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A escola é uma engrenagem racista

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Temos que descolonizar as mentes e isso deveria acontecer na escola, no entanto, as escolas são uma fábrica de racismo. Os negros, pobres e indígenas são invisíveis. (Diva Guimarães)

Diversas escolas iniciam as aulas esta semana. Para muitos alunos, é um momento de alegria, reencontro com os amigos e paqueras, curiosos em saber quem são os novos professores, quais alunos estarão na turma e mais uma gama de questões. Para alguns pais, principalmente os que moram em áreas com graves índices de criminalidade, o retorno às aulas representa uma menor preocupação. Nas ruas, a chance é enorme de perderem os filhos para o crime. Outros pais ficam aliviados, pois a merenda da escola alivia a fome das crianças. Todos nós sabemos que as condições de vida de muitas famílias brasileiras são precárias.

No meio disso tudo, encontramos um grupo de alunos negros que trazem questões delicadas. Alunos que gostariam que as férias nunca acabassem.  O desânimo e a repulsa advêm do racismo presente no espaço escolar. Eles não sentem acolhimento. Os professores e alunos têm atitudes racistas sem que sejam punidos. A minha geração passou por essa situação, as gerações anteriores e as posteriores. A verdade é que o racismo está na raiz da instituição escolar. Machuca a alma dos alunos negros, afeta negativamente no desempenho dos estudos e marca profundamente a personalidade. 

Lembremos que a Lei 10.639/2003, acerca do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira, ainda não tem sido colocada em prática por todas as escolas; com isso, os alunos negros continuam desconhecendo a história dos seus ancestrais. 

No final do ano passado, perguntei ao meu sobrinho, que está no último ano do Ensino Médio: ‘Quando você pensa na África, o que vem à sua mente?’ — pessoas passando fome. ‘Onde fica o Egito?’ — na Europa. ‘Este ano, os professores falaram sobre o dia 20 de novembro?’ — não. 

Confesso que na hora me bateu um desespero com o que ouvi. Eu acredito que a escola é um instrumento fundamental para a construção de uma sociedade fraterna, no entanto, para acontecer, demanda de uma revolução nas suas bases. A escola que hoje conhecemos só está servindo ao racismo e outras formas de opressão. Formando pessoas sem criticidade, alienadas e defensoras de todas as ideologias mais abjetas da história humana. Tão verdade que no Brasil, políticos simpatizantes de torturadores têm sido eleitos no âmbito municipal, estadual e federal. 

Eu não acredito que haverá mudanças, a educação é uma engrenagem racista. Devemos cobrar os governos porque é nosso direito e pagamos impostos. Eles nos devem. Só não podemos ficar de braços cruzados esperando que isso aconteça. Eduquemos as nossas crianças, mostremos a nossa história, fortaleça a autoestima. Construamos uma geração que irá revolucionar.

Mulher do Alabama se torna a receptora de órgão de porco com maior tempo de vida

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Foto: NYU Langone

Towana Looney, uma mulher de 53 anos do Alabama, atingiu um marco significativo na medicina ao se tornar a receptora de órgão de porco com maior tempo de vida. Há 61 dias, ela vive com um rim de porco geneticamente editado, saudável e cheia de energia, superando expectativas e trazendo esperança para o campo dos transplantes entre espécies.

“Eu sou uma supermulher”, disse Looney à Associated Press, rindo ao relatar como ultrapassa familiares em longas caminhadas por Nova York, onde está vivendo temporariamente para acompanhamento médico. “É uma nova visão da vida”, completou. A recuperação de Looney é um incentivo moral na busca para tornar os transplantes de animais para humanos uma realidade. Até agora, apenas quatro outros americanos receberam transplantes altamente experimentais de órgãos de porcos geneticamente modificados – dois corações e dois rins –, mas nenhum viveu mais do que dois meses.

“Se você a visse na rua, não teria ideia de que ela é a única pessoa no mundo andando por aí com um órgão de porco funcionando dentro dela”, disse o Dr. Robert Montgomery, da NYU Langone Health, que liderou o transplante. Ele descreveu a função renal de Looney como “absolutamente normal” e se mostrou otimista sobre sua recuperação contínua.

Cientistas têm alterado geneticamente porcos para que seus órgãos sejam mais compatíveis com humanos, uma resposta à grave escassez de órgãos transplantáveis. Nos EUA, mais de 100 mil pessoas aguardam na lista de transplantes, a maioria precisando de um rim, e milhares morrem a cada ano sem receber um órgão.

Os transplantes de órgãos de porcos têm sido casos de “uso compassivo”, permitidos pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora norte-americana, apenas em circunstâncias especiais para pacientes sem outras opções. Hospitais envolvidos nesses experimentos compartilham informações para preparar os primeiros estudos formais de xenotransplante, esperados para começar ainda este ano.

A United Therapeutics, empresa que forneceu o rim de Looney, recentemente solicitou autorização da FDA para iniciar um teste clínico. Enquanto isso, o progresso de Looney tem sido uma “experiência muito preciosa”, segundo o Dr. Tatsuo Kawai, do Hospital Geral de Massachusetts, que liderou o primeiro transplante de rim de porco do mundo em 2023.

Looney já havia doado um rim para sua mãe em 1999. Anos depois, complicações na gravidez causaram pressão alta, danificando seu rim restante e levando à falência renal. Após oito anos em diálise, ela foi considerada inelegível para um transplante humano devido a altos níveis de anticorpos que atacariam um novo órgão.

Foi então que Looney se candidatou ao experimento com o rim de porco. Onze dias após a cirurgia, em 25 de novembro, ela recebeu alta, mas sua equipe médica continuou monitorando de perto sua recuperação. Cerca de três semanas após o transplante, sinais sutis de rejeição foram detectados e tratados com sucesso, graças a lições aprendidas em um experimento anterior com um corpo doado para pesquisa.

Com informações da Associated Press.

“DEI não é uma ameaça, é um presente”: Alicia Keys reforça diversidade no Grammy em meio a cortes promovidos por Trump

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Foto: Kevin Winter/Getty Images

Durante a cerimônia do Grammy 2025, Alicia Keys foi homenageada com o Dr. Dre Global Impact Award e aproveitou o momento para reforçar a importância da diversidade, equidade e inclusão (DEI) na indústria musical. Em um discurso contundente, a cantora destacou que dar espaço a diferentes vozes fortalece a música e a cultura. “DEI não é uma ameaça. É um presente. E quanto mais vozes, mais poderoso é o som”, afirmou.

A fala de Alicia acontece em um contexto político tenso nos Estados Unidos. Desde que Donald Trump retornou à Casa Branca, sua administração tem promovido cortes em políticas de diversidade e inclusão em diversas áreas, incluindo educação e cultura. A retomada de medidas que restringem programas voltados para a equidade racial gerou reações no meio artístico, com artistas como Keys usando suas plataformas para reafirmar a importância dessas iniciativas.

Além de destacar a força da diversidade, Alicia também fez referência à resiliência diante dos desafios políticos e sociais. “Quando forças destrutivas tentam nos derrubar, nós renascemos das cinzas como uma fênix”, declarou, ressaltando que a música segue como um elo inquebrável entre as pessoas. “A música é a linguagem imbatível que nos conecta a todos. É tão lindo”, concluiu.

A homenagem a Alicia Keys no Grammy 2025 não apenas reconhece sua contribuição para a música, mas também reforça seu papel como uma voz ativa na luta por justiça e inclusão. Sua fala ressoou em um momento no qual políticas públicas nos Estados Unidos ameaçam os avanços conquistados nos últimos anos no campo da diversidade, tornando o discurso ainda mais relevante.

No Mês da História Negra nos EUA, artistas negros brilham na 67ª edição do Grammy

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Imagem: Reprodução

A noite do último domingo foi marcante para os artistas negros que participaram da 67ª edição do Grammy. Os espectadores acompanharam a volta polêmica de Ye ao tapete vermelho da premiação ao lado de sua esposa, Bianca Censori, enquanto se maravilhavam com a beleza de Jaden e Willow Smith. A passagem de Milton Nascimento ao lado de Esperanza Spalding pelo tapete vermelho também emocionou o público, especialmente os brasileiros. Além disso, as vitórias de Beyoncé, Chris Brown e Doechii foram históricas para os músicos negros, coincidindo com o início do Mês da História Negra nos Estados Unidos.

O tapete vermelho se transformou em uma atração à parte com a presença do rapper Ye, que, após dez anos, retornou à premiação, desta vez acompanhado de sua atual esposa, Bianca Censori. Ela chegou ao tapete vermelho usando um casaco preto felpudo e surpreendeu ao retirá-lo, revelando um look transparente que expunha completamente seu corpo. Após a aparição, o casal deixou o local. A passagem dos irmãos Willow e Jaden Smith pelo tapete vermelho também foi bastante comentada. Willow usou um smoking sobre um look composto por duas peças: um sutiã e um short curto, ambos brilhantes. Seu cabelo crespo, dividido ao meio e solto, foi um espetáculo à parte, complementando a beleza do visual, além dos grills que usou nos dentes, com cores metálicas e verde. Já Jaden Smith chegou vestindo um terno preto e surpreendeu ao usar na cabeça uma espécie de capacete. A peça em questão era o “Castelo de Vampiros”, criado pela marca ABODI Transilvânia, feito sob medida para o artista e inspirado na história da Transilvânia e nas lendas dos vampiros da família Bathory, segundo informações compartilhadas pela própria marca.

O brasileiro Milton Nascimento marcou mais uma vez sua presença no Grammy ao lado da baixista e cantora Esperanza Spalding. O ícone da música nacional e a estrela do jazz foram indicados na categoria “Melhor Álbum Vocal de Jazz” pelo disco Milton + Esperanza, lançado em agosto de 2024. Apesar da celebração, a cantora lamentou o fato de Milton Nascimento não ter tido um lugar reservado para ele na cerimônia: “Milton foi recusado a um assento nas mesas da cerimônia deste ano. Isso não me desceu bem. (Não estou falando de ganhar um Grammy. Estamos comemorando a gloriosa vitória de @samarajoysings.) Estou falando de um assento físico… aqui, nesta mesa onde estou sentada. Estou chateada porque essa lenda viva não foi considerada importante o suficiente para se sentar entre os figurões, ou seja lá como organizam as mesas no salão principal. Então, tive que trazê-lo comigo”, afirmou, ao levar um cartaz com a foto do músico.

Outra surpresa da noite foi a vitória de Chris Brown na categoria de Melhor Álbum de R&B pelo disco 11:11. O músico conquistou seu segundo prêmio Grammy em 20 anos. Nas redes sociais, Brown celebrou a vitória e agradeceu sua equipe e seus filhos na legenda da publicação.

Doechii emocionou o público ao receber seu primeiro Grammy em 2025, na categoria de “Melhor Álbum de Rap” por Alligator Bites Never Heal. Em seu discurso, ela destacou a importância de ser apenas a terceira mulher a vencer essa categoria desde 1989, ao lado de Lauryn Hill e Cardi B. Entre lágrimas, Doechii agradeceu a Deus, sua mãe, seus fãs e sua cidade natal, Tampa, Flórida, que descreveu como um celeiro de talentos. Ela também enviou uma mensagem inspiradora para mulheres negras, encorajando-as a superar estereótipos e acreditarem em seu potencial. Durante a cerimônia, apresentada por Trevor Noah, Doechii performou as faixas “CATFISH” e “DENIAL IS A RIVER”, consolidando sua presença marcante no hip-hop. Outros indicados na categoria incluíram J. Cole, Common & Pete Rock, Eminem e Future & Metro Boomin.

Beyoncé fez história ao ganhar o prêmio de Álbum do Ano por Cowboy Carter no Grammy, tornando-se a primeira mulher negra a conquistar o título no século XXI e a quarta na história do prêmio, após Lauryn Hill, Natalie Cole e Whitney Houston. A superestrela, já a artista mais premiada e indicada do Grammy, dedicou a vitória a Linda Martell, pioneira na música country. O evento também destacou outros momentos marcantes, como Taylor Swift entregando o prêmio de Melhor Álbum Country a Beyoncé, que reforçou em seu discurso a importância de transcender gêneros musicais. Além disso, Kendrick Lamar levou os prêmios de “Canção e Gravação do Ano” com “Not Like Us”.

Grammy 2025: Beyoncé, Milton Nascimento e outros artistas negros indicados à premiação

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Fotos: Larissa Zaidan for The New York Times e Divulgação

O Grammy 2025 está prestes a começar! Neste domingo, 2 de fevereiro, a partir das 22h, o público irá acompanhar os vencedores da grande premiação, realizada em Los Angeles. No Brasil, a transmissão será ao vivo no canal TNT e na plataforma de streaming Max. 

Entre os indicados, está Beyoncé, liderando a corrida com 11 indicações, incluindo Álbum do Ano, Canção do Ano e Melhor Álbum Country. Com a edição deste ano, ela elevou seu total histórico para 99 nomeações ao longo da carreira.

Milton Nascimento também foi indicado na categoria Melhor Álbum Vocal de Jazz pelo projeto “Milton + Esperanza”, em parceria com a cantora norte-americana Esperanza Spalding. Nesta semana, ele viajou para os Estados Unidos, para acompanhar a premiação de perto. O brasileiro já recebeu cinco indicações ao Grammy e, em 1998, venceu o prêmio de Melhor Álbum de World Music.

Doechii, impulsionada por sua mixtape inovadora “Alligator Bites Never Heal”, recebeu indicações para Melhor Álbum de Rap e Artista Revelação. Sua abordagem única e letras impactantes conquistaram tanto a crítica quanto o público, consolidando-a como uma das promessas do rap atual. A presença de Doechii nas principais categorias evidencia a diversidade e a renovação no cenário musical.

No R&B, artistas como Muni Long, CoCo Jones, Lalah Hathaway e a dupla Brandy & Monica, com a remixagem de The Boy Is Mine, também foram reconhecidas. Essas indicações refletem a qualidade e a relevância das produções dessas artistas, que têm contribuído significativamente para a evolução do gênero. A inclusão de múltiplas mulheres negras nas categorias de R&B destaca a representatividade e a valorização de talentos diversos.

No cenário do rap, GloRilla se destaca com indicações por sua faixa motivacional Yeah Glo!. Sua música, que aborda temas de empoderamento e superação, ressoou amplamente, garantindo-lhe reconhecimento na premiação. Outras rappers indicadas incluem Cardi B, Latto e Rapsody, evidenciando a força e a influência das mulheres negras no rap contemporâneo.

Além dessas artistas, nomes como Kendrick Lamar, Andre 3000, Chris Brown, o elenco de The Wiz, Kaytranada, Durand Bernarr, Tank & The Bangas e D’Mile também figuram entre os indicados.

Viés em estudo sobre menopausa pode mascarar início precoce em mulheres negras e hispânicas, aponta pesquisa

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Foto: Reprodução/Freepik

Um estudo conduzido pela Universidade de Michigan indica que critérios de seleção de participantes podem ter levado à subestimação do início precoce da menopausa em mulheres negras e hispânicas. Segundo os pesquisadores, a exclusão dessas populações impactou as conclusões do estudo nacional SWAN (Study of Women’s Health Across the Nation), que investiga a saúde na meia-idade e a transição da menopausa.

Publicado no International Journal of Epidemiology, o estudo aponta que a teoria do “intemperismo” (weathering) pode explicar parte do problema. Desenvolvida pela professora Arline Geronimus, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, essa estrutura teórica sugere que o estresse crônico e fatores sociais adversos contribuem para o desgaste precoce da saúde em populações historicamente marginalizadas.

A pesquisadora Alexis Reeves, atualmente na Universidade de Stanford, analisou os dados do SWAN e identificou que mulheres negras e hispânicas atingem a menopausa cerca de 1,2 anos antes das mulheres brancas quando se leva em conta a exclusão causada pelo desgaste físico e social. O estudo original do SWAN não havia identificado diferenças raciais significativas na idade da menopausa.

“As implicações dessas descobertas são incrivelmente importantes para entender o verdadeiro impacto das disparidades raciais na saúde da mulher”, afirmou Siobán Harlow, professora emérita de epidemiologia e autora sênior do estudo.

Segundo os pesquisadores, os critérios de elegibilidade dos estudos podem ser um fator determinante na exclusão de minorias raciais e devem ser reavaliados em pesquisas futuras. “Contabilizar vieses de seleção permitirá compreender melhor e combater os efeitos negativos dessas disparidades na saúde”, disse Harlow.

Beyoncé anuncia nova turnê mundial com álbum “Cowboy Carter”

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Beyoncé surpreendeu seus fãs na madrugada deste domingo (2) ao anunciar oficialmente sua nova turnê mundial, intitulada Cowboy Carter Tour 2025. A série de shows promoverá o oitavo álbum de estúdio da cantora, Cowboy Carter, lançado recentemente.

O anúncio começou a ganhar força ainda na noite de sábado (1), quando a Netflix publicou uma mensagem enigmática: “Olhe aquele cavalo”, acompanhada de um link para a performance “Beyoncé Bowl”. Os fãs perceberam rapidamente que o título “Cowboy Carter Tour” havia sido adicionado ao final do especial. Pouco tempo depois, Beyoncé confirmou a novidade em suas redes sociais e em seu site oficial, publicando uma nova foto acompanhada do nome da turnê.

Apesar da euforia com a notícia, detalhes como datas e locais dos shows ainda não foram divulgados, aumentando a expectativa, especialmente entre os fãs brasileiros, que aguardam uma possível passagem da artista pelo país.

Horas antes do anúncio, Beyoncé havia prometido uma doação de US$ 2,5 milhões por meio de sua fundação BeyGOOD. Os recursos serão destinados a famílias que perderam suas casas nos incêndios em Altadena e Palisades, além de igrejas e centros comunitários que prestam assistência às vítimas.

A presença da cantora na cerimônia do Grammy, marcada para este domingo (2), também é aguardada. Beyoncé está indicada em categorias de destaque, incluindo Álbum do Ano, Canção do Ano e Gravação do Ano.

A chef brasileira que conquistou os paladares na Holanda com a culinária da Bahia 

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Fotos: Arquivo pessoal

Há quase 30 anos, Eliana Bernadete Moreira Chaves Arp, uma chef baiana, vem transformando a cena gastronômica europeia com os sabores ancestrais de sua terra. 

Morando na Holanda desde a década de 1990, ela encontrou na culinária um caminho para se reconectar com suas raízes e apresentar ao público europeu a riqueza da comida baiana, como o acarajé e a moqueca. 

“Quando eu estou num evento gastronômico, como os que participo dentro e fora da Holanda, vejo pessoas ficarem, às vezes, pacientemente esperando em filas quilométricas pra experimentar ou degustar um prato preparado por mim. Confesso que já me emocionei várias vezes”, relata a chef em entrevista ao Mundo Negro e Guia Black Chefs. 

Entre idas e vindas para visitar família, agora Eliana retornou ao Brasil para aprender mais sobre a culinária ancestral. “Estou há 3 meses na Bahia. Ando querendo me aprofundar mais na gastronomia quilombola, nas tradições da gastronomia ribeirinha às margens do São Francisco. Tem tanta coisa que me fascina e me desperta enorme curiosidade”, conta. 

Leia a entrevista completa abaixo: 

Há quanto tempo você está atuando com o seu empreendimento na Europa e como foi o processo de introduzir a culinária baiana na Holanda e em outros países europeus? 

Eu me casei no ano de 1988 com o holandês Richard Arp e mudamos pra Amsterdam

uns 6 anos depois exercendo fora os afazeres de esposa, mãe e dona de casa, ocupei alguns cargos na Holanda, mas a maternidade me fez realmente parar e me dedicar a família e foi aí que percebi que a gastronomia de minha terra era algo que além de me dar muito prazer, atraía, a princípio, a atenção de meu esposo, familiares e amigos, foi então que buscando entender qual seria a melhor maneira de canalizar toda essa energia e um certo talento de maneira positiva, e é claro, que me desse também uma estabilidade financeira em que eu não precisasse necessariamente voltar a trabalhar como empregada de uma empresa ou algum órgão. Eu queria empreender e para isso me preparei através dos cursos de apoio do governo holandês. 

E aí começou a minha trajetória, a princípio com o Caipirinha Club porque eu entendi, através dos cursos em empreendedorismo, que teria que buscar um nome que tivesse ou causasse impacto. Como o famoso cocktail brasileiro na época era algo muito famoso e o que eu pretendia era levar uma mistura de elementos de minha cultura (culinária, música, dança, literatura, teatro, moda etc.), o nome Caipirinha Club me pareceu adequado e foi aprovado pelos mentores do curso.

Já são quase 30 anos empreendendo. Nesses meus 36 anos vivendo na Europa, indo e vindo visitar a família e observando as diversas vertentes da nossa culinária, – e não digo só da baiana, me atrai também a gastronomia de outros estados, Goiás e Minas Gerais, por exemplo. Ultimamente ando querendo me aprofundar mais na gastronomia quilombola, nas tradições da gastronomia ribeirinha às margens do São Francisco, inclusive de onde eu vim. Tem tanta coisa que me fascina e me desperta enorme curiosidade.

Além do sabor, a culinária baiana carrega muito de história e ancestralidade. Como você transmite isso para os seus clientes na Holanda? Eles são abertos a novos sabores? 

Meu marido holandês, por exemplo, é louco pela culinária baiana, mas ele eu nem conto. Casado comigo todos estes anos e é suspeito (risos). 

Mas quando eu estou num evento gastronômico, como os que participo dentro e fora da Holanda, vejo pessoas ficarem, às vezes, pacientemente esperando em filas quilométricas pra experimentar ou degustar um prato preparado por mim. Confesso que já me emocionei várias vezes. 

Quais pratos são os mais pedidos pelos seus clientes europeus? Algum deles já se tornou favorito no cardápio?

Os pratos baianos mais disputados são: Acarajé e Abará completos (vatapá, caruru, saladinha e camarão seco); Moquecas (incluindo as veganas); Feijoada; Tropeiro. Os Salgadinhos brasileiros também são bem apreciados e o Pão de Queijo. As sobremesas mais degustadas são: Doce de leite; Pudim de leite condensado; Canjica. 

Eu sempre apresento algo diferenciado, principalmente quando a questão é Comida Vegana e Vegetariana, dar um sabor bem baiano aos pratos deixa quem não come proteína animal bem feliz. 

Existe algum prato ou ingrediente da gastronomia europeia que você incorporou ao seu estilo baiano de cozinhar?

Eu já dei minha colaboração. Muitos turistas que foram à Holanda nestes últimos 8 anos tiveram a surpresa de experimentar pratos típicos da culinária holandesa através de minhas mãos, e a surpresa era grande, viu?

Eu estive durante 8 anos, do dia que abriu até o dia que fechou a frente deste empreendimento, que não era meu, mas de uma amiga muito querida que me fez sentir tão necessária que não consegui deixa-lá na mão. E quando o negócio findou por motivos familiares, ela disse que manteria funcionando se eu quisesse assumir totalmente. A gastronomia holandesa é uma opção, mas minha devoção é a culinária de minha terra de origem, por isso agradeci e revirei a proposta.

O que o público pode esperar da sua gastronomia após essa temporada de imersão na Bahia?

Eu estou há 3 meses na Bahia, sorrateiramente observando o que a Bahia tem de inovador; são inúmeras iguarias que com certeza levarei para Europa. Me aguardem!

Grammy 2025: Doechii, revelação do rap indicada a três categorias, será uma das atrações da cerimônia

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Foto: JOHN JAY

Doechii, uma das vozes mais marcantes da nova geração do hip-hop, continua a consolidar o seu lugar entre as estrelas da música. Indicada em três categorias do Grammy 2025, como Melhor Artista Revelação e Melhor Performance de Rap. Graças ao sucesso de ‘Alligator Bites Never Heal’, ela também se tornou a primeira artista feminina a ser indicada com um formato de mixtape na categoria Melhor Álbum de Rap.

Além de suas indicações, na semana passada, Doechii também foi confirmada como uma das atrações musicais da cerimônia do Grammy 2025, que acontecerá neste domingo, 2 de fevereiro, em Los Angeles. O evento, apresentado pelo comediante Trevor Noah, também contará com performances de Billie Eilish, Shakira, Charli XCX, e Sabrina Carpenter – forte concorrente pela categoria de artista revelação.

Doechii já vinha chamando atenção com sua originalidade e autenticidade, mas 2024 foi o ano em que seu talento ganhou reconhecimento global. Em 2023, ela foi indicada como Artista Revelação e Melhor Artista de Hip-Hop Revelação no BET Awards, além de conquistar o prêmio de Estrela em Ascensão no Billboard Women in Music. No mesmo ano, abriu shows para Beyoncé.

Em dezembro, a artista viralizou ainda mais nas redes sociais quando foi convidada para o famoso Tiny Desk no YouTube (veja abaixo). O vídeo passou de 8 milhões de visualizações e foi listado pela NPR como uma das melhores apresentações do ano.

O Grammy 2025 será transmitido no Brasil pelo canal TNT e pela Max, a partir das 22h. Veja a lista de indicados aqui!

Marianne Jean-Baptiste aponta falta de papéis complexos para mulheres negras no cinema e na TV

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Foto: Ian West/PA

A atriz britânica Marianne Jean-Baptiste, conhecida por sua atuação no drama Hard Truths, destacou que ainda há “uma escassez de grandes papéis multifacetados para mulheres negras” tanto no Reino Unido quanto em Hollywood. A declaração foi feita ao Radio Times uma semana após ela ter ficado fora da lista de indicadas ao Oscar, apesar da aclamação por sua performance como Pansy, uma mulher à beira do colapso, no filme de Mike Leigh.

Jean-Baptiste, que em 1997 foi a primeira mulher negra britânica indicada ao Oscar por seu trabalho em Secrets & Lies, relembrou os desafios que enfrentou após a consagração. “Infelizmente, há uma escassez de grandes papéis multifacetados para mulheres negras desempenharem tanto nos EUA quanto no Reino Unido”, afirmou. “Não sei se isso está mudando. Realmente não sei.”

Ao Thelegraph, atriz apontou a escassez de histórias que retratem mulheres negras com profundidade como em Hard Truths. “Você não vê mulheres que são desagradáveis assim na tela”, comentou. “Os homens podem ser o charlatão, o canalha, o gênio do crime, o mafioso – esses tipos de personagens são romantizados, e nós gostamos disso. Mas as mulheres não podem ser assim, e se forem, é caricatural. Certamente não estamos acostumados a ver mulheres raivosas se expressando sem uma explicação clara do porquê são assim e, crucialmente, sem nenhuma sugestão de que vão mudar. Culturalmente, tendemos a descartar esse tipo de mulher”, reflete.

A atriz também mencionou a dificuldade de interpretar Pansy em Hard Truths. “Todos nós temos uma vozinha na cabeça nos dizendo todo tipo de coisa; eu chamo a minha de Sybil”, disse Jean-Baptiste. “Mas Pansy também se instalou lá por um tempo. Eu diria: ‘Ah, esse é um pensamento da Pansy. Lá vai ela. Cale a boca, Pansy!’ Pansy não sabe de onde vem sua dor: ela a coloca como uma dor de cabeça, uma dor de estômago, são suas costas, é o outro. Ela não está lidando com o fato de que é realmente emocional. E para mim, andando por aí como aquela personagem, explorando-a, o peso disso às vezes se torna quase insuportável.”

Sobre as melhorias na representação negra no cinema e na TV, a atriz foi cautelosa. “Quer dizer, eu poderia continuar listando atores negros britânicos que estão em filmes ou têm seu próprio programa de TV. Eu não podia dizer isso em 1997. Posso dizer isso agora. Então isso é ótimo. Mas isso responde à pergunta? Não tenho certeza se sim. Ainda parece raro ver pessoas negras vivendo vidas comuns na tela do jeito que fazem em Hard Truths”, refletiu.

Questionada sobre o impacto de um diretor branco contar essa história, Jean-Baptiste afirmou: “Acho que Mike simplesmente ama explorar a natureza humana. E ele queria trabalhar comigo novamente, mas para me colocar em um contexto que fosse natural e não um onde eu fosse a única pessoa negra… Ele queria que fosse como deveria ser. Pansy não seria simplesmente a amiga de outra pessoa, ou a assistente social, ou a enfermeira.”

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