Home Blog Page 845

“Com 10 anos eu dizia que seria a presidente do Brasil”, diz Gabriela Chaves, criadora da NoFront

0

Por Rodolfo Gomes e Victória Gianlourenço

Antes de se formar em economia, Gabriela Mendes Chaves se formou no RAP.  Desde pequena já sabia o que era racismo ao frequentar os shows do Racionais MC’s na pracinha do Campo Limpo. Nascida no Embu das artes, com 4 anos ela foi morar no Taboão da Serra, pertinho do Capão Redondo, onde passou toda a sua infância.

Filha do Sr. Elias, metalúrgico, e de dona Rozimeire, uma mulher com muitas profissões: costureira, segurança, cabeleireira, comerciante e assistente social, Gabriela tem três irmãos: Beatriz, de 23 anos, gestora de políticas públicas e mestranda em desigualdade racial no âmbito eleitoral pelo Departamento de Ciência Política (USP), e 2 irmãos mais novos, de 9 e 12 anos.

Ao longo de toda a sua infância e juventude foi o esforço de sua mãe que permitiu que Gabriela tivesse acesso a bons estudos. Estudou até a terceira série em escola pública, quando sua mãe virou agente de segurança e conseguiu o trabalho numa escola de elite em São Paulo. A regra permitia que filhos de funcionários fizessem uma prova, para concorrer a bolsas de estudos integrais. E nessa oportunidade, Gabriela aplicou e se qualificou para receber a bolsa.

Foi um choque gigantesco em muitas dimensões. As proporções eram muito diferentes. Essa escola tinha um sistema de ensino bastante complexo, e logo a primeira aula foi sobre soma de frações, assunto ao qual Gabriela não dominava. “Imaginava que não fosse conseguir acompanhar. Chorei quando cheguei em casa e pedi pra minha mãe pra desistir”, conta.

Com o apoio da sua mãe, insistiu, e a matemática, que era uma fraqueza, virou sua maior força. Inclusive, ganhou menção honrosa ao final do ensino médio por ter as maiores médias. “Com 10 anos eu dizia que seria a presidente do Brasil. Eu sempre fui uma criança ousada. Queria ser juíza, fazer direito e ter poderes para modificar as estruturas”, relembra.

Aos 17 anos, obcecada em cursar Direito em uma faculdade pública, se dedicou ainda mais aos estudos, mas não obteve nota suficiente para ser aprovada. Através do ProUni, conseguiu entrar em economia, na PUCSP. Indecisa quanto a cursar economia, consultou um professor, certa de que não queria trabalhar em banco. Desse professor recebeu muitos incentivos e conselhos, e resolveu tentar. Apesar do primeiro dia ter sido difícil, se apaixonou pela ideia de ser uma cientista econômica.

“Economia é sobre como a gente produz e distribui coisas numa sociedade. Ninguém é uma ilha, e a gente precisa trocar o tempo todo. Muito além do dinheiro, a economia é o estudo desta produção e distribuição de valores na sociedade. Tangíveis e intangíveis”, diz.

Apesar de bolsista, cursar uma faculdade de ponta exigia dinheiro para arcar com os custos de alimentação, transporte, gastos com cópias, entre outros, e Gabriela começou a procurar emprego, para ajudar a custear suas despesas. Encontrou uma posição no mercado financeiro, onde passou quase três anos.

Incentivada a buscar seu lugar ao sol, e explorar toda a sua base de conhecimento, conquistada com muito esforço, Gabriela foi atrás da sua missão, que sempre foi democratizar o acesso ao mundo dos investimentos. E assim, em 2018, surgiu a NoFront.

“É possível conquistar as coisas através do investimento, e não somente do endividamento. A gente naturaliza a dívida”, diz. Assim que fundou a NoFront, Gabriela entrou no mestrado em Economia Política Mundial na UFABC, que ampliou ainda mais o seu universo de possibilidades. Entre 2019 e 2020, foi convidada a fazer algumas formações no Zimbábue e na Nigéria, na África.

“Meu trabalho se estrutura entre o empreendedorismo e a academia: estudos de gêneros e discussões sobre economia política.” O começo da NoFront foi um momento de muita luta. Tiveram o apoio de algumas organizações, que cederam sua infra e espaço físico, para que o projeto ganhasse vida. E assim começou a jornada de democratização do acesso à economia, para os periféricos.

“Todo mundo é impactado pela economia, não importa qual o papel. E ao longo dos últimos anos já foram mais de 5.000 pessoas formadas por nós. Três anos depois, a gente vê as pessoas se organizando em relação a reservas de emergência, alunos conseguindo quitar suas dívidas, fazer intercâmbios, reformar suas casas, eliminar endividamentos crônicos.” 

Além das formações, Gabriela se dedica a palestras, lives, que ganharam ainda mais força na pandemia, sempre com foco em orientar as pessoas a como trabalhar com a nova realidade de salários cortados pela metade, auxílio emergencial, desemprego, e garantir sua sobrevivência, dignidade e saúde.

Gabriela conta que a dívida adoece as pessoas. Estresse, pressão alta e diabetes também podem ser causados por essas preocupações e pela falta de paz, em razão do telefone que não para de tocar.

A NoFront atua em três eixos. O eixo digital, que usa a tecnologia para transformar a vida das pessoas com educação financeira, através de conteúdos e produtos digitais, cursos, mentorias e palestras. O eixo social, que busca articulação com Organizações da Sociedade Civil, com a missão de chegar em quem não tem condições de bancar os cursos e formações. E o eixo empresarial: que atua na formação de colaboradores das empresas, através de palestras, workshops, e produtos para empresas que querem treinar seus colaboradores.

“Atuamos para que as empresas percebam que é necessário investir nas pessoas de forma sustentável. Muito além de empréstimos consignados, contas bancárias, que em muitos casos só geram mais dívidas, enquanto deveria ser o contrário.” Gabriela conta que as empresas que se adequaram ao século XXI deixam de ter o lucro como único fator de sucesso. O lucro a qualquer custo já não cabe mais em nossa sociedade. A humanidade não está mais disposta a pagar esse alto preço.

Ousada, Gabriela sempre conversou com as músicas dos Racionais MC’S procurando aprendizado sobre autoestima e racismo. “Várias músicas foram um suporte muito importante, no sentido de saber que ser quem eu sou pode não ser facilmente compreensível, mas eu tenho um lugar no mundo”, contou.

Gabriela acredita que a arte tem o poder de transformar quem produz e quem nela imerge. Por anos, o rap foi estigmatizado, por suas letras duras, que retratam a realidade.

“No contexto que vivemos, não dá pra ser suave. O rap pode assumir muitas formas. Luta para ser reconhecido enquanto gênero artístico musical. Rap não é sobre dureza. É sobre nomear em primeira pessoa as coisas que estão no âmbito do intraduzível.”

Hoje, aos 26 anos, analisa que o maior desafio que enfrentou e está enfrentando está relacionado à valorização financeira.

“Chegar lá é um conceito que muda a todo momento na vida. É muito importante apreender os problemas no curto, médio e longo prazo. E no longo prazo tudo é possível, de acordo com as ações que estamos tomando no curto prazo. Não é fácil, mas é muito importante investir na sua dignidade e na sua verdade”, conclui.

Exposição virtual Tesouro dos Nossos Ancestrais é sucesso de público na internet

0
Obras do acervo foram disponibilizadas pelo Rei Ooni de Ifé.

Acervo de peças de Sua Majestade OOni de Ifé já recebeu milhares de acessos desde seu lançamento em julho

A busca pelo conhecimento e conexão com a ancestralidade são pontos determinantes para o sucesso da exposição virtual “Tesouros dos Nossos Ancestrais”. Lançada em julho, a mostra virtual traz à cena parte do acervo da maior coleção de arte iorubá fora da África pertencente à sua Majestade o Rei OOni de Ifé com o propósito de contar a história de Oduduwa e seus descendentes através de esculturas produzidas na vasta terra iorubá, por artistas de povos como Egba, Oyo, Ifé, Ijexa entre outros.

Dividida em duas partes, Asé e Ori, a exposição apresenta obras milenares e contemporâneas, um verdadeiro tesouro histórico, religioso e cultural,  que configura mais uma importante forma de aproximar as culturas, auxiliando o povo brasileiro a conhecer melhor suas origens, heranças, histórias e até feições, possibilitando este intercâmbio cultural entre povos irmãos, trabalho que vem sendo feito de forma intensa pela Casa Herança de Ododuwa, através , de palestras e cursos oferecidos, atualmente de forma virtual.

Em dois meses de exibição, “Tesouros dos Nossos Ancestrais” já contabilizou mais de duas mil visitas ao site onde o acervo se encontra disponível para visitação, o que enche de orgulho os idealizadores do projeto encabeçado por sua Majestade.

“Não existe caminho possível para o futuro da humanidade sem olhar para o continente africano e compreender o legado que nossos ancestrais nos deixaram. Sem dúvida, é essa herança que irá auxiliar a construirmos juntos um mundo melhor para todos. Nossos ancestrais deixaram conhecimento vitais para os problemas da humanidade e tenho certeza de que o futuro é ancestral”, conta Ooni de Ifé – rei de Ilê Ifé/Nigéria.

Pensado primeiramente para ser uma um evento presencial, “Tesouro dos Nossos Ancestrais: arte iorubá” é resultado de um esforço pessoal do rei de Ifé, Ojaja II, atualmente a maior autoridade tradicional e religiosa do povo iorubá, que originariamente habitava o Reino de Ifé e reinos ao redor, áreas atualmente do Benin e da Nigéria. Com curadoria de Carolina Maíra de Morais, o projeto, que está sendo realizado totalmente online, abarca, além da exposição virtual, dinâmicas que envolvem rodas de conversas e masterclass com estudiosos e personagens que são referências importantes dentro do segmento artístico-histórico-cultural preto.

“Como historiadora, é uma honra acompanhar este processo curatorial e ver a arte transbordar para vida, porque não estamos apenas falando de objetos de arte, estamos falando de epistemologias, estética, filosofia, concepção de mundo a partir da visão iorubá, e como esse conhecimento múltiplo é atravessado pela ancestralidade,” relata Carolina Maíra Morais, quem comanda a Comissão Curatorial .

Algumas peças, extraviadas do continente africano durante o processo de colonização dos séculos XIX e XX e posteriormente recuperadas, serão exibidas pela primeira vez ao público, no entanto, a ideia é que a exposição chegue a um circuito internacional, em um movimento de aproximação de povos e disseminação de ideais. De certa forma, a impossibilidade de fazer um circuito mundial da mostra, por conta da pandemia da COVID19, reitera o propósito de aproximação entre as culturas, fazendo com que o projeto circule mais rapidamente ao redor do mundo.

Entre as 27 obras expostas virtualmente, a máscara Geledé, uma das mais conhecidas do mundo quando se aborda o tema iorubá, é destaque na mostra virtual. Usada em festivais de honra aos poderes espirituais das anciãs conhecidas como awon iya wa, o artefato, segundo a tradição oral,  criado em Ketu, Benin, no século XVIII, é símbolo do poder dessas mulheres e pode ser usado em benefício ou destruição da sociedade, o que torna necessária a realização de cerimônias para aplacar a sua fúria e o seu poder destrutivo e manter o equilíbrio da comunidade. Homens e mulheres mais velhos desempenham importantes papéis na preparação das performances dos mascarados, sempre do sexo masculino.

“Sou preto, sou branco, sou qualquer coisa”: Entrevista de Lula a Mano Brown ilustra desinteresse da esquerda branca com a questão racial

0
Mano Brown e Lula. Foto: Reprodução/Instagram.

O ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, o Lula, foi convidado do episódio da semana do Mano a Mano, podcast comandado pelo rapper e ativista Mano Brown. Durante sua participação no programa, chamou a atenção a falta de habilidade do petista em abordar de forma mais tranquila e consciente, tópicos que já deveriam ser considerados vencidos na chamada ala “progressista” da política.

É triste, mas é preciso dizer: mesmo com anos de participação da população negra engrossando as fileiras de sindicatos, partidos e movimentos totalmente identificados com a pauta trabalhista e de esquerda, os grandes nomes desses partidos e suas lideranças pouco ou nada se dispuseram a ouvir e aprender com estas participações, relegando a participação dos pretos e pretas dentro dos partidos a um número de filiação ou até algum prestígio interno que não passe da página dois.

Questionado por Mano Brown sobre a participação de negras e negros na política, Lula recorreu ao argumento de época, que a gente tanto conhece. “Na minha época a política era branca, a cultura era branca, tudo era branco” e prosseguiu, atribuindo as mudanças que têm ocorrido a uma “evolução política dos negros” e a aquisição de uma “consciência de que não basta ser vítima”.

É de se lamentar profundamente que um grande nome da política nacional, que se orgulha de ter incluído a população negra nas políticas públicas e transformado a realidade da população negra em termos de acesso a educação e emprego, por exemplo, ainda recorra ao “mimimi”, para se referir às transformações que o povo negro tem operado no Brasil desde que aqui pisou.

Indo um pouco adiante, isso revela mais um viés da invisibilização da atuação de homens e mulheres negras integrantes dos movimentos negros que foram as mentes pensantes por trás das políticas de inclusão racial dos governos petistas, cujos louros só recaem sobre a figura de Lula, que abraça esse bônus sem nem pestanejar.

“Quando eu assumi a presidência eu tomei a decisão de colocar na educação básica o ensino da história africana. Porque eu queria, porque eu achava que o preconceito você não resolve colocando na Constituição que é crime inafiançável o preconceito”. Neste trecho da entrevista, Lula ignora completamente que a inclusão do Ensino de História e Cultura Africana e Afrobrasileira nas escolas, a então chamada Lei 10.639 não aconteceu por simples vontade do presidente. Mas pelo trabalho incansável de militantes históricos dos movimentos negros brasileiros, que elaboraram formações, políticas e articulações para que chegássemos a aprovação da Lei.

Na sua retórica, Lula ainda apresenta o PT como o “único partido que tem setoriais de negros, de mulheres, LGBT e que vai ter do direito dos animais”, o que qualquer pessoa que já tenha ouvido falar sobre as organizações de partidos políticos no Brasil sabe que não é verdade, nem no espectro da esquerda, nem da direita.

Mano Brown ainda tentou aprofundar o debate, trazendo a questão da tradição, família e propriedade, como pilares defendidos pela direita e esquecidos pela esquerda, como se isso não interessasse ao povo preto brasileiro. “Tem-se uma ideia de que o negro é o negro do carnaval, da bagunça, do samba, que o Brasil é feliz porque o negro é feliz. Mas na vida real não é bem assim”, alertou Brown, mas ainda não foi dessa vez que Lula conseguiu entrar neste aspecto da discussão.

Para ilustrar seu confuso pertencimento racial, Lula citou o pai que “era mais negão” , “mais moreno” do que ele. Além disso, citou as palavras do chanceler senegalês Cheikh Tidiane Gadio, que disse, em 2005, que Lula era o primeiro presidente negro do Brasil, pela importância que deu à relação do Brasil com países do continente africano.

No entanto, ao falar sobre as diferenças de oportunidade de trabalho entre negros e brancos, Lula citou a si mesmo como exemplo de um homem branco que teria mais oportunidades do que Brown, em uma seleção de emprego. Quando questionado diretamente sobre como ele se identifica racialmente, a resposta foi a pior possível. “Eu sou o Lula do jeito que eu sou. Eu sou preto, sou branco, sou qualquer coisa, eu sou um ser humano. Um ser humano que tem noção da minha irmandade com todos aqueles que pensam diferente de mim, que tem cores diferente de mim, religiões diferente de mim, que torce por times que massacram o meu Corinthians”.

Infelizmente, ainda estamos vivendo nos tempos das grandes concessões em nome de ter no poder alguém com quem seja possível estabelecer algum tipo de ponte em busca de sensibilidade para as nossas pautas. No entanto, mesmo depois de tantos anos e tantas referências pretas na política, Lélia Gonzalez, Abdias do Nascimento, Benedita da Silva, Leci Brandão, Marielle Franco e várias outras e outros parecem não convencer os representantes brancos de que outra política é possível, urgente e necessária.

Setembro Amarelo: Emicida e TikTok se unem em ação sobre saúde mental e valorização da vida

0
Foto: Wendy Andrade/AFP

Campanha #AMúsicaSalva contará com ‘lives’ de música, debates e conversas com Emicida, Gilberto Gil, Preta Gil e outros artistas, além de especialistas e criadores do TikTok, a partir do dia 10

A partir desta sexta-feira (10), o rapper Emicida e o TikTok desenvolveram uma extensa programação de lives na plataforma sobre saúde mental e prevenção ao suicídio, com especialistas, criadores de conteúdo e outros artistas. Além Emicida, Gilberto Gil, Preta Gil e outros artistas participarão como convidados especiais da programação. A ideia do projeto é mostrar que as pessoas não precisam enfrentar situações de sofrimento mental sozinhas, e exaltar a vida com a campanha #AMúsicaSalva.

As lives foram desenvolvidas a partir de três pilares: trazer informações relevantes para pessoas que estejam passando por sofrimentos emocionais e também para os amigos e familiares que têm pessoas próximas passando por momentos de vulnerabilidade; apresentar os principais canais de ajuda disponíveis; e mostrar como a música pode ser um elemento de conexão emocional que ajuda a lidar com questões de saúde mental, sempre levando em consideração a diversidade de experiências e realidades, destacando vozes negras, indígenas, mulheres e da comunidade LGBTQIA+.

Entre as atividades da programação haverá um bate-papo no dia 10 de setembro, às 20h, com a Dra. Karen Scavacini, do Instituto Vita Alere, e Drik Barbosa, que terá como tema “Você importa – Como lidar com o sofrimento e emoções ruins?”. Além dessa conversa, no dia 17, às 20h, as criadoras de conteúdo indígenas Kaê Guajajara Cunhaporanga vão dar dicas de autocuidado e autoestima para fortalecimento do amor-próprio e do bem-estar.

No dia 23, às 20h, as criadoras Manu Mendes e Fernanda Evan, que é psicóloga, mostram como lidar com as emoções de um jeito mais leve. Já no dia 26, às 16h30, Gilberto Gil e Preta Gil chegam para falar da importância de amigos, familiares e pessoas próximas em momentos difíceis e como receber esse amparo é importante para driblar as adversidades. No dia 28, às 19h, a psicóloga Bárbara Tranquillini vai bater um papo com Fióti sobre o universo de artistas independentes. Para acessar a programação completa da campanha, basta entrar na página exclusiva de #AMúsicaSalva dentro da plataforma.

Na página exclusiva, haverá ainda vídeos de artistas e criadores sobre saúde mental e informações sobre locais para buscar ajuda, direcionando para o Centro de Segurança do TikTok. O Centro de Segurança do TikTok traz dicas de autocuidado para pessoas que estão em busca de apoio ou que querem levar informações e ajuda para alguém próximo que esteja vulnerável emocionalmente, além de contatos das principais instituições de apoio emocional de diferentes países, como o Centro de Valorização da Vida, que presta atendimento voluntário e gratuito no Brasil para todos que querem e precisam conversar sobre seus sofrimentos emocionais. As conversas são realizadas sob total sigilo por telefone, e-mail e chat, 24 horas e todos os dias.

Google for Startups anuncia investimento em doze startups de pessoas negras

0
Nina Silva e Licinio Januário são criadores do Movimento Black Money e da Wolo TV. Foto: Reprodução.

Wolo TV e Movimento Black Money estão entre as empresas que receberão investimento do Black Founders Fund.

O Google for Startups Brasil anunciou as 12 novas empresas selecionadas para receberem investimentos do Black Founders Fund, fundo destinado a apoiar startups criadas e lideradas por pessoas negras no Brasil. São elas:  Akintec, BancoAfro, Barkus, Clube da Preta, Conta Black, Financier, Fluke, GoPhone, iBench, Mooba, Movimento Black Money e Wolo

Nesta nova leva de empresas apoiadas, as mulheres fundadoras ou em cargo de liderança são maioria. Ao todo, são oito ocupando esses cargos em sete das doze startups selecionadas. Um dos destaques é a iBench, fundada por duas mulheres, e o outro é o Movimento Black Money, criado por Nina Silva, uma das maiores referências no assunto no país.

“Há um ano, comunicamos a primeira leva do Black Founders Fund com o intuito de selar o nosso compromisso em promover um ecossistema cada vez mais diverso e igualitário, endereçando a lacuna racial do mercado de investimentos brasileiro”, comenta André Barrence, Diretor do Google for Startups para América Latina. “É um orgulho inenarrável que essa nova leva traga tamanha representatividade feminina no afroempreendedorismo, ajudando a reforçar e expandir o nosso comprometimento com a diversidade e a igualdade”, complementa o executivo.

Outro ponto importante é que esse novo grupo conta com um número significativo de fintechs e edtechs voltadas para educação financeira. Mesmo com foco primário em atender a comunidade negra, muitas dessas startups oferecem seus serviços para a população em geral. Além disso, o grupo conta com startups atuando com clubes de assinatura, cashback e cupons de desconto, serviços de telefonia móvel e plataforma de streaming com foco em narrativas negras. 

As startups selecionadas para o fundo também receberão créditos em produtos do Google e terão à disposição uma rede de mentores para ajudar nos seus desafios. Além disso, as empresas poderão ser selecionadas para participar dos programas realizados pelo Google for Startups no Brasil.

Os empreendedores que desejam participar do fundo devem estar em busca de uma rodada de investimento seed para financiar o próximo estágio de desenvolvimento e já ter um negócio em operação com base em tecnologia, ou seja, já possuir um produto lançado com usuários e possíveis clientes. É necessário também indicar como planejam usar o dinheiro. As inscrições para o fundo permanecem abertas por meio de um formulário no site da iniciativa

Com esse anúncio, o total de empresas selecionadas para o Black Founders Fund desde o seu lançamento, em setembro de 2020, chega a 29, e mais empresas serão selecionadas até o fim de 2021.

Conheça as startups selecionadas:

Akintec 

Fintech que, através de financiamento aberto, transforma pequenas empresas em áreas de vulnerabilidade em agências bancárias e pessoas em banqueiros pessoais.

Banco Afro

Banco digital que apoia financeiramente a comunidade negra por meio de serviços sociais digitais.

Barkus

Edtech que visa democratizar o acesso à educação financeira, evitando o endividamento e incentivando a população a investir.

Clube da Preta

Plataforma de assinatura mensal que abrange produtos exclusivos produzidos por pequenos empresários.

Conta Black

Comunidade financeira que, através de uma conta digital, visa democratizar o acesso de todos aos serviços bancários.

Financier

Escola de educação empresarial do futuro, cujos produtos estão focados no mercado financeiro, capacitando as pessoas a tomarem melhores decisões para suas vidas. 

Fluke

Operadora móvel 100% digital que oferece transparência e liberdade a seus clientes. 

GoPhone

Plataforma de proteção móvel inteligente, com o objetivo de ser uma empresa completa de serviços móveis em poucos anos.

iBench

Fornecedor de soluções digitais para laboratórios, reunindo mais de 170.000 produtos e dezenas de fornecedores, tornando o processo de compra muito mais eficiente.

Mooba

Plataforma que conecta varejistas offline aos consumidores, incentivando a fidelidade do comprador via cashback. 

Movimento Black Money

Centro de inovação que promove a autonomia digital e a presença de empresários negros, com foco na comunicação, na educação e no desenvolvimento de empresas negras. 

Wolo

Plataforma de streaming dedicada às narrativas negras.

Quem da comunidade negra poderia substituir Tiago Leifert na Globo?

0

Quem assiste Globo deve ter notado as grandes mudanças no comando dos principais programas da emissora na grade do final de semana.

Faustão foi para Band e Luciano Huck pegou seu lugar sendo o novo apresentador do Domingão. Para substituir o marido da Angélica no Caldeirão chegou Marcos Mion, agora ex-Record. 

Foto: Reprodução Instagram

A gente fica aqui só observando homens brancos indo e vindo e ficando milionários – quiçá bilionários – à frente de programas extremamente populares provavelmente com uma audiência composta em maioria de pessoas não brancas.

Foto: Reprodução Instagram

Nessa quinta, 09, Tiago Leifert apresentador do Big Brother Brasil e The Voice anunciou a sua saída da Globo depois de 15 anos na casa. A gente sabe que, com oportunidade, há nomes negros do nosso meio artístico e midiático que poderiam arrasar no comando dos programas de final de semana e por isso perguntamos aos nossos leitores quem eles indicaram para substituir Leifert. Confira alguns nomes mencionados.  

A jornalista, apresentadora e agora atriz Tia Má.

O ator Ícaro Silva.

A atriz Dandara Mariana.

A atriz Taís Araújo.

A cantora e apresentadora Iza

A jornalista Maju Coutinho

A funkeira e apresentadora Jojo Todynho.

Quem você acrescentaria a essa lista?

Paulo Vieira vai comandar reality gastronômico com casais famosos no GNT

0
Foto: Divulgação

Para quem gosta da programação do GNT, mas percebe que o canal é bem branco em termos da cor dos apresentadores vai vibrar com essa novidade. O ator e apresentador Paulo Vieira vai ter seu próprio programa da emissora do grupo Globo.

A partir do próximo dia 18 de Setembro, Vieira começa a gravar “Rolling Kitchen Brasil”, um reality show gastronômico feito por casais famosos que gostam de fazer uma comidinha gostosa.

No programa essas duplas devem preparar duas receitas complementares e de um mesmo tema. No entanto, cada um deles estará em uma cozinha separada. Para animar a competição, a cada quinze minutos, o palco gira 180 graus e um assume a cozinha do outro, preparando o prato de comida do ponto em que seu par parou. O melhor prato, vence a competição.

Com produção da Endemol Shine Brasil, e filmado em São Paulo, a atração estreia no GNT dia 21 de outubro, às 21h30.

“Um verdadeiro sambista é ativista”: em parceria com Djonga, Tunico da Vila lança “Fogo nos racistas”

0
Foto: Reprodução Instagram

Tunico da Vila juntou-se ao rapper mineiro Djonga e a rapper capixaba Mary Jane para falar sobre negacionismo e cantarem juntos sobre suas indignações sobre o racismo explícito e o genocídio na pandemia. 

“Fogo nos Racistas” é um samba acompanhado de rap que retrata o clamor dos protestos nas ruas pelo Brasil contra o negacionismo diante das quinhentas e setenta mil mortes na pandemia.

“Quando eu comecei a fazer a música, a intenção era colocar vários sentimentos que hoje o povo preto tem. Eu divido o afeto, a ancestralidade e a espiritualidade”, disse Tunico em entrevista ao site Mundo Negro. Para ela a música tem um papel de ensinar e educar e o samba, não fica fora desse propósito.

“De política o samba já fala por si só, porque você é um ativista sendo sambista. Um verdadeiro sambista também é ativista com toda a certeza. Seja em prol do movimento negro, do movimento da mulher, em prol a tudo aquilo que engloba as bandeiras do movimento LGBTQI+ e todo mundo, porque o samba abraça a diversidade graças ao candomblé”, reflete Tunico.

A música foi gravada no Rio de Janeiro, com arranjos de Jota Moraes, Boris e beats do DJ Ajax, já o videoclipe foi filmado em Queimados, na Serra, no Espírito Santo, um dos raros sítios históricos de memória negra preservados no país e chama-se “Fogo no Racista”; o videoclipe será lançados pela Sony Music, dia 10 de setembro, meia-noite, em todos os aplicativos de música e no canal do Youtube do artista. 

Na letra da parte do samba, Tunico da Vila cantou: “o negacionismo é malignidade, a fome tá comendo, chega de sofrimento, se liga aí descolonize o pensamento” e “pretas e pretos na universidade isso é fogo no racista”, a expressão é utilizada pelo movimento antirracismo e faz referência ao racismo estrutural presente no Brasil. 

“A origem dessa música foi inspirada por uma reza do candomblé na nação de Angola chamada ‘reza do corpo humano’ e no samba que digo ‘eu sapateio na macumba, sou do velho, sou de cura, Kaiangó Matamba, sou de Angola”, detalha o artista filho de Martinho da Vila.

“O samba sempre esteve em consonância com o que acontece nas ruas, com o povo, estou me posicionando gravando, cantando, pra ficar registrado aí que não compactuo com os ataques a democracia, o genocídio na pandemia, o racismo estrutural e a falta de comida, o sambista precisa estar do lado do povo, o silêncio musical de muitos artistas do samba me incomoda, tirando meu pai e a Teresa Cristina, pra mim não dá, não foi assim que aprendi, quem é do samba não pode deixar de gritar junto com o povo. Quando teve golpe, na ditadura, os sambistas retrataram cantando o que o povo estava passando com os militares. 

“Eu chamei o Djonga que é de terreiro como eu e está indignado, e a Mary  Jane que é uma mulher preta consciente do seu papel, se tiver que juntar com outros irmãos musicais de outros segmentos, não vejo problema, só não pode ser negacionista, aí pra mim não dá, vim de uma casa politizada. O samba é negro, de terreiro e veio do gueto, são de lá os que estão mais sofrendo”, disse o sambista sobre o novo single.

Edição e entrevista de Silvia Nascimento.

Amor marcado na pele: Pocah faz tatuagem em homenagem a filha Toya

0

Pocah decidiu homenagear a filha de uma forma linda e inusitada. A cantora registrou o amor que sente pela pequena Toya em forma de tatuagem. A arte, inspirada em uma foto da criança foi desenhada e tatuada por Vinícius Queiroz, tio da pequena e irmão da cantora.

O desenho tem todo um enredo e elementos marcantes que, para Pocah mereciam estar com ela a todo tempo e, por isso, foram registrados na pele. A cantora ainda disse que o cabelo é um símbolo que a menina traz em si.

“É uma tatuagem que tem uma característica muito forte da Vitória, que é o cabelo dela, fiz inspirada em uma foto que ela ama em que ela está na praia. Nesse dia especialmente, a Toya estava amando o cabelo dela e eu me lembro que ela falava o quanto ela era bonita. Então esse dia, esse momento e essa foto são muito marcantes para mim e quis deixar registrado em homenagem à ela e ao amor que temos uma pela outra”. Explicou ela.

“Não quero ser escrava de uma imagem que não é minha”, influenciadoras negras falam sobre o uso de filtro nas redes

0

Por: Gabrielly Ferraz, Tais Codeco e Marcella Chagas

É indiscutível o quanto as novas tecnologias têm permeado a vida das pessoas e o quanto esse feito traz mudanças na sociedade. Difícil imaginar uma vida sem um um celular, tablet, notebook e por aí vai. Mais difícil ainda é imaginar a vida sem o Instagram, Tik Tok ou Facebook.

Hoje, às redes sociais têm aproximado quem está longe, aberto novos caminhos para os mais diversos trabalhos, o olho no olho se tornou uma boa chamada de vídeo com a galera, e não menos importante, uma boa selfie. E quem não quer parecer o mais belo possível, não é mesmo?

Se antes a referência de beleza eram as mulheres das capas de revistas, hoje esse parâmetro se reconfigurou. Não é mais preciso ir à banca de jornal para saber as últimas tendências sobre beleza. O acesso ao mundo com uma imensa variedade de conteúdos está a apenas um clique e através dele é possível acompanhar passo a passo a vida de diversas pessoas. Em um ambiente virtual que influenciadores dividem suas vidas, rostos e rotinas perfeitas, é preciso questionar os efeitos também na vida offline dos usuários em geral, principalmente, na população negra.

“Não quero ser escrava de uma imagem que não é minha”

Bea Lopes – Influenciadora Digital 

Foto: reprodução/ redes sociais (@bealopesoficial)

Com mais de 70 mil seguidores no Instagram, a influencer Bea Lopes diz o quanto se atenta às questões sobre autoestima e aceitação, em uma sociedade que nega os traços de mulheres negras e sua aparência, ter referências que lutam contra os padrões e se entregam ao natural é de muita importância.

Em conversa com o Mundo Negro influencer lembra que por muito tempo também foi refém dos filtros, embora ache que em alguns momentos a ferramenta pode facilitar o trabalho de influenciadores e incentiva que pessoas com baixa autoestima possam se sentir mais confortáveis, Bea lembrou que é bom saber a hora de usar.

“Até com maquiagem eu colocava filtro (…) Até que chegou o momento que eu disse ‘não quero mais’ (…) tem alguma coisa errada, isso estava me fazendo mal! Se tornando uma doença. Eu perdia o meu tempo, podendo passar uma informação, podendo dar um bom dia, caçando filtro. Eu esqueci como era o meu rosto!”, relembra a influencer.

A criadora de conteúdo Carol Figueiredo já sentiu o impacto negativo que essas ferramentas podem causar, com  mais de 36 mil seguidores em seu perfil no Instagram, ela se preocupa em passar uma vida real e possível para seu público.

Foto: reprodução/rede sociais (@carolfigueiredd)

“Quando a gente trabalha com imagem mesmo que a gente não queira ligar para essas coisas, existe uma indústria que se importa e muito com isso. (…) Antes eu tinha muita paranóia de usar filtros nas minhas estrias. Hoje em dia não é uma questão para mim, mas eu confesso que às vezes é difícil para mim aparecer sem filtro, de gravar stories, sem colocar um efeito na pele.”

Carol contou que após refletir sobre os efeitos que o uso constante da ferramenta causava, decidiu abolir os filtros que modificam muito seus traços.

“Eu acredito que os filtros que modificam, que afinam o rosto, que afinam o nariz, que aumenta a boca ou diminui boca e, principalmente, os que clareiam a pele deveriam ser extintos do Instagram e de qualquer outra plataforma porque é muito agressivo e cria nas pessoas uma insegurança desnecessária e maneira muito rápida.” diz influenciadora Carol Figueiredo

Seguindo a mesma lógica do que as entrevistadas acima disseram, precisamos pensar do porquê desse comportamento nas redes e os motivos pelos quais mulheres negras ainda sentem o peso do padrão estético dito como ideal.

Embora possa soar incomum para as pessoas que não tem contato tão próximo com a tecnologia, o termo racismo algorítmico vem sendo assunto de frequente debate nos últimos meses e seu impacto na vida de pessoas não brancas vai muito além das telas. 

 Em poucas palavras, o racismo algoritmo é o reflexo do racismo estrutural tão conhecido em nossa sociedade. Se no offline as consequências do racismo impactam diretamente na vida pessoal e profissional, nas redes sociais, enquanto criadores de conteúdos, pessoas negras têm encontrado dificuldades em ganhar espaço nas plataformas. Em 2020 o tema tomou as redes, após serem apontadas diferenças na forma de distribuição e entrega de conteúdo, priorizando pessoas brancas. Para entender o funcionamento dos algoritmos é preciso considerar quem está por trás da criação deles. 

A estudante de Transformação Digital, Fabricia de Souza, explica que a baixa representatividade de pessoas pretas no setor de tecnologia e inovação interfere diretamente no funcionamento dos algoritmos. Segundo ela, durante o processo de desenvolvimento de um software muitos fatores são ignorados.  Nesse sentido, é preciso considerar que a máquina não faz nada por si, ela segue um padrão definido baseado em dados pré-existentes. Em outras palavras, o comportamento da sociedade influencia as ações do algoritmo.

“Porque nas redes sociais os influencers pretos e pretas têm menos ranqueamento dentro da rede? Isto não é porque o algoritmo fala: ‘eu não gosto de pessoas pretas.’ O algoritmo não tem essa habilidade de decidir por si mesmo. O que acontece é justamente o fato de que a falta de diversidade dentro desse ecossistema de tecnologia.” concluiu Fabricia de Souza

Quando esse algoritmo se depara com o perfil de pessoa não branca nas redes sociais, fora do padrão ao qual ele foi condicionado a reconhecer, ele entende que a pessoa preta não tem muito o que contribuir naquele espaço. Quando falamos em aplicativos de edição, ou até mesmo os filtros do Instagram, os algoritmos tendem a clarear a pele, buscando se aproximar do que foi programado.

Kananda Eller, a @deusacientista no instagram, é mestranda e influenciadora, e sente na pele a questão da distribuição de conteúdos, influenciadores negros produzem mais nas redes e são os menos vistos.  “O racismo está interceptado na tecnologia e na inovação, então a gente já parte do pressuposto que isso é óbvio e que acontece é que a gente tem que identificar onde está acontecendo para remover isso” @deusacientista.

 

Com mais de 3 posts informativos semanais a influencer acumula mais de  30 mil pessoas em seu perfil, trazendo conteúdos sobre ciência, propagando o conhecimento dos feitos históricos de pessoas negras. (@deusacientista)

“A gente produz muito mais para crescer e parece que tem que seguir aquela lógica de postar de domingo a domingo para ter algum crescimento nas plataformas”, contou a influencer ao falar sobre calendários de produção.

Para romper essa lógica é preciso conscientizar os usuários sobre os conteúdos que acessam e incentivá-los a refletir sobre o padrão que escolhem consumir diariamente. Reavaliar padrão de beleza e estética imposto na sociedade e se questionar o porquê ainda estamos presos ao padrão branco. Isso também só é possível a partir de ações dos grandes donos dessas plataformas, que precisam de análises mais profundas do padrão de seus algoritmos e o impacto negativo que podem causar nos usuários.

error: Content is protected !!