 10 “soluções” para os problemas dos jovens periféricos de São Paulo. São elas: 

1. Ofertar reforço escolar para diminuir desigualdades educacionais;

2. Promover maior aproximação da escola às suas demandas de jovens periféricos: trabalho, condições de vida, habilidades existentes e a serem desenvolvidas, projetos de vida, saúde mental, etc.;

3. Promover inserção mais qualificada ao mundo do trabalho;

4. Promover o uso qualificado da Internet.

5. Criar meios de garantir inclusão e permanência do jovem no trabalho, com olhar também para o estudante trabalhador e/ou mãe;

6. Desenvolver políticas públicas de incentivo e fiscalização de direitos trabalhistas e de inclusão produtiva;

7. Incentivar as empresas a se instalarem nas periferias;

8. Construir capacitação dialogada entre Governo, OSCs e Empresas, visando os desejos

dos jovens, tendências, profissões de futuro e oportunidades de desenvolvimento do próprio território;

9. Mudar a cultura internadas empresas para que acolham o jovem trabalhador desde o processo seletivo e garanta condições favoráveis ao seu desenvolvimento;

10. Incentivar novas dinâmicas de trabalho pensadas em jovens periféricos.

Patricia Hill Collins diz que encontrou inspiração nos quilombos ao falar de escolas comunitárias nos EUA, no Festival LED

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Foto:  Artur Renzo

Um dos destaques do Festival LED – Luz na Educação, que começou na última sexta-feira, 16, a socióloga norte-americana Patricia Hill Collins, pioneira nos estudos de intersecção falou sobre ter entendido que as escolas comunitárias para alunos segregados que ajudou a criar nos EUA poderiam ser comparadas aos quilombos no Brasil. “Quando vim para o Brasil e encontrei o termo Quilombo percebi que era isso que estávamos fazendo”, disse ela.

Durante a palestra intitulada “Educação crítica: uma janela para novas possibilidades”, Patricia Hill Collins compartilhou sua jornada na educação e discutiu como a educação crítica é essencial para a construção de sociedades democráticas e equitativas, fazendo referência à obra “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire.

A professora ressaltou sua própria experiência pessoal ao afirmar: “Eu sou a primeira pessoa da minha família a se formar na faculdade”. Hill Collins contou que seu trabalho na educação faz parte de um esforço coletivo intergeracional. “Isso é um esforço intergeracional. Uma pessoa de cada vez, de adquirir as habilidades e visão de mundo para seguir em frente”, disse.

Ela compartilhou sua motivação inicial para se tornar professora e a surpresa em relação ao alcance que a educação teve em sua vida: “Eu sabia que eu queria ser professora, mas eu não sabia o quão longe ser professora me levaria. Tudo o que eu sabia é que eu queria que a educação fosse diferente do que eu tinha tido”.

Patricia Hill Collins revelou que foi atraída pela filosofia da educação presente em “Pedagogia do Oprimido”, especialmente pela ideia de entender as relações de poder como base para a ação política. A professora norte-americana detalhou sua experiência ao ajudar a estruturar movimentos de escolas comunitárias dedicadas a alunos negros segregados e com o trabalho no centro educacional St Joseph’s Community School.

“Concentramos forças em conter a opressão racial. Naquela época, os alunos que recebiam nota “A” sentavam na frente e os com notas menores, atrás. Todos os considerados ruins eram negros. Achei isso um contexto de hierarquia social horrível, e começamos juntos a mudar: propus que todos sentassem em círculos e eles ficaram espantados”, revelou.

Além da referência na filosofia de Paulo Freire, a socióloga comparou o trabalho realizado nas escolas americanas ao que era feito nos quilombos no Brasil. “Quando vim para o Brasil e encontrei esse termo ‘quilombo’ eu percebi que era isso que estávamos fazendo”, contou. “Essa noção desse espaço livre num contexto de opressão, em que você controla, você decide. Que você não pode botar a culpa em ninguém necessariamente”, explicou.

Durante a palestra, a socióloga também abordou a luta pela inclusão dos estudos negros no ensino superior, ressaltando que foram os alunos negros que iniciaram esse movimento. Ela enfatizou a importância de reivindicar o poder epistêmico por meio de obras como “O pensamento feminista negro”, em que escreveu sobre mulheres negras. Patricia Hill Collins enfrentou o desinteresse e o ceticismo acadêmico em relação a esse campo de estudo, com pessoas questionando a relevância das vivências das mulheres negras.

“O que tentei fazer com ‘O pensamento feminista negro’ foi reivindicar o poder epistêmico. Eu escrevi sobre mulheres negras. Ninguém se interessava sobre mulheres negras na academia. As pessoas riam. ‘Porque a gente deveria se importar com essas mulheres?'”, relembrou ela. 

Clique aqui e confira a programação completa.

Cuscuz, pamonha, mungunzá e cocada: Comidas juninas que são de origem afro

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Foto: Reprodução / Redes Sociais.

As comidas juninas são um deleite para os paladares durante as festividades típicas do mês de junho no Brasil. Essa tradição culinária traz consigo uma rica diversidade cultural, refletindo as influências de diferentes etnias que compõem a história do país. Entre essas influências, destaca-se a contribuição da culinária afro-brasileira, que trouxe sabores e técnicas únicas para a mesa junina.

Cuscuz. Foto: Reprodução.

Dentre as iguarias afro-brasileiras que se tornaram populares, podemos destacar a pamonha, o mungunzá, a cocada e o cuscuz. A pamonha é um prato feito com milho verde ralado, leite de coco e açúcar, envolto em palha de milho e cozido. Sua origem remonta às tradições indígenas, mas foi incorporada à cultura afro-brasileira, especialmente na região Nordeste do país.

“Tem muita gente que não sabe, mas a pamonha também é uma influência africana na culinária brasileira. Ela é uma variação de um bolinho chamado acaçá. Feita com milho, é misturada ao leite e enrolada na própria palha — podendo ser encontrada na versão doce e salgada”, diz o Chef Pedro Barbosa em conversa com o MUNDO NEGRO.

Pamonha. Foto: Reprodução / Internet.

O mungunzá, também conhecido como canjica, é outro prato típico afro-brasileiro bastante apreciado nas festas juninas. “Essa é uma iguaria afro-brasileira que algumas regiões até reconhecem como item indispensável das festas juninas. Também chamado de canjica, o mungunzá é feito usando grão de milho branco cozido em caldo de leite com açúcar. No Brasil, ganhou outros ingredientes, como canela, cravo da índia e leite de coco”, conta Pedro.

A cocada é uma iguaria que tem relação profunda com com as religiões de matrizes africanas, a exemplo no candomblé, a iguaria possui um significado mais especial. Para os adeptos, a cocada é dada como oferenda para Oxalá, o principal orixá e o doce representa as crianças. “As cocadas preparadas nos tempos de Brasil colônia eram feitas com açúcar escuro, semelhante ao mascavo de hoje, por causa disso, elas eram escuras, ainda não existia a cocada branca, que seria produzida futuramente com o açúcar cristal“, conta a Chef Aline Chermoula.

Mungunzá. Foto: Reprodução / Internet.

O cuscuz, por sua vez, é uma iguaria consumida há muito tempo no noroeste africano. “Feita à base de milho, em geral, o cuscuz é servido com ovo, queijo ou manteiga. Também há a versão doce, feita com leite de coco e açúcar”, conta o Chef. Além desses pratos, outras comidas juninas têm influência afro-brasileira, como o acarajé e o vatapá, típicos da região Nordeste. Essas delícias são heranças diretas da culinária dos povos africanos, que utilizam ingredientes como o dendê, o quiabo e o camarão seco para preparar essas iguarias.

As comidas juninas de origem afro-brasileira são uma manifestação cultural que une tradição, história e sabor em um só prato. Elas nos conectam com as raízes africanas presentes na formação do Brasil e nos convidam a apreciar a diversidade gastronômica do país.

Número de brasileiros que se autodeclaram pretos atinge número recorde, mas a maioria se diz parda 

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Foto: Freepik

Mais preto e menos branco. Essa é a forma que os brasileiros veem a si mesmos, de acordo com os números revelados nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtidos pelo último censo realizado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, em 2022. Os dados vêm depois de dois anos em que não foi possível a realização de pesquisas, por conta da pandemia. 

O número de brasileiros que se autodeclaram pretos aumentou no Brasil nos últimos 10 anos. Se em 2012 eram 7,4 % da população, em 2022 eles foram 10,6% dos entrevistados, sendo o grupo racial que mais cresceu. Nunca na história do país tantas pessoas se declararam pretas.

Entre os que se declaram pardos não houve variações significativas. Foram 45,3% em 2022 (45,6% em 2012). É o maior grupo racial brasileiro. 

Já a população branca diminuiu. De 46,3% em 2012,  este grupo agora é 42,8%. Houve uma queda da população branca em todas as regiões do Brasil, sendo mais significativa no Sul, onde em 2012 representava 78,8% da população, para 72,8% em 2022.

Indígenas e quilombolas têm um censo específico. Os dados também foram colhidos em 2023 e devem ser divulgados em breve.

MUDANÇA NO COMPORTAMENTO REFLETE NO CENSO

Os números do censo fazem sentido quando olhamos a História do Brasil, o último a abolir a escravatura. Foram quase 400 anos de escravidão e o reflexo disso, se traduz na cor do seu povo. 

Com a chegada da Internet no começo do anos 2000, o se ver e se reconhecer se tornou possível e a força da representatividade foi um fator impulsionador no número de pessoas negras aumentando nas pesquisas do censo. Para o colunista do Mundo Negro, o professor Ivair Augusto Alves dos Santos, Mestre em Ciências Políticas pela Unicamp e Doutor em Sociologia pela UnB, a potência da mídia, cultura e movimento negro, especialmente em espaços de poderm, foi fundamental na influência da autodeclaração. 

“A força do movimento negro, a mídia, novelas com mais representações negras, espaços de poder com mais negros, ações afirmativas, crescimento do números de parlamentares negras e as plataformas com conteúdo sobre negros é importante. Poderia continuar uma lista grande, mas a existência de uma figura como Vinicius Jr, não é por acaso, é fruto do trabalho de muitos ativistas”, detalha o ex-diretor do Departamento de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos da Presidência da República.

Como a pessoa constrói essa identidade racial também é outro aspecto que deve ser considerado. “A tendência geral do censo do IBGE é que as pessoas têm um processo longo de construção da sua autodeclaração. São pessoas que vivem em espaços que não prevalecem os mecanismo identitários não negros. Estão em comunidades onde é mais comum a presença negra e em função deste circuito de vulnerabilidade criado pelo racismo no Brasil, são pessoas deste circuito que vão criando mecanismos de solidariedade, que vão tendo relações familiares dentro deste núcleo e com o passar do tempo vão construindo uma identidade”, comenta o professor e vice-diretor da Unesp, Juarez Xavier. 

AUTODECLARAÇÃO E HETEROIDENTIFICAÇÃO 

A ditatura removeu dados sobre questões raciais do censo e quando este tema retorna a coleta de dados do IBGE, a atuação do movimento negro é fundamental para o surgimento da autodeclaração. 

“A autodeclaração se constituiu, sendo parte de um grande processo de debate, de discussão que consumiu parte do final dos anos 70, 80 e a partir dos anos 90, porque a ditadura civil militar tirou os dados relativos à questão racial do censo”, explica o professor Juarez. Ele detalha que quando raça e cor voltam a ser discutidos, mais de 100 denominações surgiram para identificar a cor das pessoas não brancas.

“Foi necessário então se criar um mecanismo, muito bom, pautado na autodeclaração e optou-se em trabalhar com os conceitos étnico-raciais.Por exemplo: preto, pardo, branco e amarelo são questões étnicas, e indígenas questões raciais. Isso foi definido depois de várias testagens feitas pela equipe do IBGE”, detalha o acadêmico que destaca a insistência do Movimento Negro para implementação deste método.

Sobre a heteroidentificação, há uma mudança no que se entendia anteriormente como pardo, que basicamente era toda pessoa que não se identificava nem branca e nem preta, como amarelos, cafuzos e mamelucos. “Começou-se a partir de 2012 a evitar este tipo de conceito, passou-se a considerar, para efeitos de políticas públicas de heteroidentificação, que pardo são as pessoas que têm ascendência negra”. A fenotipia das pessoas negras (cabelo, traços e tom de pele) é um dos critérios usados ao se cruzar dados para decidir se uma pessoa é considerada de ascendência negra e portanto, candidata a usufruir de ações afirmativas. 

O professor ainda explica que as declarações do censo do IBGE tem um grande fator espontaneidade porque quem responde, não usufrui de nenhum benefício imediato, porém, não é possível saber, se quem se declarou pardo, realmente é uma pessoa de ascendência africana, sem se fazer uma “mineração desses dados”. Já na heteroidentificação, por haver um caráter de interesse, há uma tendência maior da autodeclaração ser duvidosa, e aí os fatores da heteroidentificação são o que determina quem realmente merece entrar, por exemplo, em uma universidade pelo sistema de cotas. 

Kendrick Lamar compartilha clipe de Tasha & Tracie e cantoras comemoram: “isso mostra que saímos da bolha”

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Foto: Press Association ; Isabelle India.

O rapper Kendrick Lamar publicou nesta última quinta-feira (15) um registro do clipe de ‘Diretoria’, música lançada por Tasha e Tracie em 2020. O artista norte-americano compartilhou a imagem em sua conta secundária, que ele utiliza para mostrar detalhes, referências de trabalhos e vivências pessoais.

Foto: Reprodução / Redes Sociais.

A imagem compartilhada por Kendrick mostra um homem com cristais e óculos, em tom preto e branco. A estética do clipe de ‘Diretoria’ foi feita por NÏCO. Nas redes, internautas se surpreenderam com a referência às artistas brasileiras. Através do Instagram, Tasha comemorou: “Estou muito feliz. É assim que as pessoas daqui dão valor. Me vejo muito no trampo dele. Isso mostra que a gente conseguiu sair da bolha, que é algo que queríamos fazer. Que isso fique de exemplo para você. Que você não fique atrás de de aprovação dos outros, faça seu trampo. Obrigada a todos que desacreditaram na gente, vocês são nosso combustível”.

Nas redes, usuários também celebraram a novidade. “Quando você fizer coisas grandes será odiada pelas pessoas erradas e amada pelas pessoas certas. Vida longa as gêmeas e a tudo que a mente delas produz“, publicou uma usuária. “O Kendrick Lamar postando frame do clipe da Tasha e Tracie e uma porrada de gente espumando dizendo que é fake. Difícil demais p galera ver uma mulher preta e periférica fazendo um trampo foda e ganhando o reconhecimento que merece de gente grande (imagina então se forem duas)“, publicou outra internauta.

Letitia Wright diz que deseja interpretar Shuri em um novo filme da Marvel: “ela tem uma jornada de cura”

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Foto: Annette Brown / Marvel.

Será que veremos o retorno de Shuri em um novo filme da Marvel? Se depender da atriz Letitia Wright, que interpreta a personagem na franquia ‘Pantera Negra’, a reposta é sim. Em nova entrevista para a revista People, a artista demonstrou interese em reprisar seu papel num novo longa-metragem.

“A maneira como terminamos [Wakanda Para Sempre], definitivamente mostra que essa personagem tem uma jornada de cura”, disse Wright. “Ela tem responsabilidades como tia e como alguém que é um dos últimos membros remanescentes da família real. Isso, infelizmente, é apenas algo com o qual ela está lidando”.

Shuri em ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’. Foto: Divulgação / Marvel Studios.

No filme ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’, lançado em novembro do ano passado, Shuri assume a liderança do reino de Wakanda após vivenciar uma série de desafios. A possibilidade de um novo filme da franquia já foi citada pelo diretor Ryan Coogler, mas nenhuma confirmação efetiva foi informada até o momento. Assim como o primeiro ‘Pantera Negra’, de 2018, ‘Wakanda Para Sempre’ se tornou um grande sucesso pelo mundo, arrecadando mais de U$ 850 milhões e rendendo indicações ao Oscar, incluindo a nomeação a ‘Melhor Atriz Coadjuvante’ para Angela Bassett, que interpreta Rainha Ramonda.

Letitia Wright conta ainda que Shuri possui um grande papel nos quadrinhos e que isso pode indicar um retorno da personagem ao mundo do cinemas. “[As] histórias em quadrinhos revelam muito sobre ela”, completa a atriz, que diz ainda possuir uma ótima relação com o elenco. “Eu mando mensagens de texto para [diretor/co-roteirista] Ryan Coogler o tempo todo, entro em contato com ele e sua família. Temos um grande vínculo, um belo vínculo”, disse Wright. “Eu vejo Mama Angela [Bassett] o tempo todo, na temporada de premiações – dando flores a ela, apenas certificando-se de que ela está bem.”

Mulher negra escravizada por desembargador foi listada como funcionária

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Foto: Divulgação/UOL

O desembargador Jorge Luiz de Borba, acusado de manter uma mulher negra em condições análogas à escravidão na sua casa por mais de 30 anos, em Santa Catarina, aparece em uma publicação no Instagram da sua esposa, Ana Cristina, segurando um cartão com agradecimentos feitos a ele na véspera do Dia dos Pais, em 2020, escrito: “De suas funcionárias: Soninha, Nadir, Elisangela, Lucimara”. Sônia é a mulher resgatada pela Polícia Federal. A informação é da reportagem do colunista do UOL, Leonardo Sakamoto.

Quando o caso repercutiu na reportagem do Fantástico no último domingo (11), o desembargador do Tribunal de Justiça de SC se defendeu das acusações, afirmando que tratava a vítima como filha e prometeu que iria adotá-la e incluí-la na herança, mas a postagem contradiz a sua fala.

Foto: Divulgação/UOL

Nos comentários da publicação, o Borba respondeu: “muito gratificante quando tuas funcionárias te homenageiam, agradecendo”. A conta ficou restrita a não seguidores após repercusão da reportagem na TV Globo.

Procurada pela UOL, a assessoria da família Borba disse que a foto não será comentada. “Em respeito às decisões da Justiça, não haverá manifestação enquanto perdurar o sigilo”, afirma.

Entenda o caso

Sônia Maria de Jesus, uma mulher negra de 49 anos, surda e muda, passou mais de 30 anos sendo tratada como escrava na casa do desembargador de SC, Jorge Luiz Borba.

Sônia começou a morar na casa do desembargador ainda nova, com 12/13 anos e logo cedo começou a viver situações precárias e de escravidão moderna. Ela foi privada do direito de se comunicar e nunca aprendeu Libras, a linguagem brasileira de sinais. 

Em sua defesa, o desembargador disse que ama Sônia como se fosse sua própria filha e quando ela precisava de cuidados médicos amigos e a própria filha, que é médica, a atendia. 

Fonte: UOL/Leonardo Sakamoto

“Que a gente tenha a coragem de cultivar todos os dias o amor pelo saber”, destaca Lázaro Ramos durante o Festival LED

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Foto: Reprodução

Com reflexões fundamentais sobre passado, futuro e educação no Brasil, o Festival LED – Luz na Educação iniciou o primeiro dia de evento levantando discussões sobre as “Trajetórias ancestrais: como o passado pode guiar futuros plurais?”, reunindo o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos, a escritora Ana Maria Gonçalves e o ator e escritor Daniel Munduruku para explorar a importância de aprender com nossos ancestrais como forma de moldar futuros desejáveis.

O diálogo, que ocorreu nesta manhã no auditório do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, buscou estabelecer conexões entre as raízes históricas do país e as possibilidades de construir um futuro mais equitativo e inclusivo.

Foto: Maycon Cabral

A escritora Ana Maria Gonçalves, conhecida por suas obras que exploram questões históricas e sociais, trouxe sua visão afiada sobre a importância de resgatar e compreender a trajetória ancestral para construir sociedades mais justas. A escritora falou sobre seu livro “Um defeito de cor”: “Conta também a história oficial do Brasil contada a partir de um ponto de vista que a gente não está acostumada a ler”, disse ela ao destacar a importância de trazer um novo ponto de vista sobre a escravização no Brasil, contando a história a partir do povo negro, diferente do que é contado pelo colonizador e que está nos livros das escolas.

Lázaro Ramos contribuiu com suas experiências e reflexões sobre a representatividade e a valorização das narrativas negras, trazendo à tona a relevância da ancestralidade afro-brasileira na construção de futuros plurais. O ator e diretor pontuou a importância da valorização do saber e dos professores: “Professores, além de necessários, precisam ser valorizados, respeitados e são fundamentais para a construção do projeto de nação”.

Lázaro relembrou sua própria trajetória educacional e deixou um recado importante sobre a importância da educação: “Desejo que a gente tenha a coragem de cultivar todos os dias o amor pelo saber, pela escola, pelos professores, porque nesse ambiente da escola a gente cria memórias que vão durar para sempre”.

Daniel Munduruku, escritor, professor, ator e ativista indígena, trouxe uma perspectiva valiosa sobre a sabedoria ancestral indígena e sua relevância na construção de um futuro mais consciente. “Eu sou um educador de formação e quero ser visto dessa maneira e estou usando as ferramentas possíveis para educar o olhar do meu povo que é o povo brasileiro. Os povos indígenas trazem consigo a sabedoria ancestral, a sabedoria muito antiga, pra antes de nós e para além de nós”, destacou ele.

“O povo indígena que tem milhares de anos de existência nessa terra é um povo criativo. Tão criativo que é capaz de preservar sua vida, sua existência e seu modo de olhar para o mundo sem precisar se autodestruir”, pontuou. “O povo indígena está aí para provocar e dizer, ‘nós somos filhos da terra’ ou não seremos nada”.

A conversa no palco LED Inspira foi um momento de reflexão coletiva sobre como o passado pode ser um guia para a construção de futuros desejáveis. Através da intersecção de perspectivas diversas e da valorização das trajetórias ancestrais, buscou-se iluminar caminhos para uma sociedade mais equitativa, inclusiva e consciente de suas raízes.

“Ela tem toda a certeza da impunidade”, diz Mirtes sobre Sari Corte Real ingressar no curso de medicina

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Foto: Reprodução/Globo e Instagram

Sari Corte Real, condenada pela morte de Miguel Otávio Santana, de cinco anos, foi aprovada em uma faculdade de medicina de Jaboatão dos Guararapes (PE). A ex-primeira-dama de Tamandaré foi sentenciada a oito anos e seis meses de prisão, após a criança cair do 9º andar de um prédio de luxo em Recife (PE) em 2020, mas recorre a sentença em liberdade.

“Ela tem toda a certeza da impunidade. São três anos lutando por justiça pela morte de Miguel e Sari Corte Real vem tocando a sua vida como se nada estivesse acontecendo. Isso é bem difícil para mim. Ainda mais pelo curso que ela vai fazer. Um curso que salva vidas. E ela não teve a capacidade de salvar a vida do meu filho. Ela teve todas as oportunidades nas mãos de fazer e não fez. Isso me deixa muito reflexiva sobre as pessoas que futuramente ela pode atender”, desabafa Mirtes Renata, mãe do menino Miguel que trabalhava como empregada doméstica para Sari, em live realizada no Instagram, nesta quinta-feira (15).

“Até foi postado ela se apresentando no grupo de whatsapp do curso da faculdade, que era o sonho dela de fazer medicina, já que agora os filhos dela estão grandes. Como se ela fosse uma pessoa que a maternidade ocupasse muito o tempo dela. Nunca ocupou porque tinha eu e minha mãe para cuidar dos filhos dela quando ela queria sair. E quando queria ir para festa, também tinha quem ficasse com os filhos dela. É algo que não condiz”, lamenta.

A mãe de Miguel aproveitou a ocasião para atualizar sobre o caso que corre na Justiça contra Sari Corte Real. “No mês de maio [o caso] estava na relatoria, na mão do desembargador relator. Ainda vou procurar saber se eles já terminaram para mandar ao revisor, para depois ser distribuído aos outros desembargadores para ter a votação dos nossos pedidos, da nossa parte e da ré”. 

No dia da morte da criança, em 2 de junho de 2020, Sari Corte Real foi presa em flagrante por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), mas foi liberada após pagar fiança de R$ 20 mil. Apesar da sentença de oito anos e seis meses de prisão, o juiz José Renato Bizerra, da 1ª Vara dos Crimes contra a Criança e do Adolescente de Recife, diz que “não há pedido algum a lhe autorizar a prisão preventiva [de Sari], a sua presunção de inocência segue até trânsito em julgado da decisão sobre o caso nas instâncias superiores em face de recurso, caso ocorra”.

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