A atriz Léa Garcia usou suas redes sociais para rebater as falas racistas do presidente da Argentina, Alberto Fernández, que em um evento com empresários e o primeiro-ministro da Espanha, disse que “Os mexicanos vieram dos índios, os brasileiros saíram da selva, mas nós os argentinos, chegamos de barcos. E eram barcos que vieram de lá, da Europa”.
Fazendo referências ao Tango, ritmo que é marca da cultura argentina, a atriz, de 88 anos, citou o antropólogo Norberto Pabo Cirio. “O tango nasceu num bairro de descendentes de escravos africanos na Argentina” e continuou: “Será que o presidente da Argentina, senhor Alberto Fernández, desconhece ou ainda quer manter em segredo essa raiz, ‘selvagem’, do tango? Será que o genocídio sofrido pelos indígenas na Patagônia, pelo exército da Argentina, outra raiz ‘selvagem’, tanto como ‘a raiz mexicana’, também lhe é desconhecida?”, questionou a atriz
“Não posso me calar diante da referência, tão impregnada de orgulho, ao ‘navio europeu’ que invadiu terras americanas levando o etnocídio ao povo nativo e o genocídio de uma parcela da população negra existente na Argentina”, afirmou Léa, que é referência no ativismo para a inserção da população negra no teatro e na televisão e que integrou o Teatro Experimental do Negro, nos idos dos anos 1950.
A cantora Liniker lançou nesta quarta-feira (9), o clipe do segundo single da sua carreira solo, ‘Baby 95’, pela Boogie Naipe. Com referências do pagode, do R&B, a ambiência do clipe nos leva para os anos 90 e desperta os melhores sentimentos românticos, na semana do Dia dos Namorados.
“‘Baby95’ é uma canção que renova o trato com todas as referências musicais que eu tive e acessei no âmbito familiar”, afirma Liniker. Nascida em Araraquara, no interior de São Paulo, ela se refere ao contato que teve com a arte dentro de casa, um ambiente em que o samba e o pagode eram bastante presentes. “Muitas pagodeiras e pagodeiros encontraram no R&B um caminho para traduzir o romance na nossa língua. Daí, veio a minha vontade e inspiração para ressignificar o que eles já faziam nos anos 1990”, explica a cantora.
O clipe nos leva a uma conexão imediata com as histórias de amor contadas pelos grupos do chamado Pagode 90 – começando com aqueles programas de rádio que contavam histórias de amor dos ouvintes entre uma música e outra – e apresenta aquele sabor de que a história de amor retratada na tela também pode ser vivida por quem assiste. Um narrativa de grande poder que se torna ainda mais potente ao retratar a relação de amor e carinho vivida por uma mulher trans negra e seu companheiro, um homem também negro, em cenas do cotidiano de uma vida tranquila, com direito a dançar um samba rock na sala de casa.
Assista:
A produção musical é de Julio Fejuca e do Gustavo Ruiz. “Eles abordaram cada detalhe daquele universo, partindo da linguagem e atualizando para o agora”, complementa Liniker
NIVEA — O clipe de ‘Baby 95’ também marca a entrada de Liniker para o time de influenciadoras da Nivea. A ação reforça o compromisso da campanha de propósito ‘O Toque Que Transforma e Inspira Conexões’ com a população LGBTQIA+, especialmente com a comunidade trans.
Além do videoclipe, estão previstas outras ativações nas redes sociais, que ainda são surpresa, e vão falar sobre momentos de amor e do poder do toque. No clipe de Baby 95, vemos a icônica latinha azul e o hidratante Nivea Milk. Dessa forma a marca reforça o poder do toque, autocuidado, a ressignificação de memórias musicais e muito romance, que a cantora apresenta em sua canção.
A nova música chega no mesmo mês em que Liniker estreia a sua carreira de atriz. Ela vive a protagonista, Cassandra, em “Manhãs de Setembro”, série que chega no Amazon Prime Brasil no dia 25 de junho. Essa pluralidade artística, inclusive, é algo que se tornará cada vez mais presente na trajetória da artista. “Eu sou feita de misturas, de camadas e muitas coisas me inspiram. Seria injusto para o meu processo artístico me dedicar apenas a um único tipo ou estética musical. Eu me dou bem na multiplicidade. Não é nem questão de se dar bem, na verdade, acho que eu estou mais disponível a investigar coisas e formas”, finaliza.
O cantor e produtor Pharrell Williams abrirá um grupo de pequenas escolas particulares para alunos de famílias de baixa renda. O projeto se chamará ‘YellowHab’ e será localizado em Nortfolk, Nova York. “Se o sistema for consertado e injusto, então ele precisa ser quebrado”, disse Williams em um comunicado à imprensa. “Não queremos um aprendizado sincronizado onde tantas crianças ficam para trás; queremos um aprendizado sob medida projetado para cada criança, onde as coisas que fazem uma criança diferente são as mesmas coisas que farão uma criança se levantar e voar”, explicou.
Imagem: Steven Ferdman
Nortfolk é “caracterizada por uma profunda segregação habitacional”, incluindo com constante desalojamento de pessoas por parte do governo local. “Os residentes estão sendo deslocados de suas casas com opções de moradia potencialmente limitadas disponíveis, o que limita as opções para as crianças. Temos um ótimo relacionamento com a cidade de Norfolk e queremos ser parte da solução, apoiando a comunidade com recursos e apoio”, escreveu Stephanie Walters, diretora de desenvolvimento da YellowHab.
O currículo da nova escola terá uma grande ênfase em ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática e aprendizagem prática. A escola vai matricular inicialmente entre 40 e 50 alunos que serão agrupados por níveis de habilidade e não por séries, uma forma de não rotular estudantes e evitar o usar o termo “abaixo do nível da série”.
Pharrel Williams já tem um histórico de promover ONGs que ajudam a causa negra de norte-americanos como a Black Ambition, que apoia empreendedores negros.
O projeto Converse City Forests (da famosa marca fabricante do All Star) vai criar um mural usando tinta especial que ajuda a purificar o ar em homenagem à cantora, compositora e atriz Larissa Luz, no Dique do Tororó, em Salvador, Bahia. A escolha de Larissa Luz e o Dique do Tororó se conectam com a proposta do projeto, batizado de “Recrie o Amanhã”, uma vez que a artista baiana reconhece a importância do local escolhido como um dos pontos emblemáticos da cidade de Salvador.
Imagem: Divulgação
O local escolhido fica em frente a uma avenida movimentada da cidade que, além de fazer com que a tinta pudesse agir de forma esperada, purificando uma região poluída devido a intensa movimentação de carros, motos e ônibus, contribuindo para a arte urbana na cidade.
“A jovem Larissa que rompeu barreiras e hoje é um ícone cultural da população negra, nos convida ao futuro, conectando musicalidade, ancestralidade e tecnologia. Este mural pretende representar o avanço social da possibilidade de homenagear uma mulher negra na via pública, propondo a todos aqueles que se sentem marginalizados, imaginar um futuro possível, próspero e fantástico”, diz Pedro Batalha da marca autoral de moda Dendezeiro.
Com o tema “Afrofuturismo“, a arte e o mural foram feitos por duas artistas negras e baianas, Andressa Monique e Nila Carneiro. Grafiteira e formada em Arquitetura e Urbanismo, o trabalho de Monique busca uma reconexão de sua ancestralidade através da representatividade de mulheres negras e com a representação de divindades das religiões afro-brasileiras, pois enxergar seu trabalho como um instrumento de combate ao racismo religioso através do graffiti . Nila é designer, muralista e ilustradora e, cada vez mais, tem visto sua arte ganhar maior reconhecimento do público, em especial nas obras em grandes dimensões. Na Bahia, a artista se destaca como uma mulher da arte urbana contemporânea brasileira.
O mural de Salvador tem 250m² e equivale ao plantio de 250 árvores.
A Converse iniciou o projeto global City Forests em 2020, onde ao redor do mundo foram pintados murais com tinta fotocatalítica que ajuda a limpar o ar, e a cada m2 equivale a uma árvore. Após passar por 14 cidades do mundo, o projeto chegou em São Paulo no segundo semestre de 2020.
Kathlen, que foi assassinada na última terça-feira (8) grávida de 14 semanas, trabalhava para a marca
A marca de roupas FARM anunciou nas redes sociais da loja uma ação de vendas utilizando o código de Kathlen Romeu. Segundo o anúncio feito pela loja, a comissão das vendas feitas com o código que Kathlen usava como vendedora da loja será destinada à família da jovem, que foi assassinada na última terça-feira (8) no Complexo do Lins, no Rio de Janeiro.
No texto, a marca diz que “a partir de hoje, toda venda feita no código de Kathlen terá sua comissão revertida em apoio para a sua família”. Deixando explícito que mesmo depois de morta, Kathlen continuaria gerando vendas e lucro para a empresa. O grupo Soma, do qual a FARM faz parte, lucrou R$ 39 milhões no último trimestre de 2020.
Nos comentários, ativistas e pessoas solidárias à memória de Kathlen se indignaram com a ação da marca. “Ou seja, a Kathlen vai continuar gerando lucro pra vocês até depois de assassinada?”, questionou Winnie Bueno. “Por que vocês não pegam e fazem uma doação?”, sugeriu Andreza Delgado.
Na noite de terça-feira, dia em que Kathlen morreu, o fundador da marca, Marcello Bastos, usou as redes sociais para lamentar a morte da jovem, que já trabalhava para a FARM há seis anos. “Que você e seu filho encontre em Deus a paz que esse estado falido e criminoso lhe tirou tão estupidamente”, disse.
ATO — Organizações e movimentos sociais convocaram para esta quarta-feira (9), às 16h, o ato ‘Justiça por Kathlen – Complexo do Lins quer viver. A concentração será em frente à Light, no Lins.
O Webdocumentário “Chamego”, que exalta relações afetivas entre pessoas pretas vai ser lançado a partir do dia 12 de junho. Serão 10 episódios em formato de websérie e oito episódios em formato de podcast, que contam a vivência de negras e negros que falam abertamente sobre seus relacionamentos heterossexuais, homossexuais, monogâmicos ou não-monogâmicos e consigo mesmo, além de tocarem em temas como afeto, preconceito, representatividade e amor livre.
A websérie documental é uma realização coletiva da Dan Território e exalta a história de 12 personagens, homens e mulheres reais, que compartilham a beleza e os desafios de seus relacionamentos, sob a narração da drag queen Barbárie Bundi. Os conteúdos serão lançados entre os meses de junho e julho no canal da Dan Território no YouTube e nas principais plataformas de streaming de música.
Imagem: Divulgação.
“ A proposta é pensar não apenas com o afeto sexualizado, como muitas vezes o corpo negro foi historicamente marcado, mas pensar, principalmente, na construção do amor fraterno e da relação social entre sujeitos e sujeitas negras. Chamego como uma ação de dengo, para além da visão ocidental do amor”, explica Daniel Arcades, um dos diretores artísticos da obra.
O elenco é composto por artistas de todas as partes da cidade de Salvador. propondo multiplicidade de classes, de gêneros e de afetividades. Entre os nomes estão a coreógrafa Edeise Gomes e seu companheiro o cantor de rap Aspri RBF; a atriz Fernanda Silva e sua companheira a artista plástica Yasmin Soares; o instrutor de tantra Rajan Irineu; o figurinista Cássio Caiazzo e seu companheiro Erick Simões; a produtora Rubian Mell; o artista e escritor Omolojí Àgbára; o diretor e produtor Bruno Novais e o coreógrafo Vinicius Revolti.
Com 5 minutos de duração, os episódios serão lançados sempre aos finais de semana em junho, nos dias 12, 13, 19, 20, 26 e 27, e, em julho, nos dias 3, 4, 8, 9 e um com um encontro especial no dia 10 com presença de todo o elenco em um bate-papo aberto.
Serviço:
Chamego – websérie e podcasts
Estreia: 12 de junho de 2021 (sábado)
Lançamentos: 12, 13, 19, 20, 26 e 27 de junho; e 3, 4, 8, 9 e 10 de julho
Plataforma: YouTube – Dan Território e plataformas de streaming de música (Spotify, Deezer, Apple Music, YouTube Music, Amazon Music)
“Sistema Percussivo Integrado” vai ser lançado dia 18 e traz oito faixas inéditas, misturando percussão com eletrônica. Primeiro single, “Tum-Kata-Kruáka”, já está disponível
Experimentação de texturas. Percussão híbrida. É assim que o músico e produtor Japa System define o seu som. A partir da mistura de elementos orgânicos e sintéticos, o artista, que integra o grupo BaianaSystem há seis anos, junta timbal e atabaque a baldes e frigideiras, sonoridades tiradas de barras de ferro e cascas de árvores com sintetizadores, samplers e bases eletrônicas em seu disco de estreia: “Sistema Percussivo Integrado”, com lançamento nas principais plataformas de streaming dia 18 de junho. O primeiro single, “Tum-Kata-Kruáka”, com a participação de Carlinhos Brown, já está disponível junto com um clipe de animação.
Em seu primeiro disco, Japa System resgata toda a sua trajetória artística, desde a realização do sonho de tocar na Timbalada (ele integrou o grupo por três anos e, antes, chegou a fazer parte do Terra Samba) aos primeiros passos na música, ainda moleque, aos 15 anos, testando experimentações com latas de manteiga e os utensílios de cozinha da mãe boleira. “Gosto de fazer sons através de sons”, destaca ele, que ainda hoje toca com seus instrumentos inventados; os Japa Shakers.
Com influências da Capoeira, Candomblé, Samba Duro e Samba de Roda, o álbum ainda traz as participações de Larissa Luz, dividindo os vocais com Japa em “Gente que vem, povo que vai”, com direito ao colega de Baiana, Robertinho Barreto, na guitarra; o rapper carioca Bnegão, em “Trindade”; e referências na percussão, como Gabi Guedes (Orkestra Rumpilezz), Mônica Millet (neta de Mãe Menininha do Gantois e uma das primeiras mulheres percussionistas do Brasil) e Marcos Suzano (pioneiro na junção de música eletrônica com base musical afro-brasileira e que já tocou ao lado de artistas como Sting, Joan Baez e Gilberto Gil), tocando atabaques, agogô e pandeiro na faixa título.
Foto: Jardel Souza
“Esse disco vai ser o registro de tudo o que passei, todo o sistema construtivo da minha música. Então, tudo que tem ali é muito real, porque o que eu sou, é o meu som”, conta Japa System, que já tocou em festivais como o Lollapalooza e Rock in Rio, e rodou Europa e Estados Unidos, além de acumular premiações, como o 28º Prêmio da Música Brasileira (2017) e o Grammy Latino (2019) – ambos ao lado do BaianaSystem.
Gravado nos estúdios da Pracatum, Ilha dos Sapos e Casa das Máquinas, “Sistema Percussivo Integrado” tem produção e direção do próprio Japa em parceria com o companheiro de BaianaSystem, João Meirelles, e masterização e mixagem de Victor Vaughan. O lançamento é pelo selo Candyall Music, gerido por Carlinhos Brown. O projeto ainda inclui um curta documental, mostrando um pouco do processo criativo e das raízes musicais do artista.
Primeira série de conteúdo próprio da cantora vai ser disponibilizada no IGTV
A rapper Karol Conká anunciou em suas redes sociais que vai lançar uma nova série. ‘Vem K’ vai ser lançada no dia 15 de junho e o tema da primeira temporada vai ser saúde mental. “Pessoal, é com muito orgulho e senso de responsabilidade que divido com vcs meu mais recente projeto, o Vem K, minha primeira série de conteúdo próprio, que vai ao ar aqui no meu IGTV a partir do dia 15. O tema da 1ª temporada não poderia ser outro: saúde mental, e a importância de nos cuidarmos psiquicamente”, disse Karol em seu instagram.
Em entrevista à Folha de São Paulo, Karol falou por alto sobre o projeto e as reflexões que trouxeram essa realidade à tona pra rapper. A ansiedade, com a qual ela se deparou dentro da casa, foi assunto que dominou as redes sociais após a repercussão da passagem ruidosa da artista pelo Big Brother Brasil. A cada episódio, o ‘Vem K’ vai trazer convidados e especialistas para falar sobre temas diferentes dentro do universo da saúde mental.
“Estou muuito ansiosa pra mostrar um pouco mais do Vem K! Mas só o que posso dizer por enquanto é que teremos convidados brilhantes e cada episódio irá trazer novos aprendizados e reflexões sobre a nossa saúde mental”, disse em outra postagem nas redes. Os comentários na postagem que anuncia a nova produção são positivos em sua expressiva maioria, com frases de exaltação, apoio e valorização à Mamacita.
Logo após sua saída do BBB, Karol Conká estrelou o documentário ‘A Vida Depois do Tombo’, da Globoplay, realizado para tentar gerenciar a grande crise gerada pelo comportamento da cantora no reality.
Mulheres negras muitas vezes se sentem obrigadas a alisar o cabelo para conseguir um emprego. Os homens negros, por sua vez, usam a máquina zero para eliminar quase por completo os fios crespos da sua cabeça. Se aqui no Brasil nosso cabelo natural ainda pode ser o motivo pelo qual não conseguimos uma vaga de emprego, nos EUA há doze estados onde a discriminação contra pessoas que usam o cabelo natural é crime. O Estado de Nevada foi o 12º a assinar a lei “The Crown Act (o Ato da Coroa em tradução livre), no dia 4 de Junho. Nebraska, Califórnia, Nova York, Nova Jersey, Maryland, Colorado, Washington, Virgínia, Delaware e Connecticut são alguns dos estados onde a lei está em vigor.
O movimento para combater a discriminação baseada no cabelo, que vem aos poucos ganhando espaços em território americano, é liderado pela Coalizão CROWN (Criando um Mundo Aberto e Respeitoso para o Cabelo Natural).
https://www.instagram.com/p/CPth-WChODc/
OUTRO TIPO DE RACISMO
A discriminação com base no cabelo também é racista por querer anular qualquer estilo de cabelo que não se encaixe no perfil eurocêntrico. Não por acaso, mulheres negras de cabelo liso têm mais chances de serem contratadas que negras de cabelos crespos.
Em 2020, uma pesquisa daFuqua School of Business da Univeridade de Duke (EUA)revelou que participantes de um estudo sobre cabelos e contratações no mercado de trabalho, deram às mulheres negras com cabelos naturais pontuações mais baixas em competência e profissionalismo e não as recomendaram para entrevistas com tanta frequência, em comparação com mulheres negras com cabelos lisos, mulheres brancas com cabelos lisos ou mulheres brancas com cabelos cacheados.
Quem protege a nós, mulheres negras? Quando uma mulher grávida morre de forma tão violenta a sensação é de que até o sagrado nos abandonou. Dói, choca, paralisa e é inútil racionalizar nossas emoções. A cabeça tensiona o pescoço, a vontade de chorar vem tão forte quanto a sensação de raiva e de impotência. Porém, a verdade é que as forças invisíveis alimentadas pela fé nunca nos abandonam. A crueldade genocida de um Estado que não se comove com a morte de corpos pretos estremece a nossa relação com as nossas crenças e com a esperança, mas elas são mais palpáveis do que a nossa confiança na justiça.
Kathlen Romeu , 24 anos, decoradora de interiores morreu um pouco antes do Dia dos Namorados, no mês do amor e carregava em seu ventre o fruto dele há 14 semanas. Não tem como não se emocionar ao checar o perfil seu no Instagram e ver aquele corpo mostrando os primeiros sinais de gravidez e a alegria dela com esse processo natural e lindo, sem contar seu abraço afetuoso em seu companheiro em um ensaio fotográfico que gestantes amam fazer.
Ela emanava luz e ao ler as mensagens de quem realmente a conhecia, bate a certeza de que essa energia de amor perceptível no olhar dela, não foi uma impressão baseada no meu sentimento pela forma que ela morreu. “Menina doce”, “Garota alegre”, “orgulho da família” foram algumas das impressões que li sobre ela.
Essa morte bateu em diferente em muitos de nós, porque ainda nos recusamos a normalizar as vidas perdidas, mas para além disso, quando uma mulher negra grávida morre, perdemos duas vidas. Eu não vi, mas imaginar o corpo de uma gestante baleada no chão é algo que me falta palavras para descrever, mas causa aquele tipo de dor que não é física.
Do herdeiro de Kathlen foi tirado direto de viver antes que ele pudesse conhecer o rosto da mulher que já o amava incondicionalmente. Fatos assim nos colocam de frente ao que há de pior em relação ao o que é ser negro no Brasil.
A morte dessa mãe é a morte do seu bebê, de uma família em construção, de sonhos, de esperança de uma geração melhor do que a anterior, de uma potência brasileira. Dói como se ela fosse alguém da família, porque dentro do espectro do que é ser negro no Brasil, ela poderia ser mesmo.