“Eu já estou adoecida demais”, desabafa Tia Má sobre cobranças para se posicionar com tudo

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“Eu já estou adoecida demais”, desabafa Tia Má sobre cobranças para se posicionar com tudo
Foto: Reprodução/Instagram

Nesta domingo (26), a jornalista Tia Má publicou um vídeo visivelmente abalada por todas as notícias ruins dos últimos dias e as cobranças na web para que ela se posicione sobre tudo.

“Trabalhar com internet foi uma escolha, foi uma decisão minha, e precisar me posicionar sempre sobre tudo o que acontece não pensei que fosse me adoecer e tá me adoecendo”, começou dizendo no vídeo.

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Uma das notícias mais recentes que mexeu com a Tia Má, foi a do caso do Genivaldo de Jesus Santos, assassinado dentro da viatura da Polícia Rodoviária Federal, em uma espécie de “câmara de gás”, após ser abordado por estar sem capacete, em Umbaúba, Sergipe, em maio.

“Eu adoeci porque Genivaldo tem a cara dos meus e das minhas. Eu fiquei tensa, eu fiquei nervosa. Eu fiquei preocupada. Eu fiquei imaginando meu pai, meu filho, meu marido, meus tios, meus primos, passando por isso. Porque sim, eles tem cara de quem sofre desse tipo de violência. E aí quando a gente não se posiciona, não fala nada, isso não quer dizer que a gente não tem uma opinião, é porque a gente também tá tocada, tá adoecida, tá mexida”, relatou.

Posteriormente, quando a apresentadora Talitha Morete do programa ‘É de Casa’ da TV Globo, colocou a doceira Dona Silene, para servir aos outros, transformando em uma situação racista, também mexeu com a Tia Má, que na época não se pronunciou a respeito.

“Eu fui massacrada por não ter falado nada, e eu falei. E sabe por que mais uma vez eu não escrevi nada? Não fiz nenhum textão? Porque eu tive crise de ansiedade. E quando eu tenho crise de ansiedade, eu não venho postar aqui ‘ô gente, boa tarde, eu tô com crise de ansiedade, uma adoecida’. Dona Silene parece com as minhas tias, Dona Silene parece comigo. E não é só uma bobagem pedir pra colocar ela pra servir, porque a gente sabe o que é isso. Historicamente, as pessoas acham que a gente é pra servir”, ressalta.

Nos últimos dias, a repercussão do casa da menina de 11 anos que foi estuprada e quase teve o direito negado de abortar, em Santa Catarina, também comoveu a jornalista.

“Ela não precisava carregar o fruto de uma violência. E aquilo mexeu comigo mais uma vez, eu sou mãe de uma menina, eu sou tia de muitas meninas. E eu só ficava imaginando a dor daquela mãe, a dor da garota, e eu não sabia o que falar porque eu tava doída, mexida”.

Por fim, o relato da atriz Klara Castanho, 21, divulgado neste sábado (25), dizendo que engravidou depois de sofrer um abuso sexual e o colocou para adoção depois do nascimento, tem sido mais uma agravante para a saúde mental de Tia Má.

“Mais uma vez eu não consigo dizer nada. É muita dor, é muito acúmulo de tristeza. E ainda tem os meus problemas pessoais, ainda tem a minha vida privada, que tem um bocado de problemas. Ser uma mulher preta no Brasil é viver cotidianamente com um monte de problema, um monte de questão. A minha vida não é um mar de rosas. Eu venho de uma família preta, pobre, nordestina. Eu tenho vários problemas na minha família, eu tenho muita gente dentro de casa pra ajudar, eu tenho muita gente no meu sangue que tá na batalha cotidiana pra tentar sobreviver”.

As cobranças para que Tia Má siga se manifestando sobre tudo na internet a está deixando exausta e reforça o recado para todos.

“Nem sempre eu vou conseguir me posicionar. Não é ser pelega, não é querer ser isentona, não é achar que o contrato que tá me pedindo. Nunca me impediu, pelo contrário. O que mais acontence comigo é perder contrato por ter opinão, por dizer o que eu penso, por ter a cara que eu tenho. É que às vezes eu só tô doída e que às vezes eu tô adoecida, como eu tô agora. Tô fazendo esse vídeo pra mostrar pra vocês. Tô indo tomar os meus remédios, tô indo tentar melhorar”, se mostra ainda mais abalada neste momento.

Tia Má reforça um novo conceito de revolução para descansar a mente. “Eu preciso ficar bem e ficar bem é um ato revolucionário pra quem tem a vida como a minha. Eu quero ficar bem, eu quero sorrir. Sorrir pra mim também é resistência porque eu já tô adoecida demais. E ser adoecida, ficar louca, faz parte da história dos meus e das minhas. Eu não vou enlouquecer mais, eu quero seguir em frente. Firme, forte, atuante e dando risada sim. Porque ser feliz é uma grande conquista pra quem vem de onde eu venho, com a história que eu tenho”.

“Nem sempre eu vou conseguir dizer tudo, porque às vezes eu tô só no meu canto sofrendo, com a minha história, com a minha vida e com a história daqueles que tem a cara parecida com a minha”, finaliza.

Veja o vídeo completo:

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