A comediante, jornalista e agora, atriz, está no elenco de nova série da Netflix e anuncia a publicação de um novo livro em breve
Maíra Azevedo, a Tia Má, está no elenco anunciado esta semana para a nova série de comédia da Netflix, ainda sem nome divulgado. Investindo na carreira de atriz, ela conta, sem detalhes, o que podemos esperar da personagem interpretada por ela na série. “O que posso dizer é que vocês vão rir e também vão se emocionar com ela. Ela é cheia de mistérios, como a série toda”, adianta.
A série vai contar a história de um excêntrico milionário que convida várias pessoas para um fim de semana em sua mansão e todos os convidados se tornam suspeitos de matá-lo. “Pra mim é um desafio muito grande levar a comédia para outro nível. Eu sou jornalista de formação, de repente eu subo num palco com um stand-up e agora eu venho para uma série que é filmada como cinema, a mesma qualidade do cinema. Ainda que eu saiba que é uma personagem, é a minha cara ali, imortalizada”, disse Tia Má.
Forjada na militância do movimento negro, para Maíra o novo papel traz consigo uma responsabilidade muito maior do que apenas com a sua própria carreira. “Tenho consciência de que é muita responsabilidade porque é mais uma mulher preta ocupando esse espaço e a gente sabe que a gente está ali naquela tensão e apreensão para representar os nossos e as nossas, e também toda nossa ancestralidade”.
Com uma multiplicidade de talentos e frentes de atuação, Maíra descreve esse fazer múltiplo como uma das condições impostas às mulheres negras por conta das diversas opressões da sociedade. “Eu abracei o teatro, a televisão, o cinema e os livros – já estou escrevendo meu segundo livro. E percebo que, ainda que em uma condição diferenciada, eu sou mais uma mulher preta que precisa colocar em prática as suas diversas habilidades para sobreviver”, avalia.
“Nós fomos criados por mulheres pretas que eram empregadas domésticas, costureiras, administradoras, terapeutas, professoras, exatamente porque a gente precisava, por conta de um espaço de opressão, ter vários talentos. E a gente segue dessa forma, com várias habilidades, mas cada vez mais ocupando espaços e abrindo portas para que outras com a cara e o corpo igual ao nosso possam ocupar também”, conclui.
Por Rodolfo Gomes, com a colaboração de Victória Gianlorenço
Mineiro, nascido em 7 Lagoas, Adnan foi criado pela Dona Maria das Claras e Seu Jorge com muito respeito e humildade. Estudou a vida toda em escola púbica, e lembra como se fosse hoje do primeiro curso de informática que ganhou uma bolsa. Durante sua adolescência se apaixonou pelo Karatê, e precisou aprender a administrar seu tempo entre o esporte, estudos e trabalho.
Ao escolher cursar Economia, teve que encontrar um trabalho que permitisse conciliar os treinos com a faculdade. Foi então, que começou a trabalhar como porteiro na Fábrica da PepsiCo, ainda como terceirizado. “Como porteiro eu aprendi coisas que eram de funções maiores, mas o meu interesse sempre foi muito maior do que qualquer cargo”, disse ele.
Começou a ajudar alguns grupos a tratar pontos no sistema, até que em 2013 recebeu o convite de um gerente de para ser estagiário. Adnan sempre foi o estagiário que fazia mais coisas do que o escopo de trabalho, não demorou e recebeu o convite de seus gestores, para se tornar analista.
“Eu fui um dos primeiros analistas não graduados a assumir o cargo, e isso só aconteceu porque como estagiário os meus superiores já acreditam muito em mim”, comentou ele. Com este novo desafio, ele teve que se dedicar muito para aprender coisas que nem imaginava, optando por noites sem dormir e uma adaptação total da sua rotina. Mas tudo sempre com um propósito: vencer os desafios diários com muita confiança.
“Eu nunca deixei de ser uma pessoa humilde, preto e pobre, e sempre optei por fazer de cada obstáculo uma oportunidade para vencer”, contou. Aos poucos ele foi conquistando respeito na PepsiCo, e passou por diversos cargos na empresa, entre eles Analista Pleno, Coordenador de Recursos Humanos de Sorocaba, Gerente de RH de Goiana, entre outro
Seu pai, por ter vivido outras experiências, achava que o melhor caminho a trilhar seria prestando concurso público, mas ele nunca acreditou. Por isso, trabalhava o dia todo e, mesmo exausto, ia para faculdade de noite. “Tinha dias que eu não tinha o dinheiro para o lanche mas eu continuava ali porque acreditava que meu caminho era aquele”, comentou.
A sua rotina no trabalho o fez mudar o seu curso da faculdade passando de Economia para Administração, curso no qual se formou. Adnan também tem fez MBA em consultoria interna e desenvolvimento organizacional, pelo BI International e pela UC Berkley, na California e atualmente estuda Gestão de Negócios e Marketing na USP.
Para ele, toda essa trajetória foi pautada em muita renúncia, mesmo diante de muitos problemas familiares que apareceram no meio do caminho. Apaixonado por cuidar de gente, atualmente lidera o time de Facilities & Workplace da PepsiCo, desafio que assumiu em 2020 diante de todo esse cenário que pedia por empatia e cuidado com os outros.
“Meu amor pelas pessoas vem da minha mãe, que desde que eu era pequeno colocava a gente para prestar serviços sociais, e nos ensinou a dividir a comida entre nós e depois com quem precisava”, comentou. Dona Maria e o Karatê foram a sua maior fonte de inspiração, com eles aprendeu ser forte e ocupar o seu espaço nos movimentos sociais, na escola, no trabalho.
“Se cheguei aonde cheguei é porque estive em pé sobre os ombros de gigantes”, lembrou. Para ele, o fato de estar hoje em uma posição tão importante dentro de uma empresa se dá por ter clareza sobre os seus objetivos, e principalmente vontade de fazer acontecer.
“Eu sempre tinha confiança do meu projeto, e foquei em quem acreditava em mim, fui atrás do que eu podia controlar e não do que eu não podia controlar, por isso, não deixem que coloquem limitação no seu sonho, você tem o controle dele”, finalizou.
Sabiá (Jonathan Azevedo) da "Força do Querer" um dos vários negros traficantes das novelas da Globo - Foto: Divulgação
Mesmo após as diversas reflexões depois da morte de George Floyd, que perpassaram a inclusão de pessoas negras em projetos audiovisuais, nós ainda nos deparamos com produtos nacionais na TV que reforçam nossa imagem de forma estereotipada.
Um exemplo recente, foi o desperdício de talento Douglas Silva como o traficante Marconi em Amor de mãe. O núcleo dele, com exceção do amigo branco Sandro que virou moço bom e rico, era negro e criminoso.
Lembrando o caso que aconteceu com Matheus Ribeiro, no RJ, onde o casal branco o acusou falsamente de roubar uma bicicleta, as novelas de Manuel Carlos e tantas outras novelas e séries que tem como paisagem o Leblon, não têm personagens negros que não estejam ligados à pobreza ou criminalidade. Nós não somos mostrados como consumidores potentes, pessoas com poder aquisitivo e muito menos vítimas de pessoas brancas.
Quando na dramaturgia e nos noticiários os rostos negros só aparecem nesse recorte, se cria um viés inconsciente que automaticamente associa na vida real o que se vê massivamente na TV. Obviamente o racismo também explica isso, e é o ponto de partida de qualquer reflexão nesse sentido
Cidade de Deus e derivados, Irmandade ( Netflix), Impuros (Fox) são outros exemplos de filmes e séries onde negros aparecem no cenário do crime.
Cidade de Deus
Irmandade
Impuros
A Wolo.Tv por exemplo, é uma das plataformas seguras de ver conteúdo negro nacional representativo de forma positiva e a Casa da Vó é uma das séries que mais representa o que é ser negro no Brasil hoje. Nossas lutas aparecem, mas também nossas vitórias e conquistas, por meio de discussões sobre Black Money e Mercado de trabalho.
Temos médicos, cientistas, advogados, empresários negros e negras em número crescente no Brasil. Se quem tem essa formação não é lido como tal profissional, é porque não somos vistos na mídia dessa forma.
Negros são os mais detidos e presos, mas não necessariamente os que comentem mais crimes. Há estudos que apontam inclusive, que brancos carregam mais quantidade de drogas quando presos, do que pessoas pretas. A Ponte Jornalismocopilou alguns dados que falam sobre criminalidade raça.
Eu sugiro boicotar programas e séries que nos representam de forma estereotipada e consumir produções pretas nacionais que nos mostram como realmente somos. Ah, e séries sobre negros também deveriam ser consumidas por pessoas brancas.
Diva da música brasileira falou com exclusividade ao Mundo Negro sobre seus aprendizados durante a pandemia, vida e carreira.
Dona de uma das vozes mais marcantes do Brasil, Paula Lima é referência quando se fala de música negra. Grande nome do soul, funk e samba rock, a cantora, que está há mais de vinte anos no mercado da música, conta que ainda tem sonhos a realizar, em entrevista exclusiva ao Mundo Negro.
Realizar uma turnê mundial e o fim das desigualdades sociais estão entre os sonhos da cantora. A pandemia de covid-19, que Paula classifica como trágica, trouxe também alguns aprendizados. “Me sinto melhor e mais evoluída. Aprendi a valorizar o que realmente importa”, analisa.
Foto: Divulgação
Confira a íntegra da entrevista:
Você está na carreira de cantora há bastante tempo, só na jornada solo, são 20 anos. O que você ainda tem como desafio hoje?
São inúmeros desafios. Novas canções, novos produtores, um novo público que some ao já incrível e fiel que tenho, novos caminhos sonoros, novas parcerias, novo show. Como divulgar um novo conteúdo nos canais de comunicação e plataformas. Todo som se torna novo, inédito. A vibração permanece a mesma do início. Tem muita água pra rolar, muita história pra contar e eu me sinto mais forte do que nunca para trazer algo diferente e bacana para o cenário.
Um – ou mais – sonhos da artista Paula Lima que ainda vai realizar?
Uma tour mundial! Europa, Ásia, América, grande, extensa, apaixonante. O outro sonho que sejamos todos tratados e vistos com igualdade! Que as oportunidades sejam iguais. Que não haja fome. E que eu veja o fim do racismo e da homofobia. Você canta, escreve, é ativista, dirigente de uma associação de classe, é presente nas redes sociais e conduz o programa de rádio Chocolate Quente. Conta pra gente os segredos e desafios de organizar o tempo para atuar em frentes variadas? O tempo tem que ser um grande amigo e aliado. Busco ferramentas para me organizar e dar o meu melhor em cada desafio aceito. Exponho aquilo que acredito, ciente da responsabilidade que tenho como artista, como mulher negra, como cidadã. Tento ser objetiva com foco no coletivo. Tenho as minhas referências, minha fé na vida e nos propósitos inseridos nela.
Que artistas você ouve sempre? Separa um tempo para ouvir quem está chegando na cena ou acontece naturalmente por indicações, navegando nas redes sociais?
Eu amo música. Adoro os clássicos e o que há de mais novo no cenário que é tão pulsante e interessante. Sempre pesquiso, eu gosto. Tenho paixão pela vitalidade e inteligência musical e que vai além dela de vários artistas. Adoro sons e vozes. Posso citar alguns: Marvin Gaye, Anderson Paak, Ari Lennox, Ella Fitzgerald, Jay Z e Beyoncé, Emicida, Liniker, Rael, Lucky Daye.
Foto: Divulgação
A pesquisa da UBC revela que a maioria das mulheres no meio se declaram solteiras (53%) e sem filhos (68%). Como você orienta quem está na carreira para não entrar na dicotomia entre profissão e família? É possível ter o melhor dos dois mundos e ter o combo? Fale um pouco desse cenário, e se quiser, de sua experiência pessoal.
Acredito que tudo na vida é possível. Algumas vezes com mais ou menos dificuldade. Claro que a realidade das mulheres e principalmente das mulheres negras não ameniza o caminho. Mas acredito que temos missões e temos que sempre tentar ser donas das nossas próprias vidas. Temos escolhas ou forçar e buscar meios para que tenhamos essa liberdade. O importante é não desistir de nenhum sonho. Não há nada pior do que olhar para trás e se arrepender. Eu não tenho filhos, foi uma escolha. Fui casada por 16 anos e convivi ao todo por 21 anos. Conheci, escolhi e fui escolhida pela pessoa mais incrível e importante da minha vida, o Ronaldo. E não me arrependo de nada. O meu negócio sempre foi ser feliz e me realizar pessoal e profissionalmente. Seguindo sem medo, com força e com coragem. Tendo como negócio uma grande paixão: a música.
O que a pandemia mudou em sua vida pessoal e de artista? Tem alguma mudança positiva que você destacaria?
A pandemia foi trágica de uma maneira geral. Não esperávamos. Ela foi e está sendo dolorosa. Senti falta de gente, falta dos shows, da proximidade, das viagens, mas de positivo, posso dizer que passei a olhar e buscar o que realmente importa na vida. E isso tem sido valioso. Me sinto uma pessoa melhor e mais evoluída. Aprendi a valorizar o que realmente importa.
Você é uma grande artista e uma das mulheres mais lindas desse meio. Quer nos presentear com alguma dica de cuidado pessoal que funciona para você?
Obrigada pela parte que aumenta a vibração positiva. Eu procuro dormir bem, bebo muita água, tento estar com pessoas que me fazem bem e procuro fazer as coisas que gosto. Tento levar muito a sério apenas o essencial. Voltei para o pilates, tento me manter em paz, com leveza, apesar de tantos pesares. Agradeço os presentes que recebi, as inúmeras fundamentais lições e procuro ter um olhar esperançoso sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre o futuro.
A plataforma de streaming tem trazido para seu catálogo preciosidades da produção audiovisual negra. Seja tratando da invisibilidade do homem negro e sua esposa desesperançada até uma critica ácida sobre a incapacidade de um homem em parar de se sabotar, os filmes disponibilizados valem cada minuto e não são muitos, uma vez que são curta-metragens.
Sujeito Objeto
Um casal formado por Pedro (Tom Conceição) e Renata (Juliana Monique) precisam sobreviver num mundo que lhes oferece poucas oportunidades de conseguir dignidade. Pedro trabalha como estátua humana e já não consegue dissociar pessoa e personagem. Juliana se sente deprimida e com raiva pelas impossibilidades de ter uma vida melhor. Os dois só tem o amor do outro para seguir em frente. O curta-metragem de Djalma Calmon é uma polaroid de muitas pessoas que passam por nós diariamente, ignorados como objetos.
Sujeito Objeto (Imagem: Reprodução)
Aquém das Nuvens
Mestre André e Cleide Queiroz vivem o casal Nenê e Geralda, apaixonados e com 30 anos de casamento. Pressentindo algo ruim, Nenê sai de seu tradicional samba de domingo e se depara com sua amada enferma. Assim como nos passos de um samba, Nenê dribla as barreiras para poder ficar perto de Geralda no momento mais difícil. Momento precioso proporcionado pela diretora Renata Martins.
A Mulher no Fim do Mundo
“A Mulher no Fim do Mundo” é inspirado no álbum de mesmo nome da diva Elza Soares. O curta foi indicado em 23 prêmios nacionais e internacionais e não à toa. Coleção de imagens poéticas, a obra empresta atenção a Benedita (Tainah Paes) e a garota Lua (Maria Luiza Apolônio), últimas sobreviventes no fim do velho mundo. Lua usa um pequeno rádio para tentar se comunicar, enquanto Benedita se apoia na força do mar para atravessar tempos tão cheios de desalento. Sérgio Loureiro e Ana do Carmo dirigem essa obra cheia de imagens pitorescas em que a natureza é personagem principal tanto quanto as atrizes em cena.
A Mulher no Fim do Mundo (Imagem: Reprodução)
5 Fitas
Baianidade, fé, uma trilha sonora gostosa e dois protagonistas fofíssimos.Essa é a fórmula de “5 Fitas”. No dia da Lavagem do Bonfim, Pedro e Gabriel, decidem fugir de casa e se aventurar entre a multidão, para tentar pedir por uma bola de futebol, deixando toda família desesperada. O filme de Heraldo de Deus e Vilma Martins nos convida a conhecer um pouco sobre a história da Lavagem do Bonfim e a força bonita e poderosa que mora em quem tem ligação ancestral com os orixás. Junto com dois protagonistas carismáticos somos recompensados ao final com um belo abraço.
Todos os filmes estão disponíveis gratuitamente na Wolo TV
A Coalizão Negra por Direitos convoca as mais de 200 organizações do movimento negro que compõem essa articulação para aderir aos atos que serão realizados neste sábado (19) contra o governo do Presidente Jair Messias Bolsonaro. A Coalizão reforça que esse apoio aos movimentos perdura enquanto também houver contraparte de outras organizações em apoio a luta contra o racismo no Brasil, “afinal, enquanto houver racismo, não haverá democracia”, diz nota divulgada pela Coalizão.
Protesto contra a operação no Jacarezinho (Imagem: Coalizão Negra por Direitos)
Ao contrário das manifestações compostas por apoiadores do atual presidente, a articulação reforça a necessidade do devido atendimento aos protocolos sanitários, como o uso de máscaras N95 ou PFF2 e o distanciamento social, o quanto possível. A Coalizão Negra por Direitos reforça ainda que “a reconstrução dos caminhos da esquerda só será possível por meio de uma aliança nacional do campo protagonizado por mulheres negras, LGBTQIA+ e indígenas. Esse caminho já está em curso e a luta para que a vida do povo não seja mais interrompida nem por bala, nem por fome, nem por Covid-19, muito menos por atropelos assustados em reuniões coloniais”.
Em 2020, a Coalizão lançou o manifesto “Enquanto houver racismo, não haverá democracia” para reforçar para as tradicionais lideranças brancas de esquerda que precisam se colocar dispostas a reconhecer a importância e legitimidade, tanto das lideranças negras que participam da construção dos atos, quanto das motivações que fizeram com que centenas de pessoas negras estivessem nas ruas, nos becos, vielas e favelas durante todo o período de pandemia fazendo política.
A situação de pandemia sem o apoio do Governo Federal para ajudar populações pobres colocou 29,8% dos domicílios chefiados por pessoas negras em condição de insegurança alimentar, juntando-se a isso as seguidas operações policiais ilegais que fizeram sucumbir jovens vidas negras compelem os movimentos negros a essa mobilização, apesar da grave crise sanitária.
A Coalizão tem sido destaque na defesa da população preta e periférica, tendo sido ativa em mobilizações durante a pandemia, considerando que o atual governo demonstra ser mais letal que o vírus.
Igor Martins Pinheiro tem 28 anotações criminais, sendo 14 por furto de bicicleta
A juíza Simone de Araújo Rolim alegou que o crime foi praticado sem violência e que o reconhecimento foi feito por policial civil que investiga crimes da mesma natureza praticados no bairro. Igor Martins Pinheiro, de 22 anos, tem 28 anotações criminais, sendo 14 por furto de bicicleta.
O crime aconteceu no último sábado, no Leblon, na Zona Sul do Rio, quando os donos do equipamento, Mariana Spinelli e Tomás Oliveira acusaram o instrutor de surfe Matheus de pegar a bicicleta. O rapaz registrou uma ocorrência contra o casal por racismo, contudo, o caso é tratado está sendo tratado como calúnia pela 14ªDP /Leblon.
Em seu despacho, a magistrada diz que não é possível fazer uma identificação precisa de que se trata de Igor nas imagens e que o reconhecimento feito pelo policial civil poderia ser enganoso.
Câmeras de segurança flagram Igor roubando bicicleta
“No caso em apreciação, não se vislumbra a presença dos requisitos autorizadores da medida cautelar postulada, pois como se verifica o delito imputado não foi praticado mediante violência ou grave ameaça, o reconhecimento em questão foi feito por policial civil que investiga crimes da mesma natureza praticados no bairro, através de imagens captadas pelas câmeras de segurança de prédios vizinhos ao local em que a bicicleta se encontrava estacionada, ocorre que as imagens possuem baixa qualidade técnica e o suposto autor do fato aparece utilizando-se de máscara e óculos escuros, o que dificulta a fidelidade de sua identificação e vem de encontro ao requisito ‘indícios suficientes de autoria’ para a decretação de prisão preventiva.” Disse ela.
“Assim, sendo indefiro o pedido de prisão preventiva do acusado sendo certo que esta decisão será reapreciada se surgir algum fato novo no curso da instrução”, concluiu a magistrada.
O advogado Flavio Campos falou com o Mundo Negro sobre o motivo da soltura de Igor “Alguns juízes entendem até como furto qualificado, bastava uma única anotação na ficha de um jovem negro que ele ficaria preso preventivamente, essas são nossas experiências inclusive nas audiências de custódia. Nós estamos diante de um caso de flagrante tratamento diferenciado na nossa justiça. Muitas vezes os julgamentos não são imparciais contra sua origem social e a sua origem de classe, basta caminhar em dos fóruns criminais nos PCB, são pessoas brancas de classe média e classe média alta que julgam pessoas negras com baixa escolaridade ou pobre. A maioria das pessoas com o sistema prisional sequer foram julgados é.”
O Mundo Negro falou com a cantora, que contou um pouco de sua rotina de cuidado capilar
A cantora Agnes Nunes acaba de lançar o clipe de Cabelo Bangunçado, seu novo single. O videoclipe que ilustra a música remete aos momentos de autocuidado dela com seus cabelos, em momentos no banho e em um salão de beleza sendo trançada por várias mulheres negras e fazendo o famoso baby hair. O Mundo Negro conversou com Agnes com exclusividade para saber um pouco mais de sua rotina de cuidados com o cabelo.
Você sempre se deu bem com o seu cabelo? Nem sempre tive uma boa relação com meu cabelo. Passei um bom tempo quando era criança tentando convencer minha mãe de deixar eu alisar meu cabelo, porque eu via as meninas da minha escola todas de cabelo liso, eu acho que no meu pensamento de criança, se eu tivesse o cabelo igual ao das outras meninas, eu iria me encaixar e seria mais “igual” a elas. Mas com o passar do tempo, fui vendo que meu cabelo cacheado é lindo, e que posso brincar com ele, existem muitas possibilidades, e em cada uma delas, eu sou uma força diferente.
Você tem uma rotina de hidratação e cuidados capilares? Tenho! Cuidar de mim é uma das coisas que mais faço. Preciso estar bem comigo mesma, pra eu conseguir fazer tudo que tenho que fazer. Eu sempre mantenho meu cabelo hidratado. Uso produtos hidratantes porque meu cabelo é um pouco seco. Lavo 3 vezes na semana, e hidrato duas vezes na semana. Uma boa finalização pra mim é tudo, quando tenho tempo faço dedoliss, cacho por cacho.
Você já fez ou pretende fazer alguma transformação radical com o cabelo? Acho que não! Gosto muito de usar laces, colocar tranças e tal.. mas pra mim, nada se compara com meu cabelo natural.
Embaixadora
Gravado em Lisboa, Portugal, antes da pandemia, o vídeo mostra Agnes andando pela cidade e tem muitas referências a cabelos, perucas, e adereços para cabelo, nesse clipe que é também um trabalho da cantora enquanto embaixadora da L’Oréal Paris.
O jornalista Laurentino Gomes, autor de “1822” e “1822” lança o segundo volume da trilogia dedicada à história da escravidão no Brasil. ‘Escravidão – Da corrida do ouro em Minas Gerais até a chegada da corte de Dom João ao Brasil’ concentra-se no século XVIII, auge do tráfico negreiro no Atlântico, motivado pela descoberta das minas de ouro e diamantes em território brasileiro e pela disseminação, em outras regiões da América, do cultivo de cana-de-açúcar, arroz, tabaco, algodão e outras lavouras e atividades de uso intensivo de mão-de-obra africana escravizada.
É também um período marcado por importantes rupturas e transformações ocorridas no universo dos brancos, como a independência dos Estados Unidos, a Conjuração Mineira, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e o nascimento do abolicionismo na Inglaterra.
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“O livro anterior teve seu foco principal na África, pelo simples motivo de que, para estudar a escravidão, é preciso sempre começar pela África. Este volume tem como cenário o Brasil, que se tornaria no século XVIII o maior território escravista do hemisfério ocidental. No espaço de apenas cem anos, mais de dois milhões de homens e mulheres escravizados chegaram aos portos brasileiros. Todas as atividades do Brasil colonial dependiam do sangue e do sofrimento de negros cativos. Entre outros aspectos, procuro descrever a violência e as formas de trabalho no cativeiro, a família escrava, as irmandades e práticas religiosas, o papel das mulheres, as fugas, revoltas e formação de quilombos e outras formas de resistência contra o regime escravista”, explica o jornalista.
A escravidão urbana, de serviços, diferente daquela observada nas antigas lavouras de cana-de-açúcar na região Nordeste, deu maior mobilidade aos cativos, acelerou os processos de alforria, ofereceu oportunidades às mulheres e gerou uma nova cultura em que hábitos de origem africana se misturaram a outros, de raiz europeia ou indígena. “São esses alguns dos ingredientes principais na construção da grande, bela e sofrida África que hoje temos no coração do Brasil”, afirma Laurentino.
Laurentino Gomes debruçou-se sobre a vasta bibliografia já existente sobre o assunto e visitou centros de estudos, bibliotecas, museus e lugares históricos. O trabalho de reportagem incluiu viagens por doze países em três continentes. O primeiro volume vendeu mais de 300 mil cópias desde 2019 e ganhou o Prêmio Jabuti e 2020.
O livro vai compor uma das obras mais vastas já produzidas sobre o tema no Brasil e já está disponível nas plataformas virtuais. O lançamento oficial ocorre na próxima terça-feira, dia 22.
Para agradecer ao público pela marca de 15 milhões de seguidores no Instagram, a cantora Pocah percorreu, nesta sexta-feira (18), algumas comunidades para uma ação solidária. Em parceria com a rede de supermercados Prezunic, a artista doou 15 toneladas de alimentos a famílias carentes que fazem parte de duas instituições sociais e duas escolas de samba.
As escolas “Acadêmicos do Grande Rio”, em Duque de Caixas, onde nasceu a cantora e escol de samba “GRES Beija-Flor de Nilópolis”, além dos programas sociais “Crescer e Viver” e “Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+”.
“Quero devolver ao público tudo de bom que tenho recebido, se possível, sempre em forma de boas ações e estou fazendo questão de mostrar para que outras pessoas que possam e tenham condições, se sintam incentivadas a fazer também.” Explicou a cantora.
“A pandemia ainda está aí e há milhares de famílias precisando do básico. Sei que é pouco e tenho consciência que deveria haver um planejamento de políticas públicas focado nessa situação, mas as pessoas têm fome e precisam comer hoje” – afirma ela, que percorreu as quatros instituições para entregar pessoalmente as 15 toneladas de alimentos.