O Grão, é um projeto de estudantes da CECULT, que visa dar espaço á artistas independentes de Santo Amaro, na Bahia. Desde o começo do projeto eles já fizeram outras quatro mostras e a quinta, que começa em 15 de maio, trata-se da exposição online ‘’Nagò Afroindígena’’. A Exposição faz parte do projeto de conclusão de curso da artista e também estudante do CECULT Laisa Ojulepa.
A Exposição imersiva conta com uma exposição de fotos feitas em cinco perspectivas fotográficas diferentes e está disponibilizada no site do Grão. Para ajudar a entrar em conexão com a mostra, foi criada a playlist ‘’ Grão Nagò’’, no Spotify (e vale muito a pena dar o play).
O projeto trata de forma artística sobre questionamentos, filosofias e ideologias da cultura e da libertação indígena e afro-brasileira, visando nos fazer pensar sobre nossa própria existência em um processo de auto imersão feito através da arte.
Para imergir na exibição do editorial fotográfico de Laisa Ojulepa em parceria com a arte de Lumumba Afroindígena e Mpangi acessórios africanos e indígenas, basta acessar: https://graocultivo.wixsite.com/grao
Em linhas gerais, o “salvador branco” é uma pessoa branca que resolve os problemas de um personagem não-branco, problemas estes que não poderiam ser resolvidos pelo personagem por conta própria. O salvador branco geralmente acaba por fazer uma jornada de autoconhecimento que termina com o mesmo resgatando minorias étnicas de seu cruel destino, este tipo de filme é feito para que pessoas brancas se sintam bem a respeito da forma que encaram minorias marginalizadas. Isso acontece em filmes como “Green Book” e “The Help”
Um exemplo clássico é essa cena do filme “Estrelas Além do Tempo” quando Al Harrison (personagem de Kevin Costner) heroicamente derruba as placas de sinalização que dividia pessoas negras e brancas nos banheiros femininos da NASA.
O personagem de Kevin ainda permite a Katherine que ela acesse a sala de controle para assistir o lançamento do foguete que ela ajudou a criar. O problema? Isso não aconteceu, o personagem é inventado e a verdadeira Katherine Johnson relatou ter assistido o lançamento de sua mesa.
“Green Book” (citado no começo do texto) foi um dos filmes mais criticados pela comunidade negra nos Estados Unidos e por figuras como o cineasta Spike Lee por promover uma visão branca a respeito do racismo. Já no caso de “Histórias Cruzadas”, a própria Viola Davis falou sobre ter se arrependido de ter feito principalmente porque o ponto de vista das empregadas não foi considerado pela produção.
A Narrativa de “White Savior” se tornou muito popular durante a era dos direitos civis onde ativistas negros lutaram contra a segregação racial nos Estados Unidos, os filmes no entanto, atribuíam essa luta a protagonistas brancos. Neste contexto, vale assistir “To Kill a Mockingbird”.
O grande problema é que a mídia acaba por reforçar uma representação das relações raciais onde a bondade, empatia, reflexão, coragem e outras características positivas acabam sendo consideradas inatas a pessoas brancas. Além disso o protagonismo negro (ou não-branco) é apagado, reduzido e quase na maioria das vezes as histórias verdadeiras são distorcidas, colocando como centro da narrativa personagens brancos em detrimento de personagens não-brancos.
É importante que Hollywood propicie outras narrativas e histórias a pessoas não brancas, fugindo desse ciclo de intermináveis estereótipos que limitam possibilidades dentro e fora da tela.
Alguns exemplos de filmes que se enquadram nessa categoria:
Histórias Cruzadas (2011)
Green Book (2019)
Um Sonho Possível (2009)
Duelo de Titãs (2001)
Diamante de Sangue (2006)
To Kill a Mockingbird (1962)
Mentes Perigosas (1965)
The Girl With All The Gifts (2016)
A Versão original de “Say So”, somente com Doja Cat, já era um sucesso. Mas a coisa tornou proporções ainda maiores quando ela decidiu chamar Nicki Minaj para um remix. Apesar de algumas críticas do público que disseram haver certa ‘’desconexão’’ entre as duas artistas, o single foi um sucesso. A prova disso está na nova atualização da Hot 100, a principal parada musical da revista Billboard. Esse é a primeira vez de ambas no tão sonhado 1º lugar.
A Segunda posição, também tem uma história bastante parecida. Desde que lançou ‘’Savage’’, Meghan Thee Stalion veio fazendo bastante barulho, principalmente no app ‘’Tik Tok’’. Mas é claro que uma parceria de peso com Beyoncé elevaria o sucesso a outro nível.
Além delas, o tão cobiçado top 10 do chart é composto por The Weeknd, Drake, Roddy Rich, Playboy Carti, Dababy e Quavo.
A segunda edição do Raça e Mercado acontece na próxima quarta-feira (13) às 9h, irá discutir os impactos do coronavírus na população negra e os desafios e oportunidades do empreendedorismo negro, com a proposta de criar um ambiente de diálogo entre diversos atores desse ecossistema.
On-line e gratuito, a participação na conferência será pelo aplicativo Zoom, neste link https://zoom.us/j/7156831747, em três painéis simultâneos com os temas: Ressignificação, Reinvenção e Retomada.
Coliderado por Afrobusiness, Diáspora Black, FGV EAESP e Preta Hub I Feira Preta, a edição terá a participação de nomes como Sil Bahia, da Olabi/PretaLab; Lara Lages, da Desabafo Social; e Carlos Machado; Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo – USP.
Confira a programação:
Das 9h às 9h15: Welcome meeting
Das 9h20 às 11h30: Dinâmica/Palestra nas salas temáticas
Das 11h30 às 12h: Discussão aberta com todos os participantes
Painéis
Ressignificação: O objetivo é retomar o potencial das nossas tecnologias, ressignificando o lugar da população negra no mercado e como protagonista da inovação.
Palestrantes: Carlos Machado (Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo – USP) e Noel Carvalho (Professor da UNICAMP).
Reinvenção: O foco é discutir como se reinventar em um momento de crise em que a população negra é a mais afetada.
Palestrantes: Lara Lages (Desabafo Social) e Samuel Gomes (Motion Designer Mercado Publicitário).
Retomada: Com uma perspectiva mais pragmática, discutirá o contexto atual e as possibilidades para os empreendedores negros.
Palestrantes: Sil Bahia (Olabi/PretaLab) e Breno Barlach (Plano CDE).
Serviço
2ª edição Raça e Mercado
Data: 13/05
Horário: Das 9h às 12h
Link para participação: https://zoom.us/j/7156831747
O Festival Latinidades Pretas, união da Feira Preta com o Festival Latinidades, acontece na próxima quarta-feira (13), às 19h. Com a atriz Jeniffer Nascimento como mestre de cerimônia, as lives serão transmitidas no canal oficial das cantoras Paula Lima, Preta Gil, MC Soffia e Ebony, da jornalista e humorista Tia Má e das influenciadoras Tasha & Tracie, no Youtube.
A iniciativa tem como objetivo minimizar os impactos da Covid-19, gerando renda e dando suporte às empreendedoras negras da economia criativa, em um projeto que irá selecionar propostas nas áreas de música, moda, artes visuais, teatro, audiovisual e poesia. Ao todo, foram mais de 1.400 inscrições de mulheres de todo o Brasil e outros nove países da América Latina. As selecionadas receberão um auxílio de até R$ 500.
Confira a programação:
19h – MC Soffia
19h30 – Ebony
20h – Tasha&Tracie
20h30 – Tia Má
21h – Preta Gil
21h30 – Paula Lima
Pela primeira vez em 274 anos, um universitário negro vai falar pela turma de formandos da Universidade de Princeton. A prestigiada instituição de ensino norte-americano escolheu Nicholas Johnson, um estudante canadense de engenharia financeira, como o “valedictorian” (orador oficial) de 2020.
O valedictorian faz o discurso final dos alunos da turma de formandos do seu ano durante a cerimônia de formatura. A designação é dada a um estudante que se destaca pelas realizações acadêmicas e pelo envolvimento na vida comunitária do campus.
“Receber este reconhecimento é empoderador. Ser o primeiro orador negro de Princeton é especialmente significativo por causa dos laços da instituição com a escravidão. Eu espero que a minha realização inspire estudantes negros, particularmente aqueles interessados em ciência, tecnologia e engenharia”, disse Johnson durante entrevista à CNN.
Em Princeton, 419 dos 5.328 estudantes de graduação são negros, somando 7,9% de todos os estudantes de graduação.
Em 2017, a Universidade de Princeton lançou um site reconhecendo e fazendo crônica dos seus laços com a instituição da escravidão nos EUA, incluindo presidentes e membros da diretoria que tinham escravos e incidentes de violência racial na época pré-Guerra Civil.
Por conta da pandemia do coronavírus a universidade cancelou a festa presencial, organizando ao invés disso uma celebração de formatura virtual, que ocorrerá em 31 de maio.
A Netflix liberou nesta segunda-feira (11), o primeiro teaser de sua nova série teen. Intitulada “Sangue e Água“, uma produção sul-africana com estreia prevista para o dia 20 de maio.
A trama é cheia de romances e intrigas. A protagonista, Puleng Khumalo (Ama Qamata), uma garota determinada em descobrir o paradeiro de sua irmã que foi raptada logo após o nascimento acaba conhecendo uma garota que ela acredita ser a sua irmã desaparecida. Para descobrir a verdade, a personagem se transfere de escola.
No trailer, mostra como Fikile tenta se encaixar no novo ambiente. “De onde você é?”, pergunta uma colega no começo do trailer. “Não do mesmo lugar que as pessoas daqui”
Mesmo depois de manifestações pedindo o adiamento das provas, o Ministério da Educação comunicou a abertura das inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2020 que acontecem a partir de hoje, segunda-feira (11) até o dia 22 de Maio.
Para coletivos de estudantes e educadores do ensino público e até Secretários da Educação, o exame deveria ser adiado por conta dos prejuízos que alunos de escolas públicas estão sofrendo devido a pandemia da COVID-10.
Dos milhares de alunos estão tendo aula em casa, estima-se que 30% desses, residentes em regiões periféricas e favelas, não tenha acesso a Internet.
Adriano Sousa, coordenador de núcleos da Uneafro na região de Sapopemba e São Mateus, Professor de história e Historiador dá um panorama da situação dos alunos de escolas públicas do Estado de São Paulo e os subsídios oferecidos pelo Governador João Dória.
“Basicamente (temos) algumas vídeo aulas em uma plataforma que deve ser adequada ao plano de aula do currículo por cada professor. A grande acessibilidade é a TV onde estão veiculadas essas aulas. O que não é suficiente. Já que o que prejudica mais, são as dificuldades na rotina diária que muitas famílias enfrentam. Em situação normal irmãos cuidam de irmãos, pais com baixa escolaridade pouco conseguem acompanhar os estudantes por conta do trabalho. Em uma situação de pandemia em que tudo isso piora e a fome e a doença ameaçam, tudo isso fica pior”, explica o professor.
As aulas na TV podem ser assistidas TV EDUC, Cultura, UNIVESP, porém Adriano ressalta que essas metodologias não são suficientes para colocar alunos de escolas públicas em pé de igualdade com os de escolas privadas em tempos de aulas à distância. “A maioria das pessoas que passam por essas dificuldades que falei são de famílias pretas aqui da quebrada. Inclusive nosso cursinho perdeu muitos estudantes nesse processo de não ter um lugar específico pra estudar no pré. Poucos acessam nosso Zoom e nosso Classroom. Já tive aluno que só estudava no horário do cursinho. Então pensamos que o melhor é adiar o ENEM pra que nossos estudantes tenham tempo presencial de estudo no ensino regular e na educação popular quando voltarmos da quarentena”, finalizar o historiador.
Para Anielle Franco, Mestra em Jornalismo e Inglês pela Universidade de Carolina do Norte nos EUA, graduada em letras pela UERJ e professora do Ensino Médio no Rio de Janeiro, manter a realização do exame é uma decisão política.
“Como professora eu acredito muito que o interesse de se manter essa prova faz parte de um projeto político. É mais uma maneira de boicotar o acesso dos jovens negros favelados e periféricos nesse governo genocida que a gente tem aí”, aponta Anielle.
Anielle Franco “Então qual o interesse em manter essa prova? No meio de uma pandemia, com tanta gente morrendo?”. Foto: Reprodução Twitter
A professora ainda contextualiza o momento da prova com os desafios da educação em tempos de pandemia. “Em um país passando de 11 mil mortes , com pessoas que moram em favelas , comunidades, em lugares tão precários sem acesso à Internet, a gente vê que nas escolas públicas que têm aulas online, a adesão de alunos é pequena. Então qual o interesse em manter essa prova? No meio de uma pandemia, com tanta gente morrendo?”, indaga a ativista.
Sem aula, sem Enem
Alguns movimentos de estudantes, incluindo os com foco em alunos negros carentes, criaram o “Sem aula, Sem Enem” https://www.semaulasemenem.org.br/ , que é um site que dá apoio para quem quiser aderir à campanha de adiamento do ENEM 2020.
“Estudante, professor ou apoiador, de qualquer cidade dos fundões desse país, podem criar uma campanha local, de sua escola, cursinho ou bairro, com uma página própria, com identidade própria, para fomentar a campanha com seus amigos de rede social e listas de whats. Toda vez que há uma interação de uma nova pessoa, uma mensagem vai direto pro deputado do estado de onde a pessoa está enviando” explica o texto do site .
Explicando em miúdos
O coletivo Potências Negras usou o Twitter para se posicionar e elencar os motivos pelos quais o ENEM precisa ser adiado:
“1- A pandemia deixou toda população vulnerável. O Brasil se tornou o epicentro da doença. Não se pode pensar em Enem, quando estamos contando mortes! #AdiaEnem2020
2 – Cerca de 30% dos lares brasileiros não tem acesso à internet #AdiaEnem2020
3 – Problemas estruturais, como falta de professores na rede pública de ensino, foram agravados com a suspensão necessária das aulas presencias durante a pandemia. #AdiaEnem2020
4 – Parte dos jovens brasileiros teve um ensino médio precário, assim cursos presenciais preparatórios dia fundamentais, o que não será possível devido a pandemia. #AdiaEnem2020
5 – Sem a previsão de término do isolamento social, não se sabe as condições de logística e estrutura para a realização das provas em novembro, além da aglomeracao que será promovida pela execução da prova. #AdiaEnem2020
6- Sem a possibilidade de realizar a inscrição presencial, muitos jovens ficarão de fora do processo. #AdiaEnem2020
7- Além da falta de Internet, muitos estudantes da rede pública não dispõem dos materiais didáticos necessários para a preparação desse vestibular. A falta desse recursos só deixa mais evidente a necessidade da aula presencial.
#AdiaEnem2020
8- Com a pandemia, muitas famílias estão sem condições financeiras para arcar com gastos como a taxa de inscrição.
#AdiaEnem2020
9- Uma parcela de jovens em isolamento social não tem, no espaço domiciliar, ambiente adequado que possibilite o estudo.
#AdiaEnem2020
10 – Entre os 5% com as melhores notas em 2019 (um grupo de 171,8 mil alunos), apenas 0,5%, ou 919 pessoas, era de baixa renda. Esse dado demonstra que o ENEM vem priorizando a falsa ideia de meritocracia, escancarando a desigualdade social. A realização do exame nas atuais condições pode aprofundar esse quadro.
11- Falta de clareza no método de realização das provas e incerteza quanto ao momento de reunir aglomerações. #AdiaEnem2020
12 – As pessoas que não têm acesso à internet vão sair de casa como, se estamos em isolamento social e só serviços essenciais estão abertos? #AdiaEnem2020
13 – em 2019 sem pandemia, o atual governo já apresentou inúmeras dificuldades para realizar o exame. Em uma conjuntura de pandemia o governo tem certeza da condição que nem apresentaram proposta ainda para? #AdiaEnem2020
14 – 59% das pessoas que fizeram o exame eram mulheres – também responsáveis pelos trabalhos domésticos. #AdiaEnem2020
15 – Realizar o Enem quando a maior parte da população não tem condição de se preparar adequadamente é retomar um cenário de exclusão de pretos e pobres das universidades. #AdiaEnem2020
16 – Quem tem medo de gente preta e pobre na universidade? #AdiaEnem2020 ”
Os ataques a memória e a cultura do povo negro brasileiro não cessam no governo Bolsonaro. O atual presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, é a figura “Clara” de um desmonte da intelectualidade que construímos no país. Como já citei, inclusive em um episódio do meu podcast, não tenho problema algum com ele ser um “negro de direita”, mas com o fato dele ser um homem tão limitado dentro do pensamento bolsonarista que nem reconhece como os movimentos negros sempre foram plurais na história brasileira – aliás, ele é tão incapaz, que ainda cita movimento negro como um grupo uníssono, é um orgulhoso desconhecedor da história e da realidade negra do país.
De certo, acredita que Palmares, em pleno século XVII, era liderado por membros do PT e tinha seus mocambos distribuídos para o PSOL. Essa dicotomia política não cabe na nossa história, mas é utilizada para proselitismo de ambos os lados, obviamente o extremismo de Sérgio Camargo tira toda razoabilidade da sua atuação, sua única função dentro da instituição é desmontar e tentar desmoralizar os movimentos que lutam por isso, rotulados de “esquerdistas vitimistas”.
Em nova empreitada, após anunciar que gostaria de mudar o nome da Fundação Palmares para Fundação André Rebouças, ele afirmou que vai homenagear a Princesa Isabel no dia 13 de Maio (dia da Abolição da Escravatura) e que se recusa a celebrar o dia da Consciência Negra em Novembro – não sou jurista, mas acredito que isso possa abrir um debate sobre desvio de função, já que a instituição que ele preside foi construída como materialização da luta representada por Ganga Zumba, Aqualtune, Dandara e Zumbi.
Gostaria que você, leitor, entendesse algo importante e pudesse se afastar do obscurantismo, da ignorância e da baixeza de pensamento que ele tenta construir: Não existe comparação entre Zumbi e Rebouças, Palmares e Isabel ou qualquer outra que o populismo e extremismo partidário venda.
A princesa Isabel tem um papel, verdadeiramente, importante na abolição da escravatura brasileira. Ela estava, de algum modo, confrontando um sistema patriarcal e nutria sentimentos abolicionistas reais. Tanto que era próxima de grandes nomes abolicionistas como o próprio André Rebouças. Quem dera se houvesse nomes como os dele liderando a atual Fundação Palmares. Todavia, a abolição da escravatura é um processo complexo, cheio de contradições e que foi sendo construída ao longo de décadas por tanta gente em posições diferentes. Elevar um único nome como “Salvador” do povo negro é, no mínimo, um atestado de burrice.
Nenhum historiador sério, professor de caráter ou jornalista empenhado conseguiria descrever todo o processo que findou com a escravidão em nosso país utilizando apenas um ou dois parágrafos sem fazer justiça a nomes como Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e, evidentemente, lembrando da “outra abolição” que vinha dos Quilombos.
Só em 1830 em Salvador foram duas ou três dezenas de revoltas que pressionaram o sistema escravagista, a última grande revolta, protagonizada por Manuel Congo e Mariana Crioula (1838) deixou marcas tão profundas que alguns fazendeiros concederam certas liberdades para evitar novos motins, a escravidão estava sendo flexibilizada com leis como Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários (podemos inclusive discutir sua efetividade).
Pelo calor das emoções e pela sua proximidade, após a assinatura da Lei Áurea, o lendário abolicionista José do Patrocínio montou uma guarda negra, um movimento de capoeiristas e partidários da monarquia que se prestavam a defesa de Don Pedro II e da Princesa Isabel, o culto a princesa ficou conhecido, então, como Isabelismo. Não durou muito, com a ascensão da República e isso pode ser uma predição do trabalho de Sérgio Camargo à frente da Fundação. Em toda história do povo negro brasileiro, um título temporário não é suficiente para desmontar séculos de trabalho árduo. Principalmente quando suas contribuições não passam de grosserias e ideias fundamentadas na idolatria à figura do atual presidente da República.
Nesse contexto, nem mesmo a Isabel será o verdadeiro alvo das homenagens. No Isabelismo de 2020, a coroa da princesa dada por Sérgio Camargo é direcionada para a cabeça exclusiva de Jair Bolsonaro.
Idealizado pela Central Única de Favelas (Cufa), entidade que atua em mais de 400 comunidades, o projeto Mães da Favela oferece uma bolsa de 120 reais a mulheres em comunidades, por dois meses. Mais de 80 mil mães já foram beneficiadas.
Para arrecadar fundos, diversos artistas estão contribuindo com suas imagens. Nesse domingo (10) mães, foi lançado um videoclipe para homenagear as mães da favela. Dirigido por Celso Athayde, fundador da Cufa, com produção musical de Dudu Nobre e composição de Nega Gizza, a peça conta com a participação Negra Li, Karol Conka, Elza Soares entre outras artistas.
Também no domingo, em prol da campanha, aconteceram as lives musicais de Zeca Pagodinho e do rapper Emicida (com duração de 5 horas), fizeram com que o projeto chegasse a marca de 10 milhões arrecadados.
As doações são recebidas por meio do site oficial do programa e do aplicativo. Quem quiser doar, seja pessoa física ou jurídica, transfere da sua conta na plataforma para a conta da Cufa, que faz a distribuição para as mães.