Vinhos: a relação do continente africano com esta bebida vai além da África do Sul

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De acordo com o mais recente relatório da Organização Internacional de Vinhos, o Brasil é o 18º maior produtor mundial da iguaria, tendo grande parte de sua produção concentrada no sul do país. Porém, no nordeste, o Vale do São Francisco ganha destaque não apenas por ser a 2ª região neste ranking nacional, mas por ser a única do mundo a produzir vinho o ano todo, colhendo uvas até 3 vezes ao ano.

Apesar de ter como produtores mundiais de destaque a França, Itália e Espanha, o mar mediterrâneo também favorece países do continente africano, como é o caso da Argélia, Tunísia e Marrocos, que também fabricam o produto, mas foi no Egito que os primeiros registros da produção foram feitos, entre 1000 e 3000 a.C, descrevendo etapas como colheita, pisada, prensagem, fermentação, engarrafamento e vedação, rotulagem e armazenamento. Os egípcios conheciam com tanta precisão este procedimento e as uvas que são considerados os primeiros enólogos da história. 

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Como se vê, tratando-se de África, os holofotes para produção de vinho estão mesmo na África do Sul, que ocupa a 8ª posição do ranking global e assume também o posto de principal exportador da famosa bebida à base de uva do continente. O país é grande produtor de Cabernet Sauvignon e Chenin, mas Pinotage é o queridinho do país, visto que surgiu lá, resultante de uma combinação das uvas Pinot Noir e Cinsaut.

Observando estes diferentes tipos de uvas e vinhos, parece existir uma relação exclusiva entre a classe alta e a bebida, assim como era no Egito, onde era acessível apenas à realeza e elite, e até os deuses sepultados tinham, junto aos túmulos, jarras (ânforas) para apreciação pós-vida. Mas, para uma das poucas negras do único curso superior de Bacharelado em Enologia do Brasil, Larissa Bezerra, de 29 anos, vinho não deve ser considerado uma bebida elitizada e pode ser apreciado em momentos que vão da faxina ao casamento glamouroso! “Vinho bom é o que você gosta” enfatiza ela, recomendando que quem deseja iniciar ou aprofundar sua apreciação experimente o  número máximo de tipos de vinho, assim poderá formar uma opinião do que agrada o seu paladar.

“Eu tenho um gosto muito eclético pra vinho, e, particularmente, acho isso uma coisa positiva, porque existe uma infinidade de vinhos no mundo pra ser experimentada, então eu não me limito muito. Mas, geralmente, os vinhos que eu consumo são espumantes e rosés, os que mais agradam meu paladar”, diz Larissa, futura enóloga, uma cientista do vinho que estuda desde a plantação da videira, produção do vinho até a sua comercialização. Natural de Porto Seguro, na Bahia, se apaixonou por vinhos durante uma experiência de trabalho em um hotel, onde apresentava opções de vinhos aos hóspedes, uma das atividades de um sommelier, que estuda e trabalha com o vinho após a sua produção. Buscou aprimorar seu conhecimento no ramo com livros até ingressar na Universidade Federal de Pampa, no Rio Grande do Sul, e hoje deseja se tornar uma produtora de vinho, sendo referência e entrando assim para uma pouco comentada lista de produtores negros do item, onde prevalecem norte-americanos e sul-africanos.

Gostou e quer saber mais? Além de Larissa (@enotrajectory), que deseja que mais pessoas negras possam entrar na universidade e se tornem referências no assunto, há outros perfis interessantes para inspirar e compartilhar mais sobre o mundo dos vinhos, seguindo assim uma tradição ancestral e cada dia mais atual:

  • Ricardo Gonçalves (@mister.vinhos)
  • Monique Berçot (@moniiquebercot)
  • Confraria das Pretas (@confrariadaspretas)
  • Aretha Prazeres (@sobre_prazeres)
  • Ray Cachoeira (@bagagemdaray)
  • Kenedy Santos (@sommelierkenedysantos)

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