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As políticas de saúde da população negra nas eleições municipais

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Foto: Reprodução/Freepik

As eleições representam um dos momentos mais importantes da democracia. É a hora de escolhermos o prefeito e os vereadores que irão decidir sobre a gestão dos municípios. Um dos temas mais importantes que deveriam ser abordados é sobre o racismo institucional que constrói diariamente barreiras e abismos entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a população negra, o que resulta em piores condições de saúde e uma histórica vulnerabilidade social.

As péssimas condições de vida impostas à população negra nas cidades limitam e criam obstáculos no acesso aos serviços de saúde. A luta do movimento negro por décadas levou o Estado brasileiro a reconhecer que o racismo é um determinante social da saúde, e como todos os determinantes sociais, é um problema político, e problemas políticos dessa natureza devem ser resolvidos por meio de políticas públicas adequadas e específicas.

No dia 13 de maio de 2009 foi instituída a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, por meio da Portaria 992. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) representa um importante marco na história da saúde pública nacional, ao reconhecer o racismo como um determinante social que impacta a saúde dos brasileiros.

Segundo dados do Primeiro Boletim Epidemiológico, de outubro de 2023, elaborado pela Ministério da Saúde:

“Em 2018, 1.550 (27,8%) localidades declararam ter incluído em seus planos municipais de saúde ações previstas na PNSIPN. Em 2021, esse número subiu para 1.781 (32%), um pequeno aumento de menos de cinco pontos percentuais (p.p.). Porém, apenas 686 localidades deram continuidade à política de 2018 para 2021. Ou seja, somente 12,3% dos municípios brasileiros declararam possuir ações da PNSIPN em ambos os anos dos inquéritos do IBGE. Isso revela que não apenas a adoção, mas também a manutenção das ações da PNSIPN ainda são incipientes”.

Este dado revela a necessidade de nos mobilizarmos durante o processo eleitoral para exigir de nossos candidatos a vereadores e prefeitos o compromisso de efetivação da Política Nacional da Saúde Integral da População Negra, comprometendo-se na elaboração de Planos Municipais de Saúde que tenham orçamentos, cursos de formação de todos os profissionais e criação de instâncias especificas para gestão de políticas voltadas para a população negra.

Na maior cidade do país, São Paulo, só dois candidatos: Tabata e Boulos, definiram propostas de políticas voltadas para a questão de gênero e raça. Vamos debater com todos os candidatos a prefeitos e vereadores para que as gestões municipais incorporem, em seus planos municipais de saúde, ações da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, criando instâncias, projetos e programas voltados para esta população.

É preciso promover acesso à saúde mental e inteligência emocional para pessoas negras 

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Foto: Freepik

Texto: Rachel Maia

A escassez, a falta de acesso à informação, a bens de consumo, a segurança alimentar, e a estigmatização de pessoas negras – que precisam enfrentar o racismo já na infância tem relevância significativa nos dados que apontam o atual cenário de saúde mental no Brasil, onde pretos e pardos são maioria.

Conforme conteúdo publicado no site do Instituto Cactus, na série, Saúde Mental é Todo Dia, há um trecho que diz: “Mesmo que o sofrimento psíquico seja comum a todas as pessoas, os impactos são diferentes porque quando falamos em saúde mental precisamos considerar os determinantes sociais que atravessam o tema”. 

Em novembro de 2023 o Ministério da Saúde realizou um evento com foco na saúde mental da população negra, quilombola e indígena. Tendo como um dos temas a obrigatoriedade do quesito raça/cor, – dentro dos padrões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e o conceito de interseccionalidade para o avanço e estratégias de combate ao racismo que é fator determinante para a saúde mental da população negra. 

Quando ouço o relato de pessoas que se depararam com questões de raça porque foram apresentadas a elas de maneira excludente, me vem à mente o quanto poderíamos ter avançado se ao invés de problematizar nossas diferenças as potencializássemos. Sigo compartilhando com vocês a minha trajetória de diversas maneiras, em palestras, artigos, e em meu livro, Meu Caminho Até a Cadeira Número 1, e tenham certeza, nada me deixa mais feliz do que ter a oportunidade de relatar a vocês que nossas dores não nos definem. 

Mas, hoje, quero ressaltar o quanto é importante nos mantermos saudável físico, emocionalmente e mentalmente, para que as adversidades (que para pessoas negras ainda têm um peso significativo) não nos impeçam de seguir, pois não se trata apenas das nossas práticas. Fatores biológicos, psicológicos e sociais, interferem no resultado da nossa saúde mental, e por isso, precisamos ficar atentos, e discutir sobre o tema. 

Conforme pesquisa realizada pela, Associação Médica Brasileira (AMB) um a cada seis pessoas fazem uso de medicamentos para tratar algum tipo de condição mental e apenas 5,1% têm acesso à psicoterapia – que é realizado como tratamento inicial as questões de adoecimento mental. O tratamento humanizado, tal qual, o acesso a profissionais especializados é algo distante da realidade financeira, e de conhecimento da população,  principalmente das pessoas negras.  

É importante ressaltar que ainda existem tabus ao que está relacionado à saúde mental na sociedade e que este fator também colabora para o não diagnóstico precoce, o que dificulta a compreensão e tratamento adequado. Outro fator relevante é o fato de não haver dados precisos, pois os tabus distanciam a sociedade do tema, e a saúde pública ainda não atende a demanda para promover a prevenção com foco em tratamentos terapêuticos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) quase 10% da população brasileira está lidando com transtorno de ansiedade que é considerado um dos principais vilões, e porta de acesso para outros transtornos. Estamos finalizando o mês de setembro que desde 2015 foi intitulado de Setembro Amarelo, que corresponde à campanha brasileira de prevenção ao suicídio. E, quero ressaltar aqui, que você não está sozinho. Ligando 188, que é gratuito, e funciona 24 horas, durante todo o ano, você pode conversar com um voluntário e receber ajuda. 

Priorizar a saúde e equilibrar as emoções são ferramentas necessárias para alcançar os objetivos profissionais e de vida. Faz parte do processo para as escaladas da vida e nos tornam mais fortes e preparados. O autoconhecimento é algo fundamental para o bom convívio tanto no meio social como no ambiente de trabalho e, de igual relevância para que possamos seguir saudáveis e com foco no que realmente importa. Cuidem-se!

Com programação cultural e caminhada, Curitiba recebe 9ª edição da Marcha do Orgulho Crespo

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Fotos: Divulgação/Assessoria

No próximo dia 9 de novembro, Curitiba será palco da 9ª edição da Marcha do Orgulho Crespo, evento que desde 2016 promove a conscientização sobre o racismo estético e reforça o orgulho da identidade negra. Inspirada no movimento que teve início em São Paulo em 2015, a marcha curitibana, que terá início às 9h, na Praça Santos Andrade, tem como objetivo educar a sociedade sobre a discriminação racial, com foco na valorização dos cabelos crespos e cacheados.

O evento deste ano ganha um significado ainda maior, com a oficialização da marcha no calendário municipal para o dia 12 de novembro, graças à lei nº 12.555/2023, proposta pela vereadora Carol Dartora. A marcha surgiu após um episódio de racismo sofrido pela cantora e ativista Michele Mara, em 2016, e desde então tem sido um marco de resistência e empoderamento estético para a população negra de Curitiba.

Com uma programação repleta de atividades culturais e rodas de conversa, o evento visa fortalecer a autoestima da população negra e combater a pressão por padrões estéticos eurocêntricos. A 9ª edição da marcha contará com oficinas de penteados afro, apresentações teatrais e musicais, além de uma caminhada que simboliza tanto um ato de protesto quanto uma celebração da negritude.

Para Michele Mara, uma das líderes do movimento, o evento simboliza o resgate de histórias de luta e ancestralidade. “Cada pessoa negra que assume seu cabelo crespo está resgatando uma história de luta, orgulho e ancestralidade. Neste ano, com a marcha oficializada no calendário da cidade, reafirmamos que o nosso cabelo, a nossa cultura e a nossa identidade têm lugar, voz e poder em Curitiba”, destaca a cantora.

Programação completa

9ª Marcha do Orgulho Crespo de Curitiba
Manhã – 09 de novembro de 2024
9h às 12h: Abertura ao público com oficinas de penteados afro, contação de histórias e encontro de mães negras. No palco da Praça Santos Andrade, haverá uma apresentação de teatro afro-infantil, e o serviço de penteados continuará na tenda.

Atividades culturais: intercâmbio entre migrantes africanas e mulheres negras brasileiras.
Atividades infantis, rodas de conversa e oficinas de dança.

12h30 às 13h30: Lanche coletivo no pátio da UFPR para integração entre os participantes.
Tarde – Caminhada e Atos Culturais
13h30: Concentração da Marcha na Boca Maldita com o Bloco Afro Pretinhosidade.

14h: Início da caminhada, passando pela Rua XV de Novembro e terminando na Praça Santos Andrade, UFPR. A caminhada é um ato de protesto e celebração, convidando toda a sociedade a participar e fortalecer a luta antirracista.

Tarde/Noite – Apresentações Culturais
15h15 às 22h: Shows no palco da Praça Santos Andrade, com apresentações de:
MUV e Michele Mara
Dharma Jazz e Kimera
Bloco Afro Pretinhosidade (Cortejo e show)
Grupo Baquetá
Maíra Carvalho
Janine Mathias
Soul Ébano

Moda inclusiva transforma vidas e dá voz a pessoas com deficiência

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Foto: Divulgação

Para ser inclusiva a moda deve atender todos os públicos, respeitando a diversidade de corpos, tamanhos e não impondo limites ou barreiras às possibilidades de produzir roupas que sejam confortáveis e que proporcionem bem-estar para quem usa.

Em 2017, um incômodo observacional transformou a trajetória de Grace Santos, então empregada CLT, que passou a notar a ausência de representatividade de corpos diversos, especialmente de pessoas com deficiência, no cenário da moda. Esse desconforto foi o ponto de partida para a criação da Encantiê Concept Br, marca que desde então se dedica a produzir roupas inclusivas, pensadas especialmente para pessoas com deficiência.

Além da produção de peças adaptadas, a Encantiê Concept Br tem como princípio inserir pessoas com deficiência em todo o processo, desde a criação até a fotografia e edição de campanhas. “Quando mostro um corpo com deficiência para o mundo, estou mostrando que quem fotografou ou editou foi uma pessoa com deficiência. Isso é importante para criar oportunidades que vão além das passarelas e fotos comerciais”, pontua Santos.

Grace acredita que a moda inclusiva impacta diretamente a autoestima e confiança de pessoas com deficiência, proporcionando-lhes voz e visibilidade em um movimento ainda segregado, mas em expansão. Quanto ao futuro da moda inclusiva, ela é otimista, apesar de reconhecer que grandes mudanças estruturais podem demorar a acontecer. “Já tivemos avanços, com pessoas com deficiência em campanhas e passarelas, mas ainda é necessário inserir o Braille, QR codes e outras adaptações nas roupas de varejo e em produtos físicos.”

A fundadora da Encantiê Concept Br  lembra como deu os primeiros passos para criar sua empresa e empreender por meio da moda inclusiva: “Eu não sabia costurar, fazer croquis, nem mesmo como conduzir uma marca, mas sabia que precisava começar pelas pessoas”, afirma Grace. Seu primeiro desafio foi conquistar a confiança de pessoas com deficiência, aproximando-se de suas realidades e entendendo melhor suas necessidades. A partir daí, começou a jornada de fundar e gerir uma marca de moda inclusiva, enfrentando obstáculos como os altos custos de produção. Para superar essa barreira, Grace aprendeu a costurar, o que permitiu reduzir despesas e, consequentemente, o preço final dos produtos.

Ela ressalta que, mesmo operando com recursos limitados, a marca desempenha um papel fundamental ao abrir portas para outras empresas reconhecerem e desenvolverem talentos com deficiência. “Eu faço o que posso com o que tenho, mas faço”, conclui.

A iniciativa de Grace Santos reflete um avanço no campo da moda inclusiva, ainda em fase de crescimento no Brasil, mas com potencial de promover transformações significativas na vida de muitas pessoas.

Esse conteúdo é fruto de uma parceria entre Mundo Negro e Instituto C&A.

“Um Brasil sem discriminações e sem miséria”, diz nova ministra dos Direitos Humanos em cerimônia no Planalto

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em cerimônia realizada na última, 27, no Palácio do Planalto, em Brasília, a nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, assumiu oficialmente o cargo com um discurso que destacou a defesa de um Brasil sem discriminações, fome e miséria. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e das outras cinco ministras de seu governo, Evaristo ressaltou o desafio de desmistificar o que são os Direitos Humanos e tornar a pauta central no país.

“É fundamental que se compreenda que Direitos Humanos são direitos de todos, e que sua garantia é condição para um país mais justo e igualitário”, afirmou a ministra, que reforçou seu compromisso com o combate à desigualdade social e ao racismo.

Mineira da cidade de São Gonçalo do Pará, Macaé Evaristo é professora, assistente social e ativista pelos direitos humanos e a luta antirracista. Ela se tornou a primeira mulher negra a ocupar o cargo de secretária de Educação de Belo Horizonte, entre 2005 e 2012, e do estado de Minas Gerais, de 2015 a 2018. Em âmbito federal, atuou como secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação, durante o governo Dilma Rousseff.

Evaristo, que é formada em Serviço Social e possui mestrado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também realiza seu doutorado em educação, atualmente está licenciada do cargo de deputada estadual em Minas Gerais.

Nomeada ministra dos Direitos Humanos há pouco mais de duas semanas, Macaé substitui Silvio de Almeida, exonerado no dia 6 de setembro após denúncias de assédio moral e sexual. Almeida nega as acusações, que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, que abriu um procedimento preliminar para apurar o caso.

A posse da nova ministra reforça o compromisso do governo Lula com uma agenda focada na promoção da igualdade de direitos e na inclusão social, em um contexto de intensificação dos esforços para reduzir as desigualdades no país.

“Reconhecer Seu Valor”: Powerlist do Mundo Negro exalta a força e a liderança de mulheres negras em cerimônia

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“Se poder é bom, eu também quero”. A frase, dita pela TEDx Speaker, Conselheira e Colunista de Carreira e Negócios no Mundo Negro, Sauanne Bispo, durante a cerimônia de premiação da Powerlist Mulheres Negras Mudam Histórias, que aconteceu em São Paulo na tarde desta sexta-feira, 27, reflete a importância do evento e das trajetórias inspiradoras compartilhadas pelas 10 mulheres negras reconhecidas por suas histórias de sucesso na carreira e como estão transformando a realidade ao seu redor.

Comandada pela jornalista Silvia Nascimento, CEO e fundadora do site Mundo Negro, a agenda do dia contou com um talk que reuniu as colunistas do veículo, Viviane Elias Moreira, Sauanne Bispo e Kelly Baptista, que destacaram a importância do apoio de outras mulheres negras em suas trajetórias e a necessidade de se fortalecer: “Não é só questão financeira. É sobre entender que você é digna de ter em qualquer esfera”, ressaltou Sauanne, que teve sua fala corroborada por Kelly Baptista, que reconheceu a importância da mulher negra “reconhecer seu valor”.

Ponto alto do dia, a entrega do prêmio às mulheres negras contou com representantes das empresas apoiadoras do evento, Márcia Silveira e Luana Tomaz, que atuam na L’Oréal Paris, L’Oréal Group, além de Carol Garrido e Thayná Nascimento, da Ambev. A Fenty Beauty, marca de maquiagem exclusiva de Rihanna, também foi uma das apoiadoras da premiação.

“Cada uma delas representa o poder da nossa comunidade, a força da mulher negra, e a importância de estarmos em espaços onde, por muito tempo, não fomos vistas ou reconhecidas”, apontou a Silvia Nascimento.

Homenageadas, a dermatologista Camila Rosa, a empreendedora e comunicadora Bárbara Brito, a atriz, influenciadora e ativista Gabriela Loran, a executiva tech, professora e designer de futuros Grazi Mendes, a especialista em inclusão e diversidade na área de Beleza, Marcele Gianmarino, a especialista em Recursos Humanos, Íris Barbosa, a diretora global de tecnologia de soluções de negócios da Vale, Vânia Neves, a empreendedora e investidora Camila Farani, a diretora de Marketing da Globo, Samantha Almeida e Andreza Rocha, CEO da AfOya fizeram discursos que emocionaram as demais convidadas presentes ao compartilharem detalhes de suas trajetórias.

“Todo prêmio que a gente recebe nunca é só nosso. Isso aqui não é só meu. São de todas as que vieram antes de mim, que abriram as portas para que eu pudesse estar aqui hoje. São das que estão aqui ainda. E é tão importante ver que nós somos potências, que nós podemos, porque exatamente o que nos falta é só oportunidade, porque quando a oportunidade surgir, nós estamos prontas”, disse Gabriela Loran, embaixadora da L’Oréal Paris, ao receber o prêmio emocionada.

Já a Marcele Gianmarino, gerente de diversidade na Sephora Brasil, relembrou sua rede de apoio ao longo da jornada. “Foi no meio de mulheres pretas, que eu encontrei o acolhimento, que eu encontrei o verdadeiro amor. Se acolher nessa loucura no mundo que insiste cada dia que a gente não deveria estar aqui é muito poderoso. E um lembrete pra mim mesma: ‘eu quero ser fiel a quem eu sou’”.

O talk final, liderado pela Head de Diversidade e Inclusão em Advocacy e Influence no Grupo L’Oréal no Brasil, Márcia Silveira, teve a presença das influenciadoras Amanda Mendes e Sabrina Dibynes, que falaram sobre como o slogan da marca ‘Você Vale Muito’ impacta suas trajetórias e como a representatividade na beleza tem evoluído.

Boicote os racistas. Fortaleça os negócios pretos!

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Foto: Freepik

Eu sempre digo: os racistas não merecem respeito. Eles extrapolam todos os limites da paciência. A todo custo, procuram formas de desumanizar as pessoas negras. Você deve ter acompanhado um caso de racismo que rendeu bastante indignação. 

No mês passado, durante as compras, uma mãe foi surpreendida com a injusta acusação contra o seu filho. O funcionário da loja disse que o menino roubou doces. Ele tem apenas sete anos. A mãe se revoltou com o funcionário. E o menino, bastante sentido, dizia “não roubei nada”. Essa notícia me deixou enfurecido. Para quem não sabe, ambientes comerciais são lugares inseguros somente para nós. Por essa razão, naturalizamos comportamentos que nos protegem da violência racista. Às vezes dá certo. 

No interior das lojas, evitamos abrir bolsas e mochilas, não colocamos as mãos nos bolsos e não demoramos nos corredores; caso não encontremos o que interessa, até compramos qualquer coisa só para não sair de mãos abanando. Porém, essas artimanhas são possíveis porque somos pessoas adultas, mas as crianças estão desprotegidas completamente. É fundamental enfrentarmos os ambientes de violência contínua, e assim, proteger todos nós. Isso é possível se deixarmos as distrações de lado e focarmos no que é importante.

Lembro-me da história do famoso boicote na cidade de Montgomery, Estados Unidos. Nos anos 50, a população negra deu uma resposta radical contra a lei que determinava que os negros somente poderiam sentar nos assentos que ficassem nos fundos dos ônibus. O estopim ocorreu depois que a ativista dos movimentos civis, Rosa Parks, se recusou a ceder o assento para um homem branco. Ela foi presa. Os negros, então, decidiram boicotar os ônibus até derrubarem a lei racista. Eles iam andando, de bicicleta, de carona para escola, trabalho e comércio. A mobilização causou um déficit no sistema de transporte, e a lei foi considerada inconstitucional. Os negros conquistaram o direito de sentar onde quisessem nos ônibus.

No contexto brasileiro, acredito que, se mirarmos o bolso dos racistas, muitas coisas mudarão. Por exemplo, promover um amplo boicote e, de quebra, aproveitar para fortalecer os negócios pretos. Não esqueçamos das palavras da escritora Alice Walker: “A maneira mais comum de as pessoas desistirem do seu poder é pensar que não têm nenhum”. 

Leidy Elin expõe ataques racistas em suas redes sociais desde a saída do Big Brother

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Leidy Elin sofre com ataques racistas nas redes sociais após saída do BBB. Foto: Instagram/Reprodução
Leidy Elin sofre com ataques racistas nas redes sociais após saída do BBB. Foto: Instagram/Reprodução

Na última quinta-feira, 26, Leidy Elin utilizou suas redes sociais para expor os ataques racistas que a acompanham desde sua participação no Big Brother Brasil 24. Em nota, a influencer manifestou seu profundo repúdio às ofensas que se proliferam nas redes sociais e em sites de “entretenimento”.

“A assessoria jurídica da influencer Leidy Elin vem, por meio desta nota, manifestar repúdio contra os ataques racistas que vêm ocorrendo nas redes sociais, notícias e páginas de ‘entretenimento’ desde sua participação no reality show, perdurando até a presente data”, destaca o comunicado. Leidy também anunciou que já estão sendo tomadas medidas legais nas esferas cível e criminal, visando garantir que esses atos não fiquem impunes. “Vale ressaltar que a Lei 14.532/2023 equiparou a injúria racial ao crime de racismo, estando o agressor sujeito à pena de reclusão de 2 a 5 anos, além de multa e indenização”, completa a nota assinada por seus advogados.

Além de sua denúncia, é crucial lembrar que a luta contra o racismo também está interligada a questões de saúde mental. De acordo com o Ministério da Saúde, jovens negros têm 45% mais chances de desenvolver depressão em comparação aos brancos, ressaltando a urgência de um combate efetivo ao racismo e suas consequências.

Recentemente, Leidy compartilhou que tem enfrentado momentos conturbados e lida com a depressão após sua participação no Big Brother Brasil, intensificada pela grande exposição e pelos ataques massivos que recebeu. Em um desabafo, a ex-BBB revelou que, ao retornar para casa, entrou em depressão, em parte devido aos ataques direcionados a ela e sua família.

“Queria muito fazer um vídeo falando sobre setembro amarelo, mas não tenho forças para isso”, disse Leidy. “Entrei em depressão um mês após sair do programa e luto contra ela todos os dias.” Ela enfatizou que nunca havia enfrentado problemas psicológicos antes do reality, evidenciando o impacto negativo da fama em sua saúde mental.

Espetáculo inspirado na tradição oral africana tem apresentação única no Teatro Dragão do Mar em Fortaleza

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Fotos: Margareth Leite e Danilo Ferrara

O Teatro Dragão do Mar, complexo cultural localizado em Fortaleza, no Ceará, recebe no próximo domingo, 29, às 20h, o solo teatral “Nos Tempos de Gungunhana”, do multiartista moçambicano Klemente Tsamba. Baseado no romance “Ualalapi” de Ungulani Ba Ka Khosa, o espetáculo promete uma imersão na rica cultura africana, mesclando contos tradicionais com músicas, danças e provérbios.

Com ingressos a R$ 10,00 (meia) e R$ 20,00 (inteira), a venda está disponível no site da plataforma Sympla Bileto e nas bilheteiras do teatro. A apresentação, que tem duração de 60 minutos e é classificada para maiores de 16 anos, é uma oportunidade única para o público fortalezense conhecer a narrativa de Umbangananamani, um guerreiro da tribo tsonga, durante o reinado de Gungunhana.

Desde sua estreia em 2014, “Nos Tempos de Gungunhana” já foi exibido em diversos festivais de teatro em Portugal, Moçambique, Brasil, Angola e Cabo Verde, passando por capitais como Salvador e Recife. A proposta de Tsamba é utilizar a tradição oral dos contadores de histórias africanas para retratar episódios mágicos e a vida do célebre rei tribal moçambicano.

O espetáculo destaca-se pela sua abordagem inovadora, que transforma a narrativa em uma experiência sensorial, envolvendo o público em um diálogo com a cultura africana por meio de ritmos e performances vibrantes.

Powerlist Mulheres Negras Mudam Histórias: 10 trajetórias de sucesso são homenageadas em cerimônia realizada em São Paulo

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Foto: Bárbara Jadeh

Na tarde desta sexta-feira, 27, 10 mulheres negras serão homenageadas pela Powerlist Mulheres Negras Mudam Histórias.  A cerimônia fechada para convidados, realizada em São Paulo, contará com a presença da CEO do Mundo Negro, Silvia Nascimento, que entregará o prêmio às homenageadas.

Profissionais reconhecidas e mulheres que fazem a diferença em diversos segmentos, as premiadas deste ano são: dermatologista Camila Rosa, a empreendedora e comunicadora Bárbara Brito, a atriz, influenciadora e ativista Gabriela Loran, a executiva tech, professora e designer de futuros Grazi Mendes, a especialista em inclusão e diversidade na área de Beleza, Marcele Gianmarino, a especialista em Recursos Humanos, Íris Barbosa, a diretora global de tecnologia de soluções de negócios da Vale, Vânia Neves, a empreendedora e investidora Camila Farani, a diretora de Marketing da Globo, Samantha Almeida e Andreza Rocha, CEO da AfOya.

Responsável por criar a Powerlist Mulheres Negras Mudam Histórias, Silvia Nascimento afirma que é importante reconhecer mulheres negras, sobretudo aquelas que estão ocupando espaços no ambiente corporativo, onde são minoria nos cargos executivos.

Além da presença das mulheres negras que elevam outras pessoas negras e criam espaços de representatividade, o evento deste ano conta com o apoio de marcas como L’Oréal Paris, L’Oréal Groupe e Ambev, que compartilham do compromisso de dar visibilidade a essas mulheres extraordinárias.

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