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A Filmografia de Chadwick Boseman

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A curta trajetória de Chadwick Boseman no cinema foi carregada de filmes sobre afro-americanos pioneiros em suas respectivas áreas, o ator sabia da importância da representatividade e do potencial transformador do cinema e da arte na vida de pessoas negras, sempre engajado politicamente ele nunca se isentou de falar sobre as questões nas quais acreditava. Chadwick se foi, mas o seu legado continuará vivo. E por isso, separei uma lista com as principais obras no cinema:

42 – A história de uma Lenda (2013)

A cinebiografia conta a história real de Jackie Robinson (personagem de Chadwick Boseman), um jogador de baseball que disputa a liga nacional afro-americana até ser descoberto por Branch Rickey, empresário de um time que disputa a maior competição do esporte nos Estados Unidos. Rickey ambiciona que Robinson seja o primeiro homem negro a disputar a Major League, o que faz com que ele tenha que enfrentar o racismo existente não apenas da torcida e da diretoria, mas também fora do campo.

Get on Up – A história de James Brown (2014)

https://www.youtube.com/watch?v=BNzeC6sMpCE

Mais uma cinebiografia, dessa vez baseada na vida de James Brown, ícone entusiasta do funk nos Estados Unidos dos anos 1960. Com uma infância difícil e marcada pela pobreza, Brown se viu obrigado a lutar por aquilo em que acreditava desde cedo. Preso e vítima de abusos, o “Pai do Soul” promoveu reviravoltas que o eternizaram como ídolo na história da música.

Marshall: Igualdade e Justiça (2017)

Antes de efetivamente se tornar o primeiro juiz negro da Corte Suprema Americana, Thurgood Marshall (interpretado por Chadwick Boseman) luta num caso pode determinar os rumos de sua carreira: Advogar em defesa de Josepho Spell, um afro-americano que está sendo acusado de atacar uma mulher branca em seu quarto, mas que jura ser inocente.

Crime sem Saída (2019)

Um detetive da polícia de Nova Iorque precisa achar e prender um assassino de policiais que está à solta na cidade. Realizar a prisão do criminoso implicaria em recuperar o prestígio perdido durante alguns insucessos nos últimos anos. No entanto, quanto mais ele avança na investigação mais ele se dá conta de que os assassinatos são parte de uma conspiração assombrosa entre criminosos e membros de sua própria categoria.

Destacamento Blood (2020)

https://www.youtube.com/watch?v=DuSwEFORDZY

Da 5 Bloods conta a história de quatro veteranos de guerra afro-americanos, que retornam ao Vietnã para recuperar um tesouro que enterraram décadas atrás, e também resgatar os restos mortais do corpo do líder do seu esquadrão, Norman (interpretado por Chadwick), morto durante a guerra. O grupo é formado por Paul (interpretado por Delroy Lindo), Otis (Clarke Peters), Eddie (Norm Lewis) e Melvin (Isiah Whitlock, Jr.).

Pantera Negra e MCU

No Universo Cinematográfico da Marvel, Boseman aparece como Tchalla nos seguintes filmes:

• Capitão América: Guerra Civil (2016)

• Vingadores: Guerra Infinita (2018)

• Vingadores: Endgame (2019)

Mas é com Pantera Negra (2018), que Chadwick faz história, sendo o primeiro filme de heróis com completo protagonismo negro, indicado em 6 categorias no Oscar (incluindo Melhor Filme) e levando três, além do absoluto sucesso comercial. Pantera Negra emocionou milhares de jovens negros ao redor do globo, por se sentirem representados na telona.

“Cabelo de bruxa”: W. Eliodorio, o queridinho das crespas famosas foi racista outras vezes

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Wilson Eliodorio - Foto: Reprodução Instagram

O show de horror e racismo no salão do cabeleireiro das estrelas Wilson Eliodorio chocou muitas das suas clientes famosas, mas outras mulheres que já foram atendidas por ele, não ficaram surpresas.

É bem agressivo o vídeo de um treinamento que flagra o profissional usando termos racistas para descrever o cabelo das modelos Mariana Vassequi e Ruth Morgan que viralizou. Wilson usou o termo “Patrão comeu aqui e gerou isso” para descrever cabelo crespo de Mariana. No seu vídeo de desculpa nos Stories, ele mentiu ao dizer que não viu várias mãos tocando no cabelo de uma das modelos ao mesmo tempo, como mostra a foto abaixo.

Wilson está ao fundo de camiseta xadrez bem de olho nas várias mãos no cabelo da modelo Mariana – Foto: Reprodução Instagram

Não demorou muito para surgirem outros depoimentos sobre o comportamento preconceituoso de Eliodoro: “(…) sem nenhuma famosa por perto, ele me esculachou com várias falas preconceituosas.⁣ Disse que a cor que eu queria pro meu tom de pele negra ia ficar parecendo uma biscate ou um belzebu.⁣ Eu havia mostrado uma foto da Sheron Menezzes e ele disse: ‘Você quer aquele cabelo de bruxa? Então tá vou te deixar do jeito que pediu’”⁣, diz a advogada Andréia Silva sobre a sua experiência no salão WES.

Eliodorio e a uma das suas clientes Andréia Silva – Foto : Reprodução Instagram

Ela conversou com a gente sobre como estava emocionalmente em um momento onde acreditou que a mudança de cabelo, a faria se sentir melhor. “Precisei tirar um ano sabático lagar absolutamente tudo pra dar a volta ao mundo a procura de um reencontro comigo mesma e com a minha ancestralidade e quando voltei ao Brasil meu primeiro projeto pra minha completa aceitação foi a expectativa de que o Wilson me ajudaria a resgatar a minha autoestima tão baixa até então..”

“ Uma vez esse cabeleireiro aí viu meu cabelo na transição (raiz natural e comprimento platinado) e disse que eu não deveria deixá-lo natural porque estava parecendo cabelo de preto (com cara de MUITO nojo e desdém) e que platinado ele ficava com ar mais europeu, chique!”, relatou Nina Gabriela no Twitter.

Ainda pelo Twitter a influenciadora Jacy Jully também relatou uma experiência com o famoso “defensor” do cabelo crespo.“Sobre o tal cabeleireiro, o ranço nasceu quando fiz minha primeira campanha de beleza, eu tava (sic) super feliz e em menos de 5 horas ele foi abertamente gordofóbico, misógino, racista fazendo comentários no camarim. Fiquei triste pq ele tinha foto com várias celebridades que admiro”.

Nem todo mundo gostou de ver celebridades defendendo Wilson do linchamento online no perfil do cabeleireiro. Uma dessas pessoas foi a cantora Bia Ferreira. “Podem vir aqui 236484834 globais pretas se justificar ou te defender, eu, Bia Ferreira, Sapatão,preta, periférica, vinda da escola pública, NÃO TE PERDÔO! NAO TE PERDÔO pela crise de ansiedade e choro que você me causou ao te ouvir falar”, desabafou a artista.

O caso das modelos não foi isolado. Parece que só as famosas são poupadas do linguajar carregado de preconceito de Wilson.

Chadwick Boseman gravou ‘Ma Rainey’s Black Bottom’, filme com Viola Davis que estreará ainda em 2020

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Chadwick faleceu na última sexta-feira (28), há 4 anos lutava contra um câncer e nos últimos meses assustou os fãs ao aparecer abaixo do peso e com recorrentes idas ao hospital.

A morte do ator pegou muitos de surpresa e centenas de fãs ao redor do mundo prestaram suas homenagens ao nosso eterno rei T’challa, agradecendo sua impecável atuação em um dos filmes de maior sucesso da Marvel “Pantera Negra”.

Alguns fãs já falam sobre a sequência do filme “Pantera Negra 2” que já tem sua data de estreia marcada para 6 de maio de 2022, embora existam cenas inéditas do rei T’challa as gravações da continuação do filme ainda não foram iniciadas.

Além dos outros sucessos já lançados estrelados pelo autor, como 21 Bridges, 42, Da 5 Bloods, Message From The King e claro Black Panther, o autor deixou o filme ‘Ma Rainey’s Black Bottom’, (Que foi apontado como o projeto que colocaria Boseman na disputa por sua primeira indicação ao oscar) O filme produzido por Denzel Washington, tem também a presença de Viola Davis.

Na segunda-feira (31) aconteceria um evento virtual para a apresentação do filme, o evento foi adiado devido ao falecimento do ator. O perfil oficial da Netflix publicou uma homenagem à Chadwick. “Um herói em todos os sentidos. Descanse no poder para Chadwick Boseman cujo o talento viverá para sempre”.

Viola Davis, que contracenou com Chadwick prestou suas homagens ao ator nas suas redes sociais.
“Sem palavras para expressar minha devastação ao te perder, Perder seu talento, seu espírito, seu coração e autenticidade. Foi uma honra trabalhar ao seu lado, te conhecer… Descanse bem príncipe (…)”

https://twitter.com/violadavis/status/1299551549182574593

O filme é uma adaptação da peça de mesmo nome do dramaturgo Augusto Wilson de 1982 que se passa no final dos anos 20 e gira em torno da pioneira “Rainha do blues” (interpretada por Davis) e os membros da banda que enfrentam dificuldades com um produtor branco. Boseman interpreta Levee, um trompetista talentoso, porém problemático que está determinado a colocar o seu próprio nome na indústria da música.

A produção está destinada a ser uma das últimas apresentações de Boseman nas telas, e no universo Marvel a série “E se?” tem previsão de estreia para 2021 no Disney+, a intenção é que cada episódio detalhe diferentes destinos, caso os personagens tivessem tido escolhas e traçado caminhos divergentes, Chadwick tem cenas já gravadas, então pode ser possível que vejamos o rei T’challa em um dos episódios.

Entenda a diferença entre autoestima e estima racial

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Você já ouviu falar em estima racial? A primeira vez que escutei esse termo foi em um vídeo do historiador Robin Walker para o canal ‘Centre of Pan African Thought, onde ele explica a diferença entre estima pessoal e estima grupal/racial, contextualizando o processo de apagamento da história Africana.

Robin conta que para o processo de colonização ser bem-sucedido, os colonos precisaram fazer parecer que a dominação estava sendo feita a ‘ninguém’. Ou seja, era fundamental – para os conquistadores – que os corpos negros fossem percebidos como ‘coisas’ e isentos de qualquer importância. Isso evitava qualquer impulso contrário a escravidão e eliminava a culpa cristã.

Se pensarmos bem, é meio óbvio que não é possível escravizar ‘alguém’, afinal de contas, uma pessoa que você acredita ter sentimentos e alma não pode ser tratada como mercadoria, certo?

Por isso, a ‘coisificação’ foi – entre diversas outras – uma estratégia utilizada para naturalizar a escravidão, para fazer com que os povos africanos fossem lidos pelos brancos como propriedade, como peças, bens-materiais ou algo que o valha. Porque assim, lendo os corpos africanos como mercadoria, eles se isentavam da condição de pecadores, por exemplo, já que Deus não ficaria nada feliz com a tortura de seus filhos, eles também se autorizavam a cometer as mais bárbaras violências já que corpos negros não possuíam almas, etc, etc, etc…

Vou parar por aqui porque sei que começa a dar enjoo! Mas podemos nos aprofundar mais em um próximo post.

Essa foi uma explicação bem curta e sem muitos detalhes. Apenas para dar um pincelada no contexto e entendermos melhor a teoria de Robin.

Inevitavelmente a pergunta que fica no ar é: Mas como os europeus conseguiram animalizar os povos africanos e perpetuar essa dominação até os dias de hoje? Um povo que conhece a sua história (como os africanos conheciam) e que vive a sua cultura (como os povos originários vivem), não pode ser resumido a nada!

Pois é, mas não foi de repente que o massacre se instalou e não é do nada que ele se perpetua até os dias atuais. Entre diversas outras ferramentas (como a violência física que falamos mais acima) a estratégia de apagamento foi a estratégia que mais corroborou e ainda corrobora para a manutenção do sistema colonial até os dias de hoje.

Para não sairmos muito do tema, vou recapitular e seguimos. Até aqui falamos que saímos de África como seres humanos mas chegamos aqui como objetos, fomos ‘coisificados’ durante a escravização e a perpetuação da colonização só foi possível por conta do apagamento da história do nosso povo.

Vou explicar melhor:

Todo registro sobre a história africana foi queimado e apagado pelos colonizadores. E isso não se resume apenas a materiais físicos, como livros e impressos, o apagamento se estende também aos conteúdos simbólicos e imateriais. No processo de colonização, éramos impedidos de falar nosso idioma natal e forçados a aprender português, por exemplo. E se falássemos nossas próprias línguas, éramos torturadas.

Éramos proibidos de praticar a nossa religião, separadas de nossas famílias, nossos filhos e filhas eram vendidos, o estupro era comum, etc…existiam tantas formas de punição, violência, tortura e manipulação que não é possível abordar todas em apenas um texto. Mas todas tinham como objetivo nos manter animalizadas, escravizadas, presas e distantes de quem realmente somos. 

E sobre a continuação dessa opressão, Walker fala: 

“INFELIZMENTE QUANDO A NOSSA HISTÓRIA É APAGADA, EM ALGUM MOMENTO ELA REALMENTE DEIXA DE EXISTIR NO NOSSO IMAGINÁRIO PORQUE JÁ NÃO EXISTEM NEM MESMO AS LEMBRANÇAS PARA SE LAMENTAR A PERDA. JÁ NÃO SE SENTE MAIS FALTA, É COMO SE ELA NUNCA HOUVESSE EXISTIDO”.

E se você chegou até aqui, pode estar se perguntando: Mas o que isso tudo tem a ver com estima pessoal e racial? Vamos amarrar tudo agora.

Robin fala que a relação com a imagem de uma pessoa negra se divide em dois conceitos: a estima individual, que é imagem que ela faz sobre si mesma e a estima grupal(ou racial) que é a imagem que ela faz sobre seu povo e sobre a sua história.

A estima individual já conhecemos bem né? é a avaliação subjetiva que o indivíduo faz de si mesmo, comumente chamado de auto-estima. Já a estima grupal, de acordo com o historiador, se refere a avaliação que o indivíduo faz do seu grupo, é a admiração e o respeito que a pessoa tem por outros indivíduos de sua etnia.

Ele reforça que esses dois tipos de estima são totalmente diferentes, uma pessoa pode, por exemplo, ter sua auto-estima elevada, pensar muito bem a respeito de si mesma e ao mesmo tempo, desacreditar de outras pessoas que se parecem com ela.

E por isso é importante entendermos como aconteceu todo esse processo de queima da nossa história, Robin acredita que não conhecermos quem somos e de onde viemos é o grande motivador da falta de estima racial. Como vamos valorizar nosso próprio povo se não conhecemos a nossa história? como vamos formar um elo poderoso entre nós se o que nos apresentam era a passividade dos nossos antepassados escravizados quando na verdade existiram incontáveis revoltas? Como saber sobre nossa nobreza se os arquivos foram queimados? como entender a nossa força e união que nos mantiveram vivas?

Os poucos registros que ainda existem não são apresentados a nós durante a nossa formação, não nos ensinam história africana nas escolas (e nem nas universidades). A primeira vez que descobri que existiam livros escritos por ex-escravos, por exemplo, e que existiam livros de filosofia africana, eu estava mais perto dos 30 do que dos 20. 

Walker afirma que, justamente este, pode ser um dos motivos que mais promovem o ódio entre pessoas negras, brigas constantes, discussões e a inabilidade de manter relacionamentos saudáveis. Por conta da ausência de equilíbrio de alguns indivíduos que ainda que possam ter altíssima admiração por si mesmo, nutrem baixíssima ou nenhuma admiração pelo seu povo. 

Neste momento, me lembrei da tese da Gwyneira Ledford, professora americana que escreve sobre as nuances de viver sua interseccionalidade sendo uma mulher negra moradora do sul dos Estados Unidos. Ela diz:

“Nós (pessoas negras) estamos traumatizadas por atos de violência, mortes inesperadas ou por uma imprevista experiência de ruptura social. Nós estamos traumatizados individualmente por experiências diretas onde um evento abruptamente impacta nossa psique. Em outros casos, os traumas ocorrem indiretamente, lentamente penetrando a consciência daqueles que o sofrem. Isso impacta negativamente os vínculos que, antes, criavam um senso de comunidade. Independentemente da forma do trauma (seja individual ou em grupo), ele resulta na remoção ou desparecimento de aspectos saudáveis das pessoas e geralmente apresentam ainda mais componentes destrutivos na psique do indivíduo.”

Neste trecho, a gente percebe a força com que as experiências de violências (diretas e indiretas) impactam nossa consciência, nossa mente ou usando o mesmo termo, nossa pisque. O entendimento de quem somos e do lugar o qual pertencemos é atravessado pelas inúmeras vivências traumáticas que experimentamos ao longo de nossas vidas. 

Ainda quando crianças, a grande maioria de nós, experimentou crueldades físicas ou simbólicas ou ambas, e essas agressões nos acompanham por toda a nossa vida, dificultando o exercício de nossa plena humanidade, comunicação e relacionamento social saudável.

Gwyneira completa:

“As emoções tumultuadas que cercam as circunstâncias são geralmente caóticas demais para serem mentalmente processadas, mais ainda para serem articuladas. Além deste obstáculo, barreiras raciais dificultam a articulação dos sentimentos associados a nossa experiência racial”

Ou seja, o ambiente externo não é saudável e nós estamos em constante movimentação com esse exterior, que nos apresenta uma estrutura gigantesca com seus pilares fincados em opressões acumulativas, como o racismo e o patriarcado. Nesse diálogo com o mundo a nossa volta, negociamos a nossa identidade em tempo integral e lutamos pela sobrevivência e pela vida do nossos corpos emocional, sentimental e físico a cada novo dia. Quanto nos resta de energia para cuidarmos de nós mesmas? Como podemos entender e articular tudo isso que nos atravessa brutalmente?

Nos últimos tempos, aprendi a diminuir a expectativa e fé nessa barganha, eliminá-la me parece impossível agora mas tento reduzi-la a ponto de poder formar a minha própria ideia sobre mim mesma, decidir quem eu sou e quero ser e caminhar em direção a uma identidade positiva.

A solução que Walker propõe para elevar a estima racial é através do conhecimento e da reconexão com a nossa história. Ele acredita que quando estudamos a história contada pelos nossos ancestrais, é possível se orgulhar de quem somos e éramos, e assim, transformar o olhar pelas demais pessoas que pertencem ao nosso mesmo grupo.

Ledford tem uma pensamento parecido para resolução do problema, ela acredita que:

“Quando nós levamos em consideração o contexto racial e cultural, somos capazes de entender melhor nossas identidades, auto imagem e percepções pessoais que continuam definindo quem somos e sustentam os vieses predominantes na sociedade”

Nesta tese, ela também se lembra das palavras de Bell Hooks que nos dá um caminho:

“É importante que os indivíduos transformem suas consciências para acabar com o sistema estrutural da supremacia branca, e essas lutas individuais devem estar ligadas a um esforço coletivo. 

É um caminho individual mas que é abraçado e apoiado pelo coletivo, Se não fizermos esse esforço juntas, não moveremos. Ela continua:

Ao transformar as minhas experiências, pensamentos, leituras e reflexões em uma dissertação, outros podem ser informados e/ou inspirados. Então esse trabalho não só me afetará, mas também se estenderá aos membros da minha família, meus alunos e colegas educadores”

E trazendo esse ensinamento da Bell para a vida de cada uma de nós, podemos usar todo espaço que ocupamos para informar e inspirar através de quaisquer atividades que estejamos fazendo, online ou offline, no corporativo, nas artes, na educação (e dentro das infinitas possibilidades) . Primeiro transformamos a nós mesmas e damos as mãos, para juntas, transformarmos o mundo.

Pedro Guilherme se inspirou em Chadwick Bosman para interpretar Luiz Gama

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A morte de Chadwick Bosman, o intérprete de Pantera Negra nessa sexta-feira (28/08), entristeceu a todos, mas não tem como não pensar nas milhares de crianças negras que adotaram o “Rei de Wakanda” como seu principal herói.

O ator Pedro Guilherme, o Tiago de “Amor de Mãe”, sofreu duplamente o impacto do falecimento de Bosman, como criança e como ator negro mirim.

“Quando o Pedro interpretou Luiz Gama  ele se sentiu o próprio Chadwick porque no dia do filme ‘Pantera Negra’ ele saiu do cinema dizendo que um dia estaria na telona e iria contar nossa história . Foi incrível eu saí aos prantos por ele se sentir importante , foi muita representatividade”, conta Renata de Paula, mãe do ator.


Eu sua conta no Instagram Pedro fez uma homenagem ao ídolo. “No filme Pantera Negra, eu pude ser super herói  eu quis ser T’Challa porque se parecia comigo. Ver na tela do cinema os protagonistas serem 99% de atores preto, foi uma emoção sem tamanho que nunca vou me esquecer !”, postou o jovem artista.

Chadwick se foi e parece que perdemos um parente

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Chadwick Boseman abraça Lupita Nyong'o ao lado de Dani Guria - Foto: Reprodução Twitter

Mesmo em um ano caótico como 2020, por essa ninguém esperava. Escrevo esse texto ouvindo o álbum do Black Panther horas depois de saber da passagem de Chadwick Boseman, o ator afro-americano que nos fez amar ainda mais nossa negritude pela maneira lendária que viveu T’challa, o Rei de Wakanda, o nosso Pantera Negra nas telas do cinema. O ator lutou uma batalha que durou 4 anos e infelizmente, seu adversário, o câncer, venceu. Ele tinha 43 anos.

Digerindo essa devastadora notícia, pensei muito no elenco de Pantera Negra e em como Lupita Nyongó, Latitia Wright, Danai Guria, Winston Duke,  Michael B. Jordan e Angela Basset souberam dessa tragédia.

Pantera negra e o elenco dos sonhos – Foto: Reprodução Facebook

Nas memórias sobre o ator, recordo do carinho com as crianças, com os mais velhos, com os fãs, com a comunidade negra ao redor do mundo é isso o que o tornou um herói de verdade.

Chadwick Boseman celebrando o aniversário de uma garotinha hospitalizada com câncer – Foto: Reprodução Instagram

Além do Chadwick que vimos como líder de Wakanda, a maneira que ele, o homem fora das telas, se dedicou para promover o filme da Marvel, tendo a plena ciência do quão revolucionário era o seu personagem para todas as gerações foi algo que me fez amá-lo tanto quanto seu personagem. E quando digo amá-lo, me refiro ao afeto que criamos com pessoas que mesmo que nunca conheçamos nos inspiram a  torcer por elas, celebrar suas vitórias como se fossem alguém da nossa família.

O coração pesa quando artistas que tocam nossa alma se vão porque em nosso coração o fato delas nem saberem da nossa existência, não faz diferença. No caso de Chadwick nem seria um amor platônico. A dedicação dele aos personagens negros era a forma dele mostrar o quanto ele amava sua comunidade negra. Pessoas como eu.

Boseman foi um homem negro que humanizou a imagem dos seus pares em papéis históricos.  Além de Pantera Negra, por meio da sua excelência na arte da interpretação nos emocionamos ao vê-lo como James Brown (lenda da música) e Jackie Robinson (primeiro jogador negro da história da MLB) no cinema.

Boseman como James Brown – Foto: Reprodução Twitter

Chadwick foi para gente um herói que ele nunca teve. E como ele, jamais teremos.

Ator Chadwick Boseman de “Pantera Negra” morre aos 43 anos

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Chadwick Boseman, ator de Pantera Negra, faleceu nesta sexta-feira (28) aos 43 anos após uma luta de 4 anos contra o câncer de cólon. A informação foi postada no perfil do Instagram do ator

“É com imenso pesar que nós confirmamos a morte de Chadwick Boseman.⁣ Chadwich foi diagnosticado com câncer de cólon em terceiro estágio em 2016 e lutou contra ele nos últimos 4 anos enquanto ele se desenvolveu para um estágio 4.

Além de dar vida ao íconico rei T’Challa, Chadwick fez parte de: De Marshall a Da 5 Bloods, August Wilson’s Ma Rainey’s Black Bottom e muitos outros.

Ele morreu em sua casa ao lado de sua mulher e amigos.

Renaissance: Aluna lança primeiro album solo e fala sobre a mulher negra na Dance Music

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Lançado nessa sexta-feira (28), o álbum tem 14 faixas e inclui parcerias com o DJ SG Lewis, a rapper Princess Nokia, além de outros nomes como Jada Kingdom, Kaytranada e Rema.

A cantora britânica, que ficou famosa no duo AlunaGeorge, fez um depoimento no Instagram dizendo: ”Nada se compara a sensação de compartilhar um trabalho que tem tantos pedacinhos de sí mesmo nele. Pedaços que você nem sabia que existia. É estranho deixar de ser de outra pessoa, a Renascença agora é tua.”

Sobre deixar o Duo, aluna disse que quer começar a criar canções a partir de suas próprias influências e heranças culturais. Em entrevista para a revista Rolling Stone Brasil, a artista declarou: “Gostaria de, com a minha música, mudar a maneira como a indústria da dance music enxerga. Quero expandir a maneira como eles veem a música para ser inclusiva e abranger culturas. Para mim, dance music não é apenas dance music, mas é afrobeats, reageton, reggae, garage house, funk, disco e mais. Quando se trata de dance music, tudo que vejo são cantores negros sendo usados ​​para fazer a música de produtores brancos, vender como os brancos querem. Não vejo mulheres sendo estimuladas e encorajadas a fazer seu próprio projeto solo de dance music. Em qualquer lugar, na verdade, não apenas na dance music”

Aluna, de 32 anos, diz sentir que com este album esta abrindo espaço para incentivar jovens mulheres negras na Dance Music, o que podemos confirmar quando olhamos para os feats do disco.A cantora que ja tocou em diversos festivais de música, incluindo o Palco Mundo do Rock In Rio 2015, tambem revelou que espera continuar participando de eventos assim, inclusive festivais de Dance Music onde haja diversidade, e que rostos negros não sejam apenas alguns visitantes.

Renaissance está sendo lançado sob o selo da gravadora Mad Decent, e está disponivel em todas as plataformas digitais. Algumas canções já são conhecidas do público, como os singles Get Paid, Warrior e Body Pump. Na produção do album, Aluna contou com a ajuda do parceiro de longa data, George. Você pode ouvir o álbum agora mesmo, onde preferir.

Taís Araujo se manifesta sobre ato racista de seu cabeleireiro: “mesmo o amando não posso passar a mão em sua cabeça”

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Nesta semana, circulou pelas redes sociais o vídeo em que Wilson Eliodorio, bem conhecido no mundo da moda, colocou a modelo Mariana Vassequi em uma situação constrangedora por conta da textura do cabelo dela. Eliodorio usou duas modelos negras para falar sobre cabelos crespos durante uma aula em seu salão para alunos brancos. Mariana tinha o cabelo mais crespo e volumoso. Eliodorio posicionado atrás da modelo e mexendo em seus cabelos disse. “Filhote do patrão, né? Patrão comeu e gerou isso”. Em seguida ele se dirigiu à outra modelo de cabelo crespo. “Esse também é um cabelo brasileiro, pela ascendência étnica, mas aqui é mais comum. Esse é um cabelo que a gente encontra mais na Europa”, ele tenta explicar.

Leia também: Cabeleireiro diz “Patrão comeu aqui e gerou isso” para definir cabelo crespo de modelo negra

Entre as famosas que Wilson é amigo e cabeleireiro está Tais Araujo. Nesta sexta-feira (28), a atriz usou suas redes sociais para se posicionar a respeito do ocorrido. Em publicação, Tais lamenta o racismo cometido pelo amigo, ainda mais por ser um homem negro, gay e profissional da beleza.

Tais lamentou o ocorrido mas não tirou a culpa de Wilson, a própria diz que o vídeo “bateu doido” e por isso demorou a falar. Ela finaliza a publicação agradecendo a coragem das modelos em expor tal situação, demonstrando apoio e acolhimento a Mariana Vassequi e Ruth Morgam.

Confira a publicação feita por Tais Araujo:

O racismo cometido pelo meu amigo e cabeleireiro Wilson Eliodório me tirou o chão e a voz. Bateu doído. E por isso demorei a falar. E mesmo o amando não posso passar a mão em sua cabeça. Ele deve se responsabilizar por seus atos e se repensar enquanto homem negro, gay e profissional de beleza. Demorei também porque, antes de tudo, sou uma mulher negra e isto me atravessa. Atravessa a todas nós. Demorei porque é terrível ver que a estrutura racista desse país se perpetua até com os nossos, os que amamos.

Acima de qualquer coisa estou aqui para acolher Mariana Messaqui e Ruth Morgan, mulheres negras como eu que não aguentam mais desrespeito e racismo. Mariana Vassequi e Ruth Morgam, a vcs duas todo meu amor, respeito e gratidão por terem tido a coragem de falar. Saibam que este é um grande e importante passo na luta contra o racismo. A vc que está lendo esse post, recomendo que sigam @marianavassequi e @ruthmorgamoficial que não somente são donas de cabelos maravilhosos: elas têm lindos trabalhos e pensamentos.

https://www.instagram.com/p/CEcpwgsgySp/

Google celebra Semana do Afroempreendedor com treinamentos e apoio financeiro para ONGs

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Para celebrar a Semana do Afroempreendedor, o Google está lançando iniciativas de apoio à comunidade negra, que incluem treinamentos e apoio financeiro por meio do Google.org, braço filantrópico do Google. Além de anunciar a nova edição do Black Ads Academy, voltado para ajudar afroempreendedores a usar o marketing digital para navegar neste momento de incerteza, a empresa vai destinar cerca de R$ 2,5 milhões a ONGs focadas em projetos para combater a violência policial e o genocídio de pessoas negras no Brasil.

As novidades têm o intuito de ajudar os 14 milhões de empreendedores negros no Brasil – que estão dentre os mais afetados pela pandemia da COVID-19, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“As dificuldades trazidas pelo momento atual, somadas ao racismo estrutural, fazem com que os empreendedores negros formem uma das comunidades mais impactadas pela pandemia da COVID-19”, afirma Christiane Silva Pinto, gerente de marketing de produto para pequenas e médias empresas do Google Brasil. “As iniciativas anunciadas hoje tem o objetivo de valorizar o esforço diário dos afroempreendedores que lutam todos os dias para manter seus negócios vivos.”

Confira abaixo os detalhes dos principais anúncios

Black Ads Academy:

Em setembro, o Google realizará a nova edição do Black Ads Academy, um projeto idealizado pelo Google com o objetivo de desenvolver habilidades em Marketing Digital e criar oportunidades para empreendedores e profissionais negros no mercado de publicidade.

Neste ano, o projeto contará com a parceria das organizações sem fins lucrativos Diver.SSA, FA.VELA e Instituto GUETTO, que serão responsáveis pelos workshops sobre empreendedorismo e desenvolvimento de carreira. Além disso, o programa será realizado no ambiente digital, permitindo a participação de candidatos de todo o país. Para se inscrever, gratuitamente, basta acessar o preencher o formulário até o dia 08/09.

Treinamento na Google Academy:

A Google Academy, hub de educação e conteúdos on-line sobre publicidade digital, receberá uma sessão de treinamento focada nos desafios e necessidades específicas dos afroempreendedores brasileiros. O treinamento ao vivo será ministrado por especialistas de produto do Google em parceria com os AfroGooglers e estará disponível para acesso a partir de 2 de setembro.

Para participar, os interessados devem acessar o site oficial e se inscreverem por meio do formulário. Depois, basta se conectar no dia e horário agendado. Vale ressaltar que todos os conteúdos ficam disponíveis na plataforma, para acessar posteriormente.

Doação do Google.org para ONGs:

O Google.org, braço filantrópico do Google, vai destinar cerca de R$ 2,5 milhões a organizações não governamentais brasileiras focadas em projetos relacionados à justiça racial e em garantir um ambiente seguro para pessoas negras no Brasil. Em breve, as ONGs selecionadas para receber o apoio financeiro serão anunciadas.

Compromissos com equidade racial:

Além dos anúncios, o Google também lança nesta data a versão em português do site de compromissos com a igualdade racial, com as últimas atualizações dos esforços da empresa no mundo todo. Além disso, durante toda a semana, as redes sociais do Google Brasil receberão uma série de publicações além do Manifesto #CoisaDePreto, pela valorização do Afroempreendedor.

Os anúncios realizados somam-se a outras iniciativas de apoio aos empreendedores negros anunciadas recentemente pelo Google no Brasil, como o fundo de R$ 5 milhões para startups fundadas e lideradas por empreendedores negros no Brasil, anunciado em julho pelo Google for Startups. Esta é a primeira vez que o Google investe financeiramente em startups no país e a expectativa é que, inicialmente, sejam realizados cerca de 30 investimentos nos próximos 18 meses, sem qualquer contra-partida. Mais informações sobre o funcionamento do fundo e o processo de seleção das startups serão reveladas no início de setembro.

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