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#Negrasrepresentam – Fernanda Bastos, jornalismo com ancestralidade!

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Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.

A área de Jornalismo é um setor que embora haja mulheres com visibilidade,  ainda não é um espaço  onde as profissionais negras transitam com naturalidade. Fernanda Bastos é uma destas  que vem furando esse bloqueio, e mostrando como a  presença destas faz a diferença.  Além de sua paixão pela comunicação, ela tem  uma ligação forte com a literatura, onde pesquisa literatura de autoria negra.

Atualmente leciona Português no coletivo de educação popular, Território Popular espaço que  considera uma experiência  maravilhosa pela troca e aprimoramento que esse traz. Com trabalhos na área politica e setores privados, Fernanda foi comentarista de cinema e literatura,   editora e repórter de programas jornalísticos na Cultura FM. Na TVE, apresentou o “ TVE  Esportes”  e atualmente é repórter do “ programa Nação”, referência na abordagem da cultura afro-brasileira exibido na TVE e TV Brasil.

Mundo Negro- Quem é a Fernanda Jornalista? O que você acha que mudou  no perfil dos profissionais desta área?

Tenho procurado atuar em áreas mais próximas dos temas do meu interesse. Primeiro por ser no ambiente masculino e duro, como o político, que me aperfeiçoo e percebo que marcações como as de gênero e de raça determinam como seremos tratadas em espaços de poder. Lembro de frequentar a Câmara Municipal, onde fui setorista por bastante tempo, e ser a única negra em condição de poder tratar de igual para igual com os parlamentares. Na Assembleia Legislativa acontecia o mesmo, bem como no Palácio Piratini. Percebi que a minha presença desestabilizava muitas pessoas que não entendiam como uma pessoa negra poderia estar ali, circulando como elas, sem estar necessariamente servindo-as.

Desde que comecei a trabalhar como comentarista de cinema pela FM Cultura e apresentadora do TVE Esportes pela TVE, observo que o retorno das pessoas é muito carinhoso. O público tem essa demanda de se ver representado e o  programa como “ Nação” que trabalha especificamente com a abordagem da cultura afro-brasileira, demonstra isso.  Nossas temáticas, nossas vozes e nossas cabeças, além de nossa imagem, vem sendo apagadas da TV. Isso causa trauma no público, que não se vê. Sou gratas a todas que vieram antes de mim. Eu sou uma jornalista que ouviu desde cedo, em casa ainda criança, que era necessário trabalhar e ser três vezes melhor – como na canção dos Racionais MCs. Por isso, tenho tentado me aprimorar e ser a melhor profissional possível aonde quer que eu esteja.

Mundo Negro- Em sua opinião, se não vemos muitos jornalistas negros na TV, a culpa é de quem?

Uma recente pesquisa com as 500 maiores empresas do País mostrou a dificuldade de os negros ocuparem cargos de chefia. E não é por falta de formação, é um dos efeitos do racismo institucional. Temos a mesma formação, mas não conseguimos os cargos e os salários mais altos. E quem decide quem são as negras que vão para o ar, são as chefias. Já tive um editor-chefe negro, e agora trabalho com uma diretora negra (a grande Vera Cardozo), mas me sinto privilegiada, pois sei que no mercado dificilmente encontramos pessoas negras ocupando cargos de chefia.

Também observo que boa parte dos meus colegas negros é rotulado como “o jornalista negro” de tal veículo. Dificilmente estamos fazendo cobertura política ou de temas considerados “mais sérios”. Muitos colegas jornalistas têm mudado isso através de muito trabalho e enfrentamento, como a Flávia Oliveira e a Luciana Barreto, mas ainda temos pouca representatividade. Além da representatividade, tenho mencionado sempre a questão dos temas. Porque quando os negros não ocupam os espaços de produção de conteúdo, como na definição das pautas, reportagem e chefia, nossos temas e demandas não chegam na tela.

Temos que ter muita atenção para isso.Não basta apenas contratar uma repórter negra para dizer que está tendo pluralidade se impedir que pautas que dizem respeito à comunidade negra seguirem silenciadas.  Também é necessário que não enquadrem apenas o jornalista negro para fazer essas nessas pautas. Fazemos com muito gosto, mas os colegas têm que entender que propor ou fazer uma pauta como de saúde da população negra é um dever de todos.

Mundo Negro – Como seu trabalho e atuação vem contribuindo para que possamos ter uma  realidade um pouco diferente?

Em todos os veículos que trabalhei, devido ao número pequeno de jornalistas negros, minha presença em si só já representava algum tipo de enfrentamento. Por outro lado, notei que a partir da minha presença e minha atitude muitas vezes de cobrança passaram a ocupar mais espaço nos noticiários algumas pautas caras ao movimento social negro, como o genocídio da população negra e o enfrentamento à violência contra a mulher. Também é importante pensar que, quando ocupamos espaço na mídia, podermos sugerir fontes negras, bem como a cobertura de atividades de artistas, pensadores e pesquisadores negros e negras. Isso não é só positivo para a comunidade negra, pois também o veículo de comunicação sai ganhando com a pluralidade de vozes e uma representação mais próxima da realidade do povo brasileiro.

 

#NegrasRepresentam- Flávia Rocha, retraçando caminhos esquecidos!

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Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.

Historiadora destas que trazem a tona, as identidades invisibilizadas principalmente a partir do que esses  não são. Flávia Rocha é  mestre em linguagem e identidade,  professora  e coordenadora de um dos  cursos da Uniafro e ativista plena de uma educação que resgate as identidades. Estamos falando de uma resgatadora de histórias negras, cuja atuação impacta principalmente em  temas como: educação étnico-racial, historiografia acreana e análise do discurso. Reintroduzindo os valores  e memorias negras nestas áreas, ela  vem contribuindo para a  reconstrução da  história negra e a retraçando os caminhos esquecidos ou invisibilizados.

Mundo negro- Qual o papel da escola na discussão sobre as relações étnico raciais?

A escola tem papel primordial na discussão sobre as relações étnico-raciais, uma vez que é neste espaço que as mentalidades são primordialmente construídas e fortalecidas sobre conceitos, relacionamentos sociais, dentre outros princípios que podem contribuir para gerar relacionamentos respeitosos, mesmo com a diversidade na qual estamos todos inseridos. Bem como, a falta de educação étnico-racial no ambiente escolar também contribui para a propagação do racismo, para o fortalecimento e a naturalização das desigualdades e as discriminações raciais.

Mundo Negro – Você coordena um dos cursos da Uniafro. Como vê a aplicação da 10.639/03 e da lei 11.645/08 nas escolas? Ela está, efetivamente, sendo colocada em prática?

A aplicação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 ainda estão muito longe de serem devida e amplamente aplicada, uma vez que a referida legislação não veio com os devidos incentivos para formação de professores e formação de profissionais da educação no geral. Os próprios materiais didáticos produzidos ainda não têm muita divulgação e nem existem em quantidade suficiente para que as escolas os usem em favor de uma educação antirracista.

Mundo Negro- O que você percebe de mudança no discurso social desde aplicação da lei?

Bem pouca e de caráter muito superficial. O discurso da comunidade escolar com relação ao negro, sobretudo com relação ao aluno negro ainda é extremamente discriminatória e as práticas racistas ainda são muito violentas. Entretanto, como temos em nosso país o mito da democracia racial, que tem como uma das características o “racismo cordial”, estas práticas, embora humilhantes e desumanas, se manifestam em forma de brincadeiras e numa cruel descontração.

#Negras Representam- Thaise Machado, arquitetando vidas negras!

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Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.

Dizem que a arquitetura é o jogo sábio, magnífico e correto onde as fantasias e sonhos ganham vida. É através deste que se  engenha e arquiteta  futuros,  tendo como  base os sonhos e fantasias.  Esse é o desafio constante de Thaise Machado  Arquiteta Urbanista,  design de interiores e Criadora de  Projetos como  Negra Ativa, Coletivo Três Tons de Preto além de  Produtora Cultural.

Ativista desde período universitário, foi fundadora do Coletivo de Negritude da FeNEA (Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo).Desejando ampliar ainda mais sua voz e inquietudes  cria o seu blog pessoal  Negra  Ativa, onde pauta as demandas da população negra, indígenas e grupos marginalizados, tendo como foco  mulheres negras.
Mundo Negro – Qual o seu olhar  sobre o  mercado e a carreira de produção cultural voltado para os segmentos negros no Brasil?

Hoje o protagonismo de Produtores Culturais negros, vem crescendo cada vez mais. Não podemos deixar de atribuir esse crescimento, ao acesso a informação e as ferramentas de captação de recursos. Vivemos em um período de grande avanço,  já que  podemos desenvolver projetos de forma autônoma e sem auxílio externo. Antigamente artistas negros  não tinham muita autonomia na criação e gerencia para execução de suas obras/eventos, visto que esse conhecimento não chegava a nós. Hoje essa realidade mudou, felizmente!

Mundo Negro-   Como está sendo produzir  campanhas com a temática Negra?

Em um estado de colinização alemã e italiana, qualquer afirmação negra é uma conquista. Produzir conteúdo para a nossa população,  é transbordar a cada evento. Transbordar afeto, dores, alegrias, ritmos e sorrisos. É enriquecedor! A cada evento saio com um aprendizado novo. Fora a troca de vivências, que isso dinheiro nenhum pode comprar!

Mundo Negro-     Você  atua com projetos bastante interessantes, quando começou esse amor pela área de produção cultural?

Após concluir a graduação em Arquitetura e Urbanismo, começei a estudar sobre produção cultural. Acredito que o amor maior, tenha vindo do fato de sempre está inserida no meio artístico. Isso fez com que a paixão por produção cultural,  fosse aumentando e fazendo com que eu começasse a dar meus primeiros passos. Minha primeira produção foi  um ensaio fotográfico com mulheres negras,neste queria  enfatizar a existência de pessoas negras na região Sul do País. Essas mostraram uma beleza única que através da  página “ Negra Ativa”, ganhou proporção internacional. Enquanto  mentora da mesma, foi um momento de grande alegria.Ver mulheres negras estampadas com a dignidade que merecem.

Mundo Negro-    O que te torna entusiasta de projetos tão diversos? Quais gostaria ainda de desenvolver?

O que me estimula  a elaborar projetos  que tenha como base a população negra, é poder  quebras padrões impostos pela sociedade. Criar eventos com temáticas que contemplem a  todos, e não  uma pequena parcela é de uma riqueza que mostra o que o brasil tem de melhor, sua diversidade de possibilidades.

Eu gosto da diversidade, das várias formas de percepções. O senso comum me incomoda, é muito estático e sem cor. Quero poder trabalhar de forma afetiva,  com grupos que precisem de mais espaços. Colocar esses em primeiro plano, mostrar a especificidade de cada ser. Em 2018 isso irá acontecer, podem esperar!

Projeto Identidade traz representatividade com propósito

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“Nos emocionamos vendo uma senhora negra subindo as ladeiras de Santa Tereza só para ver nosso trabalho”. Noemia Oliveira descreve com muita alegria suas percepções sobre os convidados de todas as origens e idades, que prestigiaram as  mostras fotográficas do  Projeto Identidade a qual é uma das idealizadoras e curadora juntamente com Orlando Caldeira, desde o final de 2014. O projeto, que já teve duas exposições, se baseia no enegrecimento de personagens clássicos da literatura, cinema e cultura pop, que são originalmente brancos.

 

Com uma equipe majoritariamente negra, o PI tem a produção executiva de Drayson Menezzes  e contou com a colaboração de muitas celebridades como Sheron Menezzes, Lellezinha, Juliana Alves, Ruth de Souza e Milton Gonçalves. Guilherme Silva e Faya foram os fotógrafos que fizeram o registro histórico, que resultou em 30 fotos impecáveis.

Felizmente não se trata de blackface. Eles convidaram pessoas negras e as caracterizam como Mulher Maravilha e Chaplin, por exemplo, mas sem perder seus traços negros. “A Lellezinha fez uma foto com a gente e fizemos questão que ela usasse o cabelo bem armado. A gente não afina o nariz, não expomos o corpo das mulheres fotografadas, mantemos as características natural dos atores. Temos muito cuidado com isso. Também nunca teremos personagens que são empregados ou escravos”, explica Noemia.

“Precisamos de projetos de auto-afirmação para sabermos que somos bonitos. Para gente o protagonismo negro tem que ter pessoas negras, sempre, então escolhemos pessoas como a gente e que falam a nossa língua”, destaca Noêmia.

Estudo, suor e resistência

“De 2016 para cá nós tentamos voltar, mas não conseguimos. Fizemos questão de fazer fotos grandes e empoderadas, mas tivemos dificuldades em encontrar pessoas que valorizassem nosso trabalho como uma exposição de arte, com todas as suas demandas.” Eles receberam propostas, conforme conta Noemia, mas nenhuma contemplava as especificidades de uma exposição fotográfica, como iluminação e adaptação de espaço.

“Estamos agora numa tentativa de voltar com a exposição, por que hoje as pessoas falam mais sobre racismo e representatividade nas redes sociais, que são o nosso tema”,  detalha.

Noemia Oliveira e Orlando Caldeira (Foto: Divulgação)

O Projeto Identidade também é fruto da rejeição que Noemia e Orlando, enquanto artistas. “Nós somos atores e a ideia do projeto surgiu, primeiramente das nossas experiências pessoais, dos tantos nãos que tivermos que ouvir, por conta dos personagens que não nos cabe por conta da nossa melanina. E a gente queria muito falar sobre isso. Sobre quais os papéis que nós podermos fazer.  Partimos desse princípio de como transformar esse absurdo que a gente viveu, em arte”.

Eles buscaram referência na literatura e estudaram o Teatro Experimental do Negro. “O Abdias é uma grande representação para gente e uma frase que a gente leva é: até quando nós vamos retratar um Brasil que não é nosso? Por que não um Antígona ou Hamlet negro?”.

As fotos trazem essas questões para a atualidade e as fotos são em maioria, de personagens comtemporâneos, como Superman ( Taiguara Nazareh), Frozen (Juliana Alves) e Harry Potter (Maicon Rodrigues).

Se adultos se encantam em ver rostos reais negros como ícones pop, para as crianças a experiência vai além. “Eu lembro de um menino que viu a nossa foto do Frozen e única coisa que ele disse que estava errada era a cor do cabelo, que originalmente é branca”. descreve Noemia.

Graças a projetos como esse, crianças negras se sentem representadas no mundo da arte e fantasia, assim como as brancas se sentem desde sempre. E o impacto disso a longo prazo é no mínimo uma dose extra de autoestima.

Conheça mais sobre Projeto Identidade no Facebook e Instagram.

 

Kiko Mascarenhas e Lázaro Ramos produzem peça sobre homoafetividade com elenco 100% negro

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Até os dias de hoje a homossexualidade é crime, punível com prisão em Uganda! Em 2010 um jornal ugandense, chamado “The Rolling Stone”, publicou uma lista com 100 nomes de homossexuais e incitou seus leitores a enforcar os mencionados. Baseando-se neste episódio, e em outros com o mesmo teor homofóbico, o roteirista britânico Chris Urch deu vida a peça “O Jornal – The Rolling Stone”.

Lázaro Ramos e Kiko Mascarenhas

A montagem que estreou em 2015, em Londres, agora aterrissa no Teatro Poeira, no Rio de Janeiro. No Brasil Kiko Mascarenhas e Lázaro Ramos são os produtores da peça, além de ocuparem a direção e codireção, respectivamente. O elenco é formado pelos atores: André Luiz Miranda (Joe), Danilo Ferreira (Dembe), Heloísa Jorge (Mama), Indira Nascimento (Wummie), Marcella Gobatti (Naome) e Marcos Guian (Sam).

A peça conta a história de um amor proibido que acaba por afetar a vida de todos ao redor. Após a morte do pai, três irmãos – Joe, Dembe e Wummie – precisam reconstruir suas vidas.

Joe se prepara para ser reverendo enquanto Dembe e Wummie estudam para progredir diante da desigualdade. Dembe conhece Sam e eles se apaixonam. Condenados pela lei, pela sociedade e pela religião, eles terão de optar entre se separar ou arriscar a própria vida para viver esse amor.

Danilo Ferreira (Dembe) e Marcos Guian (Sam)

“O Jornal – The Rolling Stone” está em cartaz desde o dia 3 de novembro de 2017 e vai até o dia 25 de fevereiro de 2018 – de quinta a sábado, às 21h, e domingo às 19h, exceto feriados de Natal, ano novo e carnaval. No Teatro Poeira – Rua São João Batista, 104, Botafogo, Rio de Janeiro (RJ). Ingressos R$80 inteira e R$40 meia, à venda na bilheteria do teatro ou pelo site www.tudus.com.br.

BlackFace: Exposição de ex-consulesa irrita a comunidade negra antes da abertura

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A comunidade negra é ignorada até em ações que tem o propósito de diminuir o racismo. Cresce a lista de casos onde se pensa no receptor da mensagem enquanto pessoa branca, ignorando o negro como leitor, ouvinte, consumidor ou expectador.

O caso do Criança Esperança foi exemplar nesse sentido. Um jogo emocional, envolvendo crianças negras, tinha com o objetivo fazê-las falar sobre o racismo, como se isso fosse algo desatrelado a tristeza, recordações ruins, vergonha e até humilhação. Resultado:  crianças e adolescentes negros chorando, muito.

Outro projeto de repercussão foi o da exposição Exhibit B, onde pessoas negras reais faziam parte da mostra, usando algemas, correntes e grilhões. Tudo em nome da reflexão por uma sociedade racialmente consciente. Mas como pessoas negras se sentiriam vendo isso? Ninguém nunca se pergunta.

Exhibit B (Foto: Divulgação)

O caso mais recente é a exposição Pourquoi pas? (Por que não? ) , de Alexandra Loras, negra, jornalista, palestrante e ex-consulesa da França, no Brasil e uma das fontes preferidas dos jornalistas brasileiros para falar sobre racismo. O evento está dando o que falar nas redes socais muito antes do seu lançamento.

A mostra, que será inaugurada no dia 2 de dezembro, em São Paulo, apresenta 20 retratos de personalidades brancas que tiveram seus rostos escurecidos (sim black face) por meio da manipulação digital e que de acordo com o material da campanha, ganharam traços “afrodescendentes”. Donald Trump, William Waak, Michel Temer, Ana Maria Braga, Dilma Rousseff e até o prefeito de São Paulo, João Dória, foram  os rostos escolhidos para a exposição.

O projeto foi abraçado por donos de galeria de artes de São Paulo, mas não pela comunidade negra, que está indignada.

“Ser preto não é ser pintado de preto. Pintar personalidades de preto, não é provocador… é caricato, inútil, cafona e não diz nada para ninguém. Nem para o preto é muito menos para o branco”, alerta a militante e arquita Joice Berth em um post no seu perfil no Facebook.

Há um processo incessante de reconstrução do imaginário negro que foi perdido. Produzir imagens de pessoas brancas pintadas de “negras” é um retrocesso na luta de regaste e valorização da população negra. Não faz sentido algum atribuir negritude à figuras que potencializam o genocídio das pessoas negras. Não há“,  protesta Renata Martins cineasta, roteirista premiada e criadora do projeto Empoderadas.

E muitas críticas foram feitas diretamente no Instagram da Alexandra.

Reprodução : Instagram

Arte Ativismo a serviço de quem?

A proposta do “black face em nome de uma causa”, é de acordo com o panfleto de divulgação, trazer “uma dose de humor e ironia sobre o protagonismo do negro na história”.

Para Envio, grafiteiro e curador da exposição,  o que se pretende é levar a reflexão sobre quais seriam as nossas posturas se esses nomes importantes da sociedade fossem negros. “Será que faríamos os mesmos comentários preconceituosos? Trataríamos os diferentes da mesma forma?”.

Loras que também escreveu o polêmico livro Racismo Gourmet, optando mais uma vez em usar o humor, para como ela mesma disse na época “elevar o debate sobre mulheres negras” (sic) , tenta agora mostrar uma realidade invertida para provocar uma reflexão.

“Apresento uma realidade invertida para provar como estamos longe de uma democracia racial, que só acontecerá de fato quando tivermos 54% da população negra do Brasil no Congresso, na Mídia e em cargos de liderança“, argumenta a ex-consulesa em sua conta no Instagram.

Outra curiosidade da exposição é a lista de convidados, que aparecem com fotos no material de divulgação do evento, mas algum dizem não terem sido formalmente convidados. Os Youtubers Murilo Araujo, Gabi Oliveira e Nataly Neri foram alguns desses casos e sua agente  Egnalda Côrtes emitiu um comunicado oficial sobre o assunto:

A imagem deles é vinculada a essa exposição é equivocada e mal intencionada, visto que se trata de produtores de conteúdo digital conhecidos por seu ativismo, sendo assim a associação de imagem chancela uma exposição que não representa os ideais defendidos pelos influenciadores digitais citados“, explica a empresária.

Já passou da hora de projetos com temáticas raciais serem provocações. Racismo é crime, e não tem nada de descontraído nisso.

 

Blackface não é educativo, muito menos um artificio para a luta antirracista

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Com que frequência, quando você critica alguma iniciativa ou atitude, a pessoa criticada te diz: “Você está falando isso porque você não entendeu nada do que eu disse/fiz”? Se você é uma mulher ou uma pessoa negra, imagino que essa situação não seja uma novidade. Se você for uma mulher negra, essa é quase uma constante.

Nesse novembro, mês da Consciência Negra aqui no Brasil, tivemos várias iniciativas: feiras, festas, encontros, shows, palestras… Tudo, aparentemente, visando exaltar a contribuição negra para a construção de nossa nação. Neste período tivemos iniciativas acertadas e equivocadas, como quase todo ano.

Tivemos também pessoas negras, principalmente mulheres, tomando a frente em discutir e apontar as atividades que colocam negros em situações pouco confortáveis, para dizer o mínimo. Como quando professores decidem recriar navios negros em peças infantis escolares, ou representar negros através de cabelos com palha de aço.

Mães negras, cada vez mais atentas a essas questões, têm até mesmo reportado nas redes sociais a luta que travam pra que o corpo docente das escolas de seus filhos entenda que, mesmo feita de “boas intenções”, essas atividades que retratam de forma pejorativa nossos traços, ou que ligam os negros unicamente a escravidão, são sim racistas. E o que muitas ouvem? “Não é isso! Você não entendeu nada!”.

Imagem da mostra ‘Pourquoi pas?’ que retrata Dilma Rousseff como negra

Não coincidentemente, esta foi, trocando em miúdos, a resposta dada por Alexandra Loras – ex-consulesa da França – quando, ao apresentar algumas imagens da mostra ‘Pourquoi pas?’, que será lançada em dezembro, foi alertada sobre a prática do blackface que essas trazem a tona. Loras tem postado em sua conta no Instagram imagens de homens e mulheres brancos e famosos, digitalmente transformados para parecerem negros.

O blackface é uma prática de mais de 100 anos que começou no teatro e circo, se estendeu para a TV e cinema. Sua principal característica é a de pintar pessoas brancas com tinta preta ou marrom para representar negros. Além disso, os traços negroides, como boca, nariz e até pé, peito e bunda são extremamente exagerados, fazendo com que pessoas negras sempre sejam retratadas de forma ridicularizada e desproporcional. O blackface também coloca o personagem negro como desastrado, desengonçado, preguiçoso, mau caráter, perigoso. Tudo ligado ao negro era ruim. Lidamos com a herança desta prática racista até hoje.

Imagem da mostra ‘Pourquoi pas?’ que retrata William Waack como negro

Sendo assim, ver pessoas brancas tendo seus traços naturais modificados, sua pele escurecida, fez muitas pessoas negras entenderem esta iniciativa como um “blackface moderno”. Algo que retoma uma prática que nos ridicularizou e tirou nosso protagonismo por muitos anos em diversos seguimentos artísticos, uma vez que, quando o blackface era uma prática em pleno vigor, pessoas negras eram impedidas de atuar.

Porém, não é assim que  Alexandra e sua equipe enxergam. E, para explicar esta exposição, a mesma fez uma postagem em suas redes sociais. Entre outras coisas, o texto diz : “(…)a exposição apresenta 20 retratos de personalidades brancas que tiveram seus tons de pele escurecidos por meio de manipulação digital e ganharam traços afrodescendentes, entre elas Donald Trump, Rainha Elizabeth II, William Waack, Marilyn Monroe, Silvio Santos, João Doria, Dilma Rousseff, Michel Temer, Geraldo Alckmin, Xuxa e Gisele Bündchen. Nesse mundo “invertido”, Alexandra propõe, com uma dose de humor e ironia, uma reflexão mais profunda sobre o protagonismo do negro na história. ‘Será que faríamos os mesmos comentários preconceituosos? Teríamos as mesmas posturas? Tomaríamos as mesmas decisões? Trataríamos os diferentes da mesma forma?’”.

Imagem da mostra ‘Pourquoi pas?’ que retrata Xuxa como negra

Confesso que quando vi essas imagens fiquei extremamente incomodada! Me senti ridicularizada. Então será que fui eu que não entendi o proposito “educativo” das fotos? Será que todos que identificaram o blackface desta futura exposição não são “evoluídos” ou “instruídos” o suficiente para entender o conceito?

Blackface não é educativo! O que ele faz é nos ridicularizar enquanto pessoas negras e tirar nosso protagonismo. É exatamente isso que essas imagens fazem! No texto que explica a exposição diz-se que a iniciativa propõe uma reflexão sobre o “protagonismo negro na história” e se, caso essas figuras fossem realmente negras, nossa sociedade teria a mesma postura. Então, será que se a Gisele Bündchen fosse negra o Brasil continuaria racista? .

Nossa sociedade é racista não é por falta de protagonismo preto! O racismo é que nos tira esse protagonismo! Entender o racismo no Brasil e lutar contra ele, é entender que muitos negros e negras com talento foram e são apagados da nossa história, é entender que tivemos guerreiros e guerreiras e que nosso país foi e é construído por mãos pretas. Isso significa dizer que não nos falta talentos, pra que eles sejam recriados ou forjados em pessoas brancas famosas, nos falta reconhecimento, oportunidade. Nos falta justiça!

Imagem da mostra ‘Pourquoi pas?’ que retrata Ana Maria Braga como negra

E caso Gisele Bündchen , Xuxa, Willian Waack, Dilma, Ana Maria Braga, Jô Soares ou qualquer outro dessa lista, fossem pessoas negras, é provável que nem saberíamos de suas existências. Eles não teriam se tornado as estrelas que são e outras pessoas brancas estariam em seus lugares. É isso que chamamos de “privilégio branco”, algo amplamente discutido por quem de fato está comprometido pela luta contra o racismo no país. Será que Alexandra Loras estava ouvindo quando as militantes, produtoras de conhecimento, mulheres e homens  negros brasileiros, estavam falando?

Eu entendi sim a exposição, por que tenho plena capacidade de entendimento. E não concordo com ela! Não concordo porque não precisamos inventar ícones negros em pessoas brancas, não precisamos criar uma história que não existe onde nosso protagonismo é retirado. Isso não é eficaz na luta antirracista, muito menos trás uma reflexão que contemple de verdade a população negra. Precisamos valorizar nossa história e nosso povo, atacar na estrutura racista  nos dando vez e voz!

Ludi Crespa: Cantora revela seu cabelo natural pela primeira vez

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Foto: Instagram Cosmopolitan - Raquel Espírito Santo

Transição capilar é muito mais que uma mudança estética. A gente volta para infância, lembra das piadas, a gente pensa no presente sobre o que fazer, como sair para trabalhar e no futuro, com dúvidas de como é o nosso cabelo natural.

E com a cantora Ludmilla não foi diferente. Desde os 7 anos ela alisava os fios. A idade recomendada pelos médicos é acima dos 12 anos.

Hoje a revista Cosmopolitan revelou a primeira foto da cantora com seus cabelos lindos e naturais.

https://www.instagram.com/p/Bb4n6flBFEy/?taken-by=cosmopolitan.br

“Como a maioria eu quando criança achavam o cabelo crespo e enrolado a coisa mais feia do mundo”, relatou a cantora um vídeo publicado em Abril, onde ela anunciou o que estava em processo de transição capilar.

https://www.youtube.com/watch?v=EWi7q-3DoZQ

 

O Lace Front, surgiu na vida da cantora para reparar os danos que a deixaram praticamente careca.

Mesmo sofrido e mais tendo prazos mais longos para uma do que para outra, a transição capilar traz uma uma sensação de liberdade e verdade consigo mesma, afinal, muitas mulheres negras pularam das tranças quando crianças para a química na adolescência e fase adulta, não sabendo a cor e a textura do seu cabelo real.

Que a história da Lud estimule outras mulheres.

 

 

Revista Time elege marca de Rihanna como uma das melhores invenções de 2017

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Rihanna e sua mega linha de maquiagem Foto: Instagram

2017 é o ano da Rihanna. Premiação na Harvard, quebra de record na Bilboard e agora, sua marca Fenty Beauty foi considerada pela revista Time, uma das mais conceituadas publicações nos EUA,  com uma das principais invenções de 2017. E o reconhecimento é merecido por diversos fatores.

Photo: GIPHY

Rihanna como negra entende a complexidade de se achar maquiagens para quem está fora do perfil euro-centrado. Mas ao invés de fazer uma maquiagem só para negras, ela criou uma paleta de cores que englobam todas, negras, brancas, asiáticas e até albinas. Esse propósito de pertencimento que a marca confere as suas consumidoras fez com que a Fenty Beauty se tornasse um divisor de águas na indústria da maquiagem com um preço similar ao de marcas consagradas como a MAC.

“As opções são ilimitadas no mundo da beleza e eu amo desafios, então eu vou continuar me divertindo e quebrar barreiras dessa indústria”, disse a cantora a Times.

E o cuidado com suas consumidoras foi além da paleta generosa de cores. As matérias primas focam na hidratação e componentes anti-alérgicos. O design de toda a linha não pode ser ignorado. Todos os produtos têm formatos diferenciados e exclusivos, como o batom que lembra uma embalagem de esmalte.

Resultado de imagem para fenty beauty lipstick

Negra, linda, humanitária, empreendedora de sucesso sem contar seu talento como cantora. Rihanna está com tudo.

A Youtuber Aline Araújo fez um resenha em português da linha Fenty Beauty que você pode conferir clicando aqui.

Livro que trata do voluntariado na África será lançado em dezembro

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Etiópia

“Enquanto eu estava no píer, tomando uma cerveja e jantando, diante de um visual impressionante, as pessoas no Brasil me mandavam mensagens perguntando se eu estava seguro, se tinha o que comer e se não tinha sido atacado por um leão”, conta  Gustavo Leutwiler Fernandez, embaixador da African Impact no Brasil, voluntário na África do Sul, em 2013, trabalhando em um hospital infantil; no Zimbábue, em 2014, atuando na Comunicação e Marketing de uma ONG voltada à preservação ambiental; e em 2016, vivendo junto à tribo Hamar, no sul da Etiópia.

Com o objetivo de compilar suas experiências neste  trabalho voluntário, Gustavo lançará o livro “Africanamente: o que vivi e aprendi como voluntário na África” (Autografia Editora). Para o autor, ser voluntário da oportunidade de entrar em contato com outros povos e culturas, mudar estereótipos que enclausuram – estes mesmo estereótipos que fizeram seus amigos se preocuparem tanto – e obter o autoconhecimento para encontrar propósitos de vida.

Zimbabue

No livro ele narra, por exemplo, a emoção que sentiu ao se despedir dos garotos que estavam internados no hospital onde trabalhou. “Desabei em lágrimas, desesperado porque estava indo embora. Enquanto isso, as crianças me olhavam com um misto de curiosidade e indiferença. Percebi que aquele período em que fui voluntário mudou minha vida, mas, para eles, foram dias comuns, como todos os outros. Assim como eu, centenas de outros voluntários chegam e vão embora a toda hora.”

O lançamento do livro “Africanamente: o que vivi e aprendi como voluntário na África” , com sessão de autógrafos, acontece no dia 7 de dezembro, às 18h, no Pastucada Livraria Bar & Café – Rua Luís Murat, 40 , Pinheiros, São Paulo (SP).

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