O presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira, Nelson Sargento, está internado em uma unidade de saúde no Rio de Janeiro desde sexta-feira (21), diagnosticado com covid-19.
Por meio das redes sociais do sambista, a família comunicou a internação de Nelson e “pede reserva e orações nesse momento difícil”. “Segundo o mais recente boletim médico, o quadro clínico é estável, apesar da preocupação com a situação pulmonar, em função da covid”, diz a publicação.
Yuri Marçal, Sandra de Sá, Péricles, Maurício de Barros, Jeniffer Nascimento, Robson Nunes, Eduardo Silva, Lena Roque e Nany People completam o elenco. Foto: Divulgação
Tem filme novo chegando! Os conflitos e os afetos que fazem parte da rotina de toda família são o ponto central da comédia ‘Barraco de Família’, que começou a ser filmada em São Paulo. Estrelada por Cacau Protásio e Lellê, o filme conta, de forma divertida, as confusões dos integrantes de uma família da periferia de São Paulo. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2021.
No filme, Lellê é a funkeira Kellen, que, depois de ficar famosa, se muda para um bairro de alta classe e se afasta da família. Cleide (Cacau Protásio), mãe da cantora, não pegou carona no sucesso e no dinheiro da filha e segue trabalhando para sustentar a casa, onde mora com o marido, um corretor de imóveis sem muito sucesso, a mãe, o filho e a cunhada folgada.
Depois de um ano longede casa, Kellen decide passar uns dias com a família, para alegria de todos. Porém, o barraco acontece quando todos descobrem a verdadeira razão de sua volta: limpar a própria imagem depois que um vídeo vaza na internet. Nas redes sociais, Lellê já deu um spoiler. “Tô doida pra vocês conhecerem a Kellen, já aviso que ela é babado, confusão e gritaria!”
O elenco é um dos destaques da produção. Além das duas protagonistas, participam do filme o jornalista e influenciador Hugo Gloss, os humoristas Yuri Marçal e Maurício de Barros e os cantores Sandra de Sá e Péricles. Também fazem parte do longa Jeniffer Nascimento, Robson Nunes, Eduardo Silva, Lena Roque e Nany People.
A comédia é dirigida por Maurício Eça e tem produção de Marcelo Braga. Emílio Boechat e Lena Roque, que também interpreta a personagem Eulália, cunhada de Cleide, são os autores do roteiro. O filme é da Santa Rita Filmes e será distribuído pela Synapse Distribution.
O professor e filósofo Silvio Almeida recebe, no seu canal do YouTube, a deputada federal Benedita da Silva, uma das figuras políticas mais presentes na luta racial e de gênero no país, para uma conversa sobre representatividade feminina na política.
O encontro virtual traz uma visão macro sobre a política brasileira e países latino americanos. Benedita, que construiu sua vida política envolvida em lutas em favor das comunidades do Rio, comenta sobre a participação das mulheres, em um cenário que tenta suprimir cada vez mais a presença feminina e de negros nas decisões políticas. Ao final, a deputada indica três obras para quem quer se aprofundar no tema.
O professor receberá ela dia 29 de maio, próximo sábado, no canal de Silvio Almeida no YouTube com o vídeo sendo produzido pela Play9.
Em mandatos eletivos, Benedita foi senadora, deputada, vice-governadora, e governadora do Estado entre 2002 e 2003. Nesse mandato, numa decisão inédita, Benedita nomeou 20% de negros para o primeiro escalão e implementou a lei de cotas raciais na UERJ.
Xan Ranvelli e suas crianças - Reprodução do Instagram
A tarde de terça-feira (25) começou com um bate-papo poderoso, no Faceboook do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), entre Xan Ravelli, Jonathan Azevedo, Brisa Flow e Luana Génot sobre os caminhos para criar, desenvolver e empoderar crianças negras e indígenas. Levando em conta o tema “O Mundo que Sonhamos”, do Prêmio Sim à Igualdade Racial 2021, o encontro virtual foi espaço para compartilhar visões e experiências de empoderamento das três mães e um pai, que concordam sobre a atual realidade ainda não ser a desejável para as crianças e adolescentes de nosso país.
Na mediação do papo, a apresentadora do Trace Trends, Xan Ravelli, numa condução descontraída de um tema bem sério, dialogando sobre os enormes desafios de educar, inspirar e formar, numa conversa que rendeu bastante sobre o futuro das novas gerações. Xan ressaltou que as crianças e adolescentes negras são maioria no Brasil, segundo dados do Unicef, totalizando 54,5% dessa população no país, mas que ainda assim têm menos acesso e oportunidades, convivem com discriminação e falta de falta de representatividade histórica na escola, na mídia e em todos os espaços.
“As nossas crianças não vivem ainda em um mundo ideal”. Essa frase poderia ter sido dita por qualquer uma das pessoas participantes da Live, que faz parte da programação de esquenta para o Prêmio Sim, uma realização do Instituto Identidades do Brasil, que acontece no sábado (29), às 16h30, com transmissão no canal Multishow e na plataforma Todes Play. E como cada um dos participantes desse encontro age para reverter essa realidade, formar seus filhos e filhas para lidar com o preconceito, atos discriminatórios, fortalecer autoestima?
Reprodução do Facebook ID_BR
Brisa Flow, artista, pesquisadora, arte-educadora, é descendente da etnia Mapuche (Chile) e mãe de um menino, falou de como é importante “criar crianças e indígenas negras mais autoconfiantes, com senso de pertencimento, que sintam suas culturas valorizadas”, algo necessário, pois a “estrutura é muito violenta com as crianças.” Brisa também ressaltou a relevância de diálogos como o da Live pois – na visão dela – pessoas negras em diáspora, africanas e indígenas são também povos originários e, somente em união, será possível criar “rachaduras no sistema”. “Naturalizar a família, que a alegria seja naturalizada. Essa é a luta das mães indígenas”, ressaltando que mesmo o mundo sendo hostil com mães, mulheres, crianças negras e indígenas, essa é a meta.
Compartilhar a leitura, a vivência artística, é uma das ações mais importantes, no olhar e experiência de Jonathan Azevedo, pai, ator e cantor. Gostava de ler, quando criança, por influência paterna. E quer dividir a leitura com suas crianças, mas também com as de sua comunidade, e que tem planos de levar mais livros, incentivar o acesso à literatura, teatro, apresentar seu espetáculo. E que é preciso explorar, “se permitir conhecer e se autoconhecer, a pergunta não é ignorância, ela é enriquecedora”, acredita ele. Como dica de leitura, o artista indica “O príncipe preto”, do escritor e dramaturgo Rodrigo França.
A publicitária e empresária Luana Génot, mãe de uma menina, ressaltou a necessidade de tratar de racismo, orientar, oferecer informações e incentivar o diálogo, desde que a criança é pequena, um trabalho de formação que contribui para proteger da discriminação. Luana acredita que é preciso “ter papos difíceis dentro de casa” e deu exemplo de uma atividade “que a escola chamou de dia do Índio” e que é preciso ser a “mãe chata” e dizer “Filha, fala povos indígenas. Ela consegue falar!”. Adaptar o linguajar, mas não esperar até a vida adulta, “o que a gente pode fazer é acelerar conversas e, consequentemente (espero), as soluções também”.
Finalmente, Luana Génot explica que assistir ao Prêmio Sim à Igualdade Racial é uma oportunidade para questionamento da realidade, dá a dica para as crianças assistirem e, juntas, todas as gerações pensarem no mundo ideal e questionar a realidade.
O “Guia do Mochileiro das Galáxias” é um clássico da literatura de ficção científica escrito por Douglas Adams (1952-2001). Foi traduzido para diversos idiomas e ganhou versão cinematográfica em 2005, dirigida por Garth Jennings. A saga gira em volta do inglês Arthur Dent, que após ter sua casa destruída por máquinas, recebe as revelações de que seu amigo, Ford Prefect, é um alienígena e a Terra será destruída para a construção de uma via espacial. A partir desse plot inicial, os amigos iniciam uma série de aventuras e desventuras, em que se somam à dupla outros personagens carismáticos, como o robô depressivo Marvin, a humana Tricia McMillan e o presidente da galáxia Zaphod Beeblebrox.
O rapper Mos Def como Ford Prefect no filme O Guia do Mochileiro das Galáxias” (Imagem: Divulgação)
Os amantes da saga, decidiram homenagear o autor no dia 25 de maio, escolhendo a toalha como símbolo da reverência, já que em seu Guia o autor descreve a toalha como objeto crucial para dar apoio psicológico, se esquentar, ajudar em uma luta após ser umedecida, como proteção ao deitar-se nas areias das praias de Santragino V e claro, se enxugar. Em 25 de maio de 1977 estreou o primeiro filme da saga ‘Star Wars‘ e alguns nerds decidiram celebrar a data em Madrid, assim a celebração se espalhou e hoje conhecemos a data como Dia da Toalha ou Dia do Orgulho Nerd.
Apesar da fama que nerds ganharam de serem pessoas muito inteligentes, mas excluídas, o que podemos constatar em grupos e fóruns é uma forte resistência às mudanças e, sobretudo, racismo e outra série de preconceitos contra minorias, contrariando inclusive o conteúdo das obras que são símbolos de narrativa a favor da igualdade, como X-Men e Super Choque, por exemplo.
Para a roteirista Thais Hern, de 33 anos, as pessoas brancas estão desacostumadas a dividir certos espaços, incluindo o do consumo de cultura pop. “A comunidade nerd é um reflexo da nossa sociedade, então não teria como ela não ser racista. O que acontece em situações de nicho como a comunidade nerd é que fica mais aflorada a sensação de que aquilo te pertence. Em nichos, pessoas brancas acreditam que aquilo pertence a eles e pronto”, diz.
Thais Hern e um Stormtrooper diferenciado (Imagem: Instagram/Thais Hern)
Fundador do Nigeek, um espaço de produção de conteúdo de pretos para pretos, que também é uma marca de camisetas e outros produtos, o designer gráfico e ilustrador Renato Cafuzo (33) sofreu com ataques racistas a sua página, mas crê que há um processo de mudança em andamento. ”Manter a integridade do Nigeek foi tranquilo enquanto marca. Só fomos verdadeiros nos porquês de tudo que acreditamos e fomos acolhidos por quem também acredita. Nossa maior preocupação foi com as pessoas que foram expostas nesse ataque. Algumas pessoas foram perseguidas nas redes, e chegaram a ter que ficar um tempo off. Sobre a comunidade ser racista ou não, boa parte é sim, vide esse caso. Mas tenho fé num amadurecimento de alguma forma”, reflete.
Renato Cafuzo, fundador do Nigeek (Imagem: Instagram/Renato Cafuzo)
Antes era impossível encontrar representatividade dentro das produções nerds e hoje temos pessoas que produzem isso visando reforçar a representatividade de crianças pretas que estão entrando nesse mundo. Nos anos 90 tínhamos a Tempestade, na bem-sucedida série animada dos X-Men, mas outras fontes de referência vieram, como os filmes do Blade e a popularização do Super Choque e do Lanterna Verde John Stewart. Com mais personagens e produções capitaneadas por pretos, mais passos se dão para inserção de gente negra num universo artístico rico em vários aspectos. No Brasil, tivemos recentemente a aparição para um público maior de artistas como Jefferson Costa, ilustrador da HQ ‘Jeremias – Pele’ e autor de ‘Roseira, Medalha, Engenho e Outras Histórias’.
Assim como Thais, Costa acha que uma parte da comunidade nerd enxerga com estranheza, para não dizer o mínimo, a presença de pessoas pretas inseridas nesse universo. “Ao olhar de uma comunidade nerd que não considera pessoas pretas, nem como parte integrante, público integrante, vide os chiliques quando se insere uma personagem preta num universo nerd popular, nem produtor, no sentido de que um produtor preto é lido como um produtor de conteúdo étnico, com viés que separa como nicho do nicho com a intenção de diminuir, sem reconhecer o viés já existente no conteúdo nerd popular, dominante, universal”, reflete o quadrinista.
De fato, tivemos uma movimentação intensa nas redes em momentos em que atores pretos encarnavam heróis originalmente brancos, como foi o caso de Michael B Jordan como o Tocha Humana e até ataques racistas contra a atriz Anna Diop, que interpreta uma personagem que nas HQs é laranja!
A maior parte dos ícones da cultura pop foram criados quando não havia preocupação em vender para pessoas negras. Todas as criações são resultado da visão eurocêntrica em torno do ideal de herói para os criadores, mas as demandas mudaram como aponta Jefferson: O grande problema é o olhar de o preto não ser um agente de narrativas, ser um preto nerd geek é ser um cowboy, mesmo que querendo representatividade querer ver o cowboy preto, mas ainda um cowboy, Ou como subversivo indígena, portanto corpo estranho. Em qualquer meio, o corpo preto é um corpo em movimento de ocupação, de tentativa de transformação, seja por objetivo de integrar a universalidade ou não”, conclui.
A importância da representatividade para formação de novos leitores de quadrinhos (Imagem: Familia Quilombo)
Embora a produção nerd ofereça obras que chamam à reflexão e seja uma preocupação dos autores refletir a necessidade de mudança, o que se vê entre os consumidores é uma dificuldade de compreensão das mensagens. Ainda que o visual colorido característico da produção geek/nerd seja chamariz primário, é difícil compreender como alguém não consegue entender a premissa básica de X-Men, que é didático em sua analogia sobre discurso antirracista ou fãs de Star Wars que simpatizam com governos fascistas.
O roteirista Rafael Calça (37), parceiro de Jefferson Costa nas duas aclamadas HQS do Jeremias, “Pele” e “Alma” entende que a ideia de nerds serem um grupo acolhedor caiu por terra. “Por muito tempo descreveram a comunidade nerd como uma tribo que se encontra. Mas, na verdade, é algo muito tóxico e agressivo quando se é minoria representativa. Hoje eu tenho orgulho, de verdade, de ter companheiras e companheiros de luta nesse mundo de imaginação e realidade. De fantasia e sonhos lúcidos. Criar histórias é a forma com que me expresso e é um orgulho falar com tanta gente aberta a escutar. O resto. Bom, eles não entendem o que supostamente gostam”, diz Calça.
Rafael Calça e Jefferson Costa (Imagem: Minas Nerds)
A PerifaCon é um exemplo do crescimento constante de tomada de espaço por um público periférico, consumindo aquilo que os representa, seja do alternativo ou do mainstream. O evento reuniu milhares de jovens em sua última edição presencial e a promessa era de crescimento antes da pandemia. Enquanto isso, dentro das grandes editoras de quadrinhos e das produtoras de cinema há um esforço para ressignificar antigos símbolos e estabelecer novos rostos. Um exemplo disso é que, no próximo filme do Capitão América, o personagem será encarnado por um ator afroamericano, um possível filme do Superman preto, e ganho de importância de personagens originariamente negras como Super Choque, Tempestade e Luke Cage.
É como conclui Rafael Calça: “Uma parte sim ainda não entendeu que histórias devem ser plurais, para todos. Mas muita gente preta está se vendo em obras novas e por isso consumindo mais, isso é o mais importante, as novas gerações irão entender o mundo de uma nova forma”.
Michelle Obama e filha de George Floyd; Reprodução/Instagram
Muitos famosos e militantes prestaram suas homenagens lembranças pela trágica morte do americano George Floyd, que aconteceu exatamente 1 ano atrás após um policial o estrangular com o joelho até ele parar de respirar, por aproximadamente 8 minutos.
Uma das pessoas a demostrar apoio a família de Floyd foi a advogada, escritora e ex-primeira dama dos EUA, Michelle Obama, fazendo lembrar que racismo, violência policial e responsabilidade governamental devem fazer parte de qualquer discussão sobre direitos humanos e liberdades fundamentais, em todo o mundo.
Michelle falou que imagina o quanto está sendo difícil para a filha de Floyd e que o ocorrido não foi uma tragédia nacional, e sim uma tragédia humana. Ao perder o pai com apenas 6 anos, a menina passou momentos de dor e crescimentos que alguém com tão pouca idade não precisaria passar.
“No ano passado, vimos tantos jovens marchando, cantando, cantando, dançando e votando. É apenas um vislumbre de sua promessa. E oferece um retrato poderoso do que está por vi.” Começou ela;
Michelle, relembrando a fala da menina em que dizia que “papai mudou o mundo”, deu alternativas para que isso verdadeiramente ocorresse.
“Não podemos parar nem por um segundo. Isso significa responsabilizar os líderes locais, votando em novos promotores e xerifes se for necessário, e falando abertamente sobre nossas próprias experiências de injustiça e discriminação. É assim que garantimos que “Papai mudou o mundo” não seja um momento passageiro online, mas uma mudança duradoura em todo o país.”
Lembrando sobre as dificuldades que surgiram durante um ano pandêmicos e noticias aterrorizantes, Michelle ainda disse que estava desejando boas notícias e energias para a menina e que com toda a certeza seu pai mudou o mundo.
Neste dia 25 de Maio, celebra-se o Dia da África, ou Dia da Libertação Africana. Para entender mais sobre a importância da data, conversamos com o sociólogo Miguel de Barros, natural da Guiné-Bissau e considerado pela Confederação da Juventude da África Ocidental (CWAY), a personalidade mais influente do ano de 2018.
“25 de maio continua a ser uma data muito importante no contexto africano e nas diásporas africanas, porque promove um debate de uma nova geração à procura dos ideais da libertação, emancipação. Também é algo que possibilita às diásporas um reencontro com as origens, para aqueles que não nasceram no continente e procuram um local de afeto e alguma possibilidade de ação política consciente e solidária com as causas com as quais a África se debate”, contextualiza Miguel.
Para Barros, ainda existe um longo caminho para que o Ocidente perceba as potencialidades do continente, que, de acordo com o pesquisador, “ainda é vista mais enquanto reserva, enquanto um espaço de exploração, enquanto um continente que precisa de ajuda exterior. Essas narrativas não só são falsas questões, mas alimentam também uma percepção da incapacidade da construção de uma agenda de transformação africana”, analisa.
Outro fator que chama a atenção, é a visão que se tem da capacidade econômica do continente e o êxodo de imigrantes de origem africana. “A contribuição dos migrantes africanos, que na sua maioria, estão no continente africano, é muito mais importante do que a ajuda pública ao desenvolvimento em África, com uma diferença de mais de 20 bilhões de dólares. Por outro lado, a economia colonial acaba por asfixiar a própria transformação da África, colocando o continente numa posição de reservatório de matérias primas que são exportadas para o ocidente e depois voltam como produtos”.
Para sociólogo, o que é mais importante hoje, é que o continente consiga usufruir das próprias riquezas que gera, rompendo com o jugo colonial, que segue rendendo riquezas para a Europa. “Uma das coisas que hoje é reivindicada é a África constituir-se como uma potência porque suas matérias primas poderiam ser transformadas para gerar em emprego, canais de distribuição no continente, zonas de livre circulação e comercialização dos produtos. Mas, também, trazer esse potencial natural em termos de investimento em capital humano, para que uma nova geração de africanos possam se beneficiar das vantagens que seus recursos naturais oferecem”, visualiza Miguel.
Celebrar o Dia da África passa também por desconstruir imaginários como os que se ensinam nas escolas no Brasil, de um continente africano apenas marcado por pobrezas, doenças, e falta de possibilidades. “A África sempre esteve na vanguarda da construção, quer do pensamento crítico, inovação científica e tecnológica, e da produção cultural. Infelizmente, a colonização ocidental escondeu e eliminou todos esses elementos que demonstram essa factibilidade”.
Para Miguel, as pesquisas têm grande contribuição a dar neste resgate. “As pesquisas no campo das Ciências Sociais e Humanas evoluíram bastante e têm encontrado vestígios, documentos, monumentos, espaços de patrimônio que confirmam que a contribuição da África para o mundo, como um território produtor de civilizações que influenciaram o modo de estar, de consumo, de produção e de construção de espaços plurais, que hoje lutamos para que se refiram como um espaço que merece ter sua paz para construir a sua própria transformação” finaliza.
Em uma palestra realizada para pais que pleiteiam a adoção, Paulo Sergio P. dos Santos, filho adotivo e pai adotivo, falou sobre a importância de pais de adoção compreenderem que crianças adotadas têm uma identidade, uma origem, um passado. Ou seja, em uma adoção inter-racial, tentar apagar ou fingir não existir a identidade negra dessa criança apaga parte de quem ela é.
Dia 25 de maio é o Dia da Adoção, e quando falamos em adoção estamos falando de famílias negras e crianças negras, principalmente. As condições do negro pós-escravidão geraram efeitos desastrosos na família negra, empurrando milhares de crianças para a fila da adoção em busca de um lar. No Cadastro Nacional de Adoção do Conselho Nacional de Justiça, das 8.476 crianças cadastradas para adoção, 65,93% são negras e pardas, um total de 5.588 crianças no Brasil.
Cada vez mais aumenta o número de pretendentes que não têm preferência pela cor das crianças, em 2015 eram 15.594 e hoje, a CNJ contabiliza que dos 46.390 cadastrados, 24.047 aceitam crianças de todas as raças. Apesar de parecer que há um excedente de famílias que aceitariam crianças negras e pardas, há outros impeditivos que dificultam essa adoção como idade, doenças e gênero dessas crianças, itens de critério que constam na ficha cadastral dos adotantes.
Estar na fila de adoção, para muitas famílias, tem como foco encontrar crianças que se adaptem ao “perfil do filho imaginado”. Com essa mentalidade, optam por crianças que se pareçam com elas, principalmente na estética, para assim, essa criança, completar a família. A regra é: quanto mais nova melhor e quanto mais parecida com a gente melhor. Essa cultura da adoção no Brasil, enxerga a criança como mercadoria – um objeto a ser desejado – e ignora, muitas vezes, a necessidade que essas crianças têm de um lar, independentemente de sua idade, gênero, doença ou raça. Somado a isso o racismo que cria uma hierarquia racial entre as crianças, onde as negras são descartas, tudo acaba por empurrar as crianças negras para o final da fila, tirando a possibilidade de terem um lar.
Quando a adoção inter-racial acontece
O ideal seria que todas as famílias em processo de adoção, não fizessem distinção de raça, assumindo uma mentalidade antirracista de compreender que a cor da criança não vai interferir em quem ela, humanizando assim esse processo e compreendendo que ali há apenas uma criança.
Quando pais na fila de adoção optam por adotar, independentemente da raça, há uma chance maior dessa criança ser negra, haja visto que são maioria na fila da adoção. Nesses casos, quando a família é branca e adota uma criança negra ou vice-versa, como fica a questão do pertencimento racial e do racismo para essas pessoas? Perguntamos para três pessoas que vivem essa realidade e elas deram seus depoimentos, veja a seguir:
Carolina de Biagi Pereira, 38 anos, negra adotada por uma família branca. “Acho que as questões de racismo levaram mais tempo pra serem entendidas, eu sofri muito bullying e por muitos anos levei como um ataque pessoal e não como algo estrutural. Minha mãe é cabeleireira e sempre se esforçou pra que eu amasse meu cabelo natural, o mais difícil era a falta de referências (mesmo as mulheres negras que eu conhecia alisavam o cabelo). A melhor parte é que meus pais sempre me incentivaram a ir atrás do que me interessasse culturalmente. Acho que a dificuldade era uma coisa da época, de falta de acesso mesmo. Hoje eles entendem melhor questões raciais e eu também, acho que fomos aprendendo juntos.”
Luana Paulino Mariano, 30 anos, branca adotada por uma família negra. “Pra mim, nunca houve diferença alguma em fazer parte de uma família com pessoas negras. Sempre houveram questionamentos das pessoas comigo, de o por que eu era branca e minha mãe negra? Minha resposta sempre foi, porque vivemos no Brasil, onde existem diversas misturas de cores de pele. Confesso que sou apaixonada pela cultura negra. Amo um bom samba, samba-rock, black. Tranças, cabelos cacheados, blacks power. Minhas referências sempre foram voltadas para a cultura negra. Minha melhor amiga é negra. Confesso que nunca me atentei ao preconceito, acredito, por estar muito inserida, não tenha percebido algo explicito para com a minha mãe ou família. Mas me lembro da minha mãe indo para cabeleireiros, passando, as vezes, o dia todo para alisar seus cabelos e me dizendo sempre que se ela tivesse os cabelos iguais aos meus estaria no céu! E agora, depois de praticamente 28 anos, ela conseguiu finalmente aceitar os cabelos da forma que são. A luta é grande! Contudo, tenho fé que pelo menos na geração dos meus filhos que são negros, fruto de um casamento inter-racial, eles possam ter a liberdade de serem como são e acima de tudo respeitados, não pela cor da pele e sim como seres humanos.”
Paulo Sergio P. dos Santos, negro adotado por uma família branca. “Minha experiência de adoção, traz um traço particular de ter sido feita no início dos anos 60 e na condição inter-racial com a família adotante, o que era raríssimo. A origem da situação não foi muito diferente do cenário atual, uma família negra de recursos limitados e, em situação de dificuldades de sustento dos filhos, a genitora surpreendida pela condição de viuvez fez a entrega dos filhos ao Estado na esperança que teriam melhores cuidados. Numa época em que não havia sequer base de sustentação jurídica para garantia dos direitos aos adotados e regido pelo antigo Código de Menores, o processo foi longo e somente aos dez anos de idade foi concluído com a certidão definitiva e sobrenome da família adotiva. Apesar de ter recebido total suporte afetivo, fundamental na construção dos vínculos e estabilidade emocional nas relações familiares e sociais, houve a ausência do elemento étnico de origem como base de sustentação do ser humano. Em momento algum, isto foi motivo de condenação aos meus pais, visto que eles não possuíam elementos e nem recursos culturais de entendimento desta necessidade. No entanto, o suprimento afetivo familiar foi suficiente para o desenvolvimento do meu projeto de vida e o reencontro com a realidade da identidade negra, veio a partir da universidade, na formação da minha família e na militância junto aos grupos de apoio à adoção. A temática da adoção inter-racial, tem sido muito frequente nos fóruns de discussão da Adoção e, por parte dos interlocutores, quase sempre abordada considerando a importância de as famílias estarem atentas com o valor étnico de origem dos seus filhos, na implementação de uma cultura antirracista e o empoderamento dos filhos aos enfrentamentos que surgirão.” Paulo também é pai adotivo, ex-presidente da ANGAAD-Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção, atual diretor financeiro e conselheiro. Palestrante e incentivador de diversos grupos de apoio à adoção no Brasil, nos últimos 30 anos).
Antirracismo na adoção
No que podemos observar no relato desses hoje adultos adotados, enquanto que para a Luana, branca, adotada por negros, a cultura negra tem forte influência em seu gosto, para os negros adotados por famílias brancas, Carolina e Paulo, a compreensão da negritude não foi algo dado pela família, mas sim uma construção ao longo da vida, assim com diz Neusa Santos Souza em seu livro Tornar-se negro “Ser negro não é uma condição dada a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro.
É unânime que todos eles são imensamente gratos pela família que os acolheram e os ajudaram em seu desenvolvimento humano, econômico e social e no seu pertencimento enquanto seres humanos, crianças que eram. Nesse dia adoção o desejo é que mais crianças possam encontrar um lar. Para as famílias que adotam crianças negras é essencial iniciar, para ontem, uma luta antirracista conscientizando familiares e amigos para que essas crianças não sofram violências racistas no núcleo familiar e sejam ensinadas sobre a beleza e a potência de sua origem negra.
Fonte dos dados: https://www.cnj.jus.br/cnanovo/pages/publico/index.jsf
A escritora baiana Carla Akotirene e a modelo plus size e empresária Rita Carreira estrelam a mais recente campanha da TRESemmé. Com o mote “Não foi sorte, eu estou pronta”, a campanha enfatiza o preparo e a dedicação por trás das conquistas das mulheres, que frequentemente são atribuídas à sorte.
Os cabelos longos e volumosos de Carla e o curto ‘loiro pivete’ de Rita mostram um pedacinho da diversidade que existe entre as mulheres negras, e que tanto gostamos e merecemos ver nas propagandas.
Carla Akotirene é militante do movimento de mulheres negras, e pesquisadora do feminismo negro e interseccionalidade no Brasil. Rita Carreira é modelo, e reconhecida entre as personalidades da Forbes Under 30, que destaca empreendedores, criadores e personalidades de destaque com menos de 30 anos de idade.
Rita Carreira é modelo e destaque da Forbes Under 30. Foto: Divulgação.
PESQUISA — A TRESemmé, em parceria com o International Center for Research on Women (ICRW), realizou uma pesquisa com 5.550 mulheres de 18 a 35 anos do Brasil, EUA e Reino Unidos em 2019, que mostrou uma problemática comum unindo mulheres de diferentes idades, países, etnias e classes sociais: a deslegitimação de suas conquistas.
Apesar de 71% das entrevistadas sentirem que conseguem alcançar mais coisas quando tem Presença – ou seja, capacidade de se expressar com confiança – e de 8 em cada 10 acharem que isso é algo alcançável, apenas 30% afirmam conseguir colocar esta postura em prática.
A pesquisa demonstrou que o primeiro fator que mais afeta a confiança das mulheres é quando têm sua voz menosprezada ou se sentem desmerecidas de alguma maneira: 92% das entrevistadas duvidam de si e sentem sua confiança minar nessas situações.
Não são muitas as referências de homens gays ou bissexuais negros fazendo sucesso no mundo do rap e do pop, só por isso a presença de Lil Nas X (que tem apenas 22 anos) já é mais do que necessária e ele sabe disso. Logicamente, o cantor não é o único. Artistas como Kevin Abstract e Todrick Hall já falam abertamente sobre sexualidade, em suas músicas, há anos. Temos nomes como Frank Ocean, que assumiu sua bissexualidade em 2012 e, no Brasil, os cantores Rico Dalasam e Hiran, entre outros.
O fato é que, apesar da pouca idade, Lil Nas se mostra muito consciente do tamanho da sua plataforma e audiência (que conquistou com o hit “Old Town Road”). Recentemente, com o single “call me by your name” ele – corajosamente – decidiu cantar sobre e expressar sua sexualidade, o que – logicamente – incomodou conservadores e homofóbicos. Apesar das ameaças de boicote, o single se tornou um grande êxito comercial elevando a carreira do cantor a outro patamar (quem achou que ele teria apenas um hit, se enganou).
Tem sido divertido e emocionante acompanhar a evolução de um artista ainda tão novo, mas que tem quebrado barreiras num universo ainda muito homofóbico do rap (e da música como um todo). Lil Nas tem levado com maestria sua arte para uma grande audiência jovem (muitos deles negros e LGBTs). Ele é, sem dúvidas, o ícone pop que eu queria ter tido na adolescência e demorou um pouco para aparecer, mas apesar do delay chegou… ainda bem. E que venham muitos outros!