As comemorações do dia da consciência negra, celebrado no domingo passado, deixaram alguns “presentes” em algumas cidades. Na capital paulista, uma escultura do Zumbi dos Palmares foi doada ao Museu Afro Brasil. Com 2,2 metros de altura, a obra é uma réplica da que se encontra na Praça da Sé, A doação foi feita para criadora da estátua, a artista plástica Márcia Magno.
A escultura apresenta o líder do Quilombo de Palmares em posição de alerta, portando uma arma de defesa chamada mukwale, símbolo de poder, usada por grandes guerreiros africanos. Para marcar o Dia da Consciência Negra e a inauguração da obra, que agora fará parte do acervo do Museu Afro, dois grupos de maracatus apresentam-se hoje, a partir das 13h, no local: Nação do Maracatu Porto Rico, de Recife, e Maracatu Bloco de Pedra, de São Paulo.
“O Museu Afro Brasil é um espaço de história, arte e memória. Uma obra dessa magnitude, como é a obra da Márcia Magno, é muito importante [para o museu] porque representa um ícone da história negra do Brasil”, diz Emanoel Araújo, diretor da instituição.
O Museu Afro Brasil localiza-se no Parque Ibirapuera, na capital paulista e pode ser visitado de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. A entrada é franca. As duas exposições serão encerradas em abril do próximo ano. formações pelo site do Museu Afro Brasil.
Um filme sobre a espiritualidade, ecologia e conflitos do cotidiano urbano. Jardim das Folhas Sagradas oferece o debate sobre bissexualidade, intolerância religiosa e preconceitos étnicos, ao mesmo tempo em que expõe a intimidade do Candomblé e discute a degradação das áreas verdes nas cidades vitimadas pela especulação imobiliária. O longa já estreiou em algumas cidades e chega à região sudeste neste final de semana.
O que se vê na tela é o resultado de um amplo projeto de pesquisa a respeito da religião afro-brasileira, um olhar revelador da sua intimidade. Parte de um conceito analítico, até crítico, sobre o Candomblé, e revela detalhes de uma crença pouco conhecida além dos círculos da sua existência. É nítida a espiritualidade dos personagens enquanto vivem dramas cotidianos. Aborda, com originalidade, assuntos expostos em O Amuleto de Ogum e Tenda dos Milagres (ambos de Nelson Pereira dos Santos) até Barravento, de Glauber Rocha.
httpv://www.youtube.com/watch?v=ilRLlZzVBno
Segundo Pola Ribeiro, uma das metas do filme é trabalhar acerca do mistério que envolve a cidade de Salvador e o Recôncavo baiano, falar da cultura da sua gente negra que, infelizmente, sempre foi vista e tratada com superficialidade. “Cada gesto, cada som, cada traje, comida, conceito e religião. A convivência com um mundo que se protegia nos seus fundamentos e que era ao mesmo tempo tratado como invisível pela mídia e pela sociedade, aguçava os meus sentidos”, afirma o cineasta.
Jardim das Folhas Sagradas traz no elenco excelentes atores baianos, desde nomes conhecidos como João Miguel (Estômago (2007) e Melhor Ator no Festival do Rio 2005 por Cinema, Aspirinas e Urubus (2005)), aos estreantes no cinema nacional, mas de longa carreira no teatro baiano, a exemplo de Érico Brás (atualmente no quadro fixo do programa Tapas&Beijos, da TV Globo), Harildo Deda e Antônio Godi – que encarna o protagonista da trama. Temos ainda Evelin Buccheger, Sérgio Guedes e experientes atores do Bando de
Teatro Olodum. A surpresa fica por conta das participações especiais das cantoras Mariene de Castro, debutando enquanto atriz, e Virgínia Rodrigues, tida pelo The New York Times como “uma das mais impressionantes cantoras que surgiu no Brasil nos últimos anos”, numa cena particularmente marcante dentro do filme.
Cena do filme O Jardim das Folhas Sagradas"
Contradições e conflitos– Além de ter um ator negro enquanto protagonista, Jardimdas Folhas Sagradas surpreende ao mostrá-lo como um profissional bem sucedido. O ator Antônio Godi vive o bancário Bonfim, casado com Ângela (Evelin Buchegger) – uma mulher branca e de crença evangélica. Bonfim conserva uma relação homossexual com Castro (João Miguel), mas depois de um acontecimento trágico, bombardeado por sonhos místicos e com a vida de cabeça pra baixo, resolve cumprir uma missão recebida no Candomblé: fundar o terreiro Ilê Axé Opô Ewê (Casa das Folhas Sagradas).
O local é afastado da cidade e apesar de estar em área bastante degradada preserva o contato entre natureza e religião. Porém, a segmentação ecológica enfrenta resistência de setores do próprio Candomblé, já que, segundo a tradição, a maioria das sessões é realizada com o sacrifício de animais – aspecto determinante para que o terreiro permaneça protegido pelos orixás – e a desobediência a isto traz consequências funestas. Mas é esta a tradição que o moderno terreiro de Bonfim pretende confrontar.
Por meio de diversos conflitos, Bonfim experimentará o sabor do amor e do desprezo, da amizade e da traição, compartilhando o aprendizado da força e sabedoria ancestrais do Candomblé para a superação dos obstáculos, numa Salvador marcada pela expansão e especulação imobiliárias.
No blog está disponível a tabela de estreias nas cidades brasileiras. A mesma será atualizada à medida que novas praças definirem contrato de exibição.
Serviço
O Jardim das Folhas Sagradas A estréia na região Nordesde foi em 04/11
Estréia na região Sudeste 25/11
Brasil, como também sou um residente desta casa, escrevo-lhe estas linhas pra melhor tentar entender a relação que queremos ter um com o outro. Para que esta mensagem franca faça sentido, gostaria de lhe lembrar, meu bom Brasil (você, que costuma ter a memória curta), sobre como foi que a nossa relação começou:
Eu brincava, integrado à natureza e lépido, nos quintais tórridos daquele bairro chamado “África”, lembra? Sim, a África! Logo alí, depois do “grande rio” chamado Atlântico…
De fato, eu não tinha muitos recursos por ali, mas eu era livre e vivia como sabia; podia olhar os meus pares nos olhos; podia apertar-lhes a mão escura como a minha, abraçá-los, com eles dançar, conviver e dividir com eles fatos e lendas (muitas, muitas!!!) de antepassados comuns.
Mas um dia, sem que eu pedisse ou fosse perguntado e sem que um convite me fosse feito, alguém chegou sorrateiramente em meu quintal e, de forma violenta, com armas de matar, tirou-me de meu chão. Sim, um sequestro… como os muitos que hoje assistimos atônitos e indefesos nos telejornais e novelas do horário nobre.
Alguém me separou de meus familiares, derramou o meu sangue, quebrou os meus ossos, marcou a minha linda pele desde o primeiro dia, há muitos… muitos anos atrás. Depois me acorrentou por todo um oceano e me trouxe para um mundo estranho, para o qual jamais fui perguntado se eu gostaria de sequer visitar.
Aqui chegando (aqui, prezado Brasil, em sua ampla e imensa casa) o flagelo se repetiu: Alguém me açoitou, me subjulgou e desprezou a minha condição humana. Alguém me fez presenciar o urro de meus semelhantes e corrompeu a honra íntima de mulheres com a têz escura como a minha. Alguém me tratou com desdém, me enxotou para os morros, periferias, favelas e “quebradas” perversas deste novo mundo. E quando teve a chance de se redimir, esse alguém fracassou absurdamente: Me negou emprego, me negou escola, me deu migalhas vergonhosas de cidadania…
Prezado Brasil, esse alguém até se esforçou em implantar a idéia de que eu e quem comigo se parecesse seria feio, incapaz e limitado. Mas, mesmo do fundo da mais rústica das senzalas, ou no mais humilde dos barracos, eu jamais me vi assim, meu caro Brasil!
Talvez me faltasse o dom da retórica, mas jamais me vi da maneira como alguns quiseram que eu me enxergasse.
Não sei… pode ser que o espírito dos meus antepassados, mesmo através destes poucos séculos em que por aqui habito, insistissem em rufar nos atabaques astrais, trazendo em seu ritmo africano e eterno a certeza de que na grande aldeia da humanidade, aquele povo de pele escura era exatamente igual a todos os outros povos sentados à grande mesa da vida.
Mas, sabe como é, né, Brasil: A natureza acha o seu próprio caminho e o rio corre para o mar. Esse “alguém” ainda resiste, mas dá sinais de que começa a me respeitar como sou; e eu já aprendi a gostar desse “alguém” há muito tempo!
Às vezes esse alguém tem umas recaídas: não reconhece o meu valor, ignora o suor vertido sobre este chão e que ajudou no erguimento desta casa, desde o alicerce até o último tijolo e finge desconhecer a certeza de que se eu sair a estrutura desmorona.
Mas aprendi a gostar da casa e desse alguém. Afinal moramos juntos desde 1530. E pela reação dos nossos vizinhos, este lugar fica bonito por eu também estar dentro dele. Hoje eu entendo que este lugar não é só meu e só desse alguém!
O pronome correto é o “Nosso”, meu caro Brasil… Brancos, negros, índios e todos os demais seres humanos de qualquer origem que residem neste chão sagrado do hemisfério sul do planeta. Sim! “Nosso País”; um gigante que agora sim desperta para o mundo.
Eu quero e VOU melhorar, Brasil. Vou estudar, trabalhar, me qualificar pra crescer ainda mais, mas que esse alguém delire em argumentos vazios e dê voltas pra me convencer a mudar de idéia e persistir na imagem derrotista que SÓ ESSE ALGUÉM enxerga em mim.
Mas desencane, Brasil, todos os meus êxitos serão meus e seus, porque eu mesmo já desencanei e até dou risadas, da insistência desse alguém em querer propalar que neste lugar os fracassos são só meus. Até porque só esse alguém acredita nisso, ninguém mais.
Bom, Brasil, eu vou ficando por aqui: não me leve a mal, gosto de você. No fundo, és um grandalhão de coração doce. Quando se descobre o seu lado bom (que é o seu traço mais significativo), você impressiona o mundo inteiro!
A gente precisa um do outro, Brasil, e se você me entender melhor, a gente só tem a ganhar.
Deixe-me estudar, crescer, prosperar, pra que cada vez mais pessoas falem bem de nossa casa, e que nos olhem com mais respeito.
Estou aqui para somar e não diminuir…
E pra terminar, meu prezado Brasil, perdoe-me a longa carta, mas ela reflete o nó na garganta e o desabafo contido que queria sair e extravasar, prêso que estava desde aquela tarde ensolarada em que alguém me raptou e me trouxe à força, desde lá além do oceano, pra este lugar… pra nunca mais voltar.
Mas a minha mão está estendida, Brasil: é só esse alguém pegá-la e apertar com energia e respeito. A gente se vê por aí.
Axê!
Assinado:
Durval Arantes
Um cidadão afro-brasileiro
*Durval Arantes é diretor do curso de inglês Ebony English
Há cinco anos consecutivos acontece no mês de novembro – Mês da Consciência Negra – o Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe. O evento tem em sua programação mostra de filmes curtas, médias e longas metragem e seminários.
A 5ª edição será realizada de 24 de novembro a 01 de dezembro e sua programação será apresentada no Cine Odeon(Cinelândia), Centro Cultural da Justiça Federal (Cinelândia) e Espaço Oi Futuro (Ipanema).
Nos 7 dias de evento, a mostra de filmes contará com mais de 50 títulos distribuídos em curtas, médias e longas metragem de diretores brasileiros, africanos e caribenhos. Os cineastas que estarão presentes:
AFRICANOS: Mansour Sora Wade Senegal; Yaba Badoe,Gana; Cheick Omar Sissoko,Mali
CARIBENHOS: Rigoberto Lopes, Cuba e Philipe Judith-Gozlin,Guadalupe
BRASILEIROS: Jeferson De,São Paulo, Leandro Cata Preta,Minas Gerais, Luciano Vidigal,RJ, Janaína Re.Fem,RJ, Ierê Ferreira,RJ, Sabrina Rosa,RJ, Alexandre Rosa,SP, Daniel Leite,RJ, Vavá Carvalho,RJ, Dudu Fagundes,RJ e Zózimo Bulbul,RJ.
A programação contará ainda com filmes de Mahamat Saleh Haroun, Chade, Missa Hebie,Burkina Faso, Beatrix Mugishagwe,Tanzânia, Owel Brown,Costa do Marfim, Souleymane Cissé,Mali entre outros.
A abertura do 5º Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe acontecerá no dia 24 de novembro, às 19h, no Cine Odeon, com a exibição de um curtas metragens “O Céu no Andar de Baixo” de Leandro Cata Preta(MG) e “Vamos fazer um Brinde?” Sabrina Rosa.
Serviço
5º Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe
De 24 de novembro a 01 de dezembro
Locais de Realização:
Cine Odeon – Praça Floriano, 07. Centro,RJ; Exibição de Filmes e Seminários
Centro Cultural da Justiça Federal- Av. Rio Branco, 241.Centro,RJ; Exibição de Filmes e Seminários
Espaço Oi Futuro de Ipanema – Rua Visconde de Pirajá, 54. Exibição de Filmes e Exposição Multimídia Realização: Centro Afro Carioca de Cinema
Há cinco anos consecutivos acontece no mês de novembro – Mês da Consciência Negra – o Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe. O evento tem em sua programação mostra de filmes curtas, médias e longas metragem e seminários.
A 5ª edição será realizada de 24 de novembro a 01 de dezembro e sua programação será apresentada no Cine Odeon(Cinelândia), Centro Cultural da Justiça Federal (Cinelândia) e Espaço Oi Futuro (Ipanema).
Nos 7 dias de evento, a mostra de filmes contará com mais de 50 títulos distribuídos em curtas, médias e longas metragem de diretores brasileiros, africanos e caribenhos. Os cineastas que estarão presentes:
AFRICANOS: Mansour Sora Wade Senegal; Yaba Badoe,Gana; Cheick Omar Sissoko,Mali
CARIBENHOS: Rigoberto Lopes, Cuba e Philipe Judith-Gozlin,Guadalupe
BRASILEIROS: Jeferson De,São Paulo, Leandro Cata Preta,Minas Gerais, Luciano Vidigal,RJ, Janaína Re.Fem,RJ, Ierê Ferreira,RJ, Sabrina Rosa,RJ, Alexandre Rosa,SP, Daniel Leite,RJ, Vavá Carvalho,RJ, Dudu Fagundes,RJ e Zózimo Bulbul,RJ.
A programação contará ainda com filmes de Mahamat Saleh Haroun, Chade, Missa Hebie,Burkina Faso, Beatrix Mugishagwe,Tanzânia, Owel Brown,Costa do Marfim, Souleymane Cissé,Mali entre outros.
A abertura do 5º Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe acontecerá no dia 24 de novembro, às 19h, no Cine Odeon, com a exibição de um curtas metragens “O Céu no Andar de Baixo” de Leandro Cata Preta(MG) e “Vamos fazer um Brinde?” Sabrina Rosa.
Serviço
5º Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe
De 24 de novembro a 01 de dezembro
Locais de Realização:
Cine Odeon – Praça Floriano, 07. Centro,RJ; Exibição de Filmes e Seminários
Centro Cultural da Justiça Federal- Av. Rio Branco, 241.Centro,RJ; Exibição de Filmes e Seminários
Espaço Oi Futuro de Ipanema – Rua Visconde de Pirajá, 54. Exibição de Filmes e Exposição Multimídia Realização: Centro Afro Carioca de Cinema
Uma costureira afroamericana de baixa estatura que escondia um olhar doce e amável por detrás dos grandes óculos entrou para história em um ônibus a caminho de casa.
No dia 1º de dezembro, de 1955, Rosa Louise McCauley Parks, com então 42 anos, estava sentada dentro de um ônibus de Montgomery, nos anos 50, em plena época de segregação racial nos EUA e foi intimada a levantar para dar lugar a um passageiro branco. “Quando ele (motorista de ônibus) me viu ainda sentada, perguntou-me se eu ia levantar-me e eu disse não, eu não vou. Ele então afirmou que chamaria a polícia para me prender, eu disse que ele poderia fazer isso”, relata a própria Parks em sua autobiografia.
Rosa Parks: A mãe dos direitos civis
Durante uma entrevista em 1992, Parks tentou explicar seu ato: “Meus pés estavam doendo, e eu não sei bem a causa pela qual me recusei a levantar. Mas creio que a verdadeira razão foi que eu senti que tinha o direito de ser tratada de forma igual a qualquer outro passageiro. Nós já havíamos suportado aquele tipo de tratamento durante muito tempo”. Ela gostava de esclarecer que seu cansaço não era físico. Ela estava exausta em sempre ter que ceder, de ser tratada como cidadã de segunda classe.
Rosa Parks é um dos grandes nomes na luta dos direitos civis. Ela foi contra a lei que estabelecia a prioridade dos assentos para brancos desafiando “o sistema” por sua conta e risco, muito antes desse termo virar moda e pagou muito caro por isso. Foi presa, humilhada na prisão e multada. Ela e seu marido perderam o emprego e eram constantemente vítimas de insultos e até cusparadas em locais públicos. A privacidade de toda sua família foi comprometida. As ameaças de morte eram constantes, o que fez com que ela tivesse que se mudar para Detroit algum tempo depois.
Parks na delegacia: humilhada e demitida depois de sair da cadeira
Sua prisão provocou um boicote de 381 dias contra as companhias de ônibus locais, liderado por um então desconhecido pastor, o Reverendo Martin Luther King, que nos anos seguintes liderou o movimento pela igualdade de direitos civis. O ato ganhou repercussão internacional inspirando boicotes em outros países, como África do Sul.
Rosa Parks nasceu em Tuskegee, no dia 4 de fevereiro de 1913 e morreu em Detroit, em 24 de outubro de 2005, de morte natural. Antes e depois da sua morte ela foi reconhecida com vários prêmios, medalhas, livros e filmes.
Essa Rosa então solitária, se tornou a mãe dos direitos civis. Não há como negar que o preconceito e o racismo ainda são alarmantes em pleno século XXI, mas essa senhora de sorriso largo e voz baixa, não se calou, não se acomodou e deu visibilidade ao modo perverso que os negros eram tratados dentro e fora dos EUA. E como ela mesma diz, tudo que ela queria, era apenas voltar para casa.
"Quero ser livre para que os outros também sejam"
Frases de Rosa Parks
“Gostaria de ser lembrada como uma pessoa que queria ser livre, para que os outros também fossem livres”.
“Estava cansada de ser tratada como uma cidadã de segunda classe”
“Cada pessoa deve viver sua vida como exemplo para os outros.”
“Eu nunca imaginei que fosse se tornar em tudo isso. Era um dia qualquer que só ganhou significado graças ao grande número de pessoas que se juntaram a mim”
Pensar em processo seletivo para vaga de emprego representa tensão, nervosismo, ansiedade e surpresas para a maioria das pessoas, e pra quem quer concorrer a uma vaga como trainee então, este misto de sentimentos se multiplicam. Mas, acredito que o segredo é se preparar para este momento profissional que pode ser decisivo para um futuro de sucesso e principalmente, para sua carreira.
Imagine que, como afrodescendente, você já chama a atenção frente aos demais candidatos pela cor da pele (isso se você não for o único na seleção), portanto, use a exclusividade e o destaque a seu favor.
Veja algumas dicas que acredito que vão te ajudar a se destacar nesse desafio:
– Antes de ir à empresa, conheça muito bem o seu conteúdo: leia o site, informe-se sobre concorrentes, segmento de atuação e posicionamento no mercado;
– Muito cuidado com sua apresentação pessoal: combine roupas de acordo com a filosofia da empresa, a maioria é muito formal. Homens: terno e gravata, mulheres: terninho com calça. Essas opções contribuem para a escolha adequada da vestimenta. Outro cuidado imprescindível é com os cabelos, unhas e hálito! (No caso das mulheres, a maquiagem) todo esse conjunto tem que mostrar harmonia, sobriedade, cuidado e apreço! Ou seja, você tem que estar muito bem alinhado!
– Durante o processo: apresente-se de forma firme, objetiva e sucinta! Demonstre iniciativa, vontade, garra e determinação por meio de suas atitudes: seja o primeiro a ter iniciativa nas atividades propostas, a se colocar na dinâmica de grupo, o líder na execução do que for acordado em grupo e tenha um português impecável na redação escrita! Lembre-se, confiança em si mesmo é um grande diferencial!
– Esteja preparado para falar da sua vida pessoal, das suas escolhas em relação ao curso, faculdade, qualidades pessoais, características a melhorar e projetos de futuro. Procure alinhar seu discurso à cultura e objetivos da empresa a qual está se candidatando.
E tenha em mente que é possível sim, ser aprovado e fazer parte das estatísticas de sucesso no mercado de trabalho que nos discrimina, mas que nos inclui quando nossa competência e talento são aflorados por estarmos nos lugares certos com a motivação certa!
Boa sorte e sucesso!
* Patrícia Santos de Jesus é profissional da área de Recursos Humanos desde 2000. Possui experiência em recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento de pessoas em consultorias especializadas e empresas de grande porte. É MBA em Administração, pós-graduada em Recursos Humanos pela USP e graduada em Pedagogia. É idealizadora do EmpregueAfro – Empregabilidade Para Afrodescendentes – www.empregueafro.com.br –
O Ebony English é um curso de inglês muito diferente do que vemos no mercado. Como o próprio nome diz, as aulas são ministradas tendo como base a cultura negra universal.
Se você ficou interessado, eles darão uma aula gratuita no próximo sábado, dia 26, em São Paulo das 10 as 13h, na Casa da Preta. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 11-3715-0033 ou e-mail: atendimento@ebonyenglish.com.br.
Serviço: Ebony English Open Class
Sábado, 26 de Novembro de 2011
Hora: 10:00 até 13:00
Onde:Casa da Preta, Rua Inacio Pereira da Rocha,293, São Paulo, Brazil
Três anos após a criação do Cadastro Nacional de Adoção, as crianças negras ainda são preteridas por famílias que desejam adotar um filho. A adoção inter-racial continua sendo um tabu: das 26 mil famílias que aguardam na fila da adoção, mais de um terço aceita apenas crianças brancas. Enquanto isso, as crianças negras (pretas e pardas) são mais da metade das que estão aptas para serem adotadas e aguardam por uma família.
Apesar das campanhas promovidas por entidades e governos sobre a necessidade de se ampliar o perfil da criança procurada, o supervisor da 1ª Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal, Walter Gomes, diz que houve pouco avanço. “O que verificamos no dia a dia é que as família continuam apresentando enorme resistência [à adoção de crianças negras]. A questão da cor ainda continua sendo um obstáculo de difícil desconstrução.”
Hoje no Distrito Federal há 51 crianças negras habilitadas para adoção, todas com mais de 5 anos. Entre as 410 famílias que aguardam na fila, apenas 17 admitem uma criança com esse perfil. Permanece o padrão que busca recém-nascidos de cor branca e sem irmãos. Segundo Gomes, o principal argumento das famílias para rejeitar a adoção de negros é a possibilidade de que eles venham a sofrer preconceito pela diferença da cor da pele.
“Mas esse argumento é de natureza projetiva, ou seja, são famílias que já carregam o preconceito, e esse é um argumento que não se mantém diante de uma análise bem objetiva”, defende Gomes. O tempo de espera na fila da adoção por uma criança com o perfil “clássico” é em média de oito anos. Se os pretendentes aceitaram crianças negras, com irmãos e mais velhas, o prazo pode cair para três meses, informa.
Há cinco anos, a advogada Mirian Andrade Veloso se tornou mãe de Camille, uma menina negra que hoje está com 7 anos. Mirian, que tem 38 anos, cabelos loiros e olhos claros, conta que na rotina das duas a cor da pele é apenas um “detalhe”. Lembra-se apenas de um episódio em que a menina foi questionada por uma pessoa se era mesmo filha de Mirian, em função da diferença física entre as duas.
“Isso [o medo do preconceito] é um problema de quem ainda não adotou e tem essa visão. Não existe problema real nessa questão, o problema está no pré-conceito daquela situação que a gente não viveu. Essas experiências podem existir, mas são muito pouco perto do bônus”, afirma a advogada.
Hoje, Mirian e o marido têm a guarda de outra menina de 13 anos, irmã de Camille, e desistiram da idéia de terem filhos biológicos. “É uma pena as pessoas colocarem restrições para adotar uma criança porque quem fica esperando para escolher está perdendo, deixando de ser feliz.”
Para Walter Gomes, é necessário um trabalho de sensibilização das famílias para que aumente o número de adoções inter-raciais. “O racismo, no nosso dia a dia, é verificado nos comportamentos, nas atitudes. No contexto da adoção não tem como você lutar para que esse preconceito seja dissolvido, se não for por meio da afirmatividade afetiva. No universo do amor, não existe diferença, não existe cor. O amor, quando existe de verdade nas relações, acaba por erradicar tudo que é contrário à cidadania”, ressalta.
A expressão “orgulho de ser negro” foi abolida do vocabulário de muitas pessoas por medo do preconceito. Com o passar do tempo, porém, o resgate cultural fez com que os negros assumissem a “negritude” na maneira de ser. Cada vez mais difundida entre os jovens brasileiros, a cultura afro está presente no visual, nas preferência musicais, nos estudos e na religião.
Por influência da mãe, o motoboy Calleb Augusto do Nascimento, de 22 anos, começou a se engajar no movimento negro há quatro anos. O conhecimento do mundo afro fez com que o rapaz mudasse seu estilo e assumisse suas preferências musicais, no caso, o reggae. “Fiz o rasta [penteado característico dos apreciadores do reggae] para me diferenciar, quis mostrar meu estilo black. Se você for ver, 80% dos homens negros têm cabelo rapado. Eu sou o único entre os meus amigos [que tem esse visual]”. Para ele, o negro está conseguindo conquistar o seu espaço, pois está mais “desinibido para isso”.
Cada vez mais, os jovens estão se identificando com a cultura negra. Prova disso são os dados do Censo 2010, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando que os jovens brasileiros entre 15 e 24 anos se declaram pretos e pardos mais do que os adultos. De 34 milhões de jovens nessa faixa de idade, 18,5 milhões se autodeclararam pretos e pardos. Dentre os adultos, 54 milhões dos 107 milhões dessa faixa etária (25 a 59 anos) se disseram pretos ou pardos.
De acordo com o sociólogo e professor do Decanato de Extensão Universitária da Universidade de Brasília (UnB) Ivair Augusto Alves dos Santos, o movimento de resgate cultural negro começou na década de 1950. “Em 1970, a mudança foi física, ou seja, na aparência, com o movimento Black Power. Na década de 2000, a mudança é política e envolve o debate de ações afirmativas.”
Santos atribui esse movimento impulsionado pela juventude às transformações tecnológicas, uma vez que os jovens negros de hoje têm mais possibilidades. “Se compararmos as possibilidades, vemos que são maiores. Você tem grupos de música que conseguem atingir grandes massas, tem mais informações também.”
A cabeleireira Rosemeire de Oliveira, de 32 anos, aponta uma mudança de mentalidade no país, lembrando que, antigamente, ninguém falava sobre “o que é ser negro”. Ela trabalha em um salão afro de Brasília há 12 anos. A maioria dos clientes, segundo ela, são os jovens. “Teve uma época que ser negro era moda. Agora, os negros realmente estão se assumindo e aprendendo a se gostar mais.”
A trança de raiz é o penteado mais popular no salão de Rosemeire. embora também haja procura por alisamento. “Tem gente que alisa o cabelo porque gosta, mas tem outras que o fazem porque o trabalho impõe ou para se sentirem mais iguais às outras pessoas. Essas ainda não se assumiram”, disse a cabeleireira.
Cliente de Rosemeire desde criança, a estudante Brenda Araújo Soares Alexandrino de Souza, de 14 anos, usa tranças no cabelo desde os 3 anos. “Tinha cabelo volumoso e minha mãe fazia as tranças. Minhas amigas gostam, admiram e estão pensando em fazer.”
A adolescente, que faz aniversário hoje (20), Dia da Consciência Negra, acredita que as pessoas estão se identificando mais com a cultura. “Antigamente, não tinham coragem de se mostrar por causa do preconceito. Eu não tenho medo disso.”
O percussionista baiano Ubiratã Jesus do Nascimento, de 40 anos, conhecido como Biradjham, cresceu envolvido com a cultura negra. Há 25 anos trabalha com música e já tocou com bandas famosas da Bahia.
Adepto do candomblé, Biradjham diz que os negros têm mais liberdade atualmente. “O movimento está mais forte. A mudança cultural vem de muito tempo, mas hoje tem mais força”.
Fonte: AB