Os policiais acusados pelo homicídio de Claudia Silva Ferreira, que foi arrastada por uma viatura da PM por 350 metros na Zona Norte do Rio de Janeiro após ser baleada durante uma operação, foram absolvidos pela Justiça. O crime completou 10 anos no dia 16 de março.

De acordo com a reportagem do jornal O Globo, publicada nesta segunda-feira (18), apesar de a investigação da Polícia Civil concluir que o tiro que atingiu Claudia partiu do ponto de onde estavam os agentes, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal, alegou que ela foi baleada no momento em que os PMs trocavam tiros com traficantes. “Os acusados agiram em legítima defesa para repelir a injusta agressão provocada pelos criminosos, incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida”, escreveu.

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O capitão Rodrigo Medeiros Boaventura, que respondia pelo homicídio em liberdade e comandava a patrulha, ganhou um cargo na Vice-Governadoria do estado. Ele foi nomeado superintendente do órgão e teve o nome publicado no Diário Oficial, na última quinta-feira (14). Antes, ele ocupava um cargo no Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

PMs Manoel Arcanjo, Alexsandro da Silva Alves e Adir Serrano Machado, deixando a delegacia após prestar depoimento, em 2014 (Foto: Marcelo Carnaval)

O sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, que também respondia o processo em liberdade, continua na PM. Ele chegou a ser preso sob a acusação de integrar a milícia na Zona Norte do Rio, em 2020.

Os subtenentes Adir Serrano, Rodney Archanjo, o sargento Alex Sandro da Silva e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles, acusados de terem removido o corpo de Claudia para modificar a cena do crime, também foram absolvidos. O magistrado também defende que “eles tentaram socorrer a vítima de imediato, em que pese vários populares agirem de modo a impedir o socorro”.

Já o acusado de ser o traficante que trocou tiros com os policiais, Ronald Felipe dos Santos, vai a júri popular. A sentença do juiz é do dia 22 de fevereiro.

Relembre o caso

Cláudia Ferreira foi atingida durante uma troca de tiros na região onde vivia e então foi socorrida e colocada no porta-malas de uma viatura policial por três policiais que alegaram que a levariam para um hospital. Durante o trajeto, seu corpo caiu para fora do porta-malas e, preso pela roupa, ficou pendurado e foi arrastado por volta de 350 metros na Estrada Intendente Magalhães. A cena do corpo da Cláudia sendo arrastado foi filmada por um cinegrafista anônimo (que seguia no carro atrás da viatura) e o vídeo foi divulgado pela imprensa.

Conhecida por Cacau, era mãe de quatro filhos e cuidava de outros quatro sobrinhos, com idades entre 5 e 18 anos. Segundo o marido, ela caminhava para comprar alimentos para seus filhos quando foi baleada. Cláudia trabalhava como auxiliar de serviços num hospital e completaria 20 anos de casada em setembro de 2014.

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