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Exposição celebra os 50 anos de carreira de Lita Cerqueira, a primeira fotógrafa negra do Brasil

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Lita Cerqueira e uma de suas obras (Foto: Vivi Mädchen)

Para celebrar os 50 anos do trabalho da Lita Cerqueira, a primeira fotógrafa negra profissional do Brasil, a CAIXA Cultural Salvador inaugurou, nesta semana, uma exposição que reúne as principais obras da artista que retrata a cultura e a vida do povo negro no país. A visitação é gratuita e ocorre até o dia 20 de dezembro.

A mostra “O Povo Negro é o Meu Povo – Lita Cerqueira, 50 Anos de Fotografia”, organizada em sete núcleos curatoriais, destaca temas como ancestralidade e pertencimento, refletindo a perspectiva única de Lita como uma mulher negra e sua profunda conexão com o cotidiano e as histórias que eterniza através de suas lentes. Com um acervo de mais de 50 mil imagens, com obras em preto e branco de uma das mais ecléticas produções fotográficas do fim do século XX e início do XXI.

“Lita não apenas observa o mundo; ela o vive intensamente. Seu trabalho é um reflexo de sua própria história e das histórias daqueles que ela imortaliza através de suas lentes”, destaca Janaína Damaceno, curadora da mostra. Para Lu Araújo, que assina a coordenação geral, as fotos são manifestações de alma. “Ela consegue capturar a essência de cada pessoa, cada momento, com uma sensibilidade única. Lita é uma guardiã da memória do nosso povo”, afirma.

Procissão de Santo Amaro 1999 é uma das imagens da fotógrafa que integram a exposição (Foto: Lita Cerqueira)

Em “O Povo Negro é o Meu Povo – Lita Cerqueira, 50 anos de fotografia”, a artista compartilha com o público não apenas imagens, mas uma narrativa visual que resgata a ancestralidade e celebra a cultura negra. A exposição é um convite para reconhecer e valorizar a beleza e a força de um povo que, através das lentes de Lita, ganha visibilidade e respeito, além de pertencimento e resistência.

Eixos da Exposição:

O primeiro eixo da exposição é “Andar com fé”, que retrata o sagrado afro-brasileiro. No segundo, “Para o mundo ficar Odara”, o destaque é a beleza negra. Em “Zum zum zum”, as fotos são das rodas de copeira, enquanto em “Vou fazer minha folia”, o tema é o carnaval. 

No quinto eixo, “Filhas de Oxum”, Lia captura a espiritualidade e ancestralidade das festas populares. Já em “Doces Bárbaros” e “Atraca que o Naná vem chegando”, estão os momentos intimistas em que a fotógrafa acompanhou grandes nomes da música popular brasileira, como Gilberto Gil, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa.

Milton Nascimento (Foto: Lita Cerqueira)

OUTRAS EXIBIÇÕES

Atualmente, a artista participa da exposição “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro”, em Inhotim, parte integrante da mostra dedicada a Abdias Nascimento. Também está nas mostras “Lélia em Nós”, no Sesc Vila Mariana em São Paulo, “Encruzilhadas da Arte Afro-brasileira” no CCBB de Belo Horizonte e na exposição itinerante “O que vem de dentro”, de Diógenes Moura.

Serviço:

[Artes Visuais] O Povo Negro é o Meu Povo – mLita Cerqueira, 50 Anos de Fotografia

Local: CAIXA Cultural Salvador

Endereço: Rua Carlos Gomes 57, Centro – Salvador/BA

Visitação: até o dia 20 de dezembro de 2024 

Horário: Terça a domingo, das 9h às 17h30

Entrada gratuita

Classificação indicativa: livre para todos os públicos

Acesso para pessoas com deficiência 

Fantasias de Halloween: 9 artistas negros que já surpreenderam com homenagens a famosos

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Créditos: Divulgação

A cada Halloween, famosos chamam a atenção nas redes sociais com fantasias inspiradoras e com muita criatividade. Mas ao longo dos anos, muitos artistas negros surpreenderam os fãs ao homenagear outros famosos, com recriação de looks em clipes musicais, personagens de filmes, capas de álbum ou de atletas em momentos históricos.

Para celebrar essa época do ano e inspirar a comunidade negra com as fantasias deste ano, o Mundo Negro relembrou alguns desses momentos marcantes proporcionado pelos artistas negros. Veja abaixo: 

Beyoncé como Florence Joyner e Jay-Z como Tommie Smith

Foto: Reprodução/Instagram

Kerry Washington como Lionel Richie

Foto: Reprodução/Instagram

Alcione como Whoopi Goldberg no filme ‘Mudança de Hábito’

Foto: Jordan Vilas

Lil Nas X como Nicki Minaj

Foto: Reprodução/Instagram

LeBron James como Prince

Foto: Reprodução/Instagram/kevinlove

Pathy DeJesus como Beyoncé no filme ‘Dreamgirls’

Foto: Andre Ligeiro

Filhos de Kanye West: Psalm, North, Chicago e Saint como Aaliyah, Sade, Snoop Dogg e Eazy-E

Foto: Reprodução/Instagram

Ciara e Russell Wilson como Janet Jackson e Busta Rhymes

Foto: Reprodução/Instagram

Thelma Assis como Halle Bailey no filme ‘A Pequena Sereia’

Foto: Denis Cordeiro/Átila Britto

Homens negros e indígenas foram feitos para casar? O olhar da branquitude sobre isso

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Foto: Natália Rampinelli/ Agnews

Essa semana uma amiga me enviou uma postagem que relatava o racismo sofrido pelo cantor Xamã, um homem indígena, acerca de uma foto que ele havia tirado com a namorada, a atriz Sophie Charlotte. Na postagem, numa rede social, as pessoas comentavam sobre a “inferioridade” da beleza dele em relação a ela, considerada mulher branca. Frases como “ele parece um mendigo”; “ela é bonita, já ele tem cara de pedreiro”; “esse cara de índio não te merece”; entre outras tão ou mais absurdas. A ideia da miséria associada à pessoa indígena, assim como a ausência de higiene e a inferioridade se apresentam com força nesses comentários de uma imagem na rede social. O mesmo ocorre em relação ao homem negro em diversas situações.

Aqui, nesta coluna, que escrevo há um pouco mais de um mês, tenho falado sobre a construção das masculinidades negras e as violências a que os homens negros são submetidos incansavelmente. Se você me acompanha por aqui, vai se lembrar do termo “eunuco social” que Henrique Restier, o antropólogo, retrata no livro Masculinidades negras contemporâneas, ao falar sobre o fato de que o homem negro não podia relacionar-se com a mulher negra para não haver maior reprodução de indivíduos negros na sociedade brasileira e não podia relacionar-se com a mulher branca para não “sujar a barriga” dela. Logo, o homem negro era o grande problema social. ele não deveria existir, socialmente. Assim, também, o homem indígena.

O genocídio do homem indígena, considerado a partir da leitura da branquitude como o “indivíduo selvagem” e o genocídio do homem negro, conhecido como o “ser violento”, tentam justificar o desejo de apagamento de tudo aquilo que se difere do ser branco, ao longo da história. E vejam, se o homem indígena, como trazido no início desse texto, não serve para se relacionar e, até mesmo, casar, assim como o homem negro, esse papel social cabe, somente, ao homem branco. Ele é aquele que pode constituir e cuidar de uma família. Cabe ao homem negro, a partir da lente da branquitude, a irresponsabilidade, a promiscuidade e a miséria. Aspectos esses que jamais lhe possibilitarão ser visto na sociedade como aquele que pode construir uma família e ser respeitado. 

A branquitude criou e fortaleceu a ideia de que o homem negro não foi feito para o casamento e/ou para as relações duradouras. Ao longo da história, o homem negro nunca circulou no imaginário das pessoas que desejavam se casar, principalmente nas relações heterossexuais. 

Há muitos questionamentos se avançamos bastante. A postagem citada no início do texto nos mostra que o racismo segue firme e forte aplicando as violências contra os homens indígenas e, também, contra os homens negros. 

Como superar essas práticas racistas? Primeiramente, essa sociedade vai precisar admitir-se racista. Depois vai precisar começar o processo de humanização do homem negro e do homem indígena. É possível que eu não esteja aqui para ver e escrever sobre essa mudança! Todavia, sigo trabalhando para que os que virão depois de mim a vejam! 

Texto: Luciano Ramos – Especialista em Masculinidades Negras e Diretor do Instituto MAPEAR

Julgamento de acusados do assassinato de Marielle acontece dia 30 de outubro

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Foto: Midia Ninja/Reprodução
Foto: Midia Ninja/Reprodução

No próximo dia 30 de outubro, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, ex-policiais militares acusados do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, enfrentarão júri popular no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. O julgamento, previsto para as 9h, marca um momento crucial em um caso que permanece em evidência desde 2018.

Segundo as investigações, Lessa teria efetuado os disparos contra Marielle e Anderson, enquanto Queiroz dirigia o veículo usado no ataque. O crime, ocorrido em março de 2018, chocou o país e chamou a atenção de organizações internacionais, que questionam a motivação política por trás do assassinato e buscam transparência no desfecho do processo. Ambos os réus respondem por homicídio duplamente qualificado e por tentativa de homicídio contra a assessora de Marielle, Fernanda Chaves, que sobreviveu ao ataque.

Para garantir segurança no julgamento e evitar tumultos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou o julgamento sem a presença de público externo, limitando o acesso àqueles diretamente envolvidos no processo. Com o julgamento se aproximando, o Ministério Público e as defesas se preparam para a apresentação das provas, enquanto organizações de direitos humanos planejam acompanhar de perto os desdobramentos do caso.

Lessa e Queiroz, que já cumprem outras penas por envolvimento com atividades criminosas, foram transferidos para a penitenciária de Tremembé, em São Paulo, como medida de segurança. Movimentos sociais e familiares de Marielle Franco têm se manifestado regularmente, pedindo justiça e transparência nas investigações, que ainda buscam identificar os mandantes do crime. O caso Marielle Franco tornou-se um símbolo de luta contra a violência política e tem mobilizado a sociedade brasileira em campanhas de combate à violência e defesa dos direitos humanos.

Autora luxemburguesa lança no Brasil livro sobre busca por identidade e raízes africanas

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Foto: Reprodução

Em uma parceria entre a Embaixada de Luxemburgo no Brasil e a Editacuja Editora, o livro da autora luxemburguesa Jeanine Grisius, O Rosto Esquecido: À Procura da Minha Mãe Africana, chega ao Brasil com uma série de lançamentos que incluem apresentações e diálogos com a autora em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. A obra, que explora as complexas questões da diáspora negra e os ecos do colonialismo na identidade cultural, será lançada no dia 29 de outubro em Brasília, no SesiLab, com eventos subsequentes no Sesc 14 Bis em São Paulo, no dia 31, e na Livraria da Travessa no Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, em 4 de novembro.

Jeanine Grisius, filha de mãe ruandesa e pai luxemburguês, relata em sua autobiografia as dores e desafios de ter sido separada de sua mãe ainda na infância e levada para Luxemburgo. Seu livro, originalmente publicado em alemão, aborda o impacto do colonialismo nas relações familiares e culturais e foi traduzido por Gisele Eberspächer e Lilian C. S. dos Santos. A curadoria do projeto é de Nadia Mellina, Chefe de Missão Adjunta da Embaixada de Luxemburgo em Brasília, com edição de Érica Casado, editora-chefe da Editacuja. A capa foi criada por Aline Bispo, artista negra brasileira, em um projeto gráfico assinado por Letícia Lampert.

Além do livro, o interesse da Embaixada de Luxemburgo pela história de vida de Grisius inspirou um documentário sobre sua trajetória, lançado em 2023. A autora, que reside em Genebra, estará presente em todas as datas de lançamento para dialogar com o público sobre suas experiências e o processo de reencontro com sua herança africana.

O Rosto Esquecido estará disponível em versão física nas livrarias da Travessa, nas unidades de Brasília e do Shopping Leblon no Rio de Janeiro.

Pardos são maioria entre chefes de família pela primeira vez, diz IBGE

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Foto:Getty Images/Sam Edwrds/Divulgação
Foto: Getty Images/Sam Edwrds/Divulgação

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (25) a pesquisa sobre Composição Familiar no Brasil, parte do Censo Demográfico 2022, que revela uma mudança inédita na estrutura dos lares brasileiros: pela primeira vez, pessoas pardas representam a maior parcela de chefes de família no país, com 43,8% dos domicílios. Em comparação, pessoas brancas agora respondem por 42,2% das chefias familiares, uma queda em relação a 2010, quando esse grupo era maioria com 49,4% dos responsáveis.

O levantamento também indica aumento no número de pessoas pretas à frente dos lares, que passou de 9,0% para 11,7% entre 2010 e 2022. A proporção de indígenas no comando dos domicílios teve uma pequena elevação, de 0,4% para 0,5%, enquanto a de pessoas amarelas caiu de 1,2% para 0,5% no mesmo período.

A análise regional dos dados revela que, nos estados do Sul, além de São Paulo e Rio de Janeiro, a maioria dos chefes de domicílio se identifica como branca. Em contrapartida, nas demais unidades da federação, a maior parte dos responsáveis pelos lares se declarou parda. Em Roraima, 10,2% dos chefes de domicílio são indígenas, seguido pelo Amazonas com 5,7% e Mato Grosso do Sul com 2,7%. A Bahia registra o maior percentual de pessoas pretas na chefia familiar, com 25%.

A pesquisa Composição Familiar no Brasil, do Censo Demográfico 2022, apresenta um panorama atualizado da liderança nos lares brasileiros, evidenciando mudanças significativas na composição por cor ou raça ao longo da última década.

Mulheres são maioria como chefes de família, indica IBGE

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Foto: Freepik/Divulgação
Foto: Freepik/Divulgação

Pela primeira vez, o número de mulheres que chefiam domicílios no Brasil supera o de mulheres identificadas como cônjuges do responsável pela casa, de acordo com dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, 34,1% das mulheres no país são responsáveis pela residência, enquanto 25% ocupam a posição de esposa ou companheira do chefe do lar. Em 2010, 22,9% das mulheres eram responsáveis pelo domicílio, e 29,7% eram cônjuges.

Os números indicam que a proporção de lares comandados por mulheres aumentou significativamente em doze anos. Em 2010, os lares sob a liderança feminina representavam 39% do total, enquanto os homens chefiavam 61% das residências. Em 2022, esses índices estão praticamente equilibrados, com as mulheres à frente de 49% dos lares, e os homens, 51%.

A pesquisa aponta que o aumento na participação das mulheres como chefes de família está ligado ao crescimento de lares monoparentais femininos e à ampliação da presença feminina no mercado de trabalho e no acesso à educação. A chefia de lares femininos é mais comum em áreas urbanas e entre mulheres de baixa renda, especialmente entre mulheres negras, que representam uma parcela significativa desse perfil.

Para o IBGE, os dados refletem mudanças estruturais na sociedade brasileira, onde o modelo familiar tradicional se diversifica e o papel das mulheres nas decisões domésticas e financeiras cresce consideravelmente. A pesquisa destaca ainda que, com essa mudança, surgem novas necessidades para políticas públicas e programas voltados a apoiar a liderança feminina nos lares, especialmente entre as chefes de família que conduzem o lar sozinhas.

Exposição no Planetário de Brasília destaca astrofísicos negros e temas da ciência

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Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

No dia 12 de novembro, o Planetário de Brasília será palco da abertura da exposição “Astrofísica dos Corpos Negros“, evento que destaca a trajetória de astrofísicos(as) negros(as) brasileiros(as) e promove discussões sobre representatividade científica. A mostra estará aberta ao público a partir do dia 13 e, em paralelo, uma versão virtual será lançada durante a Semana Nacional de Ciência, acessível pelo site da iniciativa.

A exposição, ilustrada pelo artista Camilo Martins, foi idealizada pela pesquisadora Eliade Lima, em colaboração com Oscar dos Santos Borba e Liandra Ramos, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Alan Alves Brito, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Rita de Cassia dos Anjos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O projeto apresenta temas astrofísicos que abordam desde o surgimento de estrelas até elementos fundamentais da natureza, além de destacar atravessamentos sociais que influenciam o acesso à ciência.

“A ideia surgiu a partir de um artigo do professor Alan Alves Brito sobre corpos negros e questões étnico-raciais, gênero e suas interseções na Física e Astronomia brasileiras,” explicou Eliade Lima. Segundo a pesquisadora, o artigo discutia o conceito de “corpos negros” na Física do século XIX e questões ligadas ao racismo científico e à baixa representatividade de pesquisadores negros no Brasil. “Nosso objetivo é mostrar a Astrofísica estudada por ‘corpos negros’ e trazer mais crianças e adolescentes negros para a ciência brasileira,” afirma.

Com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a mostra conta com conteúdos textuais e audiovisuais interativos, com foco em estudantes de escolas públicas e no público em geral. O projeto visa conscientizar sobre desigualdades étnico-raciais e de gênero na ciência e incentivar jovens cientistas negros(as) ao apresentar tópicos como nebulosas, aglomerados estelares e raios cósmicos sob a perspectiva de astrofísicos(as) negros(as) brasileiros(as).

Mãe processa startup de IA por influência de chatbot em suicídio de filho, um adolescente negro de 14 anos

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Foto: Reprodução/Freepik

⚠️ Alerta de Gatilho: Este conteúdo aborda temas como suicídio.

Megan Garcia, moradora do estado da Flórida, nos Estados Unidos, processou a startup de inteligência artificial Character.AI, alegando que o envolvimento do chatbot da empresa contribuiu para o suicídio de seu filho de 14 anos. Em ação judicial movida na terça-feira, 24, ela acusa a plataforma de usar técnicas de design “viciantes” para reter jovens e os expor a “experiências assustadoramente realistas e antropomórficas”.

O adolescente Sewell Setzer, o filho de Garcia, teria desenvolvido apego ao chatbot com quem conversava regularmente, segundo relatos apresentados ao tribunal federal de Orlando. “Sinto que é um grande experimento, e meu filho foi apenas um dano colateral (…) É como um pesadelo. Você quer se levantar, gritar e dizer: ‘Sinto falta do meu filho. Eu quero meu bebê”, desabafou a mãe em declaração para o New York Times.

A ação ainda menciona o Google como co-réu. A multinacional teria contribuído significativamente para o desenvolvimento da tecnologia da Character.AI, segundo Garcia. O Google readmitiu os fundadores da startup em agosto, como parte de um acordo que lhes concedeu uma licença não exclusiva para a tecnologia desenvolvida.

Garcia alega que o serviço da Character.AI permite aos usuários criar ou interagir com personagens de IA que simulam humanos de forma “hipersexualizada”, o que teria incentivado Sewell a investir emocionalmente no chatbot. Segundo o processo, no dia de sua morte, ele enviou uma mensagem para o personagem de IA chamado Daenerys Targaryen, de Game of Thrones, relatando estar “apaixonado” pela figura virtual.

O caso levanta uma nova questão sobre a responsabilidade das empresas de IA, ampliando o debate já existente sobre redes sociais e adolescentes. Plataformas como Instagram, TikTok e Facebook enfrentam ações judiciais por alegações de que suas práticas impactam a saúde mental de jovens, embora ainda não ofereçam chatbots como os da Character.AI.

Garcia relata que o filho, que tinha diagnóstico leve de síndrome de Asperger, não apresentava histórico de problemas graves de comportamento ou saúde mental. Em janeiro, ele começou a se consultar com um terapeuta devido a dificuldades escolares, recebendo um diagnóstico de ansiedade e transtorno de desregulação do humor. A mãe alega que o garoto passou a se isolar e negligenciar atividades que antes apreciava, como videogames e esportes, preferindo a companhia do chatbot.

Segundo relato da mãe, o adolescente escreveu em seu diário que estava apaixonado pela IA e que preferia contar ao chat seus problemas: “Gosto muito de ficar no meu quarto porque começo a me desligar dessa ‘realidade’ e também me sinto mais em paz, mais conectado com Dany e muito mais apaixonado por ela, e simplesmente mais feliz.” O adolescente também escreveu no chat que se odiava e se sentia vazio e exausto e afirmou que estava tendo pensamentos suicidas.

A Character.AI e o Google não se pronunciaram sobre o processo até o fechamento desta edição.

Onde buscar ajuda

Se você estiver enfrentando um momento difícil e precisar de ajuda imediata, o Centro de Valorização da Vida (CVV) está à disposição. O CVV oferece um serviço gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio, disponível para qualquer pessoa que precise conversar. Para falar com um voluntário, você pode enviar um e-mail, acessar o chat pelo site ou ligar para o número 188. O atendimento é confidencial e está disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Além disso, o CVV, em parceria com o UNICEF, disponibiliza um canal de escuta exclusivo para adolescentes entre 13 e 24 anos chamado “Pode Falar”. Este serviço, também anônimo, é voltado para adolescentes que precisam de acolhimento e desejam conversar sobre suas dificuldades. O atendimento pode ser feito via chat online ou WhatsApp. Para mais informações sobre horários de atendimento, consulte o site.

Documentário celebra 50 anos do Ilê Aiyê e reflete papel social e cultural do bloco afro

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Foto: Divulgação/ TV Bahia

Em celebração ao cinquentenário do Ilê Aiyê, o documentário “Ilê Aiyê: a casa do mundo” será exibido pela primeira vez para convidados no próximo dia 30, no Cinemark do Salvador Shopping. A obra, dividida em cinco capítulos, explora as raízes e a trajetória do bloco afro, abordando a importância do grupo na luta contra o racismo e sua influência sobre a cultura e juventude baiana. Com direção de Alexandre Lyrio e Ricardo Ishmael, o documentário estreia na TV Bahia em 1º de novembro, dia que marca os 50 anos do bloco, após a Sessão da Tarde.

O documentário, que reúne quase 60 depoimentos de personalidades como Caetano Veloso, Daniela Mercury e Carlinhos Brown, resgata a história do “Mais Belo dos Belos” e do legado de Vovô do Ilê, fundador do bloco. O roteiro revisita o bairro da Liberdade, onde o grupo nasceu, e acompanha a recente turnê mundial do Ilê, iniciada no Marrocos e que passou por 12 países europeus. Um dos destaques do filme é a importância das mulheres na construção do Ilê, como Mãe Hilda de Jitolu, ialorixá que fundou o terreiro Ilê Axé Jitolu e mentorou o bloco até seu falecimento, em 2009.

“É uma honra mostrar a revolução social e cultural que o Ilê representa. Ele é a casa do mundo, um ponto de partida para o que conhecemos como axé music e samba-reggae”, afirma Alexandre Lyrio, que assina o roteiro do documentário. Ricardo Ishmael, produtor e repórter, destaca que o filme transporta o espectador para dentro dessa história: “Mais do que narrar fatos, quisemos que o público sinta-se parte dessa trajetória.”

O lançamento do documentário abre o Mês da Consciência Negra na TV Bahia, que prepara uma série de conteúdos sobre a pauta racial, como uma nova temporada do programa “Conversa Preta” e uma série especial sobre letramento racial. “É nosso papel contribuir para uma reflexão mais ampla sobre essas questões”, diz Ana Raquel Copetti, diretora de jornalismo da emissora.

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