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Zezé Motta estrela novo documentário ‘Vozes’, que mostra um resgate histórico da mulher na TV

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Atuando com assiduidade na televisão, no cinema e nos shows, uma das mais importante atrizes do país, Zezé Motta durante seus mais de 50 anos de carreira, rompe barreiras e coloca no centro da cena artística nacional as múltiplas dimensões do protagonismo feminino e negro em tela. 

O seu imenso talento e carreira inspiram atuais e futuras gerações de mulheres que lutam por expressão, espaço e oportunidade. Justamente por isso, a artista é a estrela do documentário ‘Vozes’, uma produção do canal E! da NBCUniversal, que estreia neste novembro, o Mês da Consciência Negra. O documentário é um resgate histórico sobre o espaço que a mulher ocupou ao longo dos anos nas telas (tv e cinema sobretudo).

O filme-experimento parte da ideia de questionar esses estereótipos ao fotografar mulheres em posições e situações que raramente vemos na mídia: uma negra como CEO de uma empresa; uma loira boxeadora; uma mulher de mais de 60 anos com lingerie sexy; uma princesa oriental de cabelos ondulados; uma transexual astronauta; uma miss gorda e uma jovem negra como presidente do Brasil.

Participam ainda do filme-experimento Luana Tanaka (atriz), Mafoane Odara (psicóloga e executiva de RH), Natallia Rodrigues (atriz, publicitária e psicóloga), e Neon Cunha (publicitária e ativista). Toda a conversa é permeada por depoimentos de personalidades como a drag queen, professora e  apresentadora Rita Von Hunty, a atriz Maria Bopp, a apresentadora e cineasta Marina Person, a modelo Miranda Luz e a cantora e compositora Elza Soares. VOZES DO E! estreia terça-feira, 16 de novembro, às 22h, no E! Entertainment.

“Eu estou nessa luta há mais de 50 anos e toda vez que meu telefone toca e me convidam para participar de algum evento para falar de racismo, eu penso: Meu Deus! Até quando ainda teremos que nos reunir para discutirmos sobre isso? Desde que entrei para o movimento negro, lá pelo final dos anos 70, diziam que não existia racismo no Brasil e que estávamos importando um problema que era dos EUA, lutei e dei muita cotovelada pra mostrar que o racismo existia por aqui. Hoje, a minha luta é antirracista, continuo lutando e denunciando, mas na Consciência Negra, uma data necessária para essa reflexão, foco nas conquistas e não apenas em falar de cicatrizes.” Afirma Zezé Motta.

Mc Soffia será premiada com o ‘Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo’

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Foto: Reprodução.

Artista celebra 10 anos de carreira e ganha reconhecimento pela relevância de seu trabalho artístico e social.

A deputada estadual por São Paulo, Erica Malunguinho vai conceder o ‘Colar de Honra ao Mérito Lesgislativo do Estado de São Paulo’ para a rapper MC Soffia. O prêmio é conferido a pessoas ou instituições que tenham atuado de maneira a contribuir para o seu desenvolvimento social, cultural e econômico. A sessão solene ocorrerá no próximo dia 12/11, às 10h, no auditório Juscelino Kubitschek.

Para além da criação de projetos de lei, da fiscalização do Executivo e da destinação de verbas por meio de emendas parlamentares para comunidades LGBTQIA+, de matriz africana e quilombolas, Malunguinho busca incentivar que jovens estejam em movimento para dar segmento à luta em benefício desses grupos.

A jovem Soffia, que este ano celebra 10 anos de carreira artística, chegou ao estrelato aos 7 com o hit ‘Menina Pretinha’. Assim como em seu sucesso de estreia, sua obra retoma temas que remetem às grandes distorções sociais do país e do mundo, sobretudo racismo, machismo e desigualdade social. Desta forma, a artista ganhou o mundo, sendo reconhecida, inclusive, com tributo pela World Woman Foundation como exemplo de mulher forte e inspiradora por sua história e sua luta pelo empoderamento feminino.

Envolvida com causas sociais desde pequena, MC Soffia já participou de conferência da ONU e mantém uma sessão chamada “Ocupa Preteenha” em suas redes sociais, onde, aos domingos, ela publica material sobre jovens artistas negras. Seu perfil está alinhado ao pensamento de Erica Malunguinho para aproximação de jovens com à política, principalmente à sua prática em favor das comunidades vulneráveis, o que justifica sua indicação à honraria pelo parlamento.

Homem ferido em show de Travis Scott processa o rapper e organização do evento

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Foto: Getty Images.

Tumulto durante apresentação do artista no Festival Astroworld deixou 8 mortos e 300 feridos.

Uma das pessoas que se feriu durante show do rapper Travis Scott na última sexta-feira (5), entrou com um processo contra o cantor e a organização do evento. Manuel Souza pede US$ 1 milhão (R$ 5,54 milhões, na cotação atual). Ele afirma que sofreu ferimentos graves ao ser jogado pela multidão no chão e ter sido pisoteado. As informações são do G1.

Oito pessoas com idades entre 14 e 27 anos morreram na abertura do Festival Astroworld em Houston, no Texas. O evento reuniu aproximadamente 50 mil pessoas e houve vários momentos de confusão, especialmente quando muitas pessoas tentaram subir ao palco durante a apresentação de Travis.

“A multidão ficou cada vez mais apertada e, naquele ponto, era difícil respirar. Quando Travis apareceu cantando sua primeira música, eu testemunhei pessoas desmaiando ao meu lado”, disse TK Tellez, que estava no show, à CNN.

Outra participante do show, Selena Beltran, descreveu os momentos de terror que viveu. “Eu caí para trás e parecia que era o meu fim. Pensar que é assim que vou morrer, fiquei com tanto medo”, disse ela à CNN. “Eu não sabia o que fazer. Tudo estava acontecendo tão rápido, mas tão lento e eu não pude reagir. Eu só gritei.”

Travis Scott chegou a parar a música algumas vezes e pediu para seguranças ajudarem algumas pessoas, mas o show, que teve mais de 70 minutos, continuou até o final. O cantor usou as redes sociais para se manifestar sobre o ocorrido e disse que está “comprometido em trabalhar juntamente com a comunidade de Houston para dar suporte às famílias que precisem”. Scott também agradeceu aos bombeiros e à polícia de Houston pelo socorro imediato.

TikTok e Youpix criam programa de educação para capacitar criadores negros na plataforma

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Tiktokers negros em capacitação com a plataforma no Mês da História Negra em 2020, nos EUA. Foto: Reprodução.

Iniciativa vai contribuir para descoberta e desenvolvimento dos usuários. Inscrições vão até dia 10/11.

Com o objetivo de desenvolver competências, oportunidades e aumentar a representatividade de criadores negros dentro da plataforma, o TikTok convidou a YOUPIX, por meio do YOUPIX Educa, para desenvolver uma iniciativa de educação que contribua para a descoberta, capacitação e crescimento de criadores negros.

Usando toda a expertise da consultoria de comunicação YOUPIX, em mais de 15 anos atuando na profissionalização e capacitação de criadores, o programa de capacitação online atenderá criadores negros de diferentes realidades e conhecimentos sobre o cenário digital. As inscrições podem ser feitas através do link que será disponibilizado dentro do TikTok até o dia 10. O programa será realizado de novembro a janeiro, e dividido em três fases.

Na primeira fase do programa, Foundation, serão 12 horas distribuídas em quatro dias de aulas e workshops, com até 400 criadores selecionados a partir do processo de inscrição. Ao longo do curso, com foco no ensino das melhores práticas sobre planejamento de conteúdo e na preparação para o desenvolvimento de um negócio sustentável a partir de suas criações, os participantes serão estimulados a preencher o ‘Profile Kit, que, ao final da primeira fase, servirá como um media kit para ser apresentado para marcas e futuros parceiros.

A partir da 2a fase, Engagement, os 50 criadores de conteúdo que mais se destacarem participarão de uma experiência mais aprofundada com mentorias em grupo, onde serão aconselhados por executivos com experiência no mercado sobre conteúdo e estratégia de negócios. Eles ainda terão a oportunidade de participar de reuniões coletivas com as marcas parceiras do projeto, no ‘Speed Dating’. Com o ‘Profile Kit’ em mãos, poderão se apresentar, fazer network e gerar oportunidades reais de negócios. Já na terceira e última fase do projeto, Partner, a partir dos resultados da fase anterior, dez criadores participarão de um aulão de aprofundamento sobre negócios e relações com as marcas e, por fim, colocarão seus aprendizados em prática no ‘Brand Challenge’, o workshop de co-criação com o TikTok. Encerrando o ciclo, o time estará capacitado para crescer no ambiente digital e continuar seu desenvolvimento com o time de parcerias do aplicativo.

O projeto faz parte das iniciativas do TikTok para promover a equidade e também integra o conjunto de ações da plataforma para o Mês da Consciência Negra . “A capacitação de pessoas negras é uma agenda urgente para a nossa sociedade e, pensando nisso, convidamos a YOUPIX, que dirige o único programa de aceleração de criadores da América Latina, para nos ajudar a construir esse projeto, que será um conjunto de ações e formações ativas capazes de mudar o rumo da história dos participantes. Estamos orgulhosos do projeto que construímos e esperamos ampliar ainda mais o ecossistema diverso e educativo da plataforma, democratizando o aprendizado na comunidade digital, apoiando os nossos usuários e fornecendo acesso a conteúdo de alta qualidade, com alcance de milhões de outros usuários ávidos em aprender”, afirma Kim Farrell, diretora de marketing do TikTok para a América Latina.

“Adoramos receber esse convite do TikTok e temos certeza que essa iniciativa será um sucesso! Do nosso lado dos creators, sempre procuramos promover programas de aceleração e bolsas para diversidade. Além disso, também desenvolvemos diversas pesquisas, entre elas a “Black Influence: um retrato dos creators pretos do Brasil”, da qual mostrou que influencers brancos recebem 12% mais que os pretes, já a “Creators e Negócios 2021″, revelou que influencers brancos fecham 30% mais contratos do que os não brancos. São esses dados impactantes, de maneira negativa, é claro, que dão o gatilho para provocarmos e sempre puxarmos discussões sobre o tema! Portanto, essa parceria com o TikTok é super bem vinda para nos ajudar a reforçar o nosso posicionamento e tentar mudar esse cenário”, conta Bia Granja, maior especialista em influência digital do país e Co-fundadora da YOUPIX

Woman King: Longa de Viola Davis como guerreira africana chega aos cinemas em 2022

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Foto: Reprodução Instagram

Uma história épica, africana e inspirada em fatos reais. The ‘Woman King’ é um filme sobre batalhas e conquistas onde Viola Davis da vida a Nanisca, uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVII e XIX.

Dirigido por Gina Prince-Bythewood o filme teve a estreia confirmada para o dia 16 setembro de 2022.

Nanisca lidera uma unidade onde todas as guerreiras são mulheres e juntamente com um recruta ( Thuso Mbedu) ela iria lutar contra os inimigos que feriram sua hora e também escravizaram o seu povo. É a primeira vez que uma unidade militar feminina ganha destaque no cinema.

Lashana Lynch, a (007 negra) e John Boyega ( Guerras nas Estrelas), também estão no elenco do filme que promete valorizar a contribuição das mulheres negras como força militar no território africano nos períodos de exploração e escravidão, mas que foram apagadas pela história escrita pelo colonizador.

“Mal posso esperar que o público receba esta história. Ela foi impulsionada pela necessidade de contarmos histórias complicadas, profundas e grandiosas com mulheres negras no centro da narrativa”, explicou Viola.

Com informações da revista Variety.

Negros no topo: Inteligência emocional e processos seletivo são temas de evento voltado para jovens

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Crédito: McKinsey

Gratuito e com inscrições limitadas o evento “Negros no Topo” chega a sua segunda edição com o objetivo de empoderar jovens negros que ainda estão na universidade ou têm até dois anos de formação. A ideia do evento promovido pela Grupo Cia de Talentos é que os participantes troquem com profissionais de recursos humanos, informações sobre mercado de trabalho tendo em vista que esse público tem conteúdo da faculdade fresquinho na cabeça, mas não sabe o que virá pela frente.

“Ano passado realizamos a primeira edição do Negros no Topo e recebemos feedbacks positivos de jovens do Brasil que puderam se desenvolver sem sair de casa e gratuitamente. A interação com as empresas também é muito bacana porque conecta as pessoas com os RHs. Acreditamos que é através do desenvolvimento que promovemos mais diversidade e inclusão no mercado de trabalho e é por isso que estamos caminhando para a segunda edição”, comenta Giovanna Mazzeo, head de comunicação e marketing do Grupo Cia de Talentos. 

evento é 100% online e gratuito, exclusivo para pessoas pretas e pardas que estão na universidade ou têm até 2 anos de formados

Os bate-papos deste ano serão sobre inteligência emocional processo seletivo, os temas mais votados em uma enquete feita nas redes sociais.  

A consultora de carreira Tati Venâncio irá tirar dúvidas e dar dicas sobre como se destacar na hora de concorrer a uma vaga. Já a especialista em desenvolvimento Polyana Freitas irá conduzir um workshop sobre inteligência emocional – competência cada vez mais requisitada pelo mercado de trabalho.  

Também participam do evento as especialistas em Recursos Humanos Kioma Lelis, da Anbima, e Jéssica Ferreira, da General Eletric. 

O evento que acontece no dia 20 de novembro, a partir das 10h, será fechado para que as pessoas selecionadas possam fazer perguntas e interagir com as painelistas.  As inscrições estão abertas: https://bit.ly/3pLGIly

“Faça planos, mas viva o agora”, diz Tia Má sobre morte de Marília Mendonça

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A morte precoce da cantora Marília Mendonça , vítima de um acidente aéreo na cidade de Piedade de Caratinga (MG), nessa tarde sexta (5) deixou o Brasil em choque. De acordo com o G1, a Polícia Civil informou que os cinco ocupantes da aeronave morreram –além de Marília, o piloto, o copiloto, o seu produtor Henrique Ribeiro e o seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho.

Nas redes sociais vários artistas lamentam a morte da artista que deixa um filho de 2 anos e uma legião de fãs inconsoláveis. A jornalista Maíra Azevedo, a Tia Má, fez uma reflexão sobre as imprevisibilidade da vida.

“Em instantes tudo pode mudar! Faça planos, mas viva o agora! A partida de Marília Mendonça, no auge, nos deixa com a sensação de que nunca sabemos quando será a nossa despedida”, lamentou Tia Má que complementou: “A sua última imagem foi sorrindo, agradecendo pelos shows que iria fazer”.

Outros artistas negros também postaram sobre a tragédia.

https://twitter.com/Ludmilla/status/1456730828403322882
https://twitter.com/Karolconka/status/1456726078861549573

“Sou uma pessoa que tenta melhorar a vida das pessoas”: conheça Hawk, o influenciador digital criador do PixDay

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Foto: Divulgação.

Nascido em Ipiaú, no interior da Bahia, o criador de conteúdo Hawk Andrade, ou apenas Hawk, como é conhecido nas redes sociais, inovou a forma dos criadores se relacionarem com sua comunidade aqui no Brasil, criando o PixDay. Este dia, nada mais é do que um dia de pagamento, onde os seguidores depositam R$ 0,50 para pagar pelos serviços prestados por Hawk.

Apesar de ter um alcance de mais de um milhão de pessoas, é pouquíssimo procurado pelas empresas para as famosas “publis”, aquelas propagandas feitas por influenciadores. Em pouco mais de um ano, só fechou um pacote publicitário com uma empresa. “Eu tenho recortes sociais bem específicos”, explica Hawk, que apesar de ter números que impressionam e uma presença digital forte em múltiplas plataformas, é um homem negro e deficiente físico. Hoje, o PixDay é 60% da renda dele com a internet, o restante vem da plataforma de financiamento coletivo, venda de produtos  e monetização do Youtube.

Mas além de criador do PixDay, Hawk tem uma série de outras facetas menos conhecidas do público, como a infância religiosa, quando se converteu ao Cristianismo e levou até a mãe para a Igreja, a construção de uma masculinidade forjada por figuras femininas e pelo avô, e até o assédio e a diferença entre a visibilidade que recebe na internet e na vida offline.

Conversando com o MUNDO NEGRO, ele abriu esses e outros detalhes de sua vida. Confira!

Como começou a sua carreira de influenciador?

Sou uma pessoa que tenta melhorar em algum nível a vida das pessoas. Esse é o objetivo de 100% do meu trabalho. Deixar a vida das pessoas mais leve e trazer entretenimento. Isso foi o que eu sempre quis fazer, desde sempre. Acompanho o Youtube desde os meus 12 anos e lembro que quando eu vi pela primeira vez eu disse: “é isso que eu quero fazer da minha vida”. Estudei Comunicação Social, não concluí, mas cheguei bem perto e fiz o curso todo com a intenção de trabalhar com o Youtube. Quando meu canal atingiu mil inscritos, eu larguei tudo, larguei meu emprego de editor de vídeos em eventos sociais, larguei a faculdade e fui viver disso.

Como você criou o PixDay e decidiu que não ia trabalhar com marcas?

Eu tenho uma campanha de financiamento coletivo desde os primórdios do canal. É uma parada que no Brasil ainda não é muito difundida, mas lá fora é, dos seguidores apoiarem o criador de conteúdo e pagarem o salário dele. A criação de conteúdo que eu faço é para o público. Eu não gosto de fazer publi, eu acho que, na maioria das vezes, são coisas genéricas, principalmente quando você tem recortes sociais bem específicos, como é o meu caso. Então,  receber o apoio da comunidade que é para quem eu produzo, é uma coisa que eu sempre busquei, desde o começo. 

Aconteceu que ano passado eu sofri um golpe, o golpe do iPhone, e aí, quando a pessoa que me deu o golpe devolveu o dinheiro, a galera começou uma vaquinha para me dar um iPhone. E foi aí que eu vi que dava para fazer uma coisa maior e criei um evento, no estilo Criança Esperança, com live, comigo atendendo as pessoas, e nesse evento arrecadamos R$ 16 mil, que foi um valor muito absurdo em três dias de campanha, só com a minha comunidade.  

Quando chegou este ano, eu recebi numa caixinha de perguntas, uma pessoa se desculpando porque não conseguiria manter o apoio mensal que ela me dava, que era de R$ 10. E eu fiz uma conta mostrando que se todas as pessoas que assistem os meus stories mandassem R$ 0,50 eu ia ter R$ 15 mil por mês.  Eu postei essa conta e o meu PIX e desafiei as pessoas a postarem para mostrar que eu estava certo. 

Da primeira vez, deu R$ 5 mil. E agora estamos no sétimo mês, e é uma loucura. É uma parada muito surreal. É muito bom saber que hoje em dia eu não estou preso a amarras publicitárias e posso falar, literalmente, sobre o que eu quiser.

As pessoas te cobram alguma coisa por serem seus “acionistas”? Você ouve muita coisa?

Geralmente, quando alguém me cobra alguma coisa, eu pergunto se ele quer os R$ 0,50 de volta (risos). É um processo também de educação dos meus seguidores. Na internet, por não ter esse limite físico, as pessoas são muito doidas e saem falando todo tipo de coisa umas para as outras. E nessa relação entre criador de conteúdo e consumidor de conteúdo é muito estreita. As pessoas chegam até mim falando que elas se sentem minhas amigas, então acaba perdendo um pouco do limite. Educar e mostrar que existem os limites é muito importante, até para a minha saúde mental.

Falando em saúde mental, como você lida com a sua e a pressão da produção de conteúdo?

Eu acho que hoje em dia eu lido melhor. Não tem curso que ensine a ser criador de conteúdo, então, é apenas experiência. Tentativa e erro. Hoje eu me sinto bem tranquilo, tanto com críticas, quanto elogios. Sobre essa pressão, eu não sinto nenhuma. O fato de criar conteúdo para a minha comunidade me tirou o peso dos números. Eu não ligo para o meu engajamento mais, eu não ligo para crescer, bater meta de números. Geralmente a gente se preocupa com isso porque a gente tem que mandar esses relatórios para as marcas, para ser atraente para elas. Mas se sou só eu e a minha própria comunidade, eu quero que ela seja feliz. Se eu passar um dia todo sem postar stories, quando eu voltar, quem gosta, gosta, quem não se sentir confortável, sai. É também sobre deixar essas pessoas livres e conscientes de que se elas não estiverem mais gostando dos conteúdos, elas podem deixar de seguir, seguir outras pessoas, a gente não tem um casamento. 

Uma das coisas que a exposição na internet traz é um pouco desse assédio, de pessoas querendo ter um relacionamento, um encontro sexual. Como é, para você, a afetividade de homem negro deficiente na internet x vida real

Eu acho muito doido a diferença. Da porta para fora, é outra vida. Eu, enquanto pessoa na internet, recebo elogios, mas eu sei que se eu sair na rua, os olhares não são de elogio, de desejo, de nada. São dois extremos. Porque num lugar, você teoricamente é seguido, é desejado e está tudo bem, mas quando isso vai para vida real, até as pessoas que elogiam e dão em cima concretizarem esse passo na vida real é muito difícil de acontecer. Já é uma coisa que eu abstraí completamente. 

Quando eu falo que eu realmente aprendi a lidar com críticas e com elogios também é sobre isso. No início eu ficava feliz, era uma coisa que mexia comigo, que me deixava melhor. Com o passar do tempo, quando eu fui vendo a realidade, e, hoje em dia, ignoro os dois. Tanto as críticas quanto os elogios. Eu sei que, por mais que a pessoa ache alguma coisa, ela está achando baseado em um recorte muito pequeno que ela está vendo pela tela do celular, ela não está me vendo realmente. Eu tenho certeza que se ela não me conhecesse na internet, na rua ela viraria a cara ou me olharia com um olhar de curiosidade. 

E os ensaios sensuais que você publicou recentemente? De onde surgiu essa vontade?

Eu sigo Paulina, que é a pessoa que fez as fotos e sempre acompanhei o trabalho dela fotografando pessoas gordas. E aí, chegou um momento em que deu certo de a gente fazer essas fotos e foi muito tranquilo de fazer. Eu não fiquei constrangido em momento nenhum, fiquei muito mais constrangido para postar as fotos depois. Tem bastante foto que ainda não postei, inclusive. É uma parada que quando eu falo, as pessoas não acreditam, mas eu sou relativamente tímido, para uma pessoa que trabalha com a própria imagem, e hoje eu entendo porque essa timidez existe.

No começo dos meus vídeos no Youtube eu nem aparecia. Esse era o nível de quanto eu tinha problemas com a minha própria imagem. Mas deixei para fazer quando estava preparado. Foi um processo. Quando eu me senti bem, quando senti: Ok, posso fazer isso, eu fiz.  Eu acho importante no sentido de corpos como o meu não existem, apesar de sermos a maior minoria no mundo, eles não são vistos e não ocupam espaço em nenhum lugar de destaque. Então, eu faço também porque eu sinto que eu tenho a oportunidade de fazer, é maior do que eu , maior do que as minhas questões pessoais. Eu sinto que é necessário que eu faça isso, já que eu tenho essa voz. São coisas que eu digo que eu faço “pela empresa” (risos).

Já observei que você recebe muitos questionamentos de pessoas que não acreditam que você é um homem hétero. Como você lida com os questionamentos das pessoas sobre a sua orientação sexual?

É uma parada que escuto muito e eu realmente entendo, porque eu não tenho nada a ver… Eu tenho minhas questões com homens em geral, e eu não tenho muita coisa de masculino dentro de mim, então, eu acho muito natural que as pessoas fiquem com essa dúvida. Porém, gente, eu já tentei, mais de uma vez, mais de duas e não consigo. Não sou bi, sou, infelizmente, hétero. 

Eu sinto que o fato de eu ter nascido com a minha deficiência e ter ela durante toda a minha vida, o nível de invisibilidade de uma pessoa com deficiência é tão grande que é tirado inclusive o gênero, inclusive coisas tão delicadas quanto essa. 

Eu não me aproximava dos caras no colégio porque eu não jogava bola. Teve uma época que eu joguei bola só porque eu dizia que eu tinha que ser parecido com aqueles caras de algum jeito. Mas eu não podia fazer muitas coisas que eles faziam. A demonstração de masculinidade é pela força, pela brutalidade, por fazer esporte, coisas que eu nunca fiz. Então, eu não me via neles.

Minha criação foi com duas mulheres, que eram a minha mãe e a minha avó. Tinha o meu avô, que fazia ali o papel masculino, mas já era um avô. Não tinha aquela vitalidade, eu via que ele era um cara mais velho e ele tinha outras prioridades. As minhas coisas com o meu avô não eram sobre jogar bola ou brincadeira de menino. A gente sentava e ele ficava me mostrando os sambas que ele ouvia. Ele sentava e me ensinava a escolher frutas. Foi uma outra noção de masculinidades que eu aprendi dentro da minha casa, e era totalmente diferente da noção dos meninos que eu conhecia de maneira geral. Por muito tempo eu fui o macho escroto valendo, na adolescência, porque eu queria me encaixar em alguma coisa. 

Qual é a sua relação com a espiritualidade?

Eu já fui mais negligente a respeito disso, dizia que não queria saber de nada, não acreditava mais em nada, só que hoje eu simplesmente não ligo. Eu me colocaria como não praticante de nada. Não é algo sobre o que eu penso, mas ao mesmo tempo eu entendo a importância disso para muitas pessoas, e entendo o fato de minha mãe ser evangélica e tal. Eu entendo que para ela é muito importante e faz muito sentido estar naquele meio.

Fui quem levou minha mãe para a igreja. Quando criança, eu li a Bíblia e falei: é isso, vou procurar uma igreja pois tenho que ir atrás desse rolê. Lá dentro, eu fiquei acho que quatro anos, e chegou um momento que eu vi que não fazia mais sentido para mim. Apesar de entender o conceito e achar válido, eu não me via mais como parte daquela comunidade. E foi muito mais pela comunidade no começo, sentindo que eu não tinha nada a ver com aquelas pessoas, e depois foi uma questão ideológica, por entender que Deus não é esse homem branco sentado esperando para enfiar um espeto na minha bunda. E aí eu só me desliguei completamente dessas coisas. 

“A deficiência não é sua, é do meio que não está pronto pra você”, diz o metroviário Marco Pellegrini

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Marco Pellegrini e seus irmãos Andréa, Alessandro e José Renato foram criados de forma simples na Vila Clementino. Seus pais se conheceram na Associação Cultural do Negro. José Pellegrini, trabalhava no comércio de algodão no atacado, e sua mãe Teda Pellegrini é psicóloga, tendo iniciado na Filosofia e depois conquistou cadeira na primeira turma de psicologia da USP.

Abdias Nascimento, Correia Leite, Florestan Fernandes, Oswaldo de Camargo, os advogados Gerson e Haydée Amarante, Américo Orlando eram pessoas do seu convívio, ao lado de quem fundaram o Aristocrata Clube – berço cultural, pensante e militante do movimento negro em São Paulo. Ali foram gestados os referenciais que fizeram a diferença nos desafios que Marco enfrentaria a seguir como cidadão negro e pessoa com deficiência.

Superando dificuldades, a família chegou a morar com parentes, à beira do córrego, mas Marco teve sempre o incentivo para estudar, frequentar bibliotecas e circuitos culturais. A pequena rua de casa se dividia entre dois mundos distintos: a primeira quadra, habitada por negros e nordestinos, com cortiços, serraria e casas humildes. Já n segunda quadra, casas bem estruturadas, profissionais de governo, bancos e profissionais liberais. A família do Marco, únicos negros da segunda quadra, fazia ponte entre os dois mundos. 

Nos bancos da escola no Senai, onde ingressou para estudar eletrônica, enfrentou o racismo de um universo majoritariamente branco. Desde os livros, que diziam que os negros eram escravos, até a falta de conhecimento da história dos seus ancestrais. Com valores de luta, trazidos de casa e do Aristocrata Clube, Marco enfrentava a discriminação. Num tempo de ditadura militar, sua casa era reduto de exilados negros. As histórias de luta inspiravam o imaginário e alimentavam as forças do garoto Marco que já se auto intitulava um “Makonde” – grupo étnico de Moçambique, conhecido historicamente por sua resistência, diante das tentativas de dominação.

Talentoso com os eletrônicos, Marco iniciou na Nec do Brasil, passando pela Dixtal equipamentos hospitalares e Phillips Telecom. Aprendeu sobre gestão profissional e inovação em um tempo que pouco se ouvia falar de governança, ele viveu na pele a valorização de todos esses conceitos. Ascendeu a novos cargos, outras empresas, mas confundido com o porteiro ou o segurança, precisava sempre se impor profissionalmente.

Era minha base de treinamento – atuar em diversas frentes, mostrar autonomia e responsabilidade, apesar do preconceito.

Mostrando resultado nos projetos, assume a função de engenheiro, no Metro de São Paulo, onde está até hoje.Formou-se também em Matemática e impulsionado pelo sucesso profissional, casou e formou família. Tinha o filho Pedro de 1 ano e a esposa grávida do Victor quando comprou apartamento novo e uma moto Teneré 600, bastante cobiçada na época. 

Certo dia, na volta do trabalho como é usual a tantos brasileiros, sofreu um assalto e levou um tiro que atingiu sua vértebra C3, tornando-o tetraplégico. Sua vida então tem uma reviravolta, mudando para sempre a forma como Marco encarava o mundo.

Ainda que em choque, ele não se rendeu: diante de um novo cenário, foi estudar o que era a tetraplegia, seus limites e possibilidades. Teve que encampar lutas com médicos e peritos, para que não fosse aposentado da atividade profissional tão significativa em sua vida. 

“O Brasil não fabricava cadeiras motorizadas. Eu vivia sendo empurrado, sentado numa péssima cadeira. E não me conformava com isso! Fui adaptando atividades à minha nova condição. Nesse esforço, descobri uma feira na Alemanha com inovações em mobilidade. Vendi um carro e com esse o dinheiro embarquei com a minha mãe, irmão e um amigo, também tetraplégico, para abrir novas perspectivas.”

Foi sem falar inglês, nem alemão, com orçamento curto e a carteirinha do Albergue da Juventude que se deu a aventura. Na Alemanha, teve acesso ao que tinha de melhor em conceito, adaptações, políticas públicas entre outras questões que visavam trazer dignidade às pessoas com as mesmas condições que Marco.

Na feira, um universo de soluções imagináveis! Foi lá que Marco comprou sua primeira cadeira motorizada com joystick no queixo, e ainda que simples, permitia que elese movesse sem a ajuda de ninguém. Experimentou na feira, e entendeu que aquele era o caminho. Comprou a cadeira no mesmo dia, graças a insistência com o expositor porque a cadeira ainda não estava a venda.

Já no Brasil, se apresentou à Previdência Social. O médico perito do trabalho, que antes queria aposentá-lo, viu entrar em seu consultório um homem empoderado! Conduzindo a própria cadeira, já equipada com prancheta que ele mesmo adaptou, entendeu que algo precisava ser feito – entrou em contato com o RH da empresa, abrindo caminho para o retorno do Marco ao trabalho.

“A deficiência não é sua, a deficiência é do meio que não está pronto pra você”.

A seguir uma equipe multidisciplinar, com bons profissionais e conceitos inovadores assumiu o processo.Readaptado, sua volta ao trabalho viabilizou rotinas anteriores de novas formas e abriu portas a novas atividades. Surgiram mudanças tão significativas que refletiram em novas políticas organizacionais, desde sua posição na empresa.

Com tudo isso, Marco fundou o Centro de Vida Independente – CVI, tornou-se Secretário Adjunto da Secretaria Estadual dos Diretos da Pessoa com DeficiênciaPaulista e depois o Secretário Nacional dos Direitos daPessoa com Deficiência. 

Atuou como Chefe da Delegação Brasileira em 2017 na ONU e foi o Delegado brasileiro na ONU por 12 anos em NYC e Genebra. Seus discursos marcaram valiosas posições ideológicas e programáticas na questão das pessoas com deficiência. Grande conquista nesse sentido foi a implementação da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, em paralelo à liderança de 8 decretos presidenciais e 2 estaduais além da implementação de diversos programas e estruturas nesta área.

Na vanguarda do movimento das pessoas com deficiência,em reconhecimento à sua trajetória recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos 2018. Entre os reconhecimentos por seu trabalho e militância, foi homenageado na 20ª Edição da “Medalhas Força da Raça 100 anos da Revolta da Chibata”, concedido pela Instituição Força da Raça Campinas (nov/2010), e também na Sessão Solene da Câmara Municipal de São Paulo pelo Dia da Consciência Negra, “pela liderança exercida na comunidade e o trabalho contra a discriminação étnica”(Nov/2012). Recebeu também o Prêmio Luiz Gama, nas comemorações de 30 anos do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo. 

Ao longo de sua jornada combativa contra o preconceito e por cidadania, Marco teve a oportunidade de criar oportunidades, padrões e equipamentos.

Hoje o posicionamento social da pessoa com deficiência no Brasil é uma invenção moderna fruto do movimento civilPor algum motivo a espiritualidade me colocou ativamente nesse processo, sou grato por isso” diz Marco Pellegrini, Palestrante e Consultor de Acessibilidade, Inclusão e Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência.

COP26: Coalizão negra traz pauta quilombola ao debate sobre o meio ambiente

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Foto: Marcelo Prest - A Pública

Racismo ambiental e certificação de terras quilombolas foram alguns dos temas de uma carta aberta carta do movimento negro que será apresentada nessa sexta(05), em Glasgow, durante a COP26 ( 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) . O documento publicado pelo Coalização Negra por Direitos “Para controle do aquecimento do planeta – desmatamento zero: titular as terras quilombolas é desmatamento zero” foi assinado por mais de 200 organizações. O evento acontece no Reino Unido.

O texto defende uma incidência direta contra o racismo ambiental, pela redução do aquecimento do planeta, desmatamento zero nas florestas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga brasileira e em defesa da titulação das terras e dos territórios quilombolas também como estratégias pelo desmatamento zero. O documento na íntegra pode ser encontrado no site da Coalizão Negra por Direitos (versões também em inglês, espanhol e francês).

Segundo as organizações, “a crise climática é também humanitária” e tem impacto direto na vida das populações negras, quilombolas e dos povos indígenas. No Brasil, a maioria populacional é negra e representa, hoje, 56% da população (IBGE, 2020).

Tudo isso passa também pela luta contra o racismo ambiental. “O debate fundamental de racismo ambiental ainda não encontra ampla adesão, ou é negado, pelos movimentos ambientalistas no Brasil, assim como falta racializar as políticas públicas ambientais”, diz o texto.

Racismo ambiental é a discriminação racial na elaboração de políticas ambientais, aplicação de regulamentos e leis, direcionamento deliberado de comunidades negras para instalações de resíduos tóxicos, sanção oficial da presença de venenos e poluentes com risco de vida à comunidades e exclusão de pessoas negras da liderança dos movimentos ecológicos. Refere-se à qualquer política, prática ou diretiva que afete ou gere desvantagens de maneira diferenciada (seja intencional ou não) a indivíduos, grupos ou comunidades com base em raça ou cor. (fonte: ecycle )

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