Nunca é demais reconhecer o esforço e talento de pessoas que dedicam a sua vida profissional – e até pessoal –  para contribuir com o crescimento da sua comunidade. Cada vez mais coletivos e ONGs têm se organizado no sentido de incentivar iniciativas de destaques, por meio de premiações.

O Prêmio Talento da Diversidade Étnico-Racial, que tem sua primeira edição acontecendo amanhã, dia 27, em São Paulo  é uma inciativa da Empregueafro, empresa pioneira em recrutamento e capacitação de profissionais negros no Brasil.

“É um momento de reconhecimento, valorização e destaque de empreendedores e profissionais que representam a diversidade étnico-racial e tem um trabalho de valorização focado nessa diversidade, com destaque ao engajamento étnico-racial pessoal, compromisso social e de inclusão, empoderamento e ascensão do negro”, explica Luiz de Jesus, Diretor-Executivo da Empregueafro.

Mundo Negro receberá prêmio

A jornalista Silvia Nascimento, Diretora de Conteúdo do site Mundo Negro é uma das premiadas.

“É muito legal saber que o nosso trabalho de certa forma muda a vida das pessoas. Seja por meio de uma denúncia ou matérias que incentivam a autoestima, nos damos o nosso melhor para dar aos nossos leitores um conteúdo de qualidade como eles merecem”, explica a jornalista.

“O jornalismo do site Mundo Negro contribui com denúncias, furos de reportagem, promoção e divulgação de assuntos da temática étnico-racial. Em 2014, a Silvia foi eleita como uma das 25 negras mais influentes da internet, título que reforça seu engajamento pessoal como afro-empreendedora, na luta contra o racismo e atesta sua influência na sociedade e comunidade negra através do seu exemplo pessoal e profissional”, descreve Luiz.

Conheça os demais premiados:

Serviço:
Prêmio Talento da Diversidade Étnico-Racial
27 de novembro de 2015
19h – Salão Nobre da Câmara – São Paulo / SP
Mais informações: http://premio.empregueafro.com.br/

Miguel Falabella achava que estava fazendo um favor as mulheres negras de periferia fazendo o “O sexo e as negas” um seriado que falava sobre sexo e relacionamento – por meio de uma sessão de clichês e estereótipos. Não negando a importância de discutir a afetividade da mulher negra, é necessário antes ouvir sobre as reais necessidades dos protagonistas que você pretende retratar, ainda mais quando elas não têm muito espaço nos meios de comunicação.

Formado por 8 jornalistas e uma designer o coletivo “Nós, mulheres de periferia” mostra o potencial desse público não só como fonte de informação, mas também c na produção de conteúdo. Afinal, quem poderia falar melhor sobre elas, do que elas mesmas?

No último dia 21 de novembro, as meninas do coletivo lançaram a exposição multimídia “QUEM SOMOS [POR NÓS]”. O projeto que foi financiado pelo Programa de Valorização das Iniciativas Culturais (VAI), da Prefeitura de São Paulo foi produzido por meio de dinâmicas que incluíram debates, exercícios e ensaios com máquinas fotográficas e telas de pintura com 100 mulheres entre 17 e 92 anos.

Em um segundo ciclo do processo, nove destas mulheres foram entrevistadas individualmente, em vídeo, e de forma mais aprofundada, conforme o trailer abaixo:

A exposição contém fotografias, autorretratos e registro audiovisual resultado de quatro meses de encontros do projeto Desconstruindo Estereótipos, que percorreu seis bairros da capital paulista.

Serviço: Exposição QUEM SOMOS [POR NÓS]
Até 17/12, de terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h.
Local: CCJ – Centro Cultural da Juventude
Endereço: Avenida Deputado Emílio Carlos, 3641 – Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo – SP, 02720-200Informações: contato@nosmulheresdaperiferia.com.br 

Projeto Nós,mulheres da periferia
http://nosmulheresdaperiferia.com.br
contato@nosmulheresdaperiferia.com.br 

Desmentindo os rumores que de não iria acontecer, a Feira Preta vem firme, forte e renovada tendo como nova proposta a ampliação do conceito de evento de “festa-comprinhas” para um momento de reflexão, promoção e atualização sobre o que a comunidade negra tem feito Brasil afora no quesito, mídia, produção de conteúdo, moda e design. O evento, que o maior destinado a comunidade negra na América Latina, acontece no dia 13 de dezembro, no Anhembi, em São Paulo.

“Chegamos à 14ª edição buscando refletir o amadurecimento do mercado black, em que o quantitativo, que sempre representou uma preocupação e cuidado com a ocupação de espaço, evolui para o qualitativo, ou seja, ocupar este espaço com qualidade, inovação e diversidade. Vamos garantir uma experiência ainda mais completa e contemporânea ao público da Feira”, comenta Adriana Barbosa, idealizadora e uma das organizadoras da Feira Preta.

Mil Abas: seleção de novos talentos para mostra de fotografia

Mil Abas é o nome da exposição fotográfica da Feira Preta 2015 que irá mostrar os trabalhos selecionados pela editora criativa do projeto NoBrasil, Diane Lima.  Serão escolhidos trabalhos de coletivos, fotógrafos, designers, stylists, blogs ou plataformas virtuais que utilizam a internet como espaço de divulgação do seu trabalho. As inscrições vão até o dia 4 de dezembro.

Informações completas de como participar e enviar o projeto estão no site oficial do evento (clique aqui).

A exposição é uma das novidades do evento que promete ditar as tendências de moda afro-urbana 2016.

Serviço:
Feira Preta 2015
Onde: Palácio de Convenções do Anhembi | Av. Olavo Fontoura, 1209 – Santana – São Paulo (SP)
Quando: 13 de dezembro de 2015
Horário: das 12h às 22h
Site oficial: www.feirapreta.com.br
Ingressos: www.ingressorapido.com.br

A Esplanada dos Ministérios em Brasília foi palco de algo maior do que um Marcha de Mulheres Negras, vista por muitos apenas como uma celebração feminista. O evento realizado no dia 18, foi histórico e mostrou que apesar da representatividade da mulher negra, em termos demográficos e históricos, as demandas políticas ainda são bem numerosas e carecem urgentemente de revisão e atenção (para não dizer boa vontade do legislativo e executivo). Foi um puxão de orelhas de dimensão nacional em uma nação que ainda enxerga a população negra como minoria, portanto, com menos relevância política.

Em carta redigida pelas mulheres negras envolvidas na Marcha e entregue à presidente Dilma Rousseff há um reconhecimento da “ignorância” do Estado e elas mesmas se oferecem sua colaboração para mudar o que está em vigor.

“Na condição de protagonistas oferecemos ao Estado e a Sociedade brasileiros nossas experiências como forma de construirmos coletivamente uma outra dinâmica de vida e ação política, que só é possível por meio da superação do racismo, do sexismo e de todas as formas de discriminação, responsáveis pela negação da humanidade de mulheres e homens negros”. Este é um dos trechos da carta que pode ser lida integralmente aqui.

Seria constrangedor se não fosse verdade que os que essas mulheres negras pedem são simplesmente os mesmos direitos que a Constituição Brasileira garante – ou pelo menos deveria – para todos os cidadãos brasileiros. E são elas:

• DIREITO À VIDA E À LIBERDADE
• DIREITO AO TRABALHO, AO EMPREGO E À PROTEÇÃO DAS TRABALHADORAS NEGRAS EM TODAS AS ATIVIDADES
• DIREITO À TERRA, TERRITÓRIO E MORADIA/DIREITO À CIDADE
• DIREITO À SEGURIDADE SOCIAL (SAÚDE, ASSISTÊNCIA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL)
• DIREITO À EDUCAÇÃO
  DIREITO À JUSTIÇA

Foi por isso que elas marcharam – e não podemos esquecer do valor simbólico (negativamente) e lastimável do ataque sofrido por elas, por policiais, em frente às câmeras – para reafirmar o reconhecimento dos seus direitos e exigir a diminuição do racismo e violência contra esse grupo, que teve um aterrorizador aumento de 54% no número de homicídios nos últimos 10 anos (enquanto essa porcentagem diminuiu entre mulheres brancas).

Se o Brasil tivesse uma face, seria de uma mulher negra e essa mulher tem passado por uma forte crise de identidade. A Marcha das Mulheres Negras é o espelho que essa nação evita encarar.