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Mochileira lança mapa interativo para resgatar a história afro-brasileira no Brasil

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Foto: Jones Ferreira/Divulgação

Desde a infância, viajar era mais do que um deslocamento – era um convite para descobrir histórias, conectar-se com suas raízes e transformar percepções. Foi assim que a pesquisadora independente, Talita Azevedo, decidiu criar o projeto “Presente Histórico”, com o objetivo de mapear lugares no Brasil com a história afro-brasileira apagada, resgatando memórias e conectando passado e presente. Acesse: presentehistorico.com.br)

Com um olhar sensível, Talita percorreu diferentes regiões do país, guiada por intuições e conexões pessoais. “Eu comecei a sonhar com os lugares que viajaria. Foi uma viagem interna muito forte. À medida que um lugar era descoberto, eu tinha alguma intuição de quais seriam as próximas regiões. Foram dezenas de espaços conhecidos, mas priorizei 13 em regiões de maior familiaridade pensando nos desdobramentos deste trabalho e fluxo de informações a serem apresentadas ao público em um funil de aprofundamento a cada novo produto”, disse em entrevista ao Mundo Negro. 

Durante nove meses de expedição, ela documentou histórias, fotografou paisagens e estruturou um acervo digital acessível ao público. O impacto do apagamento histórico, especialmente em locais como Campinas, no interior de São Paulo, reforçou sua missão.

Porto Seguro (BA) Foto: Talita Azevedo

“Campinas foi um grande marco. Para além de ser a minha cidade de nascimento, o fato de não conseguir encontrar informações suficientes para atestar com todos os fatos o processo de último local do mundo a abolir a escravização de pessoas sem dúvidas me desanimou um pouco. Afinal, eu estava de frente com a realidade do apagamento. A partir disso, decidi que meu trabalho teria foco em criar acervos do agora à frente. Fomentando os próximos passos das gerações subsequentes”, contou. 

Em paralelo, ela desenvolveu a oná, uma metodologia que une criatividade e tecnologia, voltada para programadores e entusiastas da inovação. Agora, em 2025, Talita se dedica à publicação de um livro de bordo sobre suas viagens, a oferta de cursos em instituições e coworkings e a criação de colaborações com marcas para popularizar sua pesquisa.

Leia a entrevista completa abaixo:

Foto: Rafael Berezinski

Como começou seu interesse por resgatar lugares historicamente apagados no Brasil e registrar isso no desenvolvimento do oná?

Eu sempre tive uma relação muito próxima com o processo de movimento pela minha construção enquanto indivíduo. Sou neta de um avô materno de Jequié, filha de uma mãe de Ilha Solteira e um pai de São José do Rio Pardo. Aos oito anos, com a autorização e direcionamento dos meus pais, pude fazer minha primeira viagem sozinha e me apaixonar pelo processo de descoberta que a vida na estrada poderia contribuir à mim. 

Essa viagem seguiu a rota entre Campinas, interior Paulista a Guaxupé, cidade de Minas Gerais. Na época meu avô paterno morava na cidade e eu tinha a vontade de vê-lo nas férias. E assim o fiz. Me lembro de ter sido minha experiência de conciliar viagens com contato à raízes.

Desde então a rotina entre diferentes cidades sempre se fez presente aos meus interesses, entendendo como várias perspectivas somariam ao meu olhar enquanto criativa e estratégica. 

A busca e a decisão da expedição em si veio por duas frentes: eu me sentia incomodada com o cenário artístico representar muitas figuras de mulheres revolucionárias já falecidas e o contato com a demência do meu avô, que me despertou a urgência de entender como diferentes habilidades que tinha construído até aqui poderiam contribuir a um acervo histórico à memória para minha árvore genealógica – que, posteriormente a isso, entendi como somaria à vivência de outros milhões de Brasileiros. 

E, com essa relação entre tempo-espaço, me veio a escolha do site ser “presente histórico”, um recurso linguístico que consiste em utilizar o tempo presente para narrar acontecimentos do passado.

Em paralelo a isso, comecei de maneira tímida novas perspectivas com a oná, uma metodologia que tem como foco levar criatividade a profissionais e entusiastas de novas tecnologias. 

Salvador (BA) Foto: Talita Azevedo

Quais os critérios que você usou para escolher os lugares que contou a histórias no oná?

Eu comecei a sonhar com os lugares que viajaria. Foi uma viagem interna muito forte. À medida que um lugar era descoberto, eu tinha alguma intuição de quais seriam as próximas regiões. Foram dezenas de espaços conhecidos, mas priorizei 13 em regiões de maior familiaridade pensando nos desdobramentos deste trabalho e fluxo de informações a serem apresentadas ao público em um funil de aprofundamento a cada novo produto. O livro, por exemplo, tem fotos e anotações das experiências – como um produto um pouco mais aprofundado (nível 2) do mapeamento (nível 1).

Foto: Rafael Berezinski

Alguma história ou local te surpreendeu ou te marcou mais durante o processo?

Acredito que o maior aprendizado com este trabalho foi a necessidade que eu teria de fazer as pazes com o passado. Para além das lições que aprendi sobre as memórias de pessoas queridas à minha volta, tive algumas vezes que olhar ao espelho e entender que não seria capaz de criar recursos capazes de ir contra uma lei natural da vida: o tempo. 

Esse insight aconteceu principalmente em Lagoa das Lontras, lugar próximo à Isabelópolis e que foi tomado pela vegetação e impacto de agentes naturais, como as chuvas, ventos e a ação cronológica do espaço. 

Campinas também foi um grande marco. Para além de ser a minha cidade de nascimento, o fato de não conseguir encontrar informações suficientes para atestar com todos os fatos o processo de último local do mundo a abolir a escravização de pessoas sem dúvidas me desanimou um pouco. Afinal, eu estava de frente com a realidade do apagamento. A partir disso, decidi que meu trabalho teria foco em criar acervos do agora à frente. Fomentando os próximos passos das gerações subsequentes. 

Próx. a Lagoa das Lontras (RJ) Foto: Talita Azevedo

Quanto tempo você levou para finalizar essa primeira etapa de viagens até o lançamento do projeto?

Para a expedição dedicada ao desenvolvimento do mapa (que até então era uma busca pela minha árvore genealógica), foram aproximadamente 9 meses – mas com o processo de estruturação e primeira versão ao todo são praticamente 1 ano. 

O trabalho de mapeamento e o livro levam o nome de Presente Histórico, como um outro produto paralelo a essa movimentação. Minha forma mais artística e regionalizada de falar sobre pontos que formam meu olhar pessoal e profissional em tecnologia, uso de dados, criatividade e protagonismo Brasileiro.

Quanto ao oná, é uma metodologia que tem foco levar criatividade a programadores e entusiastas de novas tecnologias, é a minha vertente pensada para dar aulas de temas como:

– Análise de dados no marketing de influência

– Varejo com foco em expertises de startup

– História Brasileira e storytelling geolocalizado para Publicidade e Propaganda

– Desenvolvimento de Plano de Carreira

– Conceito de persona e formatos de conteúdo

– Novas tecnologias e ecossistema de inovação 

– Inteligência regional Brasileira: cultura, História e tecnologia

Foto: Jones Ferreira

Você tem planejado fazer novas viagens em breve?

Por agora só pra divulgar o trabalho (risos). São muitos anos em diferentes coordenadas geográficas e acredito que para este momento é preciso criar colunas sólidas em regiões estratégicas. Em outras palavras, pretendo me fixar em Campinas e ampliar as metodologias deste trabalho para que seja cada vez mais colaborativo – abrindo o código para contribuição de programadores, sugestões de lugares vindas do público geral e, principalmente, a ampliação de diferentes layers de visualização – evidenciando o uso de dados como um grande trabalho em conjunto mesmo. 

Quero que a temática da história seja relacionada não somente à inovação e tecnologia, mas também ao nosso poder de protagonismo em inteligência regional.

Petrópolis (RJ) Foto: Talita Azevedo

Como tem sido essa nova etapa para 2025, com o objetivo de escrever um livro sobre as suas experiências, dar aulas e dialogar com marcas nacionais?

Desafiadora! E divertida! Me sinto muito abençoada com o privilégio de, a partir deste trabalho, conhecer pessoas a partir de suas histórias e motivações. Para além destes próximos passos que previamente desenhei, estou animada com a oportunidade de aprender e vivenciar outras possibilidades que o uso de dados podem somar à minha construção – e de tantos outros jovens para essa nova fase.

De modo geral acredito que este trabalho pode ser uma oportunidade de reescrever outros significados a palavras que já conhecemos anteriormente e, a partir dessa linguagem, seja no mercado corporativo-acadêmico-intelectual ou em uma cor de esmalte, todos nós sejamos protagonistas e conhecedores da nossa própria História.

Silvio Almeida revela tentativa de apagamento e anuncia nova edição de ‘Racismo Estrutural’

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O ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, denunciou, em um desabafo publicado nas redes sociais no final da tarde deste sábado (15), uma tentativa de “apagamento” de sua trajetória após acusações de assédio sexual feitas no ano passado pela ONG Me Too, que incluem uma acusação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Em meio à defesa de sua reputação, Almeida escreveu: “Tentaram me matar”, e continuou na imagem seguinte: “Nestes últimos meses tentaram me fazer esquecer quem eu realmente sou, quem eu fui e quem eu sempre quis ser. Tentaram apagar trinta anos de trabalho sério, de dedicação e de muita renúncia”. Ele também anunciou o lançamento de uma nova edição ampliada e revisada de seu livro “Racismo Estrutural”.

“Algumas pessoas nem disfarçaram o racismo ao manifestar que já esperavam isso vindo de um homem “como eu”, leia-se, um homem negro, essa figura tão classicamente associada à violência e ao descontrole”, afirmou. No texto, o advogado e professor relatou sentir-se vítima de uma campanha para destruir sua imagem após mais de 30 anos de carreira: “Tentaram me transformar, de repente, em um monstro, um homem que sempre enganou milhares de pessoas, um ‘abusador’ de mulheres”, escreveu. Ele também criticou o que chamou de “gaslighting” por parte de setores da imprensa e instituições, que, segundo ele, buscaram desconstruir sua trajetória pública.

Almeida destacou que nenhuma das pessoas que trabalharam diretamente com ele ao longo de três décadas foi ouvida para compor o que chamou de “perfil monstruoso” criado contra ele. “Para naturalizar a morte de alguém, é preciso que se crie uma figura não-humana, que pode ser linchada sem dor na consciência”, afirmou.

O ex-ministro também mencionou que sua militância no movimento negro foi colocada em dúvida de forma “cínica”, mesmo tendo fundado o Instituto Luiz Gama, defendido comunidades quilombolas e participado de iniciativas como a frente pró-cotas e o comitê contra o genocídio da população negra. Ele ainda acusou adversários políticos e ONGs de pressionarem instituições do Estado para prejudicá-lo, em uma prática que comparou ao “lawfare“.

Além da nova edição de “Racismo Estrutural”, Almeida revelou que está retomando outros projetos interrompidos durante sua passagem pelo governo, como a finalização de um livro sobre “Estado, direito e raça no pensamento social brasileiro”. Ele também anunciou planos para obras como “Defesa da Soberania Nacional e Jurisdição Constitucional” e “Comentário às Leis Antidiscriminatórias do Brasil”.

Ao encerrar o texto, o ex-ministro afirmou que continuará escrevendo, falando e acreditando no Brasil. “Tentaram me matar. Mas não deu certo. Tal como se faz no gurufin, minha família, meus amigos, minhas alunas e alunos, meus parceiros de trabalho tiveram que cantar neste velório que armaram para mim. E se o morto levanta, acabou o velório”, concluiu.

As acusações

As denúncias contra Almeida foram reveladas no dia 5 de setembro pela coluna de Guilherme Amado, do portal Metrópoles, e confirmadas pela ONG Me Too Brasil, organização dedicada ao combate à violência sexual. Segundo o portal, os supostos casos teriam ocorrido no ano passado, e uma das vítimas seria a ministra Anielle Franco, que confirmou as acusações publicamente.

Em nota divulgada no dia seguinte, após a demissão do então ministro, Almeida afirmou que a investigação deve ser conduzida com rigor e transparência. “Será uma oportunidade para que eu prove a minha inocência e me reconstrua”, disse. Ele também defendeu a importância de enfrentar a violência sexual com estratégias que protejam as vítimas e garantam uma apuração criteriosa. “Que os fatos sejam expostos para que eu possa me defender dentro do processo legal”, concluiu.

O caso segue sob investigação.

Carta aberta às mulheres em cargos de liderança – ou que estão a caminho –, especialmente às negras

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Foto: Reprodução/Instagram

Esta é uma carta aberta às mulheres, em especial as negras em cargos de liderança e àquelas que trilham o caminho para chegar lá.

Por muito tempo, fomos levadas a acreditar que, para ocupar espaços de poder, precisávamos nos conformar com o “modelo masculino” , a tal energia deles na liderança. “Sente-se à mesa, fale mais alto, aja como eles.” Essa narrativa, que parecia abrir portas, na verdade nos forçava a um molde não feito para nós. O problema nunca foi onde estávamos sentadas, mas quem desenhou a mesa e para quem ela foi feita.

O modelo de liderança que nos foi apresentado é hierárquico, competitivo e inflexível, dependente da força bruta. Nossa presença nesses espaços, muitas vezes, foi condicionada à reprodução desses padrões. É como se só assim pudéssemos ser aceitas.

Mas a verdade é que não precisamos ser como homens para liderar. Não precisamos falar mais alto para sermos ouvidas, endurecer para sermos respeitadas ou competir para provar nosso valor.

Quais mulheres negras são suas maiores referências de liderança? Será que elas alcançaram suas posições imitando homens? Eu espero que não. Elas inovaram, desafiaram o status quo e se mantiveram fiéis a si mesmas. O problema nunca foi apenas chegar ao topo, mas nos fazer crer que, para isso, precisávamos abrir mão da nossa autenticidade.

Vivemos um momento de transformação. Não basta ocupar o topo; precisamos reconstruí-lo, com nossas próprias mãos e perspectivas. Isso significa recusar moldes antigos que nos limitam e criar novos caminhos, onde colaboração, empatia e propósito sejam reconhecidos como forças.

Ainda há muito a ser feito. No Brasil, mulheres negras ocupam apenas 4,7% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do país. Em 2021, apenas 39,5% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres, e essa disparidade é ainda maior para mulheres negras.  

Apesar dos desafios, mulheres negras têm se destacado em diversas áreas, demonstrando que a liderança feminina e negra é uma força poderosa para a mudança. Elas lideram empresas, ONGs, movimentos sociais e inspiram outras mulheres a romper barreiras.

Que esta carta seja um chamado à ação. Que possamos nos inspirar em mulheres negras que ousaram liderar de forma autêntica e construir um futuro onde a liderança seja diversa, inclusiva e justa.

Referências:

  1. Instituto Ethos. (2023). Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas.
  2. IBGE. (2021). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua.

Projeto atua dentro do sistema prisional para reduzir a reincidência da violência doméstica contra mulheres

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Foto: Divulgação

Texto: Luciano Ramos e Mayrla Silva

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2024), uma mulher é vítima de feminicídio a cada seis horas no país, evidenciando a gravidade do problema. Além disso, mais de 245 mil mulheres registraram medidas protetivas nos últimos 12 meses, o que representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores. As raízes dessa violência estão ligadas a questões estruturais como machismo, desigualdade de gênero e precarização das políticas de proteção as mulheres. Para enfrentar esse cenário, diversas iniciativas têm sido implementadas, incluindo projetos voltados à reeducação de agressores, com o objetivo de romper ciclos de violência e promover mudanças comportamentais duradouras. 

O projeto Grupos Reflexivos com Homens Autores de Violência, conduzido pelo Instituto Mapear em parceria com órgãos estaduais, busca reverter esse cenário, promovendo a rehumanização dos participantes. Por meio de metodologias baseadas na reflexão crítica e no diálogo, o programa visa a reinserção social e a redução da reincidência na violência doméstica, transformando a perspectiva desses homens sobre gênero, masculinidade e convivência social. 

O Instituto Mapear, em parceria com a Secretaria da Mulher e a Secretaria de Administração Penitenciária do estado do Rio de Janeiro, está desenvolvendo um projeto inédito que tem como foco a redução da reincidência da violência doméstica através da criação de grupos reflexivos entre homens que estão cumprindo pena no presídio. O objetivo é atuar diretamente com 750 participantes, utilizando uma metodologia baseada na participação deles em oito sessões grupais. 

O trabalho se organiza por meio de uma metodologia desenvolvida, testada e aprovada, especialmente, por Luciano Ramos, o diretor do Instituto Mapear, e uma equipe de especialistas. Há, também, em curso um processo avaliativo dos resultados da aprendizagem dos homens acerca das sessões metodológicas. As atividades ocorrerão durante todo o primeiro semestre de 2025. 

Os temas trabalhados incluem auto responsabilização, tipos de violência, Lei Maria da Penha, equidade de gênero, saúde física e mental masculina, estratégias para lidar com emoções, paternidade e cuidado, além de ressocialização. Cada sessão tem duração de uma hora e ocorre três vezes por semana. A equipe do Mapear tem atuado, por meio de 03 sessões semanais no Presídio Patrícia Acioli, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. 

Uma característica marcante do projeto é que a adesão ao programa é voluntária, e todos os convidados aceitaram participar. Durante o processo, cerca de 75% dos participantes passarão por entrevistas iniciais e finais para avaliar o aprendizado adquirido nas sessões. A troca de experiências entre os participantes contribui para desnaturalização da violência nas relações, promovendo uma compreensão mais profunda sobre equidade de gênero e respeito. 

Em janeiro, Luciano Ramos (diretor do Mapear), Heloísa Aguiar (Secretária da Mulher do RJ) e Giulia Luz (Superintendente de Enfrentamento à Violência contra a Mulher do RJ) apresentaram o projeto às representantes do Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA, no escritório da ONU em Brasília. Como resultado, o UNFPA aderiu à agenda da iniciativa e começou a articular parcerias para ampliar a visibilidade deste projeto inovador em nível nacional. Uma outra característica impactante desta inciativa em consonância com a realidade brasileira, é o público atendido, uma vez que a iniciativa atende diretamente o sistema carcerário brasileiro, ele trabalha com marcadores raciais além das vítimas.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, realizada pelo DataSenado, 32% das mulheres negras que não possuem renda suficiente para se manter declararam ter sofrido violência doméstica ou familiar, o que equivale a uma em cada três. Além disso, 85% dessas mulheres convivem com o agressor, o que pode dificultar ainda mais a busca por proteção e assistência. 

O sistema carcerário brasileiro é marcado por um alto índice de encarceramento de homens negros, refletindo a desigualdade racial histórica do país. Dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) indicam que mais de 67% da população prisional é composta por pessoas negras, muitas das quais foram socialmente desumanizadas antes mesmo do ingresso no sistema. Dentro das prisões, essas condições se agravam, perpetuando a exclusão e dificultando a ressocialização.

Ao promover espaços de reflexão e diálogo, esses grupos incentivam os participantes a questionar normas de masculinidade tradicionais e a reconsiderar comportamentos violentos contra meninas e mulheres, buscando reduzir, efetivamente, a violência doméstica contra mulheres no estado do Rio de Janeiro. Além do trabalho com os grupos, o Instituto Mapear, em parceria com as Secretarias da Mulher e de Administração Penitenciária, está organizando o Primeiro Seminário Nacional sobre Grupos Reflexivos com Homens Autores de Violência, previsto para o final do segundo semestre de 2025, aguardem!

Artista sul-africana, Zanele Muholi, expõe no IMS Paulista obra que une beleza e luta da comunidade LGBTQIAPN+ negra

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Foto: Beowulf Sheehan/PEN America/Opale/Bridgeman Images

No sábado (22), o IMS Paulista inaugura a exposição gratuita Beleza Valente, primeira mostra individual no Brasil da artista e ativista visual Zanele Muholi. Muholi nasceu em 1972, em Umlazi, na África do Sul, Muholi seu trabalho é conhecido por combinar arte e política, documentando e celebrando a comunidade negra LGBTQIAPN+ em seu país e no mundo. A mostra, com curadoria de Daniele Queiroz, Thyago Nogueira e Ana Paula Vitorio, traz mais de 100 obras, entre fotografias, vídeos, pinturas e esculturas, produzidas desde 2002 até os dias atuais.

Durante a abertura, Zanele Muholi vai se reunir com o público para uma conversa, às 15h, e de uma sessão de autógrafos do catálogo da retrospectiva às 17h. A exposição inclui séries emblemáticas, como Faces e Fases (2006), que reúne retratos de pessoas negras lésbicas, não binárias e transgêneros masculinos, e Somnyama Ngonyama (2012), composta por autorretratos que exploram questões de identidade, ancestralidade e resistência. A série Bravas Belezas (2013) também está presente, com retratos de participantes do concurso Miss Gay RSA, desafiando padrões tradicionais de beleza.

Apinda Mpako e Ayanda Magudulela, Parktown, Joanesburgo, África do Sul, 2007 © Zanele Muholi, cortesia Yancey Richardson, Nova York.

Além das obras consagradas, a mostra traz fotografias inéditas feitas por Muholi durante sua residência artística em São Paulo, em 2024, quando participou do Festival ZUM e conheceu organizações LGBTQIAPN+ locais. Essas imagens estabelecem um diálogo entre a luta por direitos na África do Sul e no Brasil.

A trajetória de Muholi é marcada pela luta contra o racismo, o preconceito e os crimes de ódio que persistem na África do Sul, mesmo após o fim do apartheid e a implementação da Constituição de 1996, que proibiu a discriminação racial, sexual e de gênero. Inicialmente, Muholi focou em fotografias de denúncia, expondo episódios de violência. Com o tempo, passou a retratar e autorretratar, criando um vasto arquivo que confronta e subverte narrativas coloniais.

Miss Lésbica VII, Amsterdã, Países Baixos, 2009 © Zanele Muholi, cortesia Yancey Richardson. Nova York

“Tudo o que eu quero ver é apenas a beleza. E beleza não significa que você tenha que sorrir, mostrar os dentes ou se esforçar mais. Basta existir”, afirma Muholi. A exposição também inclui trabalhos do início da carreira de Muholi, como a série Apenas Meio Quadro (2002-2006), que documenta vítimas de violência de gênero e racial, e Ser (2006), com registros de casais de mulheres lésbicas negras em momentos de intimidade.

A mostra fica em cartaz até 23 de junho, com uma programação paralela que inclui debates, exibições de filmes e atividades educativas. Para Muholi, a arte é uma forma de projetar publicamente a existência orgulhosa e bela de pessoas negras e LGBTQIAPN+, resistindo à violência e ao apagamento histórico.

Serviço
Exposição Beleza Valente – Zanele Muholi
Local: IMS Paulista (Av. Paulista, 2424)
Data: 22 de fevereiro a 23 de junho de 2025
Horário: Terça a domingo, das 10h às 20h (quinta-feira até as 22h)
Entrada gratuita
Mais informações: www.ims.com.br

Mulher que acusou Jay-Z de estupro retira processo e rapper se pronuncia: “Que a verdade prevaleça”

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Foto: AFP via Getty Images

Mulher que entrou com uma ação contra Jay-Z e Sean “Diddy” Combs alegando estupro, retirou a acusação contra o rapper. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (14) pela Rolling Stone. Não foi informado se houve um acordo entre as partes.

Jay-Z negou as acusações na época e, agora, se pronunciou novamente em nota enviada à revista norte-americana. “O trauma que minha esposa, meus filhos, meus entes queridos e eu sofremos nunca poderá ser descartado. Que a verdade prevaleça para todas as vítimas e para aqueles falsamente acusados.”

Jane Doe afirmou, em dezembro de 2024, que foi abusada sexualmente por Jay-Z e P. Diddy em 2000, quando tinha 13 anos. Segundo o processo, o episódio teria ocorrido após uma festa do MTV Video Music Awards (VMA) em Nova York. Ela alegou ter sido levada para o evento por um motorista e, ao chegar, assinou um documento que acreditava ser um acordo de confidencialidade.

A denúncia descrevia um ambiente onde havia uso de maconha e cocaína, além de uma bebida que teria a deixado “tonta, como se precisasse se deitar”, antes de ser violentada por Carter e Combs.

No entanto, após abrir o processo, a vítima disse que cometeu alguns erros no relato. Ela havia dito conversou com os músicos Benji Madden e seu irmão na festa, mas representantes dos Madden confirmaram que eles estavam em turnê no centro-oeste dos EUA na data mencionada. Além disso, o pai da mulher afirmou não se lembrar de uma longa viagem para buscá-la após o suposto incidente. Outra informação publicada pela NBC é de que fotos de Shawn Carter, nome de Jay-Z, tiradas naquela mesma noite não correspondem ao local onde o crime teria ocorrido.

Diddy, que também era alvo do processo, não comentou a desistência de Doe. O magnata da música segue preso desde setembro de 2023, enfrentando diversas acusações, incluindo estupro, abuso sexual, tráfico sexual e associação ilícita. Ele nega todas as acusações.

“Temos competência e preparo, o que faltava era visibilidade e acesso”: inscrições abertas para a 6ª turma do Conselheira 101

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Formatura da T5 em Novembro 2024 - Foto Divulgação

O programa Conselheira 101 (C101) abre inscrições para sua 6ª turma, reafirmando seu compromisso de ampliar a diversidade nos Conselhos de Administração, Consultivos, Fiscais e Comitês de Assessoramento no Brasil. Voltado exclusivamente para mulheres negras (pretas ou pardas) e indígenas, cis e trans, o instituto sem fins lucrativos busca fortalecer a participação feminina nos espaços de decisão corporativa.

Desde sua criação, o Conselheira 101 tem colhido resultados expressivos. “Cinco anos após o início da primeira turma do Programa Conselheira 101, temos um marco a comemorar: 45% das participantes nossas participaram em conselhos de administração, fiscais, consultivos ou comitês. Esse resultado reforça o que sempre falamos, temos competência e preparo, o que faltava era visibilidade e acesso. Esse resultado reforça o que sempre falamos: temos competência e preparo, o que faltava era visibilidade e acesso”, afirma Jandaraci Araújo, da diretoria do instituto.

O programa, sem fins lucrativos, é apoiado por grandes instituições como KPMG, IBGC e Women Corporate Directors (WCD), que compartilham conosco o compromisso de ampliar a diversidade nos espaços de decisão. Nossa formação aborda não apenas o papel de um membro de conselho, suas responsabilidades e desafios, mas também proporciona acesso a um networking avançado, troca de experiências com profissionais renomados e uma preparação estratégica para que possam aplicar esse conhecimento na carreira. Na última edição, o C101 fez história ao levar uma turma exclusivamente composta por mulheres negras e indígenas para uma imersão na UCLA, uma das universidades mais prestigiadas do mundo.

As inscrições para a 6ª turma vão até o dia 13 de março de 2025. Interessadas podem acessar o edital completo aqui e se inscrever por meio deste formulário.

“Mesmo com os movimentos contrários à agenda de diversidade, entendemos que o mercado brasileiro tem muitas oportunidades e sem espaço para retrocesso. Agora, com o lançamento da Turma 6, seguimos com a certeza de que estamos evoluindo o presente e moldando um futuro onde a governança corporativa seja, de fato, diversa e inclusiva. Estamos moldando um futuro onde a governança corporativa seja, de fato, diversa e inclusiva”, conclui Jandaraci.

Descubra os mitos e verdades que já te contaram sobre a beleza negra

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Muitos mitos sobre cuidados com a pele negra ainda fazem parte do imaginário da população, entre eles o de que “pessoas negras não precisam de protetor solar” e o de que “não há riscos de câncer de pele”. Esses equívocos ainda são perpetuados porque informações corretas sobre os cuidados com a pele e cabelo desse público ainda são pouco divulgadas.

Somado a isso, a crescente disseminação de conteúdos nas redes sociais traz à tona a discussão: até que ponto confiar nas “dicas valiosas” encontradas na internet? Enquanto algumas informações podem, de fato, contribuir para uma rotina de cuidados eficaz, muitas outras carecem de embasamento científico e podem trazer riscos à saúde da pele negra. Entre os exemplos mais preocupantes estão receitas perigosas para clareamento, soluções agressivas para acne e até a falsa ideia de que pessoas negras não precisam de proteção solar.

Para que a saúde da pele negra seja tratada com seriedade e responsabilidade, é fundamental validar informações em fontes oficiais e evitar a propagação de conteúdos duvidosos. Pensando nisso, com o objetivo de tornar democrático o acesso à informações sobre a saúde de todos os tipos de pele, a divisão de Beleza Dermatológica do Grupo L’Oréal no Brasil, em parceria com a Dra. Julia Rocha , referência na área, elaboraram um especial com mitos e verdades do skincare.

Confira todas as dicas:

Fake: Quem tem pele negra não tem risco de câncer de pele e não precisa usar protetor solar.

Fato: A melanina oferece uma proteção natural, mas não é suficiente para evitar os danos causados pelo sol, como o envelhecimento precoce e o câncer de pele. A doença pode atingir qualquer tom de pele. Em pessoas negras, pode surgir em áreas menos expostas ao sol como as palmas das mãos e as solas dos pés. Inclusive, de acordo com a Skin Cancer Foundation, pacientes negros têm mais de três vezes mais chances de serem diagnosticados com melanoma em um estágio tardio do que pacientes brancos não hispânicos.

Fake: Cabelos crespos e cacheados são naturalmente mais fortes e não precisam de hidratação.

Fato: O formato espiralado dos fios crespos dificulta a distribuição da oleosidade natural do couro cabeludo até as pontas, tornando-os mais propensos ao ressecamento. A hidratação regular é essencial para manter a saúde e a resistência dos fios.

Fake: Pessoas negras não podem usar ácidos para tratar manchas na pele.

Fato: Os ácidos podem ser usados para tratar hiperpigmentação, mas precisam ser aplicados com cuidado e sob orientação dermatológica. O uso inadequado pode causar manchas ainda mais escuras

Fake: Relaxamento e alisamento, como a famosa ‘soltura dos cachos’, não prejudicam o couro cabeludo.

Fato: O uso frequente de produtos químicos agressivos pode enfraquecer os fios e causar problemas como dermatite, queda capilar e até alopecia. É fundamental ter acompanhamento profissional e manter um cronograma capilar para minimizar os danos.

Fake: Pele negra não precisa de hidratação porque já tem mais oleosidade. 

Fato: O excesso de oleosidade não significa que a pele está hidratada. O uso de hidratantes  específicos para peles oleosas ajuda, inclusive, a equilibrar a própria produção de óleo. O uso de  hidratantes adequados evita ressecamento e descamação, mantendo o equilíbrio da barreira da  pele. 

 Fake: Produtos para pele negra não fazem diferença, pessoas negras podem usar qualquer  tipo de produto. 

Fato: A pele negra tem características únicas, como maior tendência a hiperpigmentação e  resistência ao envelhecimento. Produtos formulados especificamente para esse tipo de pele  levam em conta essas particularidades e garantem melhores resultados. 

Fake: Acne em pele negra não deixa nenhum tipo de cicatriz ou mancha na pele. Fato: A pele negra tem maior tendência a hiperpigmentação pós-inflamatória, ou seja, qualquer  inflamação, como acne, pode resultar em manchas de tonalidade mais escura. 

 Fake: Esfoliação excessiva ajuda a reconstrução da barreira de proteção da pele. Fato: Esfoliar em excesso pode remover a barreira natural da pele, causando sensibilidade,  irritação e até efeito rebote (a pele produz mais oleosidade para se proteger).

Fake: Pessoas negras não precisam cuidar da pele porque a pele negra não envelhece.

Fato: A pele negra tem mais melanina e fibras de colágeno mais densas, o que pode retardar o aparecimento de rugas e marcas de expressão. No entanto, o amadurecimento acontece com todos os tipos de pele, a falta de hidratação e proteção solar podem levar à perda de viço e ao surgimento de manchas. O cuidado com a pele é necessário em todos os cenários, para além do envelhecimento.

Péricles lança nova versão de ‘Boca Louca’ com Seu Jorge, o primeiro registro do ‘Pagode do Pericão’

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Foto: Caio Duran

Péricles fez história no dia 25 de janeiro, levando o Pagode do Pericão ao Pavilhão do Anhembi, em São Paulo, onde mais de 20 mil pessoas se entregaram a cada nota, acompanhando e celebrando as participações de peso de Seu Jorge, Maria Rita e Thiaguinho.

Agora, nesta sexta-feira (14), o primeiro registro dessa noite inesquecível já está disponível nas plataformas de streaming e no Canal do Pericão no YouTube. O single de abertura do Pagode do Pericão – Ao Vivo em São Paulo é a icônica ‘Boca Louca’, sucesso de Branca Di Neve nos anos 80, que ganha uma nova versão com a colaboração de Seu Jorge.

“O Pagode do Pericão é um projeto que tenho muito orgulho e que homenageia compositores e cantores que chegaram antes da gente e abriram as portas para que pudéssemos entrar. Muita gente não sabe, ou não lembra, mas o Branca Di Neve fez parte do grupo Originais do Samba, em uma das formações mais perfeitas que já existiu. Depois, em carreira solo, lançou dois grandes discos. Me lembro de, algumas vezes, assistir seus shows e ficar encantado com sua maestria. Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente e sua contribuição para o samba foi grandiosa”, revela Péricles.

O cantor também destaca a escolha de Seu Jorge para o feat: “A voz do Seu Jorge é única, assim como seu talento. Ele é um dos mais preciosos artistas do nosso país e nos deu a honra e a alegria de participar da nossa roda de samba”.

O álbum Pagode do Pericão – Ao Vivo em São Paulo promete ser uma verdadeira celebração do samba, com sucessos de Zeca Pagodinho, Grupo Raça, Almir Guineto, Leci Brandão, Fundo de Quintal, Jorge Aragão, Exaltasamba, Beth Carvalho e muito mais. O lançamento será feito em duas partes, com a primeira prevista para o primeiro semestre de 2025.

Após o sucesso das edições de 2019 e 2022, Péricles voltou com o Pagode do Pericão, levando a turnê nacional por várias cidades, como Brasília, Salvador, Vitória, São Paulo, Recife, e agora segue para Belo Horizonte, Santos, Ribeirão Preto, Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro. A estreia em Brasília também deu origem ao primeiro audiovisual da label.

Erika Januza estreia programa no GNT ‘Rainhas Além da Avenida’ e reflete: “O Carnaval é feito pelo povo preto”

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Foto: Ramon Rodrigues

“É muito importante a gente não esquecer que o Carnaval é feito pelo povo preto”! Erika Januza estreia “Rainhas Além da Avenida”, o novo programa do GNT, nesta sexta-feira, 14 de fevereiro, às 21h. A apresentadora acompanhou durante meses a rotina das rainhas do grupo especial do Carnaval do Rio, revelando a vivência, desafios e emoções destas mulheres.

Mesmo que o programa seja focado na vida das rainhas de bateria, enquanto mulher negra, Erika Januza, criadora do programa junto com Vitor Carpe, teve como propósito apresentar como a cultura negra está inserida nos bastidores do Carnaval. 

“O carnaval é união, é acolhimento, é alegria, é aquele momento que todo mundo se junta para ver um grande espetáculo acontecer. Mas quando olhamos para os bastidores, percebemos que a maioria das pessoas que fazem tudo acontecer são negras. A história do Carnaval vem desse povo e é essencial que isso não seja apagado na hora dos holofotes também serem acesos”, disse a rainha de bateria da Unidos do Viradouro em entrevista ao Mundo Negro, durante a coletiva de imprensa recentemente. 

Foto: Ique Esteves

Dividido em quatro episódios, o reality show acompanha de perto as histórias das rainhas Lorena Raíssa, Mayara Lima, Fabíola de Andrade, Lexa, Viviane Araújo, Andressa Marinho, Paolla Oliveira, Evelyn Bastos, Bianca Monteiro, Maria Mariá e Sabrina Sato, e pretende levar ao público um olhar mais profundo sobre a conexão delas com a comunidade, sonhos e desafios.

Por haver um pequeno recorte de rainhas de bateria que são negras, Erika fala sobre os debates relacionados à cor e à comunidade que são importantes. “Eu tinha que falar onde era pertinente para cada mulher, cada espaço, e até perguntar para aquela que não faz parte desse recorte, o que representa para ela, como ela respeita a comunidade, como ela respeita o povo que faz isso acontecer”, destaca. “Tinha uma rainha, por exemplo, que estava fazendo aula de samba com uma moça da comunidade, e a gente registrou esse momento”.

“O tempo todo a gente mostra como a cultura negra está inserida nesse lugar. E partindo de mim, vai estar sempre! Seja no meu jeito de vestir, de me comportar de falar, do que eu vou defender. Por mais que tenhamos rainhas diversas, o respeito pelo Carnaval para mim é o respeito pelo povo preto. Qualquer coisa que eu fizer, vai passar por mim nesse lugar da pele que eu tenho e as diferenças de rainha negra com rainhas não negras. Então acho que no programa vai dar para ver um pouco de tudo isso”, completa. 

Foto: Julia Santos/GNT

O cotidiano das rainhas do Carnaval 

Foi através de suas experiências pessoais, que Erika Januza teve a ideia de criar o programa. “Dentro da minha experiência como rainha de bateria nesses anos com a Viradouro, eu fui aprendendo e vivendo tantas coisas, e a gente tinha curiosidade de entender, [por exemplo] ‘será que elas também passam por isso?’; ‘será que esses comentários que me magoam também magoam elas de alguma forma?’”, revelou na coletiva. 

Vitor Carpe destaca que “Rainhas Além da Avenida” não tem pretensão de ser um documentário que conta a história do surgimento do cargo. “A gente está aqui para contar que por trás dessa coroa, essa coroa pesa muito mais do que as pessoas imaginam. À medida que o brilho vem durante o desfile, quando essa luz apaga, as pedradas também são muitas, e essas meninas sofrem muito para dar conta de estar ali”. 

Para o diretor Jorge Espírito Santo, foi desafiador traduzir em um programa para o público todo o desejo de Erika e Vitor. “‘Quando os holofotes se apagam’, é uma pergunta que a Erika sempre levantava com as rainhas, é isso que eu acho que todo mundo vai ver”, disse. 

Foto: Ique Esteves

“O fato de ser a rainha de bateria e conhecer tanto esse universo, Erika literalmente conversava com essas pessoas, trocava com os personagens. Não é uma posição de uma apresentadora mais tradicional, que faz uma entrevista”, explica. 

José Júnior, produtor do programa e fundador da AfroReggae Audiovisual, agradeceu pela oportunidade de trabalhar neste projeto com protagonismo negro. “Tem tudo para, não só trazer realidades que nós não conhecemos, mas também vai trazer um público pro GNT que vai ter muito interesse de conhecer esses bastidores”, contou. 

“Rainhas Além da Avenida” estreia nesta sexta-feira (14), com exibição todas as sextas, às 21h, no GNT e no dia seguinte no Globoplay Premium. Realizada pela AfroReggae Audiovisual, a série criada por Erika Januza e Vitor Carpe, tem direção de Jorge Espírito Santo e produção de José Junior.

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