No filme “Bem-Amada”, protagonizado por Oprah Winfrey, Danny Glover e Thandiwe Newton, baseado no clássico da sublime escritora afro-americana Toni Morrison sobre a escravização, a negra Sethe é atormentada pela lembrança da filha que ela preferiu sacrificar a ver escravizada.
A decisão angustiante de Sethe marca a trajetória de milhares de pessoas escravizadas que vislumbraram no infanticídio, no aborto ou no suicídio um destino menos assombroso do que o cativeiro.
A reação possível, o inconformismo, a rebeldia negra manifesta-se sob variadas formas: inquéritos policiais registram que escravizados assassinavam seus senhores por vingança e porque julgavam que o cárcere seria menos indigno do que o cativeiro.
Ações armadas como a Revolta dos Malês, a Balaiada ou batalhas judiciais como as ações de liberdade (vide livro “Liberata”) e a litigância civilizatória de Luiz Gama ilustram a incessante insurreição negra contra os horrores de três séculos e meio de escravização; o holocausto africano, nas palavras de Abdias do Nascimento.
Os quilombos, sabe-se hoje que existem cerca de 8.500 deles espalhados pelo país, representaram a forma mais sofisticada e ousada da insurgência negra à medida em que instituíram territórios livres no interior da própria colônia.
No longínquo 20 de novembro de 1971 o Supremo Tribunal Federal ainda não havia cunhado a expressão direito à memória quando um grupo de jovens negros e negras gaúchas decidiu lançar uma campanha pelo reconhecimento do dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra.
Meio século depois o Brasil celebra a vida e morte de Zumbi dos Palmaresreconhecendo-a como símbolo do legado de dignidade, insubordinação, tenacidade e protagonismo dos cerca de cinco milhões de seres humanos sequestrados pelo tráfico transatlântico e trazidos para estas plagas.
O elo da corrente que liga a força descomunal da escravizada “Sethe” à Dandara dos Palmares, a Zumbi e ao poeta Oliveira Silveira, idealizador do Dia da Consciência Negra, mantém viva a esperança de que a memória da reação negra prossiga superando o apagamento e naturalização da barbárie que insiste em lucrar com o racismo enquanto desdenha das dores lancinantes do povo preto.
Valeu Zumbi!
Texto: Hédio Silva Jr., Advogado, Doutor em Direito, fundador do Jusracial e Coordenador do curso “Prática Jurídica em casos de Discriminação Racial e Religiosa”
Até o dia 20 de novembro, o Rio de Janeiro será palco do Humanity Summit 2024, evento global que coloca a justiça social, a equidade racial e a transformação cultural no centro das discussões. Realizado em paralelo ao G20, o summit propõe reflexões sobre soluções inclusivas para desafios globais, unindo inovação, diálogo intercultural e o protagonismo de lideranças negras e periféricas.
A programação, que ocorre na histórica Casa Rui Barbosa e no espaço Futuros – Arte e Tecnologia, reúne palestras, painéis e performances culturais que abordam temas como justiça racial, equidade econômica e resiliência cultural. Um dos grandes marcos do evento é a inauguração do Palco Marielle Franco, em homenagem à ex-vereadora brasileira e símbolo da luta por direitos humanos.
O Humanity Summit 2024 conta com palestrantes de destaque no ativismo e na política. Entre os nomes confirmados estão Siyabulela Mandela, jornalista de direitos civis, e Epsy Campbell Barr, ex-vice-presidente da Costa Rica. A programação também inclui a participação de lideranças brasileiras como Olivia Santana, deputada estadual, e Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial. As discussões enfatizam a importância das reparações e da justiça econômica como bases para um futuro mais inclusivo, abordando os impactos do racismo estrutural e as barreiras enfrentadas por comunidades marginalizadas.
O evento também promove atividades imersivas no Museu Futuros e no Teatro da Mudança Franz Fanon, reforçando o papel das artes na transformação social. Performances poéticas, oficinas e apresentações culturais celebram a herança afrodescendente e indígena, destacando a riqueza da diversidade brasileira e global.
Coorganizado pela Muxima e com apoio da Fundação Casa Rui Barbosa e da University of California Office of the President (UCOP), o summit reafirma o protagonismo do Brasil no cenário internacional. A parceria com a Rede Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP) reforça a importância da representatividade nas narrativas sobre justiça e inclusão.
Os ingressos são gratuitos e podem ser reservados na plataforma Sympla. A programação completa está disponível no site oficial do evento, com as principais atividades divididas por dia:
20 de novembro (quarta-feira): justiça climática, liberdade religiosa e saúde mental encerram o evento, com destaque para falas de Sonia Guajajara e apresentações culturais.
18 de novembro (segunda-feira): debates sobre justiça social, direitos humanos e equidade econômica, com palestras de lideranças como Olivia Santana e Siyabulela Mandela.
19 de novembro (terça-feira): temas ligados à educação inclusiva, acesso à tecnologia e empreendedorismo, além de painéis sobre inovação e criatividade no Sul Global.
“Quero transformar a vida de pessoas no nosso país, seja pela educação, tecnologia, equidade, erradicação da fome, e isso me impulsiona a levantar todos os dias”, afirma Kelly Silva Baptista, a nova presidente da Fundação 1Bi, ao celebrar sua nova conquista profissional, em entrevista ao Mundo Negro, nesta segunda-feira (18).
Com mais de 20 anos de experiência no terceiro setor, a executiva se juntou à instituição que fomenta projetos de tecnologia visando ao impacto social em 2020, como Coordenadora Geral, foi promovida à Diretora Executiva em 2022, e agora assume um novo desafio.
“Hoje, como líder da Fundação 1Bi, tenho a honra de poder transformar essa realidade e garantir que milhões de usuários tenham acesso a uma educação de qualidade. Minha trajetória pessoal me impulsiona a criar soluções inovadoras e inclusivas, que realmente façam a diferença na vida dessas pessoas”, conta.
Kelly foi uma das responsáveis pelo impacto da Fundação 1Bi na sociedade e acompanhou de perto o crescimento da entidade. “Nosso time tinha 2 pessoas e atendíamos cerca de 130 mil usuários. Hoje somos 15 colaboradores e em breve vamos alcançar a marca de 5 milhões de alunos e professores usuários, com sonhos maiores de também atender gestores e secretários, com um objetivo único de implementar uma cultura tecnológica básica, para melhoria do desempenho escolar”.
Gestora Pública pela UNIFESP, Kelly Baptista também é colunista no site Mundo Negro, membro da rede de líderes Fundação Lemann, VP da Cruzando histórias, Conselheira da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, e Linkedin Top Voice.
Leia a entrevista completa abaixo:
Kelly, com uma trajetória notável no terceiro setor, você lidera iniciativas que impactam milhares de jovens. Como suas experiências pessoais e profissionais moldaram seu compromisso com a educação e a tecnologia inclusiva?
Cresci na periferia, onde a educação era um sonho distante para muitos. Essa experiência me mostrou a importância de oferecer oportunidades iguais a todos. Hoje, como líder da Fundação 1Bi, tenho a honra de poder transformar essa realidade e garantir que milhões de usuários tenham acesso a uma educação de qualidade. Minha trajetória pessoal me impulsiona a criar soluções inovadoras e inclusivas, que realmente façam a diferença na vida dessas pessoas.
Eu também sou aluna de Universidade pública e na minha época no início dos anos 2000, não haviam programas sociais, então uma pessoa negra, periférica estar em uma universidade pública de tecnologia era um marco.
São muitas Kellys, que tem experiências e bagagem de uma mulher de 80 anos e de 40 anos e isso me faz transitar com tranquilidade e confiança, que tenho muito a contribuir com a educação pública brasileira.
Você se descreve como uma pessoa inquieta. Como essa característica influenciou sua carreira até agora, e de que forma ela te impulsiona na presidência da Fundação 1Bi?
Eu iniciei em movimentos estudantis de base nos anos 90, fazendo arrecadações, dando aula em cursinhos públicos, pós faculdade fui dar aula, e na sequência atuei 11 anos em responsabilidade social empresarial, com metodologias de geração de renda, para mulheres em situação de vulnerabilidade social, Brasil à fora.
Dentre outras experiências chego na Fundação em setembro de 2020, para pensar projetos e parcerias que levassem a tecnologia para todos os jovens brasileiros.
Nosso time tinha 2 pessoas e atendíamos cerca de 130 mil usuários. Hoje somos 15 colaboradores e em breve vamos alcançar a marca de 5 milhões de alunos e professores usuários, com sonhos maiores de também atender gestores e secretários, com um objetivo único de implementar uma cultura tecnológica básica, para melhoria do desempenho escolar.
Eu sou inquieta e tenho claro há mais de dez anos que quero transformar a vida de pessoas no nosso país, seja pela educação, tecnologia, equidade, erradicação da fome, e isso me impulsiona a levantar todos os dias, e renovar esse compromisso pensando em estratégias novas.
Além da liderança na Fundação 1Bi, você também participa de outros movimentos e iniciativas. Como equilibra esses compromissos profissionais intensos com sua vida pessoal?
Hoje eu sou VP da Cruzando histórias uma Organização sem fins lucrativos, que promove o acolhimento, a valorização profissional e empregabilidade entre mulheres e também sou conselheira doEDUCA2030 – Pacto Global da ONU, que atua com aumento do nível de escolaridade dos funcionários; inclusão dos mais jovens no mercado de trabalho e ampliação do número de mulheres nas áreas de ciência e tecnologia, engenharia e matemática. Além de membra da Rede de líderes da Fundação Lemann que reúne um grupo de pessoas extraordinárias, que exercem liderança, com grande potencial de mudar o Brasil e que já estão agindo para transformá-lo em um país mais justo e avançado.
Eu tenho uma vida muito organizada, e uma rede de apoio liderada pelo meu marido, que permite com que eu possa ir e vir e acompanhar a educação dos meus filhos e uma saúde em dia, hoje com mais experiência me dou ao luxo de dizer não para algumas agendas que vão me sobrecarregar, ou me tirar do foco.
Ser uma mulher negra em uma posição de destaque no terceiro setor traz responsabilidades e desafios únicos. Quais foram os maiores aprendizados que te ajudaram a construir sua visão de liderança?
O terceiro setor não se diferencia dos outros, é um setor também embranquecido em especial no alto escalão, cruzo com muitos projetos sendo desenvolvidos sem o usuário como centro da conversa.
Eu percebo que o fato de eu ser de origem periférica e transitar na periferia faz com que meu olhar agregue valor ao meu trabalho.
Tiro algumas lições disso tudo:
eu não sou uma ilha, preciso de rede de apoio e me permitir ser cuidada;
eu não vou salvar, primeiro preciso me salvar para depois salvar os outros;
as mudanças vão continuar acontecendo em uma velocidade absurda, então, eu não posso parar, tenho que seguir me capacitando, dialogando e projetando para acompanhar o futuro.
Ao assumir a presidência da Fundação 1Bi, você tem o desafio de expandir o impacto da instituição no campo da educação e tecnologia para jovens em situação de vulnerabilidade. Quais são os principais projetos e metas estratégicas que você pretende implementar para alcançar essa transformação social e como espera que a Fundação 1Bi contribua para o futuro da educação no Brasil?
Primeiro gostaria de contar que nunca me imaginei presidente de nada, então isso por si só já é uma construção a ser feita.
Mas voltando a 1Bi como eu disse no começo, tivemos um crescimento exponencial desde que cheguei, e já temos algumas metas para os próximos 5 anos.
ser referência em desenvolvimento de tecnologias sociais para a educação pública;
desenvolver uma trilha de equidade racial, com base na Lei nº 10.639 e na Lei nº 11.645, que tratam dos estudos da cultura afro-brasileira e indígena, de forma simples e que cheguem de verdade aos professores e professoras e os façam entender que isso precisa fazer parte da rotina escolar deles;
atender a educação com tecnologia de ponta a ponta alunos, professores, gestores e secretarias educacionais, contribuindo para um futuro mais justo e equitativo.
e o sonho grande é tornar o AprendiZAP nosso carro chefe em uma política pública efetiva.
O território da Pequena África, na zona portuária do Rio de Janeiro, ganhará um novo impulso para fortalecer sua identidade cultural e histórica. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou no dia 15, durante o G20 social, no Armazém Kobra, a adesão de três novos doadores à iniciativa Viva Pequena África: Ford Foundation, Open Society Foundations e Instituto Ibirapitanga. Juntas, as instituições somarão um investimento de R$ 7,3 milhões na preservação do patrimônio e na valorização da herança africana no Brasil.
O projeto já conta com R$ 10 milhões do Fundo Cultural do BNDES, totalizando R$ 20 milhões para iniciativas que promovem a preservação da memória, o turismo cultural e o fortalecimento das instituições do território. A Ford Foundation e a Open Society Foundations contribuirão com US$ 500 mil cada, aproximadamente R$ 2,9 milhões, enquanto o Instituto Ibirapitanga investirá R$ 1,5 milhão. Os recursos serão aplicados em ações que conectam memória, cultura e desenvolvimento econômico, buscando evitar a exclusão social e fortalecer o protagonismo das comunidades locais.
Durante o anúncio, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que a Pequena África é a porta de entrada para compreender o que é a verdadeira história do Brasil. “De modo geral, o patrimônio histórico está associado às elites brancas. A Pequena África é o pré-sal do movimento negro brasileiro: ela tem que ser valorizada como porta de entrada do que é a história do Brasil”, comenta.
A iniciativa também é celebrada pelas instituições parceiras como um passo importante para a reparação histórica. Para o diretor da Ford Foundation no Brasil, Atila Roque, a iniciativa é um passo importante no esforço de reparação e restauração da memória negra. De acordo com ele, torna-se um passo na construção de um projeto que tenha no legado da Pequena África o fundamento sobre o qual um futuro de igualdade e justiça social possa ser erguido.
Heloisa Griggs, diretora de Aberturas Democráticas na América Latina e Caribe e líder para América Latina e Caribe na Open Society Foundations, destacou que apoiar a iniciativa Viva Pequena África é promover o direito à memória da população afro-brasileira e pontuar seu papel essencial na história, no desenvolvimento econômico e na cultura do país, a partir de uma perspectiva reparadora. “A democracia se fortalece quando Estado e sociedade civil trabalham juntos”, aponta.
Desde a descoberta do sítio arqueológico do Cais do Valongo em 2011, a Pequena África se consolidou como símbolo da memória e da resistência negra no Brasil. Com o apoio de novos recursos e das comunidades locais, o Viva Pequena África reafirma o compromisso de transformar o território em um exemplo de preservação cultural e desenvolvimento sustentável, conectando o passado ao presente para construir um futuro mais justo e inclusivo.
Texto: Laila Oliveira, jornalista e coordenadora de comunicação da Coalizão Direitos na Rede
O Brasil tem acompanhado, talvez não atentamente, o processo de venda do chamado bens reversíveis, pela empresa de telecomunicações OI. A venda de bens públicos pela OI, particularmente os chamados “bens reversíveis”, impacta diretamente à população negra, que é a mais afetada pelas desigualdades econômicas e sociais no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pretos e pardos representam mais de 56% da população. No entanto, são maioria em empregos informais e de baixa remuneração, a população negra ganha em média 55% menos do que a população branca.
O processo de venda dos bens reversíveis envolve decisões da Advocacia-Geral da União (AGU), MCOM, Anatel e SecexConsenso do TCU. Se favorecer a OI, a empresa poderá manter os lucros dos ativos que deveriam reforçar o patrimônio público, prejudicando diretamente investimentos em áreas cruciais como a inclusão digital e a universalização do acesso significativo à internet. Esse desvio de recursos potencialmente agrava a exclusão digital, que atinge desproporcionalmente as comunidades negras e de baixa renda.
De acordo com a TIC Domicílios 2023, 22% da população autodeclarada preta e parda no Brasil nunca acessou a internet, enquanto entre os brancos esse número é de 11%. Além disso, mesmo entre aqueles que acessam, apenas 22% desfrutam de boas condições de conectividade, sendo que 34% da população negra apresenta as piores condições de acesso, segundo o estudo Conectividade Significativa do NIC.br. Essas estatísticas evidenciam a exclusão digital que limita o acesso a oportunidades educacionais e profissionais para a população negra, além de restringir também o acesso ao conhecimento, à cultura e ao lazer no ecossistema digital.
Durante a pandemia de COVID-19, a desigualdade digital se intensificou, pois muitos estudantes negros e de baixa renda não conseguiram acompanhar as aulas online devido à falta de uma conexão estável e dispositivos adequados. A exclusão digital impede que essas comunidades se beneficiem de oportunidades que dependem da conectividade, perpetuando as desigualdades sociais e econômicas.
A falta de políticas públicas robustas para universalizar a internet no Brasil aprofunda as desigualdades já existentes, impactando especialmente a população negra e periférica. Investir em infraestrutura digital, aliado a políticas de apropriação tecnológica, é fundamental para o empoderamento das comunidades, promovendo a democratização das comunicações em tempos digitais.
Essas iniciativas garantem não apenas o acesso igualitário à informação e aos recursos digitais, mas também fortalecem o direito de autodeterminação das comunidades no ecossistema digital, permitindo que elas sejam protagonistas em seu próprio desenvolvimento. Dessa forma, a inclusão digital se torna uma ferramenta de justiça social, participação ativa e construção de uma cidadania plena no ambiente digital.
A Coalizão Direitos na Rede (CDR), composta por mais de 50 organizações defensoras dos direitos humanos e digitais, denuncia irregularidades na venda dos bens reversíveis da OI. A campanha #ANetÉNossa! busca garantir que os recursos dessas vendas retornem aos cofres públicos, promovendo a universalização do acesso à internet e combatendo o racismo estrutural.
Investir em conectividade de qualidade é essencial para reduzir as desigualdades raciais e sociais no Brasil. Sem isso, a população negra e outras comunidades vulneráveis continuarão enfrentando barreiras no acesso a oportunidades educacionais, profissionais e de desenvolvimento pessoal. Usar a infraestrutura de telecomunicações para promover a inclusão digital é crucial para combater desigualdades históricas que afetam milhões de brasileiros.
Para que o Brasil avance em direção a uma sociedade mais justa e equitativa, é essencial reverter a venda de bens públicos e direcionar esses recursos para políticas que garantam a todos os cidadãos oportunidades iguais no mundo online. A inclusão digital é mais que um direito; é uma ferramenta para promover empoderamento, justiça social e igualdade de oportunidades, ajudando a construir um futuro mais inclusivo para todos os brasileiros e brasileiras.
O escritório Pinheiro Neto Advogados anunciou, nesta segunda-feira, 18, a demissão de Tatiane Joseph Khoury, 20, estudante de Direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), após sua participação em um episódio de ofensas racistas e contra cotistas e estudantes da USP (Universidade de São Paulo) durante os Jogos Jurídicos Estaduais.
De acordo com a coluna da jornalista Mônica Bérgamo, do jornal Folha de S. Paulo, o escritório emitiu uma nota lamentando o episódio: “O escritório Pinheiro Neto Advogados lamenta o episódio ocorrido durante os Jogos Jurídicos Estaduais. Reiteramos que não toleramos racismo ou qualquer tipo de preconceito. Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório”.
O caso ocorreu no último sábado, 16, em Americana, interior de São Paulo, quando vídeos que circularam nas redes sociais mostraram torcedores uniformizados da PUC-SP gritando palavras como “cotista” e “pobre” para ofender alunos da USP durante uma partida de handebol. Entre os gestos feitos pelos torcedores, houve alusões a dinheiro.
A reitoria da PUC-SP e as diretorias das faculdades de Direito de ambas as universidades publicaram notas de repúdio ao episódio, classificando as atitudes como “inadmissíveis” e contrárias aos valores das instituições.
A PUC-SP informou que abrirá um processo interno para investigar e responsabilizar os envolvidos. “Manifestações discriminatórias são vedadas pelo Estatuto e pelo Regimento da Universidade, além de serem incompatíveis com os princípios e valores de nossa Instituição. Nos solidarizamos com os estudantes ofendidos e com todos que presenciaram esse episódio intolerável”, afirmou em nota.
Além disso, a organização dos Jogos Jurídicos afirmou que os responsáveis pelas ofensas serão punidos. Parlamentares como a vereadora Luana Alves e a deputada federal Sâmia Bomfim, ambas do PSOL, acionaram o Ministério Público de São Paulo para que um inquérito seja aberto a fim de apurar os atos de racismo.
O ator Jonathan Majors e a atriz Meagan Good anunciaram durante um evento no último domingo, 17, que estão noivos. O casal revelou a novidade durante o EBONY Power 100 Gala, realizado em Los Angeles, nos Estados Unidos, enquanto falavam sobre os planos para a temporada festiva de fim de ano.
“Estamos nos sentindo ótimos”, disse a atriz em entrevista para a revista People, exibindo o anel de noivado para as câmeras. Majors complementou: “É uma temporada de todas as coisas boas”.
Os dois escolheram o evento como palco para anunciar o noivado porque foi lá que se conheceram, há dois anos. “O EBONY Power 100 foi onde nos encontramos pela primeira vez, no banheiro unissex”, revelou Good, que na semana passada anunciou a estreia da terceira temporada da série ‘Harlem’ para 2025.
Jonathan Majors e Meagan Goodcomeçaram a ser vistos juntos em maio de 2023, poucos meses após Good finalizar o divórcio com o pastor DeVon Franklin. Segundo a atriz, a conexão entre eles foi imediata. “Tivemos uma química instantânea”, afirmou em entrevista anterior.
O relacionamento também enfrentou desafios públicos. Em 2023, Majors foi acusado de agressão e assédio, o que resultou em um julgamento em que ele foi considerado culpado e condenado a cumprir um programa de intervenção. Durante o período, Good se manteve ao lado do ator, apesar de suas tentativas de afastá-la para protegê-la do escândalo.
“Ele queria me proteger”, disse a atriz à People no início deste ano. “Eu cresci nesta indústria. As coisas pelas quais passei me deram a força para apoiar alguém que amo, independentemente das circunstâncias”.
Em um anúncio que surpreendeu o público nos últimos minutos do domingo, 17, a cantora Beyoncé anunciou que será atração principal do show de intervalo do jogo de Natal da NFL entre Houston Texans e Baltimore Ravens. A partida será realizada no dia 25 de dezembro e transmitida pela Netflix.
“Seu presente de Natal antecipado foi concedido: Beyoncé irá se apresentar durante o primeiro jogo de Natal da NFL na Netflix”, informou a Netflix em comunicado à imprensa. Embora os detalhes sobre a apresentação ainda sejam mantidos em sigilo, a Netflix revelou que Beyoncé “deve levar alguns convidados especiais” que participaram de Cowboy Carter, seu mais recente álbum, de country.
O anúncio veio acompanhado de um vídeo promocional, no qual a cantora aparece sobre um carro vintage, segurando uma bola de futebol americano enquanto canta American Requiem, faixa de abertura de Cowboy Carter. Esta será a terceira vez que a artista sobe ao palco durante um intervalo da NFL. Beyoncé já foi atração principal no Super Bowl em 2013 e 2016, consolidando sua presença marcante no universo esportivo.
O jogo especial de Natal será transmitido a partir das 18h30 (horário de Brasília) e marca a primeira parceria da NFL com a Netflix para esse tipo de evento.
Cerca de 7 em cada 10 meninos negros entrevistados, entre 13 e 17 anos, querem aprender como tratar meninas e mulheres com respeito, igualdade e sem violência. Esses dados, com representatividade nacional, compõem o relatório “Meninos Negros: Perspectivas e sentimentos”, parte da pesquisa “Meninos: Sonhando os homens do futuro”, que integra o projeto homônimo, que ouviu mais de 2.500 meninos de 13 a 17 anos, entre eles 1.435 meninos negros.
A pesquisa, idealizada pelo Instituto PDH / PapodeHomem e viabilizada por Natura, ouviu ainda pais, mães e pessoas responsáveis por meninos de 13 a 17 anos, homens e mulheres acima dos 18 anos, e também, meninas de 13 a 17 anos.
O que pensam as meninas?
No caso das meninas respondentes, perguntamos: “Você gostaria que os temas abaixo fossem ensinados aos meninos?: “Como tratar meninas e mulheres com respeito, igualdade e sem violência”. A resposta foi positiva: 96,80% das meninas (das 1.454 respondentes) gostariam que este tema fosse ensinado aos meninos. Isso só reforça a urgência de conversarmos com os meninos de forma mais profunda sobre a questão.
Novas perspectivas de masculinidades para meninos negros
Existem outros dados importantes a serem analisados e que estão relacionados à saúde mental dos meninos negros, por exemplo, 7 em cada 10 meninos negros têm medo (em alguma proporção) de serem acusados injustamente de assédio. Essa preocupação também paira sobre os homens negros, pois 61,66% dos respondentes, acima dos 18 anos, também têm medo (em alguma proporção) de serem acusados injustamente de assédio.
Um possível reflexo dessa preocupação pode ser encontrado no que lemos como um outro pedido de ajuda: 5 a cada 10 meninos negros (52,54%) querem aprender a paquerar sem assediar.
Sobre essas dores, o psicólogo Marlon Nascimento, especialista no diálogo com meninos negros e de periferia, considera: “Acredito que grande parte do medo dos meninos, em especial dos meninos negros, de serem acusados de assédio seja explicado pela dinâmica das relações étnicos-raciais no Brasil, mas também por sermos pouco propositivos com esse tema. E os dados da pesquisa mostram como a grande maioria dos meninos querem aprender como agir com respeito, igualdade e sem violência.”
Programa Meninos do Futuro
Mas como mudar essa realidade e acolher as dores desses meninos? Marlon Nascimento responde: “A respeito disso, ainda focamos muito mais nos problemas do que na solução. Nossa sociedade foca muito mais em punição do que em proposição ou entender de onde surgem essas dores e em acolher os meninos. Não basta apenas apontarmos o que é errado. Precisamos direcionar esses meninos de forma propositiva. Por isso uma proposta como a do Programa Meninos do Futuro tem que ser valorizada.”
Desde outubro de 2023, com a aplicação da pesquisa quantitativa do projeto “Meninos”, o Instituto PDH / PapodeHomem vem conversando com dezenas de profissionais de diversas áreas para conhecer as melhores ações, metodologias e formatos de projetos voltados para adolescentes, em especial meninos. A partir disso, o instituto tem desenvolvido o “Programa Meninos do Futuro”.
O programa “Meninos do Futuro”, se trata de um currículo aplicável em escolas, clubes de futebol, espaços esportivos e culturais, com foco no desenvolvimento de meninos entre 13 e 18 anos, focado em equilíbrio emocional, relações de respeito, práticas de cuidado, fim do assédio e de todas as formas de preconceito, maior capacidade de resolver problemas, assim como incentivar o desenvolvimento de maior senso de comunidade e responsabilidade. Atualmente o projeto está sendo testado e seus livros de atividades estão em fase de desenvolvimento.
Dados sobre meninos negros serão compartilhados em Salvador (Bahia)
São muitos os achados que compõem o relatório “Meninos Negros: Perspectivas e sentimentos”, por isso os dados serão apresentados em diferentes ocasiões. No dia 08/11, a partir das 8h da manhã, o Instituto PDH e o projeto Entre Ladeiras e Balagandãs, realizarão juntos o evento “Antirracismo e Educação: Qual o papel do educador no combate ao racismo nos ambientes educacionais?”. Neste evento, que será realizado em Salvador (BA), o público terá acesso aos dados do relatório “Meninos Negros: Perspectivas e sentimentos” e a uma formação antirracista ministrada por educadores especialistas.
“Meninos: Sonhando os homens do futuro”
Iniciado em janeiro de 2023, o projeto “Meninos” reúne três pilares principais: uma pesquisa, um documentário e a criação de um currículo para escolas e espaços esportivos. Desenvolvido com o apoio institucional do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, o projeto foi apresentado na 68ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, em Nova York.
O documentário “Meninos: Sonhando os homens do futuro”, atualmente em fase de gravação, mostrará os resultados da pesquisa, entrevistas com especialistas e histórias de vida de um grupo de meninos. A previsão de lançamento do filme e do relatório completo da pesquisa é de 2025.
Fazem parte deste projeto a empresa de pesquisa Talk e Juliana Fava, responsáveis pela etapa qualitativa; Zooma.Inc, pela pesquisa quantitativa; Casa Grida pela identidade visual e; Bravo Film Company, responsável pela produção do documentário.
Há tempos observo um fenômeno incômodo e preocupante. Bastou entrarmos no mês de novembro, logo aparece uma minoria negra com comportamentos questionáveis abordando o conteúdo da Consciência Negra, em tom professoral. Elas devem acreditar que ninguém percebe as contradições escorrendo dos discursos, entrevistas e postagens, quando comparadas à prática.
Coisas do tipo: defesa do amor afrocentrado, mas o próprio histórico de relacionamento inclui pessoas brancas; falam na necessidade de apoiar o trabalho de pessoas negras, no entanto, só gastam dinheiro com gente branca, incluindo lojas e supermercados com históricos de crimes racistas. Sem contar aqueles que ignoram o racismo dos amigos brancos e celebridades brancas que admiram. Aliás, andar com os brancos é o passatempo preferido, nas redes sociais até postam orgulhosos os eventos em que são os únicos negros. E não para por aí. Essas situações correm paralelas com outras que também são bastante problemáticas.
Possivelmente, você já percebeu que a pauta racial tornou-se um negócio. E que baita negócio! Pessoas da nossa comunidade andam tão obcecadas em fazer dinheiro (palestras, cursos, publicidades) que nem dão atenção aos direitos negados ao nosso povo. Aproveitam o tema para alcançar fama e dinheiro. Nem retornam o mínimo concreto que contribua com a luta antirracista. Isso me leva a acreditar que, se o racismo fosse abolido, muitos precisariam reaprender a elaborar currículos.
A Consciência Negra passou longe dessas pessoas; é apenas uma comemoração no dia 20 de novembro. Quiçá, mais uma oportunidade de encher os bolsos.
Eu entendo que seja legítimo procurarmos crescer socialmente, conquistar uma vida confortável. Em vida passamos por tantas mazelas que não podemos sufocar os sonhos. Lélia Gonzalez abordando a dialética entre o coletivo e o individual, escreveu: “Você enquanto pessoa tem que buscar crescer, desenvolver-se também”. Só não pode ser um vale tudo. Precisamos ser éticos no interior do movimento negro, não é correto utilizar as dores dos negros como trampolim. Os esforços coletivos para a emancipação política, social e econômica precisam ser parte desses sonhos. A dica que deixo é que não caiamos na lábia dos negros oportunistas, consciência negra da boca para fora não interessa para o nosso povo.