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Preto e Gay: Um relato pessoal sobre interseccionalidade

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O ano é 2010, eu e meus amigos adolescentes sentados num ponto esperando o ônibus pra irmos à escola.  Um vendedor passa, olha para o meu amigo (bastante afeminado), e exclama com olhar de repulsa:

– Não basta ser preto, ainda é gay –.

Ninguém fala nada.

Não sabíamos das implicações de ser gay.

Não sabíamos das implicações de ser negro.

Mas já sabíamos que a coexistência desses dois fatores tornaria tudo ainda mais difícil.

O homem gay negro é ora visto como mero objeto de curiosidade e fetiche, ora visto como não atrativo; mas nunca considerado como alguém dotado de qualidades, medos, características e desejos próprios. Somos sempre objeto da imaginação e necessidade de realizar fantasias de homens brancos. Nos aplicativos a dicotomia persiste: a maioria dos gays se dividem entre “não me relaciono com negros” e “adoro um negão desde que, bem dotado”, sendo a segunda afirmação muitas vezes vista com bons olhos até mesmo por alguns negros já que, é isso ou nada. Afinal de contas, na vida real relacionamento com negros só se for pra uma transa casual e as escondidas.

É aí que entra a tal da hipersexualização de corpos negros, a idealização do “negão” selvagem, viril, bem dotado que remonta ao tempo da escravidão quando os negros eram obrigados a serem reprodutores. Isso se reflete ainda nas abordagens, que sempre são acompanhadas de frases como: “é dotado?”, “curte meter sem pena num rabo branco?”, “quero um negão pra me arregaçar”, entre outros absurdos.

Nos espaços, o homem gay negro é geralmente invisível. Outro dia, no tinder, dei match com um menino branco que sempre frequentava a mesma balada que eu. Ao comentar com ele a respeito disso, ele responde: “Ué, mas eu nunca te vi por lá”. Talvez nunca tenha visto mesmo, a quantidade de gays brancos no local era imensa como era possível para ele notar alguém com outra cor de pele? Somos sempre os amigos da bicha branca que já se relacionou com meio mundo de gente, estamos sempre por ali, mas ninguém nos nota. Essa invisibilidade é perpetuada não só pela mídia, mas também pela comunidade lgbt.

Por exemplo, um site especializado em cinema postou uma lista com os melhores filmes gays para se assistir, e só um filme era protagonizado por gays negros, no caso, Moonlight (a lista tinha 100 filmes). Gays negros quase nunca são representados.

Não é por acaso também que muitos negros só se relacionaram afetivamente com homens brancos… Não estamos acostumados a nos enxergamos. Mas não se engane, esses relacionamentos são também permeados por situações decorrentes do racismo… Olham como se dissessem: “não acredito que aquele menino lindo (o branco), namora com esse menino (o negro)”, há ainda aqueles que exibem o seu namorado branco como um troféu, uma dádiva, um privilégio.

Até as nossas preferências sexuais são colocadas em questão. Certa vez, um menino num aplicativo me disse que não era possível eu ser passivo (sim, gay negro precisa ser ativo), isso não foi um fato isolado… Desde que iniciei a minha vida sexual ouço comentários do tipo “você não tem cara de passivo” (por cara, leia-se cor), “você está inventando desculpa porque não quer ficar comigo” (como se fosse realmente impossível para um negro ser passivo), entre outras coisas.

Tem ainda os que dizem não se relacionar com homens negros por questão de gosto, como se isso justificasse toda e qualquer contra argumentação. Sim eu sei! Todo mundo em maior ou menor grau precisa lidar com rejeição na vida, a grande questão é que neste caso a rejeição é exclusivamente baseada na cor da sua pele. O fato é que gosto é construção social, ninguém é obrigado a ficar com ninguém, de fato, mas quando suas preferências eliminam todo um grupo da possibilidade afetiva não é questão de gosto, é questão de racismo.

Tudo isso acaba por destruir a autoestima do homem gay negro que é alimentada por uma sensação de não-pertencimento, não nos sentimos incluídos nas pautas do movimento lgbt e tampouco nas discussões do movimento negro, para além disso temos que lidar com o racismo e homofobia que permeiam a nossa sociedade. À noite, as pessoas atravessam a calçada ao cruzarem conosco, de dia, estamos solitários e somos obrigados a nos contentar com relações casuais, marginalizadas e às escondidas.

Daí que surge a necessidade de nos fortalecermos enquanto negros. E isso é mais do que uma frase de efeito, é um processo lento e gradual que consiste em nos aceitarmos, nos entendermos e nos amarmos. Fazendo com que a gente se enxergue e possa enxergar o outro.

Fortalecimento. Este que nos permite dizer não a situações que outrora nos submeteríamos, a nos relacionarmos com outros meninos negros.  Nos tornando espelho, exemplo, aprendizes e companheiros de nós mesmos. E nos possibilitando entender aquilo que sempre nos foi negado: Ser preto é lindo e como se já não bastasse, ser preto e gay é lindo demais.

As crianças estão em casa, e agora? Dicas preciosas para famílias em quarentena

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Eu acredito que quando eu era criança, se tivéssemos passado por uma situação como a que estamos vivendo com essa Pandemia, eu me recordaria, com muito afeto e alegria, dos dias que passei junto com a minha mãe e meu pai dentro de casa, e tudo que fizemos juntos.

Meus pais trabalhavam muito quando eu era pequena. Minha mãe era auxiliar de enfermagem e trabalhava numa jornada de 12×36 horas, ou seja, ela estava em casa um dia sim e outro não (incluindo os finais de semana). Meu pai era gráfico, na cidade do interior paulista, onde morávamos, ele não conseguia trabalho, então, por boa parte dos anos, ele trabalhava na capital e só voltava para casa aos finais de semana.

Acho que não ficou nenhum trauma grave, por causa dessa ausência, mas ficaram boas lembranças de quando estávamos todos em casa e podíamos fazer as refeições juntos, brincar, assistir televisão ou passear. Ficou na memória também, quando meu pai tomava a tabuada, ou pedia para ver meus cadernos, eu me sentia cuidada e amada.

A realidade de muitas famílias é igual à da minha infância: pais ausentes por muitas horas e a alegria das crianças em vê-los voltar para casa. Mas tudo mudou bruscamente: pais e filhos o dia todo dentro de casa, o dia todo (eu já disse, o dia todo?).

Será que dá para olhar o lado positivo?

Boa parte das crianças que estudam em escolas públicas estão sem aulas. Essa ausência do ensino, do aprendizado pode estar deixando as crianças angustiadas, com medo de não aprender, ficar para trás e perder oportunidades.

Eu sei que a rotina está complexa, são muitas demandas para os adultos, mas sugiro um exercício para acalmarmos o coração dos pequenos e a angústia pela falta das aulas, ou mesmo com aulas EAD. Faça uma educação antirracista.

Muitas vezes a gente reclama do que é ensinado na escola, principalmente se estamos falando sobre cultura africana e afro-brasileira. Então, a minha proposta é que vocês, pais e criadores de crianças pretas, realizem uma nova educação para os pequenos. Não precisa necessariamente ser conhecedor da cultura africana e afro-brasileira para isso. Resgate o que você sabe, resgate a sua ancestralidade presente. Como? Assim:

  • Conte sobre as histórias da sua família, as histórias de quem veio antes.
  • Resgate a música favorita e apresente para as crianças, vejam a letra e os significados. Sambas-enredos renderão boas conversas
  • Sabe aqueles passinhos que dançamos tanto nos bailes de charme? Será a aula de hoje aqui em casa!
  • Pegue o álbum de família e conte uma história curiosa sobre aquele momento ou aquelas pessoas.
  • Relembre aquela receita deliciosa e faça junto com as crianças.
  • Façam bonecas Abayomi juntos.
  • Façam turbantes e amarrações de tecidos africanos e estudem (brinquem também) sobre os reinos da África.
  • Busque na internet provérbios africanos e reflitam sobre eles.
  • Descubra inventores, cientistas, escritores, pesquisadores negros e relembrem as histórias deles.
  • Tem tantos contos e histórias da mitologia Africana, dos Orixás, espalhados por aí, vale à pena procurar.

Vivenciar isso juntos é resgatar e manter a ancestralidade presente, manter a essência de quem são!

Você também pode se aprofundar mais nessa proposta. Lei ou assista vídeos no Youtube sobre temas importantes para a formação de uma consciência antirracista e converse com as crianças sobre o assunto, torne-se o professor de assuntos essências para a vida e formação dessas crianças.

Uma mãe, seguidora do Criando Crianças Pretas, pela passagem do dia 13 de maio, me pediu conteúdo para crianças do ensino infantil, que falasse sobre a data. Ela estava aborrecida com os vídeos que a escola havia mandado. Como não encontrei na internet materiais que pudessem atender à demanda, sugeri que ela assistisse vídeos e lesse textos para produzir, ela mesma, um conteúdo para a filha.

Esse período ficará guardado para sempre na cabeça das crianças. Sei muito bem, e na pele, que para nós adultos, está sendo, com muita frequência, um verdadeiro caos, mas um provérbio Africano diz: Se você pode andar, você pode dançar. Se você pode falar, você pode cantar. Dance e cante para tornarmos esses dias mais leves. Eu estou tentando.

Conheça a história por trás da “Tapioca das Pretas”, a mais famosa tapiocaria de Goiás

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As irmãs que conquistaram o público através das tapiocas batizadas com nomes de mulheres negras influentes

A história da “Tapioca das Pretas” explica tamanho sucesso da tapiocaria mais famosa de Goiás; vinda de uma pequena cidade do interior de Tocantins tentar a sorte na capital de Goiás. Enfrentaram o racismo, preconceito e as dificuldades de abrir um novo negócio.

As irmãs Preta Neiva e Preta Josi, nome artístico adotado por elas, são sócias e tocam juntas o empreendimento desde 2015. Participaram do programa de TV “Caldeirão do Huck”, da Rede Globo, em novembro de 2018 e ganharam grande visibilidade desde então.

Confira na íntegra a entrevista inspiradora com as irmãs: 

“Enfrentamos preconceito, atos racistas… A gente pegou, colocou no bolso e seguiu, continuou o nosso empreendimento. Para mulher parece que as coisas são mais complicadas ainda”

MUNDO NEGRO: O que as levou a sair de Tocantins para Goiás?

TAPIOCA DAS PRETAS: Bom essa é uma história longa, temos motivos diferentes. Nossa vida no Tocantins era bastante simples, crescemos juntas, nossos pais são lavradores, vivíamos da roça. Nós duas sempre fomos vendedoras – vendíamos coisas para terceiros, colocávamos a bacia na cabeça e íamos trabalhar. 

A Josi foi a primeira a se aventurar. Assim que terminou ensino médio, tomou a decisão de ir para Goiânia, porque lá no interior as pessoas falavam muita fantasia da capital de Goiás. Para nós, lá era a melhor capital do mundo! Então ao completar 18 anos, em 2011, ela decidiu que se mudaria para Goiana para estudar, ter uma profissão e dar uma vida melhor aos pais. O sonho é reformar a casa deles!

A Neiva era casada, trabalhava, tinha uma filha, porém as coisas não seguiram como ela planejou; se separou, e a convite da irmã, deixou tudo para trás e também foi para o estado de Goiás. 

MUNDO NEGRO:  Qual a relação de vocês com a tapioca?

TAPIOCA DAS PRETAS: Desde criança temos contato com “beiju”* era nosso alimento primário, já que nossos pais plantavam mandioca. 

*Beiju é a forma que a “tapioca” é chamada na cidade natal das irmãs.

 

MUNDO NEGRO: Qual a maior dificuldade enfrentaram ao empreender?

TAPIOCA DAS PRETAS: Nós empreendemos no momento de necessidade. Quando a Neiva chegou em Goiânia encontrou a Josi desempregada e sem receber o acerto trabalhista; lembro que não tínhamos dinheiro, começamos com R$50 e com ajuda de nossa família.

Começar não foi nada fácil! O financeiro dificultou muito. Consolidar nosso empreendimento foi uma tarefa complicada, cada dia uma dificuldade diferente! Encontrar nosso espaço aqui foi muito difícil; fazer os clientes confiarem no nosso trabalho, desafiador.

Aí você imagina: 30 dias empurrando um carrinho e, no fim do mês, retirar R$50 cada uma para comer, pagar aluguel, água, luz… Chegava a ser assustador! Mas não desistimos, persistimos até hoje (risos).

Antigo carrinho utilizado pelo Tapioca das Pretas

MUNDO NEGRO: Qual critério utilizaram para escolher o nome que batizariam cada tapioca? Por que mulheres pretas? 

TAPIOCA DAS PRETAS: Quando estávamos na parte de criação da empresa discutimos entre os nomes da empresa, os quais seriam: Tapioca Tocantinense ou Tapioca das Pretas; fizemos uma votação entre a família e Tapioca das Pretas venceu. 

Combinava mais com nós duas, pela história de vida e dificuldades que enfrentamos desde pequenas; então, com esse nome, teríamos um escudo de força, de empoderamento, usaríamos esse nome como arma de luta diária e para enaltecer as nossas origens. 

Como a Josi fazia faculdade, toda empolgada ela compartilhou com colegas e professora sua ideia de empreender; nesse meio tempo essa professora sugeriu que batizassemos a tapioca com nomes de mulheres negras – já que o nome tinha uma referência direta a nós mulheres negras.

Gostamos da ideia e fomos pesquisar  nomes de mulheres de referência e inspiração para nós, para batizar as tapiocas com, inclusive nossas genitoras. A escolha de cada tapioca ao respectivos nomes foram aleatórios, por exemplo: Beyoncé = Frango com Requeijão. Começamos com cardápio com nomes de quase 40 mulheres, queríamos homenagear todo mundo! (risos)

Hoje nosso cardápio leva com inspiração nomes como:

Elza Soares, Margareth Menezes, Taís Araújo, Sheron Menezes, Dandara dos Palmares, Albaniza de Sousa (Mãe Neiva), Angelina Luiz (mãe Josi), Marielle Franco, Zezé Mota, Viola Davis, Michele Obama, Iza, Karol Konká, Glória Maria, Alcione… Tem até lista de espera! (risos)

 

MUNDO NEGRO: Qual o segredo do sucesso do “Tapioca das Pretas”? 

TAPIOCA DAS PRETAS: Costumamos dizer que Deus sempre nos abençoou e a forma nós trabalhamos fez todo sucesso. A gente trabalha levando alegria para pessoas! Além de vendermos as tapiocas, levamos alegria através de nosso produto;  o cliente tem uma experiência com a gente, fazemos a diferença, mesmo que  pequena, no dia dele. Alegria é o nosso nome!

Nós fazíamos um auê quando tínhamos o carrinho: andávamos nas ruas empurrando ele e  não tinha um ser vivo que a gente não mexia! Quem olhava a gente nessa alegria achava que estávamos derramando dinheiro. (risos)

As irmãs Josi e Neiva quando ainda utilizavam o carrinho para venderem sua tapioca

MUNDO NEGRO: O que mudou após a aparição no Caldeirão do Huck?

TAPIOCA DAS PRETAS: Depois que participamos do Caldeirão do Huck nosso empreendimento estava, por exemplo, em 2% e passou para 99%, mudou tudo! Vieram mais pessoas, mais pessoas conheceram nosso trabalho. Nas redes sociais a procura foi muito grande… A gente não conseguia atender todo mundo! (…) A experiência foi muito boa. Ganhamos muito aprendizado! Enxugamos até o cardápio (que continha cerca de 40 sabores).

 

MUNDO NEGRO: Qual a dica que vocês podem dar para outros afroempreendedores?

TAPIOCA DAS PRETAS: Empreender não é fácil! Se a gente falar que é fácil, estaremos mentindo. Ainda mais quando se diz que é preto. A gente enfrentou muita coisa. Enfrentamos preconceito, atos racistas… A gente pegou, colocou no bolso e seguiu, continuou o nosso empreendimento. Para mulher parece que as coisas são mais complicadas ainda. Além do racismo, ainda sofremos muito abuso vindo dos homens, clientes que acham que tem direito de dar em cima, falar coisas desconfortáveis. Você acaba só podendo “sorrir”, pois se responder para ele te respeitar, perde o cliente. Não é tarefa fácil! Foi através da persistência que chegamos até aqui. Não é fácil nos derrubar não, viu!? 

(…) A persistência é essencial, a cada queda aprendemos uma coisa nova. Através dos erros aprendemos também. Não desista por nada, nem ninguém, dos seus sonhos. 

MUNDO NEGRO: Qual a sensação de ser referência no ramo de Tapioca em Goiás?

TAPIOCA DAS PRETAS: Ser referência no estado de Goiás, ter uma das tapiocas mais famosas do Brasil, é uma honra! Ser reconhecida pelo seu trabalho, seu esforço. A gente quer levar alegria e comida boa para as pessoas, mostrar nosso trabalho e capacidade. É uma honra!

MUNDO NEGRO: Pretendem expandir para outras cidades/estados?

TAPIOCA DAS PRETAS: Nossa intenção é crescer em Goiás primeiro. Mas se for da vontade de Deus, queremos levar para outros lugares, sim! O pessoal de fora cobra muito. Recebemos sempre mensagem do pessoal de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, dizendo que tem vontade de experimentar. Nossa intenção, agora, é abrir uma loja aqui e fazer com que todos de Goiás tenham a oportunidade de experimentar a Tapioca das Pretas!

Finalizamos nossa entrevista com uma dica das irmãs empreendedoras: “A gente quer ver os pretos dominando o mercado. Quem estiver pensando em empreender, bote a ideia no papel e arrisca! Não tenha medo, ele impede muitas coisas. 

Lugar de preto é onde ele quiser estar.

Atual ponto de vendas da Tapioca das Pretas

Mbira, instrumento originário da África Austral é homenageado pelo Google

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O doodle do Google homenageou o mbira nessa quinta-feira (21), o instrumento musical foi criado a mais de mil anos nas comunidades do país Zimbábue localizado no Sul da África. Contudo, com o imperialismo africano e dominação dos costumes da população pelos Europeus, o mbira adquiriu outros nomes em diversos países. No Brasil, por exemplo, ficou conhecido como kalimba ou quissange.

Os representantes da Google revelaram que o uso do instrumento no seu doodle foi para homenagear a Semana de Cultura do Zimbábue.

Jonathan Shneier, líder do projeto, relatou para o jornal The Gardian que ”o mais legal de trabalhar com esse doodle foi poder experimentar aprender com o povo Xona do Zimbábue. Antes desse projeto, eu não conhecia muito da história, mas a bondade e hospitalidade daquele povo, mudou a nossa vida em relação a muitas coisas.”

Mbira é feito com uma placa de madeira de aproximadamente 14 centímetros, acompanhada com hastes de metal de diferentes tamanhos que são tocadas com os dedos, sendo modificado, muitas vezes, com objetos entre os seus dentes de metal para produzir sons diferentes. Porém, na cultura original africana, o mbira era feito de materiais como madeira da palmeira de ráfia e bambu, sendo muito utilizado em cultos e celebrações. Com sons produzidos por causa da vibração, o artefato entra na família idiôfonica, sendo classificado como lamelofone.

A jornalista e escritora do site ”afreaka”, Flora Pereira, escreveu em seu site um lindo discurso sobre o instrumento musical afirmando que ”a mbira é um artefato espiritual, sendo utilizada como forma de comunicação com os antepassados na cultura tradicional africana. Tanto em cerimônias religiosas como em encontros sociais, o seu som é considerado sagrado, representando a conexão com os espíritos ancestrais através da música. Para enfatizar a propriedade espiritual, destaca-se ainda a sua característica de polirritmia (que ajuda no processo de transe): a mbira não costuma ser tocada sozinha, sendo sempre acompanhada por outros instrumentos. ”

Vários artefatos da cultura africana, que é tão rica e poderosa, muitas vezes, é usada por uma população que não a reconhece, quando um veículo de informação tão grande como o Google decide mostrar um pouco da origem desse continente, é valido mostrar os outros instrumentos vindos dos povos africanos que são muito usados no ocidente. Um deles são instrumentos tão populares como triângulo, ukalele, xilofone e o afoxé, por exemplo.

A origem e reflexão que esses instrumentos musicais trazem representam a cultura, origem e ancestralidade de diversos povos africanos que jamais poderam ser esquecidos.

Abaixo, segue a música tocado no mbira e apresentada pelo Google:

No continente africano há países dando exemplo no combate ao coronavírus

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Muitos já sabem que África não é um país, o que poucos sabem é que o continente vai além de safáris e pobreza.

Em meio a uma pandemia mundial, há notícias de ações da Ásia, Europa, América do Norte, mas o que está acontecendo nos países africanos?

Em março, o governo federal da África do Sul criou um site apresentando informações e atualizações de dados sobre o avanço de COVID-19 no país onde podem ser vistos os números referentes a testes aplicados, casos confirmados, recuperações e mortes. Além disso, disponibilizou uma linha 0800 e está usando o chatbot no whatsapp em 5 dos 11 idiomas oficiais do país, respondendo perguntas sobre mitos, sintomas, prevenção e centros de tratamento do COVID-19, e já alcançou 3,5 milhões de usuários.

Hoje, a África do Sul, país com maior índice de pessoas infectadas pelo vírus no continente africano, com 19.137 casos, e que desde 26 de março está em lockdown (sistema de quarentena mais rígido), tem o total de casos confirmados menor que o número de pessoas mortas pela doença no Brasil, que já ultrapassam 19.148 óbitos.

Em um outro país africano, Madagascar, foram confirmados 405 casos de coronavírus, 131 recuperações e 2 mortes, e seu presidente, Andry Rajoelina, em entrevista ao canal francês France 24, afirmou ter encontrado a cura da doença e questionou: se fosse um país europeu que tivesse descoberto este remédio, haveria tanta dúvida? Eu acho que não. Rajoelina também pontuou que os cientistas africanos não deveriam ser subestimados.

Apesar de não ter sua eficácia comprovada cientificamente, o Covid-Organics, tônico à base da planta artemísia, já está sendo adquiridos por diversos países africanos, como Nigéria, Libéria, Guiné Bissau e Guiné Equatorial.

Mas o único óbito causado pela doença em Madagascar é uma dentre outras razões no continente para se observar: Eritreia e a tão desejada Seychelles confirmaram 39 e 11 casos, respectivamente, tendo 100% de recuperação. Países como Namíbia, Uganda, Ruanda, Moçambique e Lesoto não registraram óbitos dentre os mais de 650 casos.

Estatísticas do continente*:

  • População 1,28 bilhões 
  • 99.420 casos em 54 países
  • 39.706 recuperações
  • 3.079 mortes

Cinco países com maior nº de casos confirmados:

  • África do Sul: 19.137 (8.950 recuperações e 369 mortes)
  • Egito: 15.003 (4.217 recuperações e 696 mortes)
  • Argélia: 7.728 (4.062 recuperações e 575 mortes)
  • Marrocos: 7.211 (4.280 recuperações e 196 mortes)
  • Nigéria: 6.677 (1.840 recuperações e 200 mortes)

Cinco países com menor nº de casos confirmados:

  • Lesoto: 1 (ainda em tratamento)
  • Seychelles: 11 (11 recuperações)
  • Namíbia: 18 (14 recuperações)
  • Gâmbia: 24 (13 recuperações e 1 morte)
  • Botsuana: 29 (19 recuperações e 1 morte)

*Dados apurados no dia 21/05/2020

Além dos relativamente baixos índices referentes à pandemia, há excelentes casos de inovação para o combate ao vírus. Confira o que está acontecendo em alguns países:

Nigéria:

Usman Dalhatu ( foto em destaque e abaixo)  um jovem de 20 anos, estudante de Engenharia Mecânica na Ahmadu Bello University, construiu o RESPIRE-19: um respirador portátil e automático ultramoderno.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gana:

Richard Aning, bacharel em Marketing, transformou um tonel em uma pia alimentada por energia solar que automaticamente libera água ensaboada quando uma mão se aproxima do sensor e, em seguida, um alarme apita direcionando a pessoa para outra pia onde haverá água disponível por 25 segundos para enxague.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Senegal:

DiaTropix é um kit criado por um grupo de virologistas senegaleses, que tem um custo de US$1 e as pessoas sabem os resultados em até 10 minutos. Hoje o Senegal testa mais pessoas per capita que os EUA e pretende testar 16 milhões de senegaleses.

Ruanda:

O Ministério de Saúde de Ruanda está adotando o uso de robôs para testar temperatura e saturação, como medida para reduzir exposição da equipe médica ao COVID-19, permitindo também que mais pacientes sejam atendidos. Os robôs, que possuem nomes ruandenses (Akazuba, Ikirezi, Mwiza, Ngabo, and Urumuri ), fazem triagem de 50 a 150 pessoas por minuto, entregam alimentos e medicamentos nos quartos, monitoram estado de cada paciente e notificam os funcionários do plantão caso detectem anormalidades”.

Com base nisso, fica nítido que África é um continente que está ensinando muito durante a pandemia, mas poucos estão vendo.

Adolescentes negros: Além do Whatsapp Tik-Tok é repleto de conteúdo racista

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Reprodução Tik-Tok

Por conta da pandemia crianças e adolescentes estão passando mais tempo online do que antes. O grupo de Whatsapp da classe, no caso dos pré-adolescentes e adolescentes, acaba sendo o substituto da hora do intervalo na escola.

Lá é um espaço de interação com os amigos e também de tirar dúvidas sobre os conteúdos estudados. Porém, assim como no espaço off-line, conteúdo racista, bullying além de outras manifestações tóxicas também são compartilhadas no aplicativo.

Veja algumas figurinhas  de grupos de Whatsapp do 6ª e 9º.

 

 

 

 

A estudante Ndeye Fatou Ndiaye, aluna do  Colégio Franco-Brasileiro, no Rio de Janeiro foi humilhada por colegas de classe sendo exposta à frases como “Para comprar um negro, só com outro negro mesmo” ou “Fede a chorume”.

Com mais de 2 bilhões de downloads no mundo, o Tik Tok teve um aumento da sua popularidade durante o isolamento social. O Tecnoblog informa que mais 500 milhões de downloads foram registrados desde outubro de 2019. No primeiro trimestre deste ano, a plataforma foi líder em número de downloads, com 315 milhões. O WhatsApp, segundo da lista no mesmo período, teve 250 milhões de downloads.

À princípio o aplicativo parecesse só um criador de desafios de dança ao som de músicas das paradas de sucesso, mas não é bem assim. Além dos vídeos engraçadinhos e cheios de coreografias, há conteúdos parecidos  com os de outras redes sociais, até com os que elas têm de pior:  muita fake news e vídeos de conteúdo racista. Veja alguns exemplos.

Aqui o “tik-toker” fica em pânico com a pela escura e feliz quando sua pele fica mais clara.

Reprodução Tik-Tok

Um tik-toker negro resolveu reclamar da falta de representatividade  e virou piada dentro da plataforma.

Imagem: Reprodução Tik-Tok

Para esse Tik-Toker gringo branco, pessoas negras merecem ser cumprimentadas de forma diferente.

 

 

 

 

 

O aplicativo oferece meios de denunciar as postagens de conteúdo racista, mas assim como no Instagram muitas vezes quem decide ou que vai ser banido, não vê nada de ofensivo no conteúdo.

Alerta aos pais

É muito importante ficar atento ao conteúdo que seu filho consome por meio das redes sociais que no geral limitam o acesso para pessoas acima de 13 anos.

Captura de Tela Whatsapp

Ressaltar que conteúdos racistas não podem ser aceitos com normalidade é fundamental para criar um olhar crítico e aproximar pais e filhos do debate sobre racismo.

Pode ser constrangedor para alguns jovens repassar esse tipo de conteúdo para os pais, com medo de serem proibidos de usar ou ainda pela baixa autoestima.

Insista em reforçar que quem tem que se sentir desconfortável é quem cometeu o racismo, que é crime e junto com seu filho ou filha, faça a denúncia de conteúdo racista.

No caso de grupo de Whatsapp notifique a escola.

The Weeknd e Doja Cat lançam remix de “In Your Eyes”

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The Weeknd e Doja Cat lançaram o remix de “In Your Eyes” música presente no álbum “After Hours” do cantor. Os artistas possuem dois dos grandes hits do ano, ele com “Blinding Lights”, que conquistou o topo da Billboard por quatro semanas na Hot 100; Ela com o viral “Say So”, que recentemente garantiu a rapper, pela primeira vez, ser a número 1 na principal parada da Billboard.

Leia também: Novo álbum “After Hours” do The Weeknd completa um mês no topo da Billboard

A sensação nostálgica e vintage de “In Your Eyes” combina bem com Doja Cat e com seu hit de topo das paradas Say So; Confira:

Na quarta-feira (20), The Weeknd compartilhou a notícia de que sua turnê After Hours teve que ser remarcada devido à pandemia da COVID-19. “Vejo você quando estiver seguro”, escreveu ao anúnciar em seu Instagram.

https://www.instagram.com/p/CAa4a3ABkOr/

As Aventuras de Poliana: Faxineira vira universitária e ganha programa no Youtube em nova fase da novela

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A personagem da atriz Maria Gal em “As Aventuras de Poliana“, unica personagem negra, mãe de família no ar em telenovela ininterruptamente por 2 anos, a personagem Gleyce Soares, acaba de entrar na faculdade de administração e, a descoberta deste novo mundo, será o estímulo para a personagem ter um programa só com dicas sobre finanças.

E, a partir do dia 29 deste mês, o programa poderá ser visto no canal oficial da novela no Youtube. Os conteúdos foram gravados no fim do ano passado, bem antes da pandemia, e estavam só aguardando a trama avançar para este momento.

Em seu Instagram, Maria Gal demonstrou o quanto a personagem traz alegrias: “Essa personagem me traz muitas alegrias. Primeiro porque ela é a cara da mulher brasileira. Ela representa muitas mães solteiras, que trabalham, cuidam dos filhos e ainda assim se inspiram e vão em busca dos seus sonhos. Vê-la entrar na faculdade, e ir se empoderando durante a trama, nossa, me alegra muito… é a trajetória de uma grande heroína. E agora vem este novo momento, em que a personagem migra da TV para uma das maiores plataformas de comunicação. Isso tudo só vem para coroar tudo de bom que essa personagem me trouxe”.

Live: Anielle Franco e Erica Malunguinho arrecadam doações para empreendedores periféricos

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A deputada estadual (PSOL), Erica Malunguinho, e Anielle Franco, irmã de Marielle e diretora do instituto que leva seu nome, se juntam para um bate-papo online sobre “Mulheres na Política”. A conversa acontece nesta sexta-feira (22) às 17 horas, no perfil do Instagram do Xepa Festival.

O Xepa Festival é idealizado pela Zeferina Produções em parceria com o Afrotrampos, Desabafo Social (laboratório de tecnologias sociais) e Sharp (agência de consultoria e inteligência cultural).

A ideia do festival é arrecadar doações e apoiar financeiramente e com mentorias especializadas 10 empreendedores periféricos pelo Brasil, que tiveram seus projetos paralisados devido à pandemia do coronavírus. Os beneficiados pelo festival online são pequenos empreendedores de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais e Piauí.

O público pode realizar doações a qualquer momento no link: benfeitoria.com/xepafestival

SERVIÇO
 
Xepa Festival com Anielle Franco e Erica Malunguinho debatendo “Mulheres na Política”
Quando: 22 de maio, sexta-feira às 17h
Onde: No perfil instagram.com/xepafestiva

AfroSaúde lança rede de apoio à população periférica no combate ao Coronavírus

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Para minimizar os efeitos do Coronavírus nas periferias brasileiras, a AfroSaúde, health tech de impacto social focada na saúde da população negra, lançou o TeleCorona da Periferia, uma rede de apoio com profissionais de saúde para atender gratuitamente, por telefone e internet, a população que vive em território periférico das cidades brasileiras. O serviço está atendendo pelo número 0800 042 0503 e site www.afrosaude.com.br/coronavirus. A central funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h. As ligações podem ser realizadas de telefone fixo ou celular.

Com médicos, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas, enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais aptos a lidar com as situações de saúde da comunidade periférica diante da atual pandemia causada pela COVID-19, a rede de apoio vai possibilitar orientação multiprofissional em saúde, bem como garantir o acesso à informação de forma clara e acessível para reduzir a superlotação nos serviços de saúde.

Parcerias

Para viabilizar o projeto, a AfroSaúde, que foi acelerada pela Vale do Dendê no ciclo 2019, promoveu uma campanha de financiamento coletivo por meio do Matchfunding Enfrente e Fundação Tide Setúbal, na plataforma Benfeitoria. A startup também firmou parceria com empresas como a Digitalk, que oferecerá o serviço de comunicação via chat, videoconferência e integração da central telefônica para que os atendimentos sejam sistematizados. O projeto conta também com o apoio dos veículos de comunicação das comunidades.

Levantamento de dados

Além da oferta do serviço multiprofissional em saúde, o TeleCorona da Periferia vai permitir o levantamento de dados sobre a COVID-19 nas periferias brasileiras, como índice de casos suspeitos e as principais demandas da população sobre o Coronavírus.

O mapeamento servirá para contribuir com a tomada de decisão em saúde nas periferias, bem como para a percepção das reais necessidades da população periférica em relação à pandemia.

Sobre a AfroSaúde

A AfroSaúde é uma health tech focada em desenvolver soluções que facilitem o acesso da comunidade negra aos profissionais e serviços em saúde.

Pensando no problema do racismo estrutural, busca dar visibilidade ao profissional de saúde negro e conectá-los a pacientes que buscam representatividade e atendimento mais qualificado em diversas atuações da área.

As informações completas sobre a AfroSaúde podem ser obtidas pelo site www.afrosaude.com.br.

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