Julius Rock (Terry Crews) é um dos únicos pais de Bed-Stuy, região mais populosa do Brooklyn, com predominância de habitantes negros. Costuma trabalhar em dois ou mais empregos para conseguir criar os três filhos (Chris, Drew e Tonia) e pagar as contas em dia com apoio da esposa, Rochelle.
O patriarca de “Todo Mundo Odeia o Chris” tem personalidade amorosa, mas as vezes distante. Está sempre sonolento, e muitas vezes está descansando enquanto eventos do seriado ocorrem. É incapaz de ser grosso com a filha mais nova, Tonia, sendo condescendente com suas travessuras. Julius tem respeito e admiração por Rochelle e a dinâmica entre eles funciona bem . A série acerta ao desmitificar a imagem do homem preto violento e destemperado.
Ele não se importa que a mulher trabalhe, e até a incentiva . A preocupação do personagem com dinheiro pode ser confundido apenas com avareza, mas sua neurose envolve preocupação com a segurança da família, evocando um passado difícil financeiramente, explorado em alguns episódios, como quando Rochelle descobre que ele ficou pagando a aliança de casamento por anos a fio.
À sua maneira, Julius promove hábitos que são conhecidos por muitos moradores da periferia, como passar as roupas de um filho para o outro, por exemplo.
Pouco á vontade na presença de outras mulheres que não sejam sua esposa, sempre foge ao menor sinal de flerte alheio.
Mesmo sem jeito ele mantém diálogo com os filhos sobre amor, violência policial e as tensões raciais da época.
Em determinado momento o gosto do personagem de Terry Crews por novelas rende uma divertida subversão de expectativa sobre as preferências masculinas na programação televisiva.
“Todo Mundo Odeia O Chris” trata a paternidade negra com carinho. Alvos constantes dos personagens brancos que desacreditam que exista uma família negra que não tenha um pai bêbado e violento, é em Julius que os integrantes dos Rock encontram proteção sem ter de volta chantagem emocional ou ameaças.
Em um dos episódios que exploram melhor a relação entre Rochelle e Julius, o cansaço do marido o impede de ouvir com atenção sobre como foi o dia da esposa, mas no fim ele compreende que ouvi-la não é um sacrifício, mas um gesto simples de amor que acaba evitando mais desgaste do que a resistência em dialogar com sua esposa.
Julius é a personificação do pai que se desdobra para dar aos filhos o que não teve materialmente e mesmo com falhas, não resiste em aprender coisas novas com a família.
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A passagem mais marcante em que se sugere uma reação violenta do marido de Rochelle para resolver uma situação foi quando precisou intimidar o criminoso do bairro, Malvo, que vinha ameaçando Chris por causa de uma corrente. Ainda assim o seriado tornou a sequência hilária, com a simples presença física do pai da família Rock botando o ladrão para correr.
Fugindo da idealização irreal do pai de comercial de margarina, mas desconstruindo a figura da homem preto truculento, Julius Rock é o pai negro mais simpático das séries que fizeram sucesso no Brasil.
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