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Adriana Barbosa: “Precisamos parar de consumir de empresas que não estão preocupadas conosco”

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Adriana Barbosa: Fundadora da Feira Preta

Quando começamos a gostar de ser negros aqui no Brasil? A partir de qual momento, ser chamado de morena virou ofensa e decidimos abandonar o alisamento e abraçar a nossa beleza natural? Não há uma data precisa como resposta, mas não podemos ignorar dois fenômenos que contribuíram para o nascimento dessa nova nação negra brasileira: a revista Raça Brasil e a Feira Preta.

O impacto da Feira Preta começou na cidade de São Paulo, ocupando espaços tradicionais da cidade com corpos negros, empoderados, conscientes e não só isso, fez despertar o conceito do afro-empreendedorismo de forma mais latente.

Revelando nomes, conectando pessoas, criando oportunidade de negócios, Adriana Barbosa, a fundadora do projeto foi considerada neste ano de 2017, uma das afrodescendentes mais influentes do planeta, pelo MIPAD, premiação que faz parte das ações da ONU dentro da programação da Década Internacional dos Afrodescendentes. Lázaro Ramos e Taís Araújo, são os outros nomes que completam o trio brasileiro dos negros de grande prestígio internacional. A premiação acontecerá no dia 26 de Setembro, em Nova York. O ex-presidente Obama também estará presente, juntamente com outros premiados famosos como o jogador de basquete LeBron James e a atriz Lupita Nyong’o.

Conseguimos essa entrevista exclusiva com a Adriana antes do grande evento, para ouvir dela, quais o balanço que ela faz até agora do ano da “diversidade”.

Mundo Negro – Sabemos do impacto social e cultura da Feira Preta, mas o que é esse projeto em termos de números?

Adriana Barbosa: A marca Feira Preta tem se construído e fortalecido, há 15 anos, como um “lugar” de valorização da cultura negra, a partir das diferentes iniciativas que realiza; todas elas privilegiando, principalmente, a diversidade da produção negra: nas artes, no empreendedorismo, na tecnologia, na inovação. A Feira em si, evento anual que realizamos, já reuniu mais de 130 mil pessoas e colaborou com a movimentação de cerca de cerca de R$ 4,5 milhões em São Paulo, Brasília, São Luís e Rio de Janeiro entre empreendedores negras e negros.

Recentemente, a Feira Preta  passou a fazer parte da Rede Internacional Afroinnova, uma rede de Inovação comunitária para a diáspora africana. A Rede é uma iniciativa da organização colombiana Manos Visibles, que tem o objetivo de  estabelecer pontes com outras redes afrodiaspóricas, a fim de compartilhar experiências, construir referências de modelos de desenvolvimento afins para a população da diáspora, com ações  efetivas para alcançar o desenvolvimento global e  integral dos afro-descendentes e das comunidades africanas. A Feira Preta é signatária do tema “mercados” e contribui com a experiência da Feira dos últimos 16 anos.

Você está há quase 20 anos empreendendo para negros. Quais são as maiores dificuldades para se empreender para negros no Brasil? Falo desde patrocínio passando por apoio do Estado e reconhecimento e a apoio da comunidade negra.

Estou há 16 anos atuando com esse tema e, hoje, os desafios enfrentados são outros, diferentes de quando iniciei estra trajetória, em 2002. Antes, o obstáculo com as empresas era entrar com a pauta do negro, a partir de uma perspectiva de negócio. Ouvi de várias corporações que não poderiam apoiar a Feira Preta porque o nome remetia a uma questão de conflito racial e eles não enxergavam o potencial pelo viés de segmento de mercado. Muitas pediram para eu alterar o nome para algo do tipo “Feira Étnica”, por exemplo.

Hoje, tem um novo contexto. As empresas querem investir nesta segmentação, a partir da perspectiva da DIVERSIDADE. No entanto, o foco é social e não mercado. Ainda hoje, a peregrinação para mobilizar recursos para a Feira Preta tem porta de entrada nas áreas de Sustentabilidade, Responsabilidade Social ou até Recursos Humanos e não o departamento de Marketing. E acho que é possível fazer o investimento social privado pela área do social, claro, mas observo melhores perspectivas pela área de marketing, trabalhar com marcas alinhadas à compreensão de que o social não está desvinculado da inserção em todos os aspectos do mercado, de rever e ressignificar o mercado. Mas isso ainda não é a realidade hoje. Os departamentos de marketing não olham investimento com esse olhar de diversidade, eles só olham com a representatividade limitada a colocar negras e negros, especialmente os de pele clara, nas campanhas publicitárias.

Do ponto de vista do estado, nos últimos anos não tivemos interferência nas atividades da Feira Preta. Até a edição do ano passado, a leitura foi que a Feira Preta é um evento comercial e não pode ter aporte de recurso público. No entanto, eventos como Fórmula 1, Carnaval e Parada LGBT tem recursos públicos e, em alguns dos casos, ocorre em espaço privado com investimento de recurso público. Em minhas conversas com o poder público, sempre faço essa comparação junto aos gestores e percebo avanço nestes diálogos também.

Foto: Reprodução Facebook

Mais de uma vez, cogitei abrir mão de realizar a Feira Preta em local privado, sem qualquer tipo de cobrança para o público (ingressos) e ofertei a realização em parceria com o poder público. Mas quando mostro o orçamento do evento, o retorno é que podem nos entregar a isenção do espaço. E o restante das coisas? Quem paga os cachês dos artistas, os custos de produção, comunicação, segurança, etc?

Então, trata-se de uma negociação complexa, mas que segue. Diálogos são realizados todos os anos.

O formato da Feira Preta nos últimos anos foi de desenhando também a partir do que foi possível garantir a sua realização. Mas é, de fato, muito difícil e complexo negociar uma locação de pavilhões de  R$ 100.000,00, por exemplo, com a mesma régua de qualquer outra feira.

Porque a Feira Preta é um negócio social de impacto econômico. Não é um negócio convencional, com “lucro dividido entre os sócios”. O foco da Feira Preta é gerar e circular renda que potencialize as atividades de empreendedores negras e negros dos diferentes segmentos.

Em resumo, o acesso ao capital ainda é o maior desafio hoje. E sei que isso não é exclusividade da Feira Preta e se estende aos empreendedores negros de forma geral, em todo e qualquer segmento. Além de sermos a maioria da população brasileira, de acordo com o Sebrae somos também a maioria empreendedora. No entanto, não temos acesso a investimentos, linhas de micro-crédito, entre outras linhas de acesso de dinheiro.

Somos uma potência em inventividade e criatividade. Empreender foi a forma encontrada para dar conta de nossas vidas, uma vez que sempre estivemos na margem da sociedade. E fazemos isso sem recursos financeiros razoáveis. Se o capital chegasse nas mãos pretas, o Brasil seria uma potência de fato.

Esse ano fala-se muito na questão da diversidade na publicidade. Você acha que a comunidade negra se beneficiou com aumento da presença de negros nas campanhas? Você acha que as empresas “sensíveis” à causa tem uma preocupação sincera com o crescimento da comunidade negra?

Acredito que lutamos muito por esse momento da visibilidade, de “representatividade”. Não nos víamos antes e agora, em certa medida, nos vemos. Tá longe do ideal. Tá longe da proporcionalidade necessária. Mas, nos vemos.

Obviamente – e muito tardiamente – entenderam que somos também consumidores e expressam o interesse em nosso dinheiro dialogando conosco a partir não apenas da publicidade, mas também no desenvolvimento de produtos. Finalmente, estabeleceram um “diálogo”. Dentro da esfera do capital, claro, mas estabeleceram.

O fato é: Sim! As empresas estão interessadas no nosso crescimento quantitativo porque isso representa mais consumo, mais lucro, etc. Mas ainda não entenderam o elo entre isso e as nossas vulnerabilidades sociais. E a prova mais evidente disso é a questão do Investimento Social Privado, as doações, patrocínios a eventos. O quanto destes investimentos estão sendo feitos em iniciativas realizadas por pessoas negras e, principalmente, que tenham foco no fortalecimento destes indivíduos, desta identidade?

Exemplos disso são as empresas de produtos para cabelo. Elas têm linhas direcionadas, comunicação direcionada, utilizam a imagem das nossas mulheres, nossas fórmulas caseiras e saberes ancestrais, mas não investem em muitos dos projetos liderados por mulheres negras. No último ano, fui a muitas empresas que lançaram campanhas com o foco bem direcionado em produtos para a pele negra ou para cabelo crespo. No entanto, o que mais ouvi foram opções de “patrocínio com produtos”. Como vou pagar os fornecedores da Feira Preta com frasco de xampu ou com sacolinhas de brindes?

Então, enquanto consumidora, fico de olho nesse movimento. Mas, como empreendedora também. E por vezes penso que esse cenário de escassez de investimento nos nossos eventos, na nossa criação, na nossa atividade quando dermos um basta e pararmos de consumir das empresas que não estão comprometidas de fato conosco, com a transformação desta estrutura.

Quando as empresas falam de Diversidade, penso que elas PRECISAM entendê-la de forma transversal:

Recursos Humanos: precisamos incluir jovens aprendizes e Trainees negros? Sim, claro. Mas, não apenas. Precisamos ter negras e negros em cargos de liderança, de tomada de decisão, com o poder da caneta.

Investimento Social Privado: é preciso ter investimento em projetos que tem o recorte de raça bem definido.

Comunicação e Publicidade: apenas com mudanças internas, a empresa vai se comunicar e conectar de fato com a população negra, de forma profunda.

Cadeia de Valor: inclusão de afro-empreendedores entre os fornecedores de produtos e serviços diversos.

 A Feira Preta é o evento de maior prestígio da comunidade negra. Ela é rentável? Se não, você credita ao racismo a dificuldade de levantar recursos para um evento afro-centrado? O que te motiva a continuar mesmo em tempos de tantas dificuldades?

A Feira Preta nesse formato hoje, não é rentável. Realizar um evento para mais de 10 mil pessoas custa caro, mais de meio milhão por ano. O  afro-empreendedor e o público que frequenta o evento tem pago essa conta. Mas, sem investimento social privado ou patrocínio  é muito complicado manter. Porque tanto o afro-empreendedor, quanto o público chegaram no limite de investimento. Se custar muito caro, encarece ao empreendedor que vai subir o preço do seu produto e vai repassar ao público, que vai, portanto, precisar pagar para entrar e pagar pelos produtos que desejar comprar na Feira. Então, é um circulo vicioso,  mas que não fecha.

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Foto: Facebook

Como eu disse anteriormente, a Feira Preta é um negócio de impacto social e econômico. Está de olho em um segmento que é maioria no Brasil, mas é minoria em acesso, logo o modelo de negócio, leva em consideração esse ponto de partida. Jamais a atuação parte do mesmo lugar de um Festival do Japão ou de uma Feira do Automóvel. A nossa lógica é outra. A gente parte de outro lugar.

Eu vejo o modelo da Feira em um formato que seja de governança compartilhada, em que a inciativa privada, o estado, o público, o empreendedor (de arte, cultura, moda, gastronomia, etc) e a organização têm que aportar um pouco para que o modelo continue existindo. É como se fosse uma engrenagem que precisa de todas as peças. Se faltar alguma, a máquina para de funcionar. Que foi o que aconteceu no passado, quando dois patrocinadores deixaram de aportar o que estava previsto, ocasionando uma dívida superior a R$200.000,00. Essa dívida faz com que esse ano, o formato seja outro para dar conta do contexto político e econômico. Neste ano, realizaremos um calendário especial olhando para o mês de novembro e a cidade de São Paulo como um polo de efervecência da cultura negra contemporânea, construindo uma programação pautada em três pilares: Territórios, Conteúdos e Comunicação.

Como você recebeu a notícia de ser uma das negras mais influentes do mundo? E qual o impacto disso na sua vida pessoal e profissional? Se conseguir falar com o Obama, o que você dirá a ele?

Quase caí para trás quando recebi essa noticia, rs. Fiquei muito impactada e bastante emotiva com a campanha de mobilização de recursos, que foi idealizada e está sendo conduzida por amigas, sem falar nas diversas mensagens de carinho, apoio e reconhecimento que tenho recebido, seja de pessoas conhecidas ou não. O reconhecimento, apesar de estar como pessoa física, eu o entendo sob a perspectiva coletiva. É um prêmio para toda essa rede que tem se conectado com a Feira Preta. Os artistas, empreendedores, público, equipe de colaboradores, fornecedores, as empresas e instituições que já acreditaram e investiram. Enfim, uma porção de pontos que se conectaram e transformaram a Feira Preta no maior evento de cultura negra da América Latina, uma referência de fato.

Eu espero gerar um impacto positivo, principalmente em relação à mobilização de recursos e parcerias. Espero que as empresas daqui possam reconhecer o valor e a potência da Feira Preta.

Além disso, é uma injeção de ânimo, já que minha vida pessoal foi muito impactada depois de tudo o que aconteceu no último ano. Poucas pessoas sabem, mas passei os últimos dois anos trabalhando em sistema de CLT, especialmente para ter mais estabilidade e segurança financeira para criar minha filha. Então, eu decidi sair do emprego formal para me dedicar à Feira Preta. Quando o patrocinador desiste de investir, muda tudo. E isso me fez e faz refletir muito os limites do ativismo, os limites dos negócios, a relação disso tudo.

A Feira Preta é a minha vida, mas hoje, não é possível viver dela e daquilo que acredito, que amo. Hoje, preciso ter um outro trabalho para dar conta da minha vida pessoal. E, obviamente, isso também impacta na realização da Feira, que deixa de ter a minha dedicação total.

Consciente de que existem limites, o prêmio me ajuda a seguir em frente, a acreditar. A acreditar principalmente que meu desejo e luta pela igualdade, pelo equilíbrio, pela democracia racial REAL não estão passando despercebidos. Aí, como canta a sambista Beth Carvalho,  “levanto, sacudo a poeira e dou a volta por cima”.

Rincon Sapiência lança oficialmente “Galanga Livre”

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A Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) colocou “Galanga Livre”, álbum do MC Rincon Sapiência, entre os 25 melhores de música brasileira no primeiro semestre de 2017. O disco exalta sonoridades africanas e as rimas tratam da realidade negra do Brasil e valorização da população afro-brasileira.

Durante as faixas Rincon conta a história de um ex-escravo, Galanga, que, agora livre, se aventura pelas ruas da cidade grande. Nesta ficção o rapper consegue exprimir a realidade do povo preto no país.

Sapiência realizou sua primeira turnê europeia, passou pela Inglaterra, Espanha, Suécia, entre outros países. Agora o artista está de volta e fará o lançamento oficial de “Galanga Livre” nos dias 29 e 30 de setembro, no Sesc Pompeia – R. Clélia, 93 – Pompeia, São Paulo – SP. O show começa às 21h30 nos dois dias, com ingressos a R$20 (inteira).

Saiba mais sobre o evento e como adquirir seu ingresso no site do Sesc Pompeia.

Quando chegará a vez do Brasil preto?

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Elenco de "Samantha!" - Nova produção brasileira da Netflix

Uma nova série original Netflix, com produção brasileira, foi apresentada ao público: “Samantha!”. Com data de estreia para 2018, a série é uma comédia ou, como chamam os americanos, um “sitcom”.

Quando vi esta foto de divulgação, fiquei empolgada demais! Só pude pensar: QUE TIRO! Uma família feliz, não é? Um pai negro, retinto, uma menina negra, uma família estruturada, um pai presente… “Nossa, vai ser ótimo, vai ser divertido, vai quebrar padrões!”. Foi o quê eu imaginei, até ler a sinopse de “Samantha!”.

A série contará a história de uma ex-celebridade infantil da década de 1980, a Samantha. Decadente, ela tenta de tudo para voltar ao estrelato. Bem, agora se atentem para o personagem do homem negro: Dodói é um ex-jogador que acabou de passar 10 anos na prisão.

É isso! O cara negro é um ex JOGADOR DE FUTEBOL, que passou 10 anos na CADEIA! Muito revolucionário, não é? Quantas vezes homens negros foram vistos como bons só para os esportes ou como criminosos? Agora a Netflix fará o desfavor de juntar as duas coisas em um personagem só! E todo meu entusiasmo foi para o ralo, junto com a oportunidade desperdiçada de construir um homem negro além dos estereótipos racistas.

Fico me perguntando se esse personagem fosse um pai amoroso, se a série fosse construída, por exemplo, para a Samantha (a mãe), ser a “louca”, a desesperada pela fama, e o pai ser o que cuida dos filhos, o centrado, o responsável, será que teríamos o Douglas Silva ou qualquer outro ator negro no papel?

A Netflix tem “Greenleaf”, “Cara Gente Branca” e “The Get Down” entre suas séries originais. Ainda tem no catálogo produções como “Scandal” e “How to Get Away With Murderer”; séries pretas, com protagonismo negro, que quebram as expectativas, que subvertem o “óbvio”, que dão um tapa na cara dos racistas! Porém, nenhuma dessas é brasileira.

Reggie – Personagem de “Cara Gente Branca” – série original Netflix

O quê eu me pergunto é: quando chegará a nossa vez? Quando poderemos ver uma família rica negra, brasileira, como em “Eu a Patroa e as Crianças” ou em “Um maluco no pedaço”, onde o patriarca negro é advogado, médico, empresário, juiz, cientistas ou qualquer outra coisa? Quando poderei consumir uma produção nacional onde o papel do preto não vai ser de entretenimento ou crime? E quando a mulher negra será valorizada? Quando elas estarão no centro das produções brasileiras?

Fugimos para as produções americanas, fazendo relações com o a nossa realidade brasileira, simplesmente porque não podemos contar com as produções nacionais (as voltadas para o grande público), não podemos contar que seremos representados além dos estereótipos, que a mulher negra terá um papel real de destaque, que o racismo será tratado de forma real, aberta e concreta.

A produção executiva de “Samantha!” é de Felipe Braga (criador da série) e Alice Braga. Não há, até onde fomos informados sobre a série, nenhuma pessoa negra envolvida na criação e/ou desenvolvimento da mesma. Isso faz toda diferença! Quando falamos em “Scandal” e “How to Get Away With Murderer”, por exemplo, que têm mulheres negras no centro da ação, quebrando expectativas, falamos da produção e roteiro de Shonda Rhimes, uma mulher negra.

Shonda Rhimes é roteirista de “Scandal” que tem Olivia Pope, uma mulher negra, como protagonista

É o que nos falta, é o que falta ao nosso mercado: espaço para produções negras, de verdade! Produtores negros, diretores negros, roteiristas negros. Já passou da hora de esses terem espaço para contar nossas histórias!

Não sei o que vai ser de “Samantha!”, a série pode ser um grande sucesso, pode ser engraçada, bem feita; ainda sim estará perpetuando o mesmo papel de sempre destinado aos homens negros e a mesma invisibilidade a mulheres negras. Então eu pergunto, de novo: Quando chegará a vez do Brasil preto?

Autocuidado: projeto faz mais 100 mil mulheres negras caminharem diariamente

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Imagem: Divulgação

Na História recente da humanidade, o papel da mulher negra foi sempre o de servir. Seja como escravizada no passado, seja como doméstica, chefe de família, mãe e esposa, nos dias de hoje. Um dos resultados perversos disso é que estamos morrendo a cada dia mais por doenças facilmente detectáveis, como diabetes por exemplo.

Ao notar a morte precoce de amigas e entes queridas, todas mulheres negras com menos de 65 anos,  as americanas T. Morgan Dixon  e Vanessa Garrison iniciaram um movimento que hoje se tornou o maior projeto sem fins lucrativos com foco na saúde da mulher negra: o GirlTrek.

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, em pé, árvore, atividades ao ar livre e natureza
Foto: Divulgação

Por meio de um site, as afro-americanas podem se cadastrar e se juntar a um grupo de mulheres negras que caminham próximo a sua residência ou local de trabalho.

“Nós estamos comprometidas a nos curar, a amarrar nossos cadarços e andarmos até a porta da frente, todos os dias, pela nossa cura total e transformação da nossa comunidade, porque nós entendemos que nós estamos conectadas ao passado, ao movimento dos direitos civis como nunca antes, e ao mesmo tempo enfrentamos problemas de saúde como nunca antes” , explicou  T. Morgam Dixon, durante uma conferência TED em Abril deste ano.

De acordo com dados mostrados na apresentação, as mulheres negras americanas são as que morrem mais e mais rápido de doenças relacionadas a obesidade e que podem ser prevenidas. Nos EUA 82% das mulheres negras estão acima do peso e 53% apresentam índices que correspondem a obesidade. Todos os dias, cerca de 167 mulheres negras morrem de doenças cardíacas, um número maior do que mortes por armas de fogo, tabagismo e HIV somados.

O que você tem feito pela sua saúde ultimamente? Que tal se inspirar e fazer algo parecido com suas amigas, familiares ou colegas?

Saiba mais sobre o Girl Trek:
http://www.girltrek.org/

 

Curso trás reflexão sobre o papel do negro na dança brasileira

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“Outros movimentos para a Dança brasileira” é um curso que tem como objetivo revisar e re-imaginar a presença negra na dança brasileira. Nos encontros as biografias de artistas, teorias, espetáculos e propostas pedagógicas serão acionadas para aprofundar a relevância do debate e das ações propostas.

O curso, que  conecta histórias, propostas pedagógicas e experiências práticas, conta com Luciane Ramos Silva, doutoranda em Artes da Cena pela Unicamp. Ela também faz parte do Grupo Interinstitucional de pesquisa Corpo e Ancestralidade (UNICAMP/UFBA/USP) , do corpo editorial da Revista OMenelick2Ato, além de gestora de projetos no Acervo África e integrante do fórum de danças contemporâneas e corporalidades plurais.

Fernando Ferraz, doutor em Artes e Mestre em Artes Cênicas pela Unesp, professor da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro dos Grupos de Pesquisa Terreiro de Investigações Cênicas (Unesp-SP) e Gira: Grupo de pesquisa em danças e culturas indígenas, repertórios populares e afro-brasileiros (UFBA-BA), também compõe o curso.

O “Outros movimentos para a Dança brasileira” acontece no período de 11 a 26 de setembro, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc  – Bela Vista , Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar, SP. E, o final das atividades, será exibido o documentário “Um filme de Dança”, seguido de uma roda de debate com a diretora do filme, a coreógrafa Carmen Luz.

Para informação de valores, calendário de atividades e inscrição, acesse o site do Centro de Pesquisa e Formação Sesc São Paulo.

Vai ter “Baile Black em Alto Mar”, sim!

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Imagem ilustrativa

Imagine ir a um baile black, com uma trilha sonora bem nostálgica e envolvente. Agora imagine uma viagem inesquecível de navio, um Cruzeiro pela costa brasileira. Imaginou? Agora junte essas duas experiências e você terá o “Baile Black em Alto Mar”.

O evento, criado pela promoter Ana Lúcia Faustino e por Eduardo Moreira, experiente no mercado de turismo, teve sua primeira edição em 2016, contando com mais de 300 participantes.

Em 2018 o “Baile Black em Alto Mar” sairá do porto de Santos, ficará um dia no Rio de Janeiro, dois em Florianópolis e retornará a Santos. O Navio possui 14 andares, contando com o Deck, com capacidade para cerca de 4000 pessoas.  Não há restrição de idade para a viagem.

O valor médio para quem quer ter esta experiência é, atualmente, de R$ 2.934,00 por pessoa, com tudo incluso. É possível dividir o valor em até 10 vezes sem juros no cartão de crédito ou em até 9 vezes em boleto bancário.

Os interessados  podem entrar em contato  através da página “Baile Black em Alto Mar” no Facebook.

Jana Guinond: a versatilidade da mulher negra contemporânea

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“Mãe de Osíris, atriz, pedagoga,  Idealizadora do Programa Usando a Língua e sonhadora em ação”. É assim que Jana Guinond, 46 anos, se define. Ela só esquece de acrescentar a tudo isso,  o fato de ser dona de uma personalidade cativante, inspiradora e bem humorada. Nem tudo foram flores em sua vida. Ela lutou e saiu de uma depressão com a ajuda de mulheres negras que a inspiram.

Grata ao Universo por ser feliz novamente, ela dedica boa parte do seu tempo em projetos ligados à educação e a comunidade negra. Um deles é o Canal “Usando a Língua”,  que concorreu ao prêmio de melhor série educacional no Rio Web Fest, primeiro e único festival de webséries do Brasil.

Ela também já atuou no cinema com os filmes “Última Parada 174” de Bruno Barreto, e “Quebrando as Pernas – boa sorte” de Lucas N.

Seus cachos e sorriso largo podem ser vistos em comerciais e novelas, onde como ela mesma diz, “dá pinta”, vez e outra.

Seu próximo desafio é apresentar seu canal e falar da importância do samba como patrimônio cultural, durante o próximo Social Media Week que acontece agora em Setembro, em São Paulo.

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Novela das oito – a força do querer

Mundo Negro – Qual o segredo para ser tantas em uma só e manter sempre esse alto astral?

Jana Guinond: Apesar de nós mulheres termos que assumir vários papéis na sociedade, não abro mão de conduzir a minha vida da melhor maneira possível. Sou intensa em tudo que faço.

Uma característica muito forte em mim, é de querer aprender sempre, e com a maturidade, isso tem se tornado latente e um dos aprendizados que tive:  é de que sou dona da minha vida, sou responsável pela minha felicidade, não posso fazer as pessoas felizes se não começar por mim, apesar de todos os desafios diários que enfrentamos, no meu caso, como mulher negra, origem pobre, que gosta de ocupar espaços, sem modos, que fala alto (risos).

Foto: Arquivo pessoal

Não abro mão da minha felicidade, adoro estudar, ampliar meu horizonte de mundo, e sempre promovo o movimento do amor, das fofocas positivas, de coisas que façam bem. Eu sei, que muitas vezes, sigo na contramão do que o sistema quer que as pessoas façam.

Eu não me permito entrar em grupos de intolerância, de ódio, de coisas que só prejudicam. Acho que, muito por conta de entender que esse é o caminho da tal depressão que estive um dia, então não quero ver essa mocinha de novo na minha vida. Com a ajuda na época da minha família carnal, espiritual, e de muitas amigas como: Creuzelly Ferreira, Dra Helena Theodoro, Lucia Xavier, Marize Conceição, Iris Jane, Iléa Ferraz, Jurema Werneck, Neide Diniz, Julia Jóia, Élida Aquino que na época me convidou para participar do Coletivo Meninas Black Power.

Retomei as minhas atividades através da criação, em 2013,  do Programa Usando a Língua, com recursos próprios e a ajuda de muita gente, e o programa, na verdade, se tornou um tipo ressurgir das cinzas, um fênix.  Sem falar que faço um resgate de minhas raízes, do universo do samba, presto homenagem ao meu pai (in memoriam) e tivemos a honra de ter a participação de Bira Presidente do GR Cacique de Ramos e o saudoso Almir Guineto um dos fundadores do Cacique.

Jana e Bira Foto: Arquivo pessoal

Voltei a me ver no espelho. Retomei o que sei fazer com muito prazer. Convidei Elza Soares para ser a madrinha, e Martinho da Vila para ser o padrinho do Programa. E eles toparam!!

Como foi sou processo de se descobrir como negra? Como sua família te influenciou nesse sentido?

 Embora soubesse o tempo todo que sou negra. Considerava-me feia e sem jeito. Tornei-me negra no sentido político (não partidário) aos 29 anos de idade, com influência de movimentos sociais e depois do movimento negro. Grupos que devo uma profunda gratidão. Hoje, o que eu puder contribuir para que as pessoas se tornem negras “mais rápidas” através da identidade, eu farei minha humilde contribuição.

Foto: Arquivo Pessoal

Como mãe de um menino negro quais são os maiores prazeres e os maiores medos?

É uma maravilha ser mãe de um menino, porque acabo conhecendo universo que não tinha a menor ideia, e consequentemente, sempre (re)avaliando minhas ações e comportamentos.

Nós temos uma relação de muito diálogo, que eu me emociono quase todos os dias.
É notório perceber, como o sistema é cruel com a população negra, principalmente, com homens negros, que fazem parte das estatísticas  no maior número de genocídios.

E quase todos os dias, eu e meu filho, temos uma questão para refletir e resolver, seja sob o ponto de vista étnico racial, seja do ponto de vista do machismo, enfim, é desafiador, mas a gente enfrenta né?

Você anda muito de bicicleta e tem uma aparência lindamente natural e saudável. Você acha que o autocuidado é uma prática comum entre as mulheres negras?

Eu ando de bicicleta porque, em 2014 fiz um investimento no programa Usando a Língua, e meu filho foi sorteado para uma escola pública de excelência, embora, tivesse três escolas mais próximas de casa,  eu não queria perder a vaga. E respeitar o ser abençoado que é meu filho. Com o transporte caro, comecei a levá-lo de bicicleta.

Durante nossas idas e vindas, mesmo cansada, por conta da idade, passamos a contemplar a natureza, conversar bastante, de observar algumas árvores, com seus frutos e folhas que cada dia estavam diferentes,  o som dos pássaros, mesmo na correria do dia a dia. Agradeço, todos os dias de poder enxergar as belezas no meio do caos.

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Foto: Arquivo Pesosal

Eu só tenho muito receio dessa frase “aparência lindamente natural e saudável” por conta de estar magra. Na verdade, nem posso legitimar isso, porque sabemos que temos a ditadura da moda, o tempo todo em nossas vidas. Que é cruel para todas nós.

Fujo dos padrões de “natural” (porque sou toda trabalhada no truque feminino) e “saudável” (adoro petiscos com uma boa cervejinha), embora reconheça que com a atividade esportiva de 40 minutos diariamente contribua em várias coisas para o meu bem estar.

E considero a  questão do autocuidado seja fundamental para conversarmos, já que somos historicamente impulsionadas em acreditar que não merecemos bons momentos, que inclua o olhar pra nós mesmas. Cuidar de nós.  Passamos boa parte da vida cuidando de outras pessoas e esquecendo nós mesmas. E é necessário mudar essa perspectiva, de considerarmos que merecemos sim, mais do que nunca. Sermos felizes.

As redes sociais abreviam e mudam o sentido e a forma de algumas palavras, como isso te influência como educadora?

No Social Media Week faremos a exibição pela primeira vez em São Paulo do episódio “Segura a Marimba”, no programa abordamos sobre as variações linguísticas, as palavras que mudam conforme o tempo, por exemplo. E a possibilidade de criar mecanismos com a interdisciplinaridade escolar.

 

Quais suas expectativa na participação no Social Media Week?

Tenho brincado com a expressão em tudo que faço de que “darei pinta….”, mas no fundo dá aquele frio na barriga, porque é o maior evento de mídias sociais do Brasil que acontece em São Paulo, na ESPM, Estarei “fora” de casa, mas espero ser acolhida da melhor maneira possível e me sentir em casa e também espero que as pessoas possam acompanhar pela transmissão ao vivo de todo o lugar do Brasil.

A produção do evento me perguntou por e-mail se eu aceitaria ficar na lista de espera, mas eu já me via lá, eu me imaginava participando do evento. Não é que fui selecionada? (risos)

Só que, por conta do meu investimento no Programa Usando a Língua, e a atual situação econômica do País, não pintava trabalho, então não tinha dinheiro para ir, e em uma postagem de desabafo comecei a receber várias mensagens privadas, de pessoas oferecendo ajuda de diversas formas.

Olha, fiquei uns três dias chorando de emoção. Porque vou para o Social Media Week por conta da mobilização das pessoas nas redes sociais, e reforçando, o que acredito, as redes devem ser usadas principalmente para as coisas boas. E é tão bom se sentir amparada, principalmente neste universo do audiovisual que é ainda, elitista, nepotista, machista e racista. Estou muito emocionada.

Quem mora em São Paulo poderá conhecer mais de perto os projetos de Jana Guinond durante Social Media Week – 2017. A palestra dela será no dia 14 de Setembro, quinta-feira, às 17 h.  Inscrição no evento: http://bit.ly/2xK3igU

Contatos

Youtube: Programa USANDO A LÍNGUA

Email: programausandoaligua@gmail.com

Tel. 55 21 979- 238-900

Facebook: Programa Usando a Língua

Twitter: @pgm_lingua

Instagram: @programausandoalingua

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Site: www.programausandoalingua.com.br ( em construção)

Ciclo de palestras abre espaço para estudiosos africanos residentes no Brasil

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Qual a relação de um africano dentro da realidade brasileira? E qual a relação do africano no Brasil quando o assunto é moda e empreendedorismo? Já se perguntou sobre o protagonismo feminino africano? Essas e outras questões serão respondidas no ciclo de palestras “Áfricas por Africanos: sociedades e culturas em conexão”.

O evento contará com palestrantes de diversos países da África, como Brurkina Fasso, Guiné Bissau, Angola, entre outros. O objetivo é reunir narrativas, experiências e relatos de pesquisa desses africanos residentes no Brasil. “Da Guiné à Sampa: protagonismo de mulheres africanas”, “África de Mama: sociedade e história entre estampas e tecidos Grand Mama” e “A educação islâmica na África do oeste: a juventude burkinabê (Burkina Faso) e os desafios da cidadania cultural”, são algumas das palestras que serão apresentadas.

O ciclo “Áfricas por Africanos: sociedades e culturas em conexão”, acontece do dia 12 ao dia 20 de setembro, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc – Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar – Bela Vista – São Paulo. Para verificar a programação completa e saber como adquirir seu ingresso, acesse o site do SESC SP.

“O Afrokubano: A Festa com outro sotaque” reúne músicos cubanos e brasileiros

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Batanga & Cia

O Afrokubano é um músico que circula entre as cidades de Havana, Santiago de Cuba e São Paulo. Com seus instrumentos de percussão o artista não perde a oportunidade de unir músicos de diferentes nacionalidades para interagir e criar ritmos. “O Afrokubano: A Festa com outro sotaque” tem também esse proposito, reunir músicos brasileiros e cubanos.

Entre as atrações do evento está o saxofonista cubano Luis Cabrera, a cantora baiana Luedji Luna, o DJ pernambucano Mauricio Bade e a banda Batanga & Cia – formada por três músicos cubanos e dois brasileiros. Além de música o encontro contará com exposição de arte, venda de comida e bebidas típicas cubanas e exibição de filmes, clipes e desenhos cubanos.

“O Afrokubano: A Festa com outro sotaque” acontece no dia 8 de setembro (sexta-feira), à partir das 16h, no Centro de Música Instrumental – Jazz nos Fundos, localizado em Pinheiros, São Paulo. Os ingressos custam R$ 25 (Lote Promocional), R$40 (Segundo Lote) e R$50 (na porta). Confirme sua presença e confira a programação completa  no evento do Facebook.

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A banda Batanga & Cia, atração confirmada no evento, é um quinteto formado por Claudia Rivera (flauta), Hanser Ferrer (piano/diretor musical), Pedro Damian Bandera (percussão/diretor musical), Ilker Ezaki (percussão) e Noa Stroeter (baixo). Em janeiro de 2017 o grupo participou da gravação da trilha sonora da minissérie “Dois Irmãos”, da Rede Globo. Conheça mais do trabalho da banda:

Encontro das Águas: a história de amor de duas mulheres negras maduras

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Crédito das fotos: "Estúdio Pose"

Um casal de mulheres negras lésbicas decide se casar com a benção dos orixás. Esse é o pano de fundo do documentário Encontro das Águas que chega ao Youtube hoje, dia 29 de agosto, dia da Visibilidade Lésbica.

Realizado por Flávia dos Santos e Zaíra Pires e dirigido Mestre Negoativo, o filme de 2016 acompanha a jornada de  Rosane Pires e Iara Viana, durante os preparativos para seu casamento, bem como as cerimônias civil e religiosa.

A história de amor das duas, é uma provocação para reflexões sobre  sobre gênero, raça, sexualidade e religiosidade de matriz africana, e sobre a intersecção de violências sobre a vida das mulheres negras homoafetivas no nosso país.

A jornalista Zaíra Pires, uma das idealizadoras do projeto, fala sobre a necessidade de se tornar pública a felicidade de mulheres negras, que são duplamente oprimidas pela sociedade, e o quanto suas conquistas são motivo de comemoração: “Uma mulher negra feliz é uma revolução, já que estamos sendo cotidiana e ostensivamente violentadas pelo racismo e pelo machismo, ambos tão naturalizados na nossa sociedade, o que faz com que tenhamos muito mais dificuldades que outros cidadãos para ter nossos direitos garantidos e nossas existências respeitadas. Quando, a despeito de todos esses abusos e ausências, nós continuamos caminhando, sobrevivemos e vencemos, estamos afirmando que não vamos ceder. Nossa felicidade é política”.

Confira o trabalho na íntegra:

FICHA TÉCNICA:

Título: Encontro das Águas
Gênero: Documentário
Duração: 30 minutos
Ano: 2016
Realização: Flávia dos Santos e Zaíra Pires
Direção: Mestre Negoativo
Produção: Divindade Cultural

 

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