Mais um dos grandes nomes internacionais da música virá ao Brasil este ano. O cantor Lenny Kravitz anunciou um show para o dia 23 de novembro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê mundial “Blue Electric Light Tour 2024”.
A turnê é um marco significativo na carreira de Kravitz, com seu 12º álbum de estúdio, Blue Electric Light, lançado em maio, sendo amplamente aclamado. A Associated Press descreveu o álbum como “glorioso… o melhor trabalho do astro do rock em anos”, enquanto a NPR o definiu como “um caleidoscópio de rock vibrante, funk psicodélico, soul suave e muito mais”.
A turnê iniciou na Alemanha no dia 23 de junho, passando por várias cidades da Europa e dos Estados Unidos antes de chegar ao Brasil. Este será o retorno de Kravitz ao país desde sua última apresentação no Lollapalooza em 2019.
Além da música, Kravitz foi homenageado, em 2024, com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood e recebeu o “Prêmio Ícone da Música” no People’s Choice Awards de 2024, além do “Prêmio Ícone da Moda” pelo CFDA (Council of Fashion Designers of America), destacando sua influência tanto na música quanto na moda.
Os ingressos terão pré-venda exclusiva para clientes Santander a partir do dia 21 de junho. Clientes Visa Infinite (Unique, Unlimited, Decolar e Smiles), AMEX (Gold, Platinum e Centurion) e Mastercard Black (Unique, Unlimited e AA) terão acesso à pré-venda a partir das 10h do dia 21 de junho até as 10h do dia 22 de junho. Em seguida, todos os clientes Santander poderão adquirir ingressos do dia 22 de junho, às 10h, até o dia 23 de junho, às 10h. A venda geral começa no dia 24 de junho, às 10h, pelo site da Eventim e na bilheteria oficial a partir das 11h. Clientes Santander também contarão com descontos exclusivos, conforme disponibilidade e condições.
Os fãs brasileiros podem esperar um espetáculo com performances ao vivo que combinam os novos sucessos de Blue Electric Light com clássicos da carreira de Kravitz, consolidando-o como um dos mais dinâmicos artistas do rock contemporâneo.
Kendrick Lamar fez história na noite da última quarta-feira, 19, durante um show no Kia Forum, em Los Angeles, nos Estados Unidos, ao reunir grandes estrelas do rap como Dr. Dre, Tyler The Creator, Roddy Ricch, Ty Dolla $ign e Steve Lacy. A apresentação memorável fez parte do evento “The Pop Out: Ken And Friends”, focando-se na estreia ao vivo da faixa “Not Like Us”, uma resposta direta e explosiva à rivalidade com o canadense Drake.
Com ingressos esgotados instantaneamente após o anúncio no Juneteenth, o show foi um marco na disputa musical entre Lamar e Drake, marcada por trocas de provocações e críticas em músicas recentes. “Not Like Us” representa a mais agressiva dessas respostas, criticando Drake pelo uso de inteligência artificial de vozes de Tupac e Snoop Dogg em sua faixa “Taylor Made Freestyle”.
Ao longo da noite, Lamar apresentou “Not Like Us” cinco vezes, cada performance mais intensa e acompanhada por aplausos entusiasmados do público e das estrelas do rap presentes. A produção de DJ Mustard, que rapidamente se tornou um sucesso de streaming, ganhou nova vida ao vivo com a colaboração de diversos de músicos.
“Vocês não vão deixar ninguém desrespeitar a Costa Oeste, hein?”, provocou Lamar entre as apresentações, recebendo aclamação da plateia. Ele reforçou a mensagem de que o rap da Costa Oeste, com suas raízes autênticas, não toleraria imitações ou desrespeito, referindo-se especificamente às práticas de Drake.
O evento também contou com performances de destaque de Dr. Dre, que se uniu a Lamar para uma versão de “Still DRE”, com Kendrick substituindo Snoop Dogg nos versos. Tyler The Creator trouxe seu hit “Earthquake” ao palco, enquanto Roddy Ricch elevou a energia com “The Box”. Ty Dolla $ign e Steve Lacy também se juntaram a Lamar.
A rivalidade entre Lamar e Drake, que se intensificou desde abril com lançamentos de músicas provocativas de ambos os lados, foi o contexto em que “Not Like Us” surgiu. Drake havia feito insinuações sobre Lamar, acusando-o de se vender e zombando de sua altura, enquanto Lamar retrucou com críticas sobre a previsibilidade da música de Drake e alegações de vícios. “Not Like Us” levou a disputa a novos níveis, com acusações de apropriação cultural e comportamento impróprio, que Drake nega.
O show da última noite consagrou Kendrick Lamar como uma força unificadora e uma voz poderosa contra a diluição da cultura rap. A presença de Dr. Dre, Tyler The Creator e outros reforçou o tema de resistência e solidariedade, deixando claro que a comunidade do rap está firme e unida em torno de Lamar.
No final do show, Lamar fez questão de enfatizar a importância da unidade e da representação verdadeira da cultura rap. “Perdemos muitos manos para essa merda de música, muitos manos para essa merda de rua”, declarou, prometendo mais colaborações e um compromisso contínuo com a integridade do rap da Costa Oeste.
The entire West Coast united on stage for the finale of Kendrick Lamar & Friends The Pop Out pic.twitter.com/9Y36quV8hm
O que Vinicius Jr. representa para a luta do movimento negro? E na luta antirracista contra negros no Brasil e no mundo? Vinicius Jr., brasileiro, carioca, hoje é a principal liderança na luta contra o racismo no mundo. Muita gente sempre esperou que tivéssemos uma liderança como Mohamad Ali, Malcom X, Luther King no Brasil.
Agora temos um jovem negro brasileiro que virou referência mundial. E os negros brasileiros não se deram conta.
Ele acabou com o sentimento de vira-lata, de complexo de inferioridade, e de ser alienado aos problemas de racismo no Brasil. E muitos jogadores de futebol, artistas, mulheres e homens públicos que se acostumaram a condescender, minimizando as dores do racismo, com honrosas exceções como o goleiro Aranha, vivem um novo momento.
O episódio da condenação dos racistas que ofenderam Vinicius Jr. é didático e revolucionário. Representa uma mudança radical pois contrariando a prática comum de que o jogador fizesse uma declaração amena, que colocasse panos quentes sobre o ato de racismo. Ele faz uma declaração de altivez, de orgulho e de luta: “Não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas”.
Uma manifestação que se tornou um grito de guerra inspirado em Zumbi dos Palmares. Os negros deixaram de ser vítimas do racismo e passaram a ser algozes dos racistas.
O que muda com esta atitude?
O movimento negro brasileiro sai vitorioso ao denunciar sistematicamente, ao longo de décadas, o racismo contra negros. Há uma nova perspectiva mais combativa e mais assertiva, sobre o protagonismo dos negros na defesa de seus direitos e respeito a sua dignidade como ser humano.
Uma vitória contra o medo e a solidão de enfrentar o racismo. Esperança de que os racistas sejam punidos. Uma mudança radical em ver a vida e seus sentimentos em relação ao branco.
Alguns dirão que é um caso isolado, e que representa pouco no dia a dia do racismo sofrido por milhões de negros no Brasil. Pode ser que sim. Mas nunca um caso de racismo contra um negro brasileiro teve tanta repercussão mundial como este caso, e com uma reação e um desfecho de condenação de brancos racistas.
Abre-se um novo horizonte.
Uma referência para inspirar a juventude e os homens e mulheres públicas sobre como se manifesta o racismo e como enfrentá-lo. Mudanças ocorrem muito lentamente, mas a explosão de Vinicius Jr. mostra que elas acontecem e nos obrigam a parar e refletir que a luta é justa, contínua e vitoriosa.
A sede da Associação Satélite Prontidão (ASP), em conjunto com diversas organizações negras de abrangência nacional, formou a Central Rede das Redes, uma iniciativa que já atendeu 16.945 pessoas. Essa coalizão doou mais de 10 toneladas de alimentos, centenas de kits de higiene, colchões, roupas e outros itens essenciais para enfrentar as consequências das recentes inundações que afetaram principalmente as populações negras e periféricas de Porto Alegre e outras sete cidades da região metropolitana.
Desde o início da calamidade climática, causada pelas fortes chuvas em abril e maio, a Central tem atuado intensamente. A realidade mostra que as desigualdades raciais e sociais amplificam os impactos das enchentes nas populações negras. Denominado como racismo ambiental, um conceito desenvolvido por Benjamin Franklin Chaves Jr. na década de 1980, que denuncia as injustiças socioambientais sofridas por populações racializadas e pobres, que também afetam comunidades tradicionais e indígenas.
“Na verdade, onde mora a população negra? Está nos morros, nos lugares distantes (como as ilhas), como os lugares sem infraestrutura nenhuma que qualquer chuva que dê é motivo de alagamento”, afirma a Iyalorixá Nara de Oxalá Orumilaia, coordenadora do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos de Matriz Africana, em entrevista à Bruna Crioula para o Brasil de Fato.
Os impactos das enchentes sobre a população negra foram evidentes desde o início. Famílias negras enfrentaram intolerância religiosa em abrigos e muitas não receberam doações institucionais adequadas. A Rede Afroambiental, já ciente da vulnerabilidade dessas comunidades, tem trabalhado para mitigar esses efeitos, mesmo antes das chuvas. “A rede [Afroambiental] já vinha estudando sobre isso. Há muito tempo já sabíamos que alguma coisa iria acontecer e que nós iríamos sofrer uma mudança climática. Infelizmente veio aqui para o Brasil e para o Rio Grande do Sul”, explica Iya Nara.
“Depois de receber as inúmeras denúncias de pessoas que se encontravam nos abrigos, sofrendo hostilidade e preconceito por conta do uso de suas Guias e Torços, entendi que deveríamos acolher todas as pessoas que perderam tudo para que não passassem, além de toda sua dor, por mais violências”, conta a Iya Itanajara de Oxum, coordenadora de finanças do Fonsanpotma e uma das idealizadoras da Central.
O Observatório das Metrópoles de Porto Alegre confirmou que as áreas mais atingidas pelas enchentes são as mais pobres e com alta concentração de população negra, como os bairros Sarandi e Rubem Berta. A Central Rede das Redes, localizada na sede da ASP, foi estabelecida para gerenciar a crise, coordenando a logística e a mobilização de recursos para apoiar essas comunidades.
“Nesse momento, em que a cidade de Porto Alegre e todo o estado passam por momentos difíceis, a ASP não poderia se furtar de associar-se a outras entidades que tratam dos interesses da população negra”, afirma Richard Evandro Guterres Alves, presidente do Clube Social Negro Associação Satélite Prontidão (ASP).
Localizada na sede do Clube Negro Associação, na Rua Alberto Rangel, 538, Rubem Berta Sarandi, a Central Rede das Redes, já ajudou mais de 150 terreiros e 757 famílias. Com funcionamento de segunda a sábado, das 10h às 17h, eles continuam a receber doações monetárias todos os dias até às 16h e de itens prioritários. Confira a lista abaixo:
– água potável em todos os volumes;
– alimentos não perecíveis, proteínas congeladas;
– produtos de higiene pessoal (sabonete, shampoo, condicionador, desodorantes, pasta e escova de dentes, papel higiênico)
– fraldas infantis e geriátricas;
– produtos de limpeza (água sanitária, detergente, sabão em pó, sabão em barra, baldes, vassouras, rodos, panos de chão, esponjas).
As doações estão sendo realizadas para famílias da tradição de matriz africana e comunidades de terreiro nas terças, quintas e sábados das 10h às 17h; e para a comunidade do entorno às segundas, quartas e sextas no mesmo horário.
A Central Rede das Redes é uma articulação entre a Associação Satélite Prontidão (@sateliteprontidao), a Rede Afro Ambiental (@redeafroambiental,) o Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos de Matriz Africana – Fonsanpotma (@fonsanpotma), o Grupo Mulheres de Axé do Brasil (@mulheres.axe.brasil), a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (@renafrosaude) e Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (@acbantu_ndeembwa) para o gerenciamento de crise dos Povos Tradicionais de Matriz Africana e Comunidades de Terreiro.
Com informações da Bruna Crioula no Brasil de Fato*
O cantor Léo Santana questionou o sucesso de algumas músicas que conquistam o topo do Spotify Brasil, principal plataforma em streaming no país. O cantor baiano participou do Brito Podcast e defendeu que os rankings, em alguns casos, não representam a realidade do que é escutado pelo povo nas ruas.
“Eu acho um pouco estranho assim, tem canções que tem batido o número um, mas que eu nunca ouvi, mano. Entendeu o que eu quero dizer? É diferente você ouvir o número um do país, que tá sendo executada de verdade“, declarou Léo Santana.
O artista usou como exemplo de sucesso suas músicas ‘Zona de Perigo’ e ‘Posturado e Calmo’. “Exemplo é ‘Zona de Perigo’, ‘Posturado e Calmo’, que não bateu o top 1, mas ficou ali top 20, tipo assim, mas parecia top 1 no país, que tava todo mundo executando, era samba, era sertanejo, era fazendo a brincadeira do desafio. E Zona de Perigo, foi loucura porque realmente atingiu outra esfera, foi top 10 global. Entende que loucura?“, disse o cantor.
Léo finalizou destacando que os rankings passaram a refletir mais o dinheiro investido que o sucesso. “Não é de merecer, nem desfavorecer o trabalho, mas é porque realmente eu não via. E eu trabalho na rua. Eu vivo nessa parada aqui, eu estou o tempo todo vendo tudo aqui, ouvindo as coisas e tal. Acabou virando uma parada muito mais de dinheiro do que resultado, como eu posso dizer, de povo realmente na rua“, disse o artista.
Para celebrar o Dia do Cinema Brasileiro, nesta quarta-feira, 19 de junho, o Mundo Negro selecionou filmes que exaltam o protagonismo negro e contribuem para a valorização da identidade cultural nacional da comunidade negra, e que marcaram o audiovisual brasileiro pela diversidade, reflexões e indicações a grandes prêmios, disponíveis nas plataforma digitais de streaming ou em exibição nos cinemas.
Veja a lista completa abaixo:
Cidade de Deus
Responsável pela revelação de grandes talentos como Douglas Silva e Leandro Firmino, o filme conta a história de Dadinho (Zé Pequeno) e da comunidade da Cidade de Deus na perspectiva de Buscapé (Alexandre Rodrigues), um jovem que cresceu na região e se tornou fotógrafo. Indicado a quatro Oscars, agora o filme vai ganhar uma série “Cidade de Deus: A Luta Não Para”, que conta com o retorno de uma parte do elenco. A série será lançada no Max (antigo HBO Max) em agosto. O clássico nacional está disponível na Netflix e Telecine.
Marte Um
Apesar de ter ficado fora do Oscar 2023, Marte Um foi muito aclamado pela crítica e recebeu diversos troféus em outras importantes premiações de cinema. O filme traz o cotidiano de uma família periférica, nos últimos meses de 2018, pouco depois das eleições presidenciais. O garoto Deivid (Cícero Lucas), o caçula da família Martins, sonha em ser astrofísico, e participar de uma missão que em 2030 irá colonizar o planeta vermelho. Morando na periferia de um grande centro urbano, não há muitas chances para isso, mas mesmo assim, ele não desiste. Passa horas assistindo vídeos e palestras sobre astronomia na internet. Disponível no Globoplay e Telecine.
Grande Sertão
O filme é uma adaptação da aclamada obra literária “Grande Sertão: Veredas”, escrita por João Guimarães Rosa. O longa-metragem leva para as telas a complexidade e a beleza do sertão mineiro, retratando a saga de Riobaldo e sua jornada de autoconhecimento e enfrentamento com o diabo. Luis Miranda e Mariana Nunes estão entre a estrelas do longa-metragem. Em exibição no cinemas.
Pureza
Baseado em uma história real, Pureza (Dira Paes) é reconhecida internacionalmente pela sua luta contra o trabalho escravo. Em 1993, ela ficou meses sem notícias do filho mais novo, Abel, que estava na Amazônia trabalhando no garimpo. Por três anos, ela descobriu e enfrentou um grande sistema de trabalho precário. O filme está disponível na Telecine e Apple TV+.
Besouro
Com a capoeira ainda probida na década 20, a trama acompanha a história de Besouro (Ailton Carmo), um menino orfão que se transformou em um grandes mestres capoeiristas, que precisa reconhecer as suas fragilidades internas para evoluir e lutar contra injustiças impostas pelo povo negro, em Salvador, Bahia. O longa remete muito à ancestralidade negra, com referências das religiões de matriz africana. Disponível no YouTube.
Vale Night
A comédia brasileira conta a história de Daiana (Gabriela Dias) e Vini (Pedro Ottoni), um jovem casal da periferia paulista que, assim como qualquer outro casal com filho pequeno, sonha com um “vale night” para variar um pouco a rotina. Linn da Quebrada, Yuri Marçal e Tia Má também compõe o elenco. Disponível no Star+.
Ó, Paí Ó 2
Após 15 anos do primeiro filme de Ó, Paí Ó, protagonizado por Lázaro Ramos, agora a sequência volta a acompanhar a rotina de Roque. O cortiço de Joana (Luciana Souza) continua carregado de festas, fofocas e confusões. O bairro se prepara para a festa de Iemanjá, enquanto lida com as polêmicas dos vizinhos. A comédia conta o retorno do grande elenco. Disponível no Prime Video.
Nosso Sonho
Com Lucas Penteado e Juan Paiva como Claudinho e Buchecha, filme conta a história de uma das maiores duplas da música brasileira dos anos 90 e início dos 2000. O longa vai trazer a trajetória dos dois, que começou com uma amizade nas periferias de Niterói, no Rio de Janeiro, as dificuldades até se tornarem grandes nomes da música. A dupla teve um fim trágico com a morte de Claudinho em um acidente de carro, em 2002. Disponível na Telecine.
Um dia com Jerusa
Estrelado por Léa Garcia e Débora Marçal, o filme acompanha a história da sensitiva Silvia, uma jovem pesquisadora de mercado, que enfrenta as agruras do subemprego enquanto aguarda o resultado de um concurso público. Ao mesmo tempo, a graciosa Jerusa, uma senhora de 77 anos, é testemunha ocular do cotidiano vivido no bairro do Bixiga, recheado de memórias ancestrais. Disponível na Netflix.
Foto: Florencia Tan Jun/PxImages/Icon Sportwire/Getty Images.
A Copa América é a principal competição de seleções de futebol da América do Sul, organizada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL). É o torneio de seleções mais antigo do mundo. A edição 2024 da competição começa nesta quinta-feira (20) e possui Vini Jr. como o jogador mais valioso. De acordo com o site especializado Trasnfermarkt, o brasileiro, que também atua como camisa sete do Real Madrid, possui valor de mercado estimado em € 180 milhões, o equivalente a cerca de R$ 1 bilhão de acordo com a cotação atual.
Outros brasileiros também se destacam no ranking. Rodrygo Silva de Goes ocupa a quarta posição, avaliado em € 110 milhões, enquanto Endrick aparece em décimo primeiro lugar, com um valor de € 70 milhões.
Foto: Reuters.
No início do mês de junho, Vini Jr. fez o gol que garantiu a vitória do Real Madrid na final da Champions League. Ele tornou-se o primeiro jogador brasileiro a fazer gols em duas finais diferentes do torneio.
O impacto de Vini Jr. no Real Madrid também chama atenção por sua luta contra o racismo no futebol. “Já fiz tantas denúncias e ninguém é punido, nenhum clube é punido. A cada dia, luto por todos que passam por isso. Se fosse só por mim e pela família, não sei se continuaria. Mas fui escolhido para defender uma causa bem importante e que eu estudo a cada dia para que no futuro meu irmão de cinco anos não passe pelo que estou passando“, declarou o campeão.
Nesta quarta-feira, 19, os norte-americanos celebram o Juneteenth, feriado também conhecido como Dia da Liberdade, que marca a emancipação das pessoas negras que foram escravizadas nos Estados Unidos. Nesse mesmo dia, no ano de 1865, a notícia da emancipação finalmente chegou ao estado do Texas, o último do país a receber a mensagem oficial da abolição da escravidão.
A data, significativa para a população negra dos Estados Unidos, se transformou em uma ocasião pertinente para reunir a comunidade negra de lá em eventos e festivais que celebram a cultura afro em todas as suas potencialidades. No artigo “Reuniões do Juneteenth no Brooklyn existem para ‘Centralizar a Alegria Negra'”, escrito pela jornalista Gina Cherelus para o jornal The New York Times, ela descreve como acontece o ‘The Lay Out’, encontro criado por Emily Anadu para celebrar a ‘alegria negra’ no famoso bairro de Nova York.
Reconhecendo a importância deste feriado, Anadu criou o ‘The Lay Out’, que está em sua quinta edição, para proporcionar uma celebração pública e acessível no Fort Greene Park, no Brooklyn, um bairro com uma rica história na comunidade negra. A ideia do evento surgiu durante um período de protestos em Nova York contra o assassinato de George Floyd, no verão de 2020, quando Anadu presenciou a destruição de um carro da polícia durante uma manifestação. No dia seguinte, ao ajudar na limpeza do parque, ela se deparou com as palavras “Black Lives Matter” escritas nas cinzas.
Essa experiência lhe deu a ideia de criar o evento, que teve sua primeira edição em 7 de junho de 2020 e reuniu 500 pessoas, apenas uma semana após o incidente. Em apenas três dias, Anadu organizou o evento com a ajuda de amigos e divulgação online, com o objetivo de criar um espaço de solidariedade e celebração para a comunidade negra, especialmente em torno do Juneteenth.
O ‘Lay Out rapidamente’ se tornou um dos eventos mais aguardados do verão no Brooklyn, atraindo multidões para uma tarde de música, atividades recreativas e confraternização. Este ano, o evento trouxe uma série de atividades que incluiu oficinas de tênis, mini-jogos de basquete, e uma variedade de negócios de propriedade de negros que ofereceram comidas e produtos locais. Além de ser realizado em diversos parques da cidade.
Anadu enfatiza que o propósito do Lay Out é celebrar a alegria e a resiliência da comunidade negra em torno do Juneteenth, um feriado que simboliza tanto a liberdade quanto a continuidade da luta por direitos civis. “A experiência do contraste entre a dor que muitos sentiam e a normalidade que outros desfrutavam foi desconfortável, mas reafirmou a necessidade de um espaço como o Lay Out”, disse Anadu.
A denúncia contra o genocídio da população negra tem sido uma pauta constante do movimento negro e ainda permanece diante de políticas públicas ineficientes no combate às violências que tiram nossas vidas. De acordo com dados recentes publicados pelo relatório do Atlas da Violência, divulgados na última terça-feira, 18, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os jovens negros somam 73% das vítimas de homicídio no país.
Entre os anos de 2012 e 2022, dos 609.697 mil homicídios registrados, 445.442 das vítimas eram pretos e pardos, contabilizando 73% do total de pessoas mortas no Brasil, sendo mais da metade delas jovens com idades entre 15 e 29 anos. O relatório registra ainda que 111 pessoas negras foram mortas por dia no Brasil, uma soma 2,7 vezes maior do que o registro de pessoas não negras assassinadas no país.
O uso de armas de fogo foi responsável por 81% desses homicídios, resultando na perda de 12,3 milhões de anos de vida. Em segundo e terceiro lugares estão, respectivamente, os homicídios causados por instrumentos perfurantes, como facas, e por objetos contundentes, como, por exemplo, pedaços de madeira.
Violência sexual contra meninas
O relatório também destaca a violência sexual contra meninas de 10 a 14 anos. Em 2022, 49,6% das meninas nessa faixa etária atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por violência foram vítimas de violência sexual, envolvendo abuso de poder para forçar interações sexuais.
Outro dado mostra que a violência contra mulheres varia conforme a idade. Na primeira infância, a negligência é mais comum, cometida por pais ou responsáveis. Entre 10 e 14 anos, a violência sexual é prevalente, com pais e padrastos como principais agressores. De 15 a 69 anos, a violência física predomina, geralmente praticada por parceiros íntimos ou familiares.
A subnotificação de homicídios também é uma questão levantada pelo Atlas da Violência, considerando que 131.562 mortes violentas no período não tiveram a causa básica identificada, sugerindo uma subnotificação de homicídios. Com a inclusão desses casos, o total de homicídios no período subiria para 661.423.
Gabriela Moura, 36, a primeira e única mulher negra brasileira a ser premiada como diretora de criação no Cannes Lions, o “Oscar” da publicidade global, acaba de conquistar um Leão de Bronze em Entretenimento, na edição de 2024. Os vencedores foram revelados nesta segunda-feira, 17 de junho.
O projeto premiado intitulado “A Princesa e a Coroa“, foi lançado em 2023 pela agência Soko, para uma campanha publicitária com a Tiana, do filme “A Princesa e o Sapo“. A primeira princesa negra da Disney soltou o seu cabelo crespo em uma animação curta encantadora, para divulgação de uma linha infantil da Seda. “Queriamos possibilitar que a beleza negra fosse algo naturalizado nas crianças e vivenciado por toda a família”, disse Gabriela, ex-diretora criativa da Soko, em entrevista exclusiva ao Mundo Negro.
Embora seja mais um grande feito na carreira para se orgulhar, Gabriela também compreende que ser a única com este prêmio ainda diz muito sobre uma publicidade composta majoritariamente por homens brancos.
“Quanto mais mulheres negras estiverem à frente de grandes campanhas, mais rica vai ser a comunicação e mais capilarizada serão as mensagens que queremos passar. Porque a famosa frase de Angela Davis dizendo que o sucesso de mulheres negras movimenta toda a estrutura social não é exagero. É o que acontece, literalmente: estamos falando sobre visibilidade, valorização e uma indústria criativa mais inteligente”, destaca.
Atualmente como diretora de conteúdo criativo da agência Talent, Gabriela ganhou o primeiro Leão no ano passado, levando dois bronzes para casa em categorias diferentes.
Leia a entrevista completa abaixo:
1 – Ser a primeira e única diretora de criação negra brasileira a conquistar um Cannes Lions é um grande marco. Qual a sensação de levar um leão por dois anos consecutivos?
É um orgulho imenso ter a oportunidade de realizar esse feito. Cannes é o prêmio de publicidade mais concorrido do mundo, o nosso Oscar. Cada prêmio desse representa o resultado de uma caminhada longa. Todos os meus cases são fruto de muita pesquisa. Mas se eu sou a única mulher negra a conquistar tal feito, em um país onde mais de 56% da população se declara negra, é porque nossa sociedade ainda falha muito com as mulheres negras. Padecemos de falta de oportunidade e somos constantemente coagidas a ter o mesmo comportamento de homens brancos. Nossa cultura é desvalorizada e nossa história é invisibilizada. Isso resulta em uma indústria que ainda é muito auto referente. Quanto mais mulheres negras estiverem à frente de grandes campanhas, mais rica vai ser a comunicação e mais capilarizada serão as mensagens que queremos passar. Porque a famosa frase de Angela Davis dizendo que o sucesso de mulheres negras movimenta toda a estrutura social não é exagero. É o que acontece, literalmente: estamos falando sobre visibilidade, valorização e uma indústria criativa mais inteligente, ou seja, mais rica culturalmente, com mais referências. Pra mim, diversidade é, também, sobre inteligência. Eu preciso me abrir para fora da minha bolha para pensar melhor e, consequentemente, conseguir desenhar soluções para as várias questões da humanidade.
2 – O projeto que levou o prêmio neste ano, A Princesa e a Coroa, é muito representativo para mulheres negras. Como foi a experiência de trabalhar com o processo criativo de uma princesa negra com o cabelo crespo para a marca?
Estamos falando de um tema muito familiar para meninas negras, mas pouco abordado publicamente. Então apesar de muitas vezes essa campanha mexer pessoalmente comigo, o desafio maior foi encontrar o denominador comum de toda uma população de forma respeitosa e não invasiva. Não faz parte do meu estilo de trabalho explorar a dor negra para contar nossa história. Apesar de aspectos dolorosos (como bullying, racismo, etc) serem importantes de serem explicitados, eles não podem nunca serem usados como forma de definir pessoas negras. Por isso, o processo criativo partiu do princípio de que todas as pessoas negras de cabelos crespos já sabem dessa dor em comum e, portanto, nosso papel ali era outro. O foco era a fantasia possibilitada pela personagem Tiana, a primeira princesa negra da Disney. Queriamos possibilitar que a beleza negra fosse algo naturalizado nas crianças e vivenciado por toda a família.
3 – Como tem sido o seu reconhecimento profissional no Cannes Lions nos últimos anos?
A primeira vez que concorri em Cannes foi como redatora do projeto New BIA Responses Against Harassment. O projeto visava debater o assédio sofrido por uma inteligência artificial. Pesquisas apontam que esse problema é comum, porque muitas IAs têm nome e voz feminina, o que leva muitos homens a agirem como agiriam com mulheres reais. Desenvolvemos novas respostas da BIA (a inteligência artificial do Bradesco) para ser contundente contra o assédio e assim realizar, também, uma função educacional. Essa campanha foi finalista em Cannes na categoria Mobile. Mas, a primeira vez que ganhei um leão de Cannes foi no ano passado, mesmo, quando recebi 2 bronzes, um na categoria PR e um na categoria Glass (que tem por finalidade premiar cases com impacto social). O projeto era o Uncomfortable Food, para Stella Artois/Ambev, onde debatemos o machismo na indústria da gastronomia. A ideia nasceu a partir de um problema: a cozinha é um lugar historicamente destinado a mulheres, que tinham como função social – demandada do machismo – servir. Mas, na hora de oferecer reconhecimento para grandes nomes da gastronomia, esse reconhecimento ia todo para chefs homens. Criamos um ecossistema de comunicação para dar créditos às mulheres trabalhadoras dessa área, aumentar sua visibilidade e possibilitar mais acesso à educação para que mais mulheres possam se profissionalizar no mercado.
4 – Como foi receber a notícia do seu primeiro Leão como Diretora Criativa?
Eu recebi essa notícia com um misto de euforia e incredulidade. Pensando em minha própria história, foi fantástico pensar onde eu estava chegando. Eu sou filha de uma mulher negra, ex empregada doméstica, que não teve oportunidades. Quando eu era criança as pessoas diziam que minha mãe deveria me treinar pra eu ser empregada, também. Cannes por tanto tempo parecia tão distante, branca e masculina e, por isso, tão distante. É muito bom ter quebrado esse teto de vidro, mas sei que temos um caminho longo a percorrer até que mulheres negras em Cannes deixe de ser uma novidade e passe a ser parte da cultura da indústria criativa.