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Kamala Harris é escolhida vice-presidente de Joe Biden, sendo a primeira negra candidata ao cargo

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O candidato à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, escolheu a senadora Kamala Harris para integrar a vice-presidência em seu mandato. Biden foi vice-presidente do governo Obama e já tinha falado que gostaria de ter um vice-presidente mulher negra ao lado dele.

Senadora pelo estado da Califórnia desde 2017, Harris chegou a se apresentar como pré-candidata à Casa Branca e liderou algumas das pesquisas internas do Partido Democrata. Kamala apareceu como uma defensora dos protestos à favor de George Floyd, morto de asfixia por um policial, tendo ido pessoalmente a uma manifestação em frente à Casa

Se o democrata vencer a eleição, Kamala Harris será a primeira mulher negra a exercer o cargo de vice-presidente dos EUA. Especialistas denominaram a escolha como histórica.

Biden usou as redes sociais para anunciar o nome de Harris nesta terça-feira (11). “Eu tenho a grande honra de anunciar que escolhi Kamala Harris — uma lutadora destemida pelos pequenos e uma das melhores servidores públicas do país — como minha parceira de chapa”, escreveu.

Joe Biden ainda falou que “Na época em que Kamala era procuradora-geral, ela trabalhava em estreita colaboração com Beau. Observei enquanto eles atacavam os grandes bancos, levantavam os trabalhadores e protegiam mulheres e crianças de abusos. Eu estava orgulhoso na época, e agora estou orgulhoso de tê-la como minha parceira nesta campanha.”

O presidente Donald Trump reagiu a escolha falando que seu concorrente ao cargo acabou de sair do centro e se tornar um homem de “esquerda”. Uma crítica ao democrata.

Série “Um Maluco no Pedaço” pode ganhar reboot com narrativa dramática

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A The Hollywood Reporter afirmou nesta terça-feira (11) que Will Smith, Benny Medina e Quincy Jones estão trabalhando em um reboot da sitcom do clássico “Um Maluco no Pedaço”. De acordo com fontes da revista, o material já estaria, inclusive, em disputa por 3 plataformas de streaming: HBO Max, Netflix e Peacock.

Em março de 2019 surgiu no YouTube um trailer da produção “Bel-Air”. A narrativa tinha como proposta revisitar o clássico “Um Maluco no Pedaço” em uma versão dark.
Ambientada nos Estados Unidos, no presente, “Bel-Air” deve ser lançado como uma série e a expectativa é de que contenha episódios de 1h. A narrativa segue uma linha oposta à adotada pela série original, estabelecendo-se como um drama que desenvolve da jornada de Will rumo às mansões fechadas de Bel-Air.

Repaginado, o projeto mergulhará fundo nos conflitos, emoções e preconceitos inerentes aos personagens, aspectos que de acordo com a revista eram impossíveis de ser explorados totalmente em um formato de comédia de 30 minutos. Também foi especificado que os criadores devem reservar um espaço para diversão, ainda que em menores proporções.

Quem detém os direitos do projeto é a Westbrook Studios, uma divisão da produtora de Jada Pinkett Smith e Will Smith.

Confira o trailer de Bel-Air:

Dia do advogado: conheça Zaira Castro, jurista antirracista que luta pelos direitos das mulheres

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Dra. Zaira Castro, Advogada e Jurista negra - Foto: Reprodução Instagram



“Eu fui tão injustiçada que eu decidi buscar por justiça”, Zaira Castro fala sobre sua trajetória enquanto mulher negra e suas ambições enquanto mulher negra no direito.

No dia 11 de agosto é comemorado o dia do advogado, e inúmeros juristas negros fazem um excelente papel na luta contra o racismo institucional do Brasil e a doutora Zaira Castro é uma delas.

A jurista teve seu primeiro contato com a área cedo, aos 8 anos de idade enfrentou o seu pai no tribunal e ali descobriu o que queria fazer de sua vida, se tornar uma advogada e lutar por justiça.

Muitos acontecimentos de sua infância e adolescência reverberaram nas suas escolhas de formação e hoje a advogada tem forte presença no ramo de Direito da Família e na luta contra a violência doméstica. Zaira tem ainda participações em diversos coletivos, e na companhia de outras juristas luta pelo espaço e reconhecimento de mulheres e negras na advocacia.

Em conversa com o Mundo Negro, a jurista contou um pouco de sua trajetória no direito, relembrou onde já esteve e onde pretende chegar nessa caminhada por um país mais justo para as mulheres e sem racismo.

MUNDO NEGRO
Nos conte um pouco sobre sua trajetória na área, motivação para a escolha do direito e sua área de atuação?

ZAÍRA CASTRO

Eu tinha oito anos de idade, o meu pai não me registrou de fato, e a gente foi parar na justiça, por uma decisão minha. Estávamos eu minha mãe e ele, que diante daquilo tudo dizia que não era meu pai e eu lembro que a juíza pediu para eu sair da sala e eu fiquei no corredor, mas escutava a discussão deles. E no final a juíza me chamou e conversou comigo, ela disse que era uma menina muito inteligente e perguntou o que eu queria fazer e eu lembro que naquele momento eu disse que queria cursar direito e ela olhou para mim e disse “Então estude! Para que amanhã você possa mostrar ao seu pai onde você conseguiu chegar” Para amanhã você estar aqui sentada nesse lugar”.

Na minha família eu fui a primeira a ter uma graduação e apesar do meu pai não ter me assumido, isso me motivou a ser alguém melhor. Cresci vendo minha mãe sofrer, uma mulher, negra, e solteira criando eu e minhas irmãs com muita dificuldade, eu olhava e não queria passar por aquilo. E essa história dos meus oito anos de idade diante de uma juíza dentro de um fórum diante dos meus pais é o que me conduz a história do direito, tanto que eu atuo em muitos casos de família. Tá aí o princípio de tudo foi a partir daí que começou minha história com direito, quando criança eu sofria tanto racismo, tanta coisa, tanto preconceito… Eu acho que durante toda minha vida eu fui tão injustiçada que eu decidi buscar por justiça e minha história é um pouco disso. 

MUNDO NEGRO

Quando falamos sobre juristas negras, já imaginamos que seja uma grande dificuldade ocupar esse espaço majoritariamente masculino e branco, como foi para você as primeiras experiências, enquanto mulher negra advogando?

ZAIRA CASTRO

Como jurista Negra as primeiras experiências no âmbito do jurídico, foram muito complicadas principalmente nas questões da delegacia de atendimento à mulher, porque eu normalmente era barrada, não era tratada como advogada. Então passei a ter que andar com a carteira da OAB na mão para não ser questionada, se eu era advogada ou não. Era chegar no fórum e ter que ficar mostrando a carteira, perguntavam se eu realmente era a advogada do processo. Porque, por mais arrumada que eu estivesse, pela questão do racismo eu sempre era questionada. Num primeiro momento foi muito complicado lidar com isso, a área do direito é elitista as leis foram criadas para os brancos, eu acho que de início a lei ela é até um pouco racista, é um sistema muito complicado pra lidar.

MUNDO NEGRO

Nos conte sobre seus planos na sua carreira, sua colaboração no coletivo Minissaia e no coletivo Abayomi – Juristas negras pode nos contar um pouco sobre a finalidade desses projetos, e a importância da existência deles?

ZAIRA CASTRO

Acaba que na área a fica gente muito sozinha né, sofre a solidão… Por isso que muitas agora estão se unindo e participando de coletivo de juristas negras para unir forças, nesse enfrentamento.

Na grande São Paulo foi feito uma pesquisa nos grandes escritórios e só 1% dos advogados contratados nesses escritórios são negros. Daí você tira como é o âmbito do jurídico, quantos advogados negros, bem estruturados nós vemos? Juízes, promotores e procuradores?  Então é uma área que a gente tem que estar enfrentando, deliberando, atuando, lidando e indo de encontro até com a própria LEI enfrentando e questionando isso.

O coletivo minissaia tem como objetivo reunir influenciadores digitais para dar oportunidade de mostrar o quanto mulheres são protagonistas, críticas sociais e mulheres de personalidade marcante. Então essas são algumas da motivação do coletivo, ele propõe o empoderamento feminino, dá visibilidade as formadoras de opinião quanto à ativismo social, produção de ideias geração de conteúdo, luta e todo o enfrentamento de violencia contra a mulher, gordofobia, transfobia, e o racismo. O projeto foi idealizado por Rodrigo Almeida justamente para reunir influenciadoras e para movimentar mesmo, dar voz e ocupar espaços.

Abayomi – Juristas negras é uma coletiva de afroempreendedorismo Social com o objetivo de combater de maneira estratégica o racismo estrutural. E ele oferta a capacitação, aperfeiçoamento, empoderamento e treinamento para criar condições efetivas de inclusão da população negra em espaço de poder, com foco em cargos nos orgãos que compõem o sistema de justiça. Sou parceira do Abayomi – Juristas negras que tem toda metodologia de estudo pra colocar mulheres negras em ascensão e em espaços de poder. A gente acredita no “eu sou porque nós somos” e caminhamos para ocupar esses espaços de poder e enfrentar o racismo estrutural.

E unindo todos esses coletivos que busquei uma advocacia mais afrocentrada, já que eu atuo nessa frente de combate ao racismo, violência contra a mulher, intolerância religiosa. Eu milito muito nessa questão de defesa e contra a injustiça, em parceria com o Dr. Fernando Santos e Dr. Luanda Rodrigues, a gente foca em ajudar os nossos, fazer uma advocacia com atuação na ocupação de espaço no jurídico, nos fortalecendo. Por que não é fácil sermos respeitados, normalmente confundem a gente com o cliente e não como o patrono advogado da causa, quando chega no fórum. Então temos buscado a erradicação do racismo estrutural.

MUNDO NEGRO

No ano de 2020 muito se falou sobre racismo e o movimento “black lives matter”, mas as campanhas não se estendem, e o antirracismo não é colocado em prática no dia a dia. Juridicamente falando o que têm sido feito hoje, para mudar essa realidade? Para evitar que corpos negros continuem sendo assassinados e marginalizados?

ZAIRA CASTRO

Infelizmente quando nós lidamos com um racismo estrutural, (que houve inclusive uma legislação que exterminavam os nossos) pra erradicar a desigualdade, o racismo e mudar essa realidade, além de toda a ocupação, vozes e luta, nós precisamos nos unir mais, de uma forma estratégica, e como diz a promotora Livia Vaz constranger a branquitude e para além disso, movimentar. Por isso a ideia de ocupar os espaços de poder, porque a gente entende que quem tem poder é aquele que caneta, então a gente só pode mudar esse país racista, se a gente estiver ocupando esses espaços. Apesar de sermos mais de 56% da população, a gente não consegue eleger governantes pretos, a gente não consegue ter em sua maioria, juízes, promotores, procuradores e advogados negros atuando bem estruturados com grandes escritórios. Para evitar que corpos negros continuem sendo assassinados e marginalizados, a gente precisa para além de ocupar esses espaços se unir de forma estratégica. Mesmo que todos os coletivos e militantes se unam de forma uníssona e estratégica a gente precisa de uma mudança parlamentar, políticas públicas e que os governantes possam ter um olhar e mudar isso, investir na educação e no sistema judiciário. Além dos espaços que já vem sendo ocupado na mídia, as vezes falta mais, é naquele momento e depois passa. precisamos de ações diárias e concretas, atos para além dos discursos, em geral, pra branquitude para os políticos, judiciário e parlamentários, serve para todos nós. Só vai existir mudança a partir da consciência individual, o mundo está passando por isso para se evoluir, como indivíduos precisamos ressignificar o que foi estruturado.

MUNDO NEGRO

Para falar sobre conquistas, no mês de junho você teve sua foto espalhada pelas ruas da Capital paulista, na campanha que mostra e incentiva o trabalho de mulheres pretas no combate ao racismo. Qual a importância desse trabalho em tempos como esse e como está sendo essa experiência? Tem gente nova chegando no seu perfil, como têm sido falar sobre racismo para esse público novo?

ZAIRA CASTRO

A campanha estar espalhada pelas ruas da capital paulista para mim, foi importante. É uma questão valorização, porque eu fui contratada para estar nesses painéis, eu estava enquanto profissional, jurista, mulher e negra. Eu como negra retinta, ser reconhecida na grande São Paulo para mim, foi de um afago inenarrável, reconhecimento que me trouxe muita gratidão. Me fez perceber que lutando a gente vence, eu escolhi o caminho do direito e amo esse caminho, se tiver que dar a minha vida e doar em prol dos nossos é o que farei e estou fazendo…

Eu tenho sido convidada para outros eventos, para dar entrevista, para participar de grandes palestras, tudo isso pra mim tem sido de grande valia, mostra que temos avançado um pouco.

Eu fiquei feliz, tem chegado pessoas novas no meu Instagram, mas eu ainda percebo que por se tratar de uma mulher negra retinta, não traz a quantidade que traria se fosse uma mulher branca ou se tivesse uma pele mais clara.

Nosso Brasil tem muito ainda que evoluir nesse paradigma de quebra de racismo, falar sobre racismo para as pessoas tem sido muito tranquilo, mas a questão não é o falar, é o praticar. Para mim não basta falar, quero que meus atos e minha vida propaguem o mundo, é o que busco, sempre falo com essência e com meu coração, busco por verdade e justiça, o reconhecimento tem sido bom, por meio desses painéis, mas poderia ser melhor, se não fosse o racismo.

Zaira Castro é bacharela em direito, advogada. Especialista em direito público. Conhecida publicamente como Jurista Negra pela atuação em causas antirracistas. Atua na área de direito de família desde a faculdade e já fez a diferença na vida de dezenas de mulheres vítimas de violência doméstica e segue fazendo, é um nome a ser homenageado no dia de hoje. Segundo a jurista, a luta antirracista não se vence sozinho, e a ocupação de pessoas negras nos espaços de poder é um caminho para isso, para além da sua formação a advogada se dedica em projetos com foco na capacitação de juristas negros no enfrentamento ao sistema racista do país.

Milton Nascimento se emociona ao ganhar certidão de reconhecimento paterno do filho adotivo

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O cantor Milton Nascimento, se emocionou ao receber de Augusto, seu filho adotivo, uma certidão emoldurada que o reconhece como seu pai. O momento foi publicado nas redes sociais. Mesmo sem poder dar um abraço, Augusto entregou o presente ao pai que se emocionou muito. “Mas nem um abraço?”, disse o músico.

Na legenda do vídeo, Augusto descreveu momentos de sua vida que o fizeram ter tal atitude: “E lá se vão uns bons, lindos e felizes anos desde que nos descobrimos pai e filho. Me lembro muito do incômodo que meu pai sentia antes de a gente decidir entrar com o processo de adoção e ‘oficializar’ o que já era uma realidade há muito tempo para nós dois. Lembro também que, durante todos os dias, até que saísse a sentença, ele me perguntava, de forma completamente impaciente e incansável, se tinha alguma novidade”.

Agora a sentença saiu e Augusto já pode incluir o nome Nascimento aos documentos. “Estávamos no aeroporto quando recebemos a notícia, e ele deu um grito ali mesmo e me abraçou por vários minutos. E, depois que tive os documentos alterados, ele pedia a minha identidade para mostrar a todos os amigos que encontrava”.

Carioca de nascença, mas mineiro de coração, Milton Nascimento está passando a quarentena na casa do filho, Augusto, em Juiz de Fora (MG).

https://www.instagram.com/p/CDrwBh2hoeh/

Nia DaCosta será diretora de Capitã Marvel 2

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Nia daCosta atuará como a diretora de Capitã Marvel 2, planejado para estrear em julho de 2022 nos cinemas.
Antes de Nia, estavam sendo cogitadas para o cargo de diretora Olivia Wilde (Fora de Série) e Jamie Babbit (Nunca Fui Santa).

Com a informação divulgada pela revista Deadline, a norte-americana será a primeira mulher negra a comandar um grande filme de super-herói.

No entanto, o trabalho de Nia, aclamado pela crítica, foi essencial para a decisão da Marvel. DaCosta tem conquistado notoriedade desde que produziu o filme indie Little Woods, em 2018, longa que deixou no radar de diversos produtores executivos, incluindo Jordan Peele, que a selecionou a dedo para a direção de Candyman, que teve sua data de lançamento adiada em decorrência da pandemia.

‘Em Casa com Babu’: Babu Santana ganha série de quatro episódios no Gshow

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“Em casa com Babu” será exibida no Gshow a partir desta quarta-feira (12) e contará com quatro episódios, um por semana.“O ‘Em Casa com Babu’ é um convite para vocês conhecerem mais intimamente a minha vida. Vamos ter bate-papos sobre masculinidade, sobre a minha carreira, sobre paternidade, respeito com muita gente interessante”, contou o ator.

De sua casa, onde todo o conteúdo será gravado, Babu entrevistará convidados especiais por chamada de vídeo sobre temas como família e afeto, carreira, desconstrução, preconceito e respeito. E, dividirá sua própria experiência sobre cada um desses assuntos com o público.

No primeiro programa, Babu receberá a médica e ex-BBB Thelma, o ator Jonathan Azevedo e o comentarista e ex-jogador de futebol Junior para falar sobre família.

Jovem é perseguido e morto por policiais no dia do seu aniversário

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Rogério Ferreira da Silva morreu neste último domingo, 09, após abordagem policial

Rogério Ferreira da Silva Júnior saiu de moto para comemorar seu aniversário de 19 anos, mas morreu baleado na tarde de domingo (9) após ter sido perseguido e abordado por dois policiais militares de motocicletas, na Zona Sul de São Paulo. Familiares e amigos acusam os agentes da Polícia Militar (PM) de atirarem mesmo ele estando desarmado.
Os próprios policiais admitem, não terem encontrado nenhuma arma com a vítima.

O PM que atirou no rapaz alegou que disparou em legítima defesa porque achou que ele estivesse armado e fosse a atirar. Os dois agentes da PM foram afastados preventivamente dos serviços de rua para o que o caso seja investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da PM.

A Polícia Civil e a Corregedoria ainda vão analisar o vídeo gravado por câmera de segurança que mostra o momento que Rogério pilotando sozinho a moto que tinha pego emprestada de um amigo; Assista ao vídeo:

Inicialmente, a Polícia Civil e a Corregedoria da PM concordaram com a versão dos policiais e entenderam que se trata de “legítima defesa putativa”, que é aquela na qual o indivíduo imagina estar em legítima defesa, reagindo contra uma agressão inexistente. Mas isso não impede que essa posição mude no futuro durante as investigações.

“Eu não faço meu trabalho pensando em ajudar os brancos a entendê-lo”, diz Ava DuVernay

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A premiada diretora de cinema Ava Duvernay - Foto: Reprodução Instagram

A diretora Ava Duvernay sempre interage com seus fãs nas redes sociais. No último domingo (9) a roteirista estava respondendo perguntas de estudantes de roteiro para cinema quando uma dúvida sobre como brancos interpretam seus filmes de temática negra surgiu:

“Já que seus filmes são bem recebidos por brancos em um assunto que nós, negros, conhecemos tão bem, como você conseguiu retratar histórias da experiência negra de uma forma que os brancos entendessem? Principalmente de forma clara, por meio da narração de histórias?”, perguntou uma estudante.

A vencedora do Emmy então respondeu:

“Não faço meu trabalho pensando em ajudar os brancos a entende-lo. Às vezes, as pessoas [brancas] entendem. Às vezes elas não entendem. Isso não pode ser a minha preocupação. Eu rodaria em círculos. Eu não posso e não vou fazer isso. Porque eu tenho um lugar para ir – e os círculos não me levarão lá”, respondeu a diretora de “Olhos Que condenam”.

Em tempo: Ava e sua produtora ARRAY Filmworks fecharam uma  parceria com HBO Max para a série de documentários ‘One Perfect Shot’ que abordam os momentos mais memoráveis do cinema.

Campanha de Porchat define racistas (em desconstrução) “como bravos mensageiros de uma nova consciência”

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O apresentador Fábio Porchat - Foto: Reprodução Instagram

Se tem um ano emblemático para discussão sobre racismo no Brasil, esse ano é 2020. Os debates sobre racismo estrutural, genocídio e violência policial, estimulados pelo a assassinato de George Floyd, repercutiram por aqui e o ápice da reflexão sobre as diferenças entre negros e brancos, aconteceu no dia 2 de junho, durante o Black Out Tuesday.

Naquela terça histórica, pelo menos do ponto de vista de alcance midiático, milhares de pessoas, incluindo brasileiros, publicarem imagens pretas em suas redes sociais. E os dias seguintes foram repletos de ocupações de perfis de brancos, por pessoas pretas, debates, lives, entrevistas, artigos, mais entrevistas, mea culpa, mudança de nome de produtos, discussão sobre queda de estátuas e até demissões. Chegou então a era dos antirracistas brasileiros!

Por isso que causa estranheza a campanha encabeçada pelo ator e empresário Fábio Porchat intitulada “Sou um racista em desconstrução”.  Em um texto no Instagram, o apresentador do GNT faz uma confissão: se assume racista. Por todos os motivos citados no parágrafo acima, deveria ser ponto pacífico que todos os brancos são racistas? Por conta de inúmeras conversas que aconteceram inclusive dentro do perfil do próprio Porchat, eu de se esperar que campanhas feitas por brancos seriam apresentadas em um nível um pouco mais avançado e eficaz para diminuir a desigualdade, algo além de admitir o óbvio que na prática, não muda a realidade da comunidade negra a mais prejudicada durante o período de isolamento por conta da Covid-19.

Porchat diz: “É essencial e urgente que eu diga isso antes que mais vidas sejam prejudicadas. Carrego em mim preconceitos estruturais e estou aqui pra dizer que participei dessa construção nociva, e de forma perigosamente sutil, absorvi e reproduzi o idioma do racismo com fluência”.  Essencial e urgente é a reparação financeira causada pelo racismo estrutural que ele reconhece existir. Qualquer conversa vinda de pessoas brancas que não inclua investimentos financeiros imediatos na comunidade negra, não me interessa. Formulários burocráticos para mapear quem precisa do que, também é preguiçoso para quem tem um discurso que começa falando em urgências.  Um pesquisa simples do Google já sugere muitos nomes de ONGS negras carentes.

“É chocante e desconfortável, mas é a verdade!” – Foto: Reprodução Instagram

No site feito para campanha vemos pessoas brancas sentadas em uma cadeira, a meia luz,  com cara de culpa e o seguinte texto: “Os rostos da campanha: as pessoas corajosas e conscientes dão a cara do movimento. Veja quem são esse (sic) bravos mensageiros de uma nova consciência”. Racista em desconstrução, pessoas corajosas e bravos mensageiros dentro do mesmo contexto, soa pretensioso.

https://www.emdesconstrucao.com.br/

Não está em discussão a boa intenção em fazer uma campanha onde o branco reflete sobre o próprio racismo. Nesse sentido o Cid Moreira fez uma pontuação bem interessante:

No entanto, durante três meses de letramento racial gratuito feito por muitos comunicadores negros, na TV, na Internet, rádio, Podcast, jornais e revistas, sabemos que campanhas de conscientização não suprem as necessidades que estamos cansados de dizer que temos, como desemprego, falta de investimentos em afro-negócios, moradia e educação precários , falta de segurança e saúde além da maior exposição à violência e risco de morte por armas da polícia.

Eu admiro atitudes como a do Youtuber Felipe Neto que não faz tanto texto nem fotos, mas contrata pessoas negras para trabalhar com ele. Saiu do bolso dele o peso de ter se beneficiado das estruturas de um país racista.

Corajoso, não é se assumir racista em desconstrução, corajoso é ser negro no Brasil, país que mata jovens negros, inclusive as crianças que nem saíram de casa durante a quarentena. Corajoso é fazer os serviços essenciais e não poder ficar em casa nem durante a pandemia, para manter nossa geladeira cheia e ruas limpas.

Se declarar um racista em desconstrução na prática, é mais um exercício de consciência e autorreflexão da branquitude do que algo que impacte na vida das pessoas negras com a urgência que Porchat diz ter.

Se ele tá com pressa, imagine a gente.

Cobrança por responsabilidade não é cancelamento

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A internet é curiosa, não acham? Ela cria fenômenos e reações a esses fenômenos surgem, mesmo que este fenômeno não seja exatamente como dizem ser. Um exemplo disso é a chamada “cultura do cancelamento” que tornou-se algo tão desconexo e banalizado que hoje é utilizado para descrever cobrança de responsabilidade de pessoas famosas na internet, mas como estes são sempre blindados por fãs o pós fenômeno que tem tornado esse debate cada vez menos produtivo é o “anti-cancelamento”.

Vocês já devem ter ouvido falar dos julgamentos em praça pública promovidos pela Inquisição, né? Basicamente a igreja católica romana julgava todos aqueles considerados uma ameaça às doutrinas da instituição. Todos os suspeitos eram perseguidos e aqueles que eram condenados, cumpriam as penas que podiam variar desde prisão temporária ou perpétua até a morte na fogueira, onde os condenados eram queimados vivos em plena praça pública.

Este fenômeno acabou por se estender em países europeus como: Portugal, França, Itália e Espanha. No Brasil tivemos um pouco disso no período colonial, mas não com a mesma força da Europa.

Acontece que muitos lideres políticos da época se aproveitaram dessa pratica para perseguir seus opositores e acabaram por condenar em praça pública diversos grupos de nobres e até mesmo cientistas com ideias que se opunham a igreja e suas imposições.

Mas por que estou falando disso? Primeiro porque muitas pessoas comparam o tal cancelamento com essa prática, na qual eu discordo bastante, exceto por um ponto.

Discordo porque as consequências dessa prática na idade média eram realmente irreversíveis, como por exemplo a morte em fogueira. Já no caso do que chamam de cancelamento não há consequências extremas como essas, mas o evento em si, do “condenado da semana” é semelhante.

Acho que primeiro de tudo devemos separar algumas coisas. A internet em si é um ambiente extremamente tóxico. Muitos se utilizam do anonimato para despejar seus ódios com a certeza da impunidade, mas eu quero alertar vocês que está é uma pratica que existe em todo o ambiente virtual, não tem raízes na cultura do cancelamento.

A partir do momento em que uma pessoa notória comete algum erro existe toda uma movimentação online de cobranças de responsabilidade. Essa cobrança em si não pode ser chamada de cancelamento, uma vez que cobrar responsabilidade por seus atos faz parte do convívio em sociedade. Uma pessoa ser transfobica, racista ou lgbfóbica de um modo geral, para além de cometer um erro está também cometendo um crime e é extremamente natural que esta seja criticada.

Acontece que, como eu disse anteriormente, a internet em si é um ambiente tóxico e muitas pessoas se aproveitam do fato dessa pessoa cometer um erro para destilar seu ódio em meio as criticas, o que acaba por não ser proporcional e deve sim ser condenado, mas não da forma que vem acontecendo.

Um exemplo que acompanhei de perto pode deixar mais claro tudo isso que estou falando. Uma jovem TikToker fez um vide onde ela fez Blackface e com isso foi racista. Logo ela foi criticada por pessoas negras no twitter. Em meio a essas criticas ela começou a receber ameaças, pessoas mandaram mensagens para a mãe dela onde diziam que a filha merecia ser estuprada pelo que fez.

Notem, ela cometeu sim um erro e é natural ser criticada por isso, mas no ambiente virtual algumas pessoas se utilizaram daquela situação e do anonimato para destilarem ódio desproporcional ao ocorrido. Isto é, dizer que uma mulher merece ser estuprada por ter feito Blackface não é uma critica é um crime, discurso de ódio e te coloca em uma posição ainda pior do que a posição errada na qual a jovem estava.

Eu sei dessa história porque ela entrou em contato comigo para entender o que era o Blackface e me contou tudo isso. Sabe o que observei? As pessoas que desejavam tal absurdo à ela sequer eram pessoas negras, sequer eram do grupo atingido pelo erro da jovem, eram homens, brancos e heterossexuais se aproveitando da situação para expressarem o que são e sair impunes disso.

Notem, a forma como essa história em especifico se desenrolou fala mais sobre o comportamento tóxico de pessoas na internet do que sobre o cancelamento em si, sabe por que? Eu já recebi ameaças e ataques semelhantes e não estava em uma situação de cancelamento.

Simplesmente por existir alguns grupos na internet sofrem esses ataques. Eu já recebi mensagens de pessoas que desejavam minha morte de diversas formas, isso simplesmente por ser um homem negro que fala sobre questões raciais na internet.

Atribuir esse comportamento tóxico de pessoas online ao tal cancelamento é uma forma desonesta de se blindar pessoas de criticas e esse é o problema disso tudo.

Usando o exemplo mais recente, podemos falar sobre o episódio transfóbico de Marília Mendonça e sua equipe durante uma live. Ao tratar como chacota o fato de um homem cisgenero se relacionar com uma mulher trans, além de desumanizar pessoas trans ela contribui para um comportamento opressivo que nega afetividade à pessoas trans. Colocando-o como chacota a sociedade brasileira joga para o anonimato essas relações e faz com que este grupo seja cada vez mais oprimido. Somos o país que mais mata pessoas transsexuais no mundo ao mesmo tempo em que somos o país que mais consome pornografia transsexual também.

Um episódio como esse, vindo de alguém com tanta visibilidade como Marília reafirma um comportamento que é extremamente prejudicial a esse grupo social já oprimido diariamente. É ai que entra a cobrança, justa, de responsabilidade. Muitas pessoas trans se manifestaram em repúdio a situação e isto foi interpretado, mais uma vez erroneamente, como cancelamento.

Acontece que COBRAR RESPONSABILIDADE NÃO É CANCELAMENTO.

“Ah, mas é apenas uma piada, vocês só querem cancelar ela”

É na base do “é só uma piada” que violências são perpetuadas na nossa sociedade. Ninguém da risada de algo que não considera menor, inferior ou indigno. Essas piadas inferiorizam existências, reforçam essas inferiorizações.

“Isso é muito comum entre héteros cisgenero”

Uma violência ser comum só mostra a urgência e importância da luta contra tal e não complacência com quem de alguma forma contribui para que ela continue existindo.

Cobrar de Marília um posicionamento, um pedido de desculpas, responsabiliza-la pelo que aconteceu é apenas uma cobrança por algo que ela fez de errado.

Notaram onde quero chegar? Primeiro as pessoas atribuem ao cancelamento um comportamento tóxico virtual que agora atinge pessoas famosas. Depois utilizam esse espantalho para se colocar contra o cancelamento e dessa forma “passarem pano” para os erros do seu famoso favorito. Blindar pessoas de criticas é extremamente problemático, assim como esse comportamento tóxico online também seja, mas o blindar pessoas online de crítica esta totalmente ligado ao cancelamento, já o comportamento tóxico online é algo que faz parte da internet como um todo.

Vejo também, nessa história toda, uma forma da hegemonia se proteger e não ser responsabilizada por seus erros. O grupo hegemônico não suporta ser responsabilizado e quando a Internet começou a fazer isso eles correram pra dizer que isso é ruim e errado, tudo isso para silenciar as cobranças e não para combater a toxidade virtual. Enquanto eles tão se protegendo, usando cultura do cancelamento como desculpa, eles oprimem outros grupos todos os dias.

Em resumo é importante se atentar para não se deixar cair nessa armadilha da “passada de pano” pra pessoas que erraram. Ao mesmo tempo precisamos nos atentar para esse ambiente tóxico que a internet tem se tornado para todo mundo.

Só precisamos ficar atentos porque alguns grupos de pessoas sofrem simplesmente por existir na Internet. Existem páginas e perfis exclusivos para perseguir negros, gordos, trans e outras minorias. Nós não precisamos errar pra sofrer do que eles chamam de consequências do “cancelamento”. Branco não suporta uma crítica quando erra e logo corre pra se blindar chamando de cancelamento. Esse é o verdadeiro vitimismo.

Lembrem-se: COBRAR RESPONSABILIDADE NÃO É CANCELAMENTO.

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