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A arte negra e o legado da nossa ancestralidade

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Foto: Reprodução Instagram / Robinho Santana.

Por Reinaldo Calazans

A cultura afro-brasileira é, sem dúvida, uma mescla da herança e dos costumes que os povos africanos escravizados trouxeram para o Brasil. Falar da arte no Brasil e não citar os nossos ancestrais é um erro gigantesco. Quando você pergunta a alguém sobre a arte da comunidade preta no Brasil, a primeira resposta que vem é o samba e o carnaval.

Sim, o samba é um dos pilares dessa riqueza, mas a nossa arte não se limita a isso. O nosso povo é plural, nossa riqueza está nas artes e na africanidade. Somos herdeiros de um povo que sofreu muito, mas o legado deixado é lindo: mistura de luta, arte e história. No decorrer dos anos nos deparamos com diversos artistas, esquecidos, talvez, por conta do racismo estrutural que está presente na sociedade.

O racismo impossibilitou que um grupo de artistas que participou de exposições como “NegrosPintores” fosse lembrado nos dias atuais. Se faz muito necessária essa pauta dentro das instituições educacionais para que as pessoas conheçam os trabalhos destes artistas. Nomes importantes para a compreensão da história da arte moderna permanecem desconhecidos.

Entre eles, podemos citar Wilson Tibério, um gênio das artes plásticas. De origem simples, o artista era afrodescendente. Ele sofreu no percurso da sua trajetória. Filho de uma costureira, nasceu nos anos 1920, lá em Porto Alegre. Tibério tinha o hábito de ir às favelas cariocas para desenhar, pois ali encontrava inspirações para as suas obras. Sua carreira foi promissora, levando seu nome e talento para Europa, Ásia e África. Era engajado em registrar a cultura e a identidade negra.

O legado da autora de grandes obras de nossa literatura, Carolina Maria de Jesus, é importantíssimo. Ela foi uma das personalidades negras que fizeram a diferença no Brasil. Com uma história de vida difícil, Carolina foi catadora de papel e viveu alguns anos de sua vida na favela do Canindé. Nas horas livres, Carolina escrevia e, no ano de 1941, foi publicado no jornal Folha da Manhã um poema de sua autoria.

Uma das primeiras escritoras negras do país, tem que ser lembrada e enaltecida pelas obras que nos deixou. Nos dias atuais temos grandes nomes que percorrem diferentes aspectos culturais. Quero destacar o talento de um jovem periférico, Maxwell Alexandre, cujo trabalho lindo retrata a vida do povo preto. Muitas de suas obras são feitas através de seu cotidiano, imagens que mostram o dia a dia dentro de uma comunidade.

O artista nasceu no Rio de Janeiro, nos anos 1990, e até hoje trabalha e vive na comunidade da Rocinha. Sua jovem carreira tem reconhecimento internacional e nos deixa muito lisonjeado, pois, suas obras tem o negro como protagonista. Tive a oportunidade de visitar sua exposição e um museu importante em São Paulo. “Pardo é Papel”, na mostra o artista pinta corpos pretos sobre o papel pardo, a “cor” parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude no nosso país, o que contribuiu para essa desigualdade social e o racismo que vivemos até os dias de hoje.

Andando pelas ruas em São Paulo, podemos observar o trabalho lindo de outro jovem preto. Robinho Santana é artista visual, pesquisador e músico experimental. Suas obras são reflexivas, homens e mulheres periféricas são retratados em seus painéis. A narrativa positiva pode ser observada em prédios importantes de algumas capitais. O grafiteiro nasceu em Diadema, no grande ABC. Seu pai era líder sindical, o que fez dele um jovem sempre presente nos protestos e manifestações.

Aqui no Brasil, lá em Minas Gerais, uma das suas obras virou caso de polícia. Após realizar uma pintura em homenagem as mães. Luta e resistência faz parte da sua trajetória. Todavia, a herança africana está presente na nossa cultura. Nossos bens produzidos historicamente devem ser discutidos e sempre mantidos. Somos Arte o tempo todo. Respeitem nossa história.

Após receber críticas por fazer provável post antivacina, ator Lakeith Stanfield apaga publicação

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Imagem: Reprodução/Instagram

O ator norte-americano Lakeith Stanfield, muito conhecido por filmes como “alguém especial” “judas e o messias negro” “corra” e outros, fez uma publicação que chamou atenção de seus seguidores nas redes sociais. No post, que foi apagado depois de um tempo nas redes, ele afirmava que ninguém deve forçar ninguém a colocar nada em seu corpo. Não satisfeito, ainda colocou na legenda, “sempre há outras maneiras de estar seguro”.

Após o post no instagram contendo o texto, ele recebeu uma chuva de comentários de teor negativos e criticando a mensagem. Muitos dos seguidores relataram estar surpresos com a posição que ele mostrou que tinha tomado e tentou explicar que a vacina seria a principal arma de combater a covid-19.

Essa não é a primeira polêmica que o ator se envolve em 2021. Em maio, Stanfield moderou um bate-papo no aplicativo Clubhouse onde eram levantadas teorias da conspiração antissemitas e judeus eram várias vezes comparados a satanistas.

Wolo TV lança seu primeiro talk show original para receber personalidades negras

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Na próxima quarta-feira (12), a Wolo TV ingressa no mundo do talk show com a estreia de “Gerúndio”, programa intermediado pela criadora do projeto, Juliana Motta, que interliga temas relevantes da atualidade com a área de atuação do convidado. O  programa trará personalidades negras conhecidas como Rodrigo França, Roger Cipó e Amanda Dias (criadora do “Grana Preta”) e também ouvirá histórias como as de Sami Oliveira, uma empreendedora periférica que vendia doces porta-a-porta e atualmente tem o seu próprio e-commerce. 

Juliana Motta (Imagem: Divulgação)

O Co-fundador da Wolo TV, Licínio Januário, fala sobre o primeiro talk show original da plataforma de streaming: “Pra mim, Gerúndio é um projeto que me levou de volta pra Angola, onde via apresentadores negros dando visibilidade para personalidades negras de renome na sociedade mostrarem que além de toda sua trajetória tradicional, também tinha um lado humano que o público super se identificava! A Ju Motta tem uma sensibilidade e maestria na condução do programa que é única. Isso é muito legal, porque hoje na era da internet, a gente sai seguindo um monte de gente, essas pessoas se tornam nossas referências e Gerúndio trás o lado humano dessas pessoas numa proporção tão grande, o que explica, porque nos identificamos com essas personalidades”, conta.

“É um sonho realizado ver o ‘Gerúndio’ na Wolo TV! Por muito tempo eu não tive muitas referências nas mídias em geral, e acredito que muitas pessoas pretas também não tiveram. Potencializar falas pretas, periféricas, e de outros grupos socialmente minoritários, é muito importante e significativo! A nossa ideia é proporcionar um novo modo de se comunicar, onde não fique só comigo ali falando o tempo todo, mas haja uma troca de ideias porque é assim que a gente cresce. Em resumo, o Gerúndio é um papo sem padrão, e acredito que seja por isso que muitas pessoas vão se identificar com o programa”, comemora Ju Motta .

Os convidados da primeira temporada de “Gerúndio” (Imagem: Divulgação)

Os convidados das primeiras treze entrevistas do programa “Gerúndio” são: Suellen Massena, Juan Calvet, Sami Oliveira, Ian Nunjara, Dani Mattos, Maya Franthesca, Rodrigo França, Amanda Dias, Felipe Abreu, Amanda Abreu, Lorena Coimbra, Roger Cipó, Miria Alves, Gillian Rosa e Verônica Dudiman. 

O programa estará disponível gratuitamente no site da Wolo TV a partir do dia 12 de agosto.

Camilla de Lucas celebra convite para estrear como apresentadora do ‘Bate-Papo The Masked Singer Brasil’

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Em entrevista ao Gshow, a influenciadora Camilla de Lucas contou como foi receber o convite para o novo programa da TV Globo, ‘The Masked Singer Brasil’. Camilla tem a função de ajudar os jurados, o público e a apresentadora, Ivete Sangalo, a desvendar o segredo dos artistas mascarados, mostrando os bastidores das apresentações durante o programa.

Imagem: Instagram/ Camilla de Lucas

Camilla De Lucas também vai comandar o ‘Bate-Papo The Masked Singer Brasil’, show de entrevista com os eliminados da noite no programa. No primeiro ‘Bate-Papo’, a blogueira entrevistou Sidney Magal, o eliminado na edição de estreia. “Estou muito feliz com o convite. Esse formato já é bem conhecido em vários países e fiquei muito animada com a oportunidade. É um desafio profissional que estou muito empolgada para encarar! Todo o time por trás do programa é incrível e tenho certeza que vocês vão adorar e se divertir muito!”, disse Camila ao Gshow.

Já familiarizada com um grande público na internet, a modelo e empresária carioca celebra a chance de se comunicar diretamente com um outro público. “É uma experiência incrível e tenho aprendido e me divertindo muito. Estou muito realizada nessa nova fase da minha vida! Sempre tive esse meu lado voltado para a comunicação muito aflorado e já me imaginei como apresentadora algumas vezes. É um marco muito especial na minha vida”,  comemora.

Perguntada qual música gostaria de interpretar e sob qual disfarce, Camilla revelou que gostaria de cantar “Dona de Mim”, da cantora Iza e escondida em uma fantasia de unicórnio. “Essa música me representa muito e me faz lembrar da minha trajetória até aqui”, revelou.

O “The Masked Singer Brasil” estreou ontem (10) e será exibido toda terça-feira logo após a novela “Império“, às 22h20.

Mãe denuncia pedagoga que fez comentários racistas sobre cabelo de suas filhas na internet

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No dia 5 de agosto a psicóloga Roberta Massot, 36, postou foto de suas filhas, de 2 e 9 anos, no Facebook e uma mulher, identificada como Érica Gomes, destilou comentários racistas sobre a aparência das meninas. A mulher, que em suas redes se identifica como pedagoga, será investigada por injúrias raciais cometidas na internet. 

A advogada Michelle Vargas e a mãe das crianças, Roberta Massot (Imagem: Instagram)

A suposta pedagoga comentou em uma postagem de Roberta que a criança de 2 anos tinha a raiz do cabelo dura. A psicóloga tentou dialogar com a agora investigada: “Não, Érica, não existe cabelo duro. Se você estudar um pouco vai ver que o que existe é cabelo crespo. Não entendi o porquê da sua pergunta e muito menos a maneira ofensiva a qual se referiu ao cabelo da minha filha”. A suposta pedagoga respondeu: “Flor, você expõe sua filha, então as pessoas dão a opinião que quiserem. Se não quer exposição não coloque vídeo, fotos etc. Se está nas redes sociais, eu falo o que eu quiser. Em vez de ficar aqui querendo ou achando alguma coisa, leve suas filhas ao salão e aproveita e tira as melecas delas”, disse a mulher se referindo também à filha de 9 anos de Roberta.

No dia seguinte Roberta Massot desabafou nas redes: “Algumas pessoas ficam falando para mim: ‘tudo agora você quer falar sobre racismo’, e eu sempre digo que o principal objetivo de falar sobre hoje é para que minhas filhas não sofram o que eu sofri, ou que pelo menos elas saibam se defenderem quando acontecer alguma violência racial contra elas. Enfim, não estou conseguindo falar muito agora, estou com um misto de emoções e sensações neste momento. Resolvi expor para que todos vejam e saibam da importância de falar sobre o RACISMO. Esta mulher não só atacou a mim, mas as minhas filhas de 9 e 2 anos. Falei que não iria abrir um BO, mas voltarei atrás, pois todo racista precisa pagar pelo seu CRIME”.

A advogada Michelle Vargas, que representa a mãe da criança, entrará com um processo contra a suspeita. Roberta Massot postou um agradecimento à profissional em seu Instagram: “Sem palavras para agradecer a esta mulher preta, advogada, que veio de bom grado para me ajudar na realização da abertura deste B.O. Michelle, o que você fez por mim hoje é impagável. Quando chorei, você me deu colo, quando pensei em desistir, você segurou na minha mão e falou:-você não vai desistir, nós não vamos desistir, você não tá sozinha”, escreveu.

O Site Mundo Negro falou com Roberta e ela enviou uma mensagem de a todos que sofrem esse tipo de violência: “Eu gostaria de dizer que é uma dor muito intensa, mas para elas não se calarem e não deixarem de denunciar. E se sentirem medo, é para ir com medo mesmo, pois isso é sinônimo de coragem. Não ficarem sozinhos, exponham e passem a contar com a rede de apoio”, desabafou.

Ao G1 a  Polícia Civil disse que as investigações estão em andamento e que a suspeita vai ser ouvida na delegacia de São Gonçalo

Vanessa da Mata vai estrelar espetáculo em homenagem a Clara Nunes

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Foto: Priscila Prade.

Musical vai abordar a obra e a relação da cantora com o sagrado.

Vanessa da Mata já nutria o desejo antigo de homenagear a icônica cantora Clara Nunes nos palcos. Depois de quase dois anos, a cantora vai estrelar, enfim, no final do ano, o espetáculo “Clara Nunes – A Tal Guerreira”, com direção de Jorge Farjalla, em formato online. “Idealizei tudo isso há muitos anos. Tive uma reunião em 2019 com o diretor e amigo Jorge Farjalla e o produtor Marco Griesi. Sempre fui apaixonada pelos Brasis que Clara canta! Ela sempre me capturou de uma forma especial”, conta Vanessa.

A homenagem a Clara Nunes vai ter o foco principal na sua obra musical e na relação que ela estabelecia com o sagrado. “Clara é um dos ícones que sustentam um orgulho de nascermos aqui. Nós precisamos levar às novas gerações esses ritmos, jeito, pureza, fogo, invencibilidade e pluralidade musical dela”, explica Vanessa, sobre as danças, religiosidade e cultura afro-brasileira que Clara Nunes sempre celebrou nas suas canções, no palco e nas vestimentas.

Vanessa da Mata pretende resgatar e renovar o fôlego de um trabalho que Clara Nunes fazia, de pesquisar e trazer ritmos de cada canto do Brasil para o país inteiro. “Clara tinha o trabalho lindo de trazer músicas originais de várias partes do Brasil e transformar isso em música nacional, como caboclinho, lundu, samba de roda, sambas em geral, maracatus e tantos outros que estão desaparecendo com seus condutores morrendo, e não há renovação com os jovens”, completa.

Pela primeira vez, o lado atriz de Vanessa vai aparecer em primeiro plano e, segundo o diretor Jorge Farjalla, será mais do que especial. “Legítima, verdadeira. Normalmente, Vanessa interpreta de maneira muito particular as canções dela, quero isso para a sua atriz, essa singularidade de olhar o novo, de brincar com essa Clara Nunes, levar o corpo da personagem na medida certa”, aposta ele. “O musical não é um documentário sobre a vida da Clara Nunes e, sim, uma homenagem, uma celebração à essa artista plural que marcou época. Vejo o musical como se essa luz pudesse nos livrar da escuridão em que vivemos nesses dias de hoje. Vamos falar de Clara para uma geração que talvez nem sabe o que ela significa para a MPB e para a cultura do nosso Brasil”, torce Farjalla.

“Quem tem joga”, de Drik Barbosa, Karol Conká e Gloria Groove marca trilha sonora de “O Esquadrão Suicida”

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Foto: Victor Balde.

A parceria de Drik Barbosa, Karol Conká e Gloria Groove em “Quem Tem Joga” ganhou as telonas. A música está na trilha sonora do filme O Esquadrão Suicida, que estreou nos cinemas e na HBO MAX na semana passada. Na composição, Emicida e Grou se juntam às três cantoras. Marcelo D2 também emplacou uma música na trilha sonora do filme.

O filme, com Idris Elba e Viola Davis no elenco, estreou no começo de agosto e já alcançou o posto de maior bilheteria nacional, desbancando “Velozes & Furiosos 9”.  O longa arrecadou R$ 7 milhões e foi visto por 728 mil pessoas.

O diretor do filme, James Gunn, elogiou Drik Barbosa no Twitter. “Como ela é maravilhosa”, afirmou. A artista, por sua vez, ressaltou a importância de ter “Quem Tem Joga”, que integra o seu disco de mesmo nome, lançado em 2019, como parte da trilha de  Esquadrão Suicida. “Eu estou muito emocionada com isso. É nosso rap e o nosso funk ganhando o mundo”, comentou.

A sincronização da música foi fruto de uma parceria entre a LAB Fantasma (editora e gravadora de Drik Barbosa) e a Warner Chappell Edições. Mesmo com a crise vivida pelo entretenimento ao vivo em virtude da pandemia de Covid-19, o segmento de streaming não parou de crescer, sendo um aliado na vida das pessoas ao redor do mundo. Nesse sentido, a música vem – cada vez mais – ganhando protagonismo nas obras cinematográficas.

Fióti, CEO da LAB Fantasma e empresário de Drik Barbosa, conta a importância de ter uma faixa como essa em uma grande produção da Warner e DC: “A música ‘Quem Tem Joga’ é um marco na carreira da Drik e, para nós, também. Além do discurso, que tem como principal intuito falar sobre a importância das mulheres terem liberdade sobre os seus corpos, a sonoridade da música une trap, rap e funk em uma fusão rica, com o potencial de atrair atenção de qualquer pessoa ao redor do mundo. É gratificante para nós ver que a Drik está sendo reconhecida internacionalmente pela grandiosidade do seu talento e do seu trabalho; e levando o rap brasileiro cada vez mais longe. Esse é nosso compromisso, acabar com estereótipos na indústria e fazer com que a cultura de rua seja protagonista também nas telas.” 

A música “Quem tem joga” também está na seleção das faixas que vão compor um vinil exclusivo com faixas da trilha sonora e que será comercializado pela Water Tower Music, empresa do grupo Warner Bros.

Além de Drik Barbosa, Marcelo D2 e Céu são os outros brasileiros que aparecem na trilha sonora.

Intérprete de Luiza Mahin em “Doutor Gama”, portuguesa Isabél Zuaa está nas telonas em três filmes em agosto

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Foto: Miguel Domingos.

Presença constante no cinema nacional, a artista está em “Um Animal Amarelo”, “Doutor Gama” e “O Novelo”.

O mês de agosto será de exibição tripla do talento de Isabél Zuaa nos cinemas. A atriz e performer portuguesa será vista, paralelamente, nos longas-metragens “Doutor Gama”, de Jeferson De; “Um animal amarelo”, de Felipe Bragança, cujo papel rendeu à Isabél o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Gramado de 2020; e, por fim, “O Novelo”, de Claudia Pinheiro, que está na mostra do 49º Festival de Gramado e tem estreia prevista para o final do ano.

Na pele da personagem histórica Luiza Mahin em “Doutor Gama”, Isabél reconhece o desafio e alegria de dar vida ao papel da mãe do herói da luta abolicionista Luiz Gama. “Sem dúvida, é um sentimento de honra e felicidade, além de um desafio muito aliciante. Luiza Mahin é um nome que não deixa ninguém indiferente, uma figura que está entre a história e a ficção, mas é concreta. Tive a sorte de trabalhar com Pedro Guilherme (que interpreta Luiz Gama criança) e de termos uma química mágica desde o primeiro dia. Era fulcral Luiza Mahin ter uma ligação forte e potente com o seu filho e isso marca a trajetória dele”, pontua.

Exibido na Big Screen Competition do Festival de Roterdã em 2020, o longa “Um animal amarelo” passou por mais de 25 festivais internacionais e, em Portugal, foi o filme de encerramento do INDIELISBOA 2020. “A minha personagem, Catarina, é uma mulher moçambicana que, junto de seus companheiros, trafica pedras preciosas para o mundo ocidental. Ao saírem do território moçambicano, deparam-se com questões complexas estruturais e físicas. Além de ser a líder do trio, Catarina é também a narradora onipresente do filme”, celebra.

Com exibição única no Festival do Gramado, “O Novelo” apresenta Isabél no papel de Alzira, uma mãe de cinco meninos. “Ela é abandonada pelo marido depois do quinto parto. Existe uma ligação muito grande entre todos os filhos com uma prática ensinada pela mãe: o tricô. Passado um tempo, a mãe morre e eles ficam sozinhos no mundo”, antecipa a atriz, que tem mais de 30 filmes no currículo.

Nascida em Lisboa e filha caçula de um casal de origem africana que se conheceu em Portugal, Isabél coleciona prêmios. No 48º Festival de Gramado, recebeu o Prêmio de Melhor Atriz por “Um animal amarelo”. Pelo papel no longa-metragem “Joaquim” (Marcelo Gomes, 2017), recebeu o Prêmio Guarani de Revelação e o Prêmio de Melhor Atriz Secundária no CineEuphoria, ambos em 2018. No mesmo ano, recebeu por “As boas maneiras” (Marco Dutra e Juliana Rojas, 2017) o Prêmio de Melhor Atriz no Festival Zinegoak. Pelo mesmo trabalho, em 2017 foi condecorada Melhor Atriz no Festival de Sitges e, por “Nó do Diabo” (Ramon Porto Motta, 2017), levou o Prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Fest Aruanda.

Formada em Teatro e Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema (Lisboa), em sua extensa filmografia constam títulos recentes como “Estamos todos na sarjeta, mas alguns de nós olham as estrelas” (João Marcos de Almeida e Sérgio Silva); “Deserto Estrangeiro” (Davi Pretto);  “Desterro” (Maria Clara Escobar); “A chuva acalanta a dor” (Leonardo Mouramateus); “Lilith” (Bruno Safadi); “Dom Pedro” (Laís Bodansky) e “Aquilo que sobra” (Humberto Giancristofaro), inspirado na obra ‘A montanha mágica’, de Thomas Mann. Na TV brasileira, participou das séries “Carcereiros, “Sob Pressão (ambas na TV Globo) e “Rarefeito (na TV Brasil). Em Portugal, gravou “Sul” (na RTP)  e “Complexo”, uma série que ainda vai estrear no Brasil.

Em sua chegada ao Brasil para um intercâmbio acadêmico, Isabél participou de “Kbela” (2015), filme de Yasmin Thayná que rodou o mundo abordando a aceitação dos cabelos da população negra – tendo, inclusive, exibições em Harvard. Outro trabalho do qual muito se orgulha é a montagem de “Aurora Negra, espetáculo em que assina a codireção e onde o afrofuturismo é o tema central. “Paramos na pandemia e reestreamos este ano no Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa, e fizemos o Festival Internacional de Teatro, em Almada. Agora faremos uma turnê internacional”, finaliza Isabél, que ainda não tem data para estrear a peça no Brasil por conta da pandemia.

Semana Preta: Braskem promove evento dedicado a universitários negros

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Foto: Reprodução/Internet.

Com duração de cinco dias, companhia apresenta temas sobre o mercado de trabalho e promove espaço para troca de experiências

Pensando no seu compromisso público com a questão racial, a Braskem realiza a terceira edição do evento gratuito “Semana Preta”, entre 16 e 20 de agosto, realizado de forma 100% virtual e com palestras diárias de aproximadamente uma hora de duração. Para participar, basta preencher o formulário: https://forms.office.com/r/f7rJiRvVv4,  preferencialmente até o dia 15 de agosto, para conseguir aproveitar a programação completa. Um dia antes de cada palestra, a Braskem vai enviar o link e acesso da sala do Microsoft Teams aos inscritos.

Os encontros vão abordar diferentes temas, como mercado de trabalho, escolhas profissionais e questões raciais no mundo corporativo, além de promover espaço para troca de experiências. Durante as conversas, serão divulgadas informações sobre o Programa de Estágio da Braskem, que está com as inscrições abertas até o dia 27 de agosto pelo site https://www.braskem.com.br/carreira

“A Braskem busca ter, cada vez mais, um ambiente de trabalho inclusivo e diverso. A Semana Preta é uma oportunidade de aproximação, engajamento, escuta e troca de experiências entre profissionais e estudantes negros para avaliar possíveis mudanças e melhorias em nossos processos seletivos e internos. Temos buscado inovar e superar nossos desafios para alcançar a nossa meta de aumentar a representatividade de grupos minorizados no nosso quadro de colaboradores, principalmente a de pretos”, explica Camila Fossati, responsável pela área de Desenvolvimento Organizacional da Braskem.

Ao longo do evento serão sorteadas aos participantes três bolsas de estudos para curso de inglês, fornecidas pela EF Education First. A Braskem ainda contará com a participação de Eduardo Santos, CEO da EF, e Ligia Oliveira, da Cia da Talentos, como palestrantes.

Confira a programação:

Data: 16/8, segunda-feira

Horário: 17h

Tema: Papo de Lideranças

Palestrantes: Elaine Isa Santos de Santana, gerente da área de Responsabilidade Social da Braskem, e Eduardo Santos, diretor geral da empresa EF.

Conteúdo: bate-papo com as duas lideranças a respeito de trajetória, mercado de trabalho e escolhas profissionais. Será realizado sorteio de uma das três bolsas do curso de inglês.


Data: 17/8, terça-feira

Horário: 17h

Tema: Bate-papo com a Rede de Afinidade de Raça da Braskem

Palestrantes: Wellington Santos Conceição, líder da Rede de Afinidade de Raça da Braskem, e Celice Santana, membro do comitê da Rede de Afinidade de Raça da Braskem.

Conteúdo: entender a trajetória profissional dos dois palestrantes, suas percepções a respeito das questões raciais no mundo corporativo, suas experiências e seus projetos dentro da Braskem, principalmente no que tange a Rede de Afinidade.


Data: 18/8, quarta-feira

Horário: 17h

Tema: Autoconhecimento e carreira

Palestrantes: Ligia Oliveira, Estrategista de Talent Acquisition, Talent Development, Employer Branding e Employee Experience na empresa Cia de Talentos.

Conteúdo: palestra sobre a importância do autoconhecimento para a carreira, permeando algumas ferramentas disponíveis que auxiliam nesse processo. Será realizado um sorteio de Mentoria de Carreira pela Cia de Talentos, com duração de uma hora, para três participantes presentes no dia.


Data: 19/8, quinta-feira

Horário: 17h

Tema: Competências do futuro do trabalho

Palestrante: Joelza Gomes Ferreira, Business Partner da área de Recursos Humanos da Braskem.

Conteúdo: Apresentação das principais competências do mercado de trabalho, incluindo a Braskem neste cenário por meio de sua estrutura e valores, e apresentação do programa de estágio como oportunidade de desenvolvimento dessas competências.


Data: 20/8, sexta-feira

Horário: 17h

Tema: Roda de conversa com estagiários negros da Braskem

Palestrantes: André Soares, Matheus Felipe, Fabíola Saldanha e Sarah Nascimento.

Conteúdo: bate-papo com estagiários negros da Braskem sobre suas experiências dentro e fora da empresa.

Nos tempos do Imperador: primeiro capítulo teve Dom Pedro II gente boa, branca salvadora e massacre de escravizados

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Novelas de época deveriam vir com um alerta de gatilho. A escravidão negra no Brasil, a mais longa da história, não é ficção. Não tem como ver cenas que envolvem abusos de donos contra negros escravizados, açoites, grilhões, assassinatos e não imaginar que um ancestral nosso, não tão distante, tinham esse cenário de terror como parte do seu cotidiano.

Ontem a Globo estreou a novela “Nos tempos do Imperador”, primeira pós pandemia, protagonizada pelo fantástico Selton Mello na pele de Dom Pedro I que iniciou a novela com falas apaixonantes sobre o Brasil, demonstradas em cena pelo seu apreço ao registro de imagens dos lugares que visitou.  E sim, a novela tentará humanizar o Imperador que não aboliu os escravizados. Inclusive pela fala da autora, a gente percebe que os avanços sócio educacionais serão mais relevantes na trama do que a desumanização e abuso dos africanos sequestrados e seus descendentes.

“Nós escolhemos destacar na novela as coisas que ele fez, como a relação dele com o ensino, com a cultura, e o patrocínio à ciência. Esse olhar para projetar um novo Brasil. Apesar de ter cometido alguns erros e de não ter conseguido levar à totalidade seu plano de abolição, Dom Pedro II tem coisas importantíssimas. E todos os personagens ficcionais nascem do resultado desse momento, de como estava a economia, das dificuldades desses novos brasileiros”, comenta a autora Thereza Falcão.

No primeiro capítulo vemos um grupo de negros escravizados identificados como Males invadindo uma fazenda para libertar seus pares. A cena mostra homens e mulheres sendo dizimados pelos capitães do mato e outros protetores da fazenda. Tem mulher negra sendo baleada na frente do filho, golpes de capoeira sendo interrompidos por facada, sendo uma cena muito violenta e difícil de assistir.

Por meio desse conflito, conhecemos Jorge / Samuel ( Michel Gomes) que se fere durante esse combate e é salvo por Pilar ( Gabriela Medvedovski ), moça branca de família abastada, que apesar de ser descendente do opressor, caiu imediatamente nas graças do escravizado fugitivo que lhe agradece a mocinha por ter salvado sua vida e a quem ele chamou de “anjo”.  Já se sabe que eles serão um casal na novela e torcemos para que haja um casal preto com a mesma relevância.  

Outra cena curiosa é Luisa Condessa de Barral ( Mariana Ximenes ) sendo recebida por muitos sorrisos dos negros na lavoura ao ir visitar um bebê recém nascido.

Reprodução Globo

Para a Historiadora Débora Simões, essa visão de herói da nação de Dom Pedro II que a novela vai tentar imprimir é um erro. “Quando aconteceu a abolição, a assinatura da Lei Áurea ele, Dom Pedro II, estava viajando.  Ele constrói sua imagem de bonzinho porque o Dom Pedro I era muito louco e suas farras eram muito conhecidas. Na historiografia Dom Pedro II ele é mostrado como mais comportado, até como bom moço. A relação dele com a abolição é sempre muito difícil, porque foi no período dele que tivemos várias leis que quase a aboliram, mas não aboliram a escravidão, enfim é controverso”.

O escritor Ale Santos lembra o flerte de Dom Pedro II com ideias eugenistas. “Ele bancou a entrada dos confederados no Brasil quando a escravidão acabou nos EUA e também era amigo do Gobineau, um dos primeiros eugenistas”, detalha Santos que mostrou em seu perfil do Twitter uma imagem onde Dom Pedro II visitava um zoológico humano.

Reprodução Twitter

A novela terá o núcleo negro relevante chamado Pequena África, residência da comunidade afro-brasileira na Região Portuária do Rio de Janeiro “Pessoas das quais hoje nós falamos tanto, como Tereza de Benguela, Luisa Mahin e outras mulheres líderes quilombola, não estão nos livros de História. A Teresa conduziu um quilombo com quase mil pessoas entre pretos, indígenas e brancos e liderou esse quilombo durante muito tempo. Onde está essa história? Por que eu não cresci ouvindo e lendo isso? Para mim, a Cândida é a oportunidade de dar voz a histórias que são minhas e que não foram contadas para mim”, comenta Dani Ornellas, que vive Cândida, a Rainha da Pequena África, comenta sobre a importância dessa representatividade.

Ainda é cedo para saber se os autores de novelas da Globo avançaram na retração dos nossos antepassados em novelas de época. Já estamos cansados de ver programas na TV que nos gerem desconforto.

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