No ar há 15 anos, ‘Espelho’ apresentado por Lázaro Ramos é o programa de entrevista comandando por uma pessoa negra, mais longo já feito no Brasil. O carisma de Lazinho, somado a um roteiro impecável e uma curadoria de entrevistados preciosa faz com que cada edição do programa, exibido pelo canal Brasil, seja uma aula sobre o tema a ser tratado.
E para quem é fã de podcasts, a notícia é boa. ‘Espelho’ agora vai estar disponível como podcast nas principais plataformas de aúdio, entre elas Spotify e Deezer.
“Agora você pode acompanhar os novos episódios no ônibus, arrumando a casa, cuidando dos pequenos”, comentou Lazinho em seu perfil no Instagram.
“Chimamanda Adichie, Ingrid Guimarães, Camilla de Lucas, Cármen Lúcia, Gal Costa e Mano Brown são os entrevistados da última temporada do programa que já está disponível no formato podcast.
Aberém é um bolhinho doce de origem afro-brasileira, feito de arroz ouro milho moído na pedra de ralar.
É um dos doces mais famosos preparados pela Aline Chermoula chef do empreendimento Chermoula Cultura Culinária. A chef busca este resgate das comidas ancestrais de matriz africana e destaca que precisamos conhecer mais sobre estes alimentos culinários que nossos ancestrais nos deixaram.
Aberém é feito com arroz ou milho fermentado em água, deixado dois dias em recipiente de barro e dois dias na geladeira. Leva ainda cravo da Índia e canela. Assado em folhas de bananeira, o Aberém possui textura semelhante ao manjar. O candomblé é utilizado como comida de santo
E o milho fermentado teve um incremento de sabor, de textura, e se transformou em delicadas pamonhas ácidas e perfumadas, tradicionais no Centro Oeste, anunciadas por vendedores ambulantes: berém, berém, quem quer berém?
O aberém é um dos acompanhamentos tradicionais para o caruru de quiabos, que é geralmente muito condimentado, e por isso o aberém se harmoniza perfeitamente com esse prato muito temperado e com dendê. Assim, muitos outros preparos sem tempero, como o acaçá branco e a massa que acompanham o vatapá e o caruru, entre outros pratos condimentas, estão presentes da mesa baiana. Ainda, o aberém pode ser comido com mel de abelha; além do aberém doce feito com açúcar e que é a base para um tipo de refresco, onde as bolas de milho, depois de prontas, são diluídas em água, quase sempre água de pote de barro. Com certeza, as técnicas culinárias, os utilitários, e o rigor das receitas tradicionais, preservam a experiência da tradição da cozinha baiana, diz o antropólogo Raul Lody.
Manoel Quirino, no seu livro A arte Culinária na Bahia (2011), diz que aberém é comida africana feita com a mesma massa do acaçá e que pode ser diluído para virar refresco. O da Chermoula é servido assim, embrulhadinho em folha de bananeira, e faz o maior sucesso.
Foto: Aline Chermoula
Aberém: receita preparada por Aline Chermoula
Ingredientes 500 g de milho amarelo seco 2 litros de água 4 cravos da índia 1 pau de canela 2 limões tahiti Folhas de bananeira
Modo de preparo
Escolha o milho, lave e coloque para fermentar num recipiente de barro com 2 litros de água. Cubra o recipiente com um tecido fino (gaze, por exemplo) e deixe repousando em temperatura ambiente por 2 dias.
Passados os 2 dias, escorra o milho, descarte a água e bata no liquidificador com água nova, na proporção de 2 volumes de água para 1 volume de milho.
Coloque a mistura no recipiente de barro sem tê-lo lavado e deixe por 2 dias na geladeira.
Higienize as folhas de bananeira com um pano úmido e, depois de bem secas, passe pela chama do fogo rapidamente para que fiquem maleáveis. Reserve.
Coe o milho fermentado em peneira fina, adicione o líquido obtido em uma panela com o açúcar, a canela em pau e os cravos.
Leve ao fogo médio e mexa sem parar. Quando atingir a consistência de manjar, desligue o fogo.
Ponha uma colherada de sopa do aberém no centro da folha de bananeira e faça um embrulho com cuidado para que não vase.
Cozinhe os invólucros no vapor por 15 minutos. Deixe descansar em temperatura ambiente até esfriar. Guarde na geladeira.
Paulistana, Glaucia Verena, 33 anos nasceu e cresceu no bairro de Santana, estudou em escola pública durante toda a vida. Sempre vivenciou o enfrentamento dos choques de realidade sociais, entre os muito pobres e a classe média. Aluna muito aplicada, ouvia de seus pais que precisava ser melhor que todo mundo, por ser mulher e preta. E nessa lógica real foi criada, buscando sempre ser exemplar na sua vida acadêmica.
Ciente da individualidade do ser humano, em sua visão, educar está relacionado a formar pessoas, e não máquinas de produtividade. Sempre considerou a meritocracia como um estabelecimento opressor, que não preza pelo desenvolvimento pleno dos seres humanos. Uma vez que se é preto, e se é colocado dentro desse predeterminismo, o jogo se torna diferente, e se faz necessário dar muito mais braçadas, pra se chegar aonde se deseja estar.
Sua mãe, Dona Antônia, uma paraense de muita fibra, veio ainda pequena para São Paulo, e com muita luta cursou 2 faculdades. Assistente social por profissão, sempre trouxe muito forte a sua luta ao longo da vida, afinal, sair do Xingú e vir para São Paulo é um grande passo. Enfrentou preconceitos por ser nortista, mas mesclando autenticidade, posicionamento, força e carinho, formou seus filhos.
Seu pai, Sr. Luiz, engenheiro civil de formação, foi o único negro em sua turma na faculdade. Também teve diversos enfrentamentos, numa época em que o pertencimento não era tão bem trabalhado na academia, nem na família. Com muita tenacidade em continuar os estudos, se formou e sempre trouxe a educação como ferramenta de mobilidade social. Sempre acreditou que ninguém poderia tirar a educação e o conhecimento, uma vez adquiridos. E juntos, seus pais sempre trouxeram a educação como um grande valor em casa.
Gláucia sempre foi uma criança muito bem estimulada através de esporte, música e estudos. E a música sempre foi uma grande professora de disciplina pra ela. Habilidades sociais, cooperação, estar junto, colaboração, esses são alguns dos aprendizados que a música o trouxe, para atender, entender suas emoções, e ajudar a expressá-las de maneira libertadora.
“Música e esporte não podem faltar no processo educacional de uma criança. A gente precisa, não só no sentido mais direto, mover o corpo e sentir a música. Você aprende e vai se moldando como pessoa. Principalmente na educação infantil.”
De berço, sempre com muita riqueza musical em casa, ouvia Leci Brandão, Martinho da Vila, Tina Turner, Steve Wonder, Michael Jackson. Começou a aprender piano aos 7 anos, e tomou gosto pela música clássica. Aos 9 começou sua educação musical formal, canto lírico e instrumentos, na universidade Tom Jobim.
Foi conhecer a fonoaudiologia dentro do teatro municipal. Como curiosa e cientista, sempre teve o desejo pelo estudo. Essa proximidade veio por meio da música, e inspirou sua jornada acadêmica, que foi um grande caminho. Em sua quarta tentativa, passou no vestibular, e iniciou seus estudos em Fonoaudiologia, que posteriormente foram seguidos de especialização, mestrado e atualmente cursando doutorado, todos na Faculdade de Medicina Universidade de são Paulo.
Durante a graduação, seu maior choque foi o de não identificação com uma turma majoritariamente branca. Não abaixou a cabeça e seguiu lutando, ocupando os cargos de presidente do centro acadêmico, de ligas acadêmicas, além de projetos de iniciação científica, que foram uma ótima base para se entender de outra forma, como cientista.
“Se ver e suportar uma graduação tão intensa, integral. Tive que me arranjar na minha subsistência. Fiz um pé de meia, que me garantiu 2 anos do ensino do ciclo básico, na graduação. Até que no 2º ano comecei meu projeto de iniciação científica, e passei a ter uma bolsa mínima que me ajudou muito na minha formação científica e de permanência.”
Recebeu um chamado ancestral, e fundou o Núcleo Ayé, o primeiro coletivo negro da Faculdade de Medicina da USP, compartilhado com sua amiga Ingrid Merlin, e a partir dessa união foram procurando os pretos dentro da faculdade de medicina, e formando esse coletivo, que contribui e assiste os alunos pretos com foco em acolhimento, fortalecimento e permanência da negritude acadêmica, uma vez que a permanência estudantil ainda é um percalço para muitos. O núcleo também atua no letramento racial e na promoção da saúde mental. Trata-se de um local de segurança e representatividade.
Hoje, Glaucia fundou e está à frente da LabVoz, um espaço que oferece assistência, desenvolvimento do potencial de expressão e comunicação, por meio de ciência, fonoaudiologia e criatividade, unindo arte e ciência pra transformação e expressão das pessoas, e atende a grandes artistas, como as cantoras Xênia França, Liniker e Marissol Mwaba.
“Na LabVoz trabalhamos com voz artística e clínica, além de comunicação corporativa, e desenvolvimento de storytelling. Acreditamos numa prática baseada em evidências. Atender grandes vozes, com as quais tenho possibilidade de ter acesso, é um encontro de verdades! Trabalhamos juntos de forma genuína, técnica, artesanal. Nos posicionamos e encontramos pessoas maravilhosas no caminho.”
Para Glaucia, ao longo da vida vamos criando estratégias de sobrevivência e defesa, é essencial aprendermos a nos encontrar na cura, principalmente as pessoas negras. Letramento racial, referência de pessoas que são potencias pretas. Nossa cultura, que faz parte do nosso sistema imunológico, precisa ser preservada. Conhecer a crença, o povo, e o motivo de estarmos juntos, nos fortalece.
O racismo é um fato. Um fenômeno sistêmico. Não é opinião e sim uma estrutura. E conforme a gente vai ascendendo na carreira, o racismo vai se tornando mais sofisticado. Pra isso, precisamos estar bem, com saúde, cabeça, nutridas. Do contrário vamos continuar virando estatística.
O silenciamento é lido como introversão, mas na verdade é violência. A falta do ato de fazer sua voz ser valorizada em contexto sociais.
Durante a pandemia, Glaucia também criou o Festival Levante, um projeto da LabVoz que tem o objetivo de construir receita pra artistas independentes pretos, e já está em sua segunda edição.
“Preciso honrar meus ancestrais, aqueles que vieram antes de mim e morreram pra que hoje eu tivesse voz. E hoje, trabalho para que sua voz não seja invisível que e se faça sempre presente. Somos poeira estelar, e nosso papel é brilhar.”
Entre 31 de outubro e 7 de novembro, a 11ª edição do encontro, promovido pela Ação Educativa, contará com mais de 80 atividades, entre apresentações artísticas, debates, oficinas, intervenções e produções audiovisuais;
A 11ª edição do Encontro Estéticas das Periferias, iniciativa da Ação Educativa, vai homenagear as mulheres negras que constroem a cultura das periferias. A partir da experiência da escritora Carolina Maria de Jesus, o evento buscará mostrar como as mulheres periféricas estão, no dia a dia, produzindo e disseminando cultura, assim como fez a autora de Quarto de despejo. O Estéticas das Periferias ocorre de forma presencial e online de 31 de outubro a 7 de novembro, com extensa programação artística em mais de 30 espaços culturais da cidade de São Paulo.
Motivados pela exposição Carolina Maria de Jesus – um Brasil para os brasileiros, que está em cartaz no Instituto Moreira Salles, o Estética das Periferias fará, neste espaço cultural, duas apresentações inspiradas na autora, mobilizando artistas como Preta Rara, Grupo Clarianas e Dandara e Fernando, filhos da poeta Tula Pilar, falecida em 2019.
Mineira, Tula chegou à cidade de São Paulo aos 19 anos. O gosto pela escrita já era parte de sua vida, mas foi somente aos 34 anos que publicou seu primeiro livro, Palavras Inacadêmicas. Seu segundo título veio em 2017, uma coletânea de poesias que abordavam sexualidade e erotismo, chamado Sensualidade de Fino Trato.
Inspirada pelo trabalho de Carolina Maria de Jesus, Tula Pilar se tornou uma referência na literatura paulistana trazendo em seus inscritos o inconformismo comum àquelas que resistem cotidianamente às desigualdades e ao racismo que marca, sobretudo, as relações entre patroas e trabalhadoras domésticas.
Durante a programação do Estéticas também será apresentada uma websérie produzida pelo coletivo Nós Mulheres da Periferia com entrevistas de escritoras periféricas. Slam do Pico, Ocupação Coragem, Levante Mulher, Força Ativa e Batekerê são alguns dos coletivos que colocarão em cena as Novas Carolinas, destacando um eixo curatorial do Estéticas, a produção artística de mulheres.
“As mulheres periféricas, essas novas Carolinas, tornam o legado da escritora ainda mais vivo, capaz de colocar a sociedade brasileira para pensar sobre suas desigualdades e também sobre suas potencialidades. O país pode ser melhor e realmente fica melhor, quando valorizamos nossas identidades e diferenças”, afirma Eleilson Leite, coordenador de Cultura da Ação Educativa.
DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO Circuito LGBTQIA+ – A cultura LGBT terá mais uma vez destaque na programação, ocupando as seis fábricas de cultura geridas pela Organização Social Poiesis (Jaçanã, Cachoeirinha, Brasilândia, Diadema, Jardim São Luís e Capão Redondo). Desse modo seguimos ampliando a presença da diversidade sexual e de gênero no evento.
Lançamento do livro do Slam Poetas Vivos no Campeonato de Slams O Slam Poetas Vivos, ganhador do torneio de slams de 2020, lançará seu livro neste ano – a edição da obra é o prémio dado ao slam vencedor. O Poetas Vivo é de Porto Alegre, todo formado por poetas pretos e pretas, e tem uma pegada bem combativa. Em 2021 acontecerá a 5ª edição do Torneio de Slams.
Os três primeiros vencedores do torneio (Slam da Ponta, Fluxo e Capão) se encontrarão no Projeto Expresso Poesia na Casa das Rosas para uma roda de bate papo mediada por Emerson Alcalde, criador e animador do campeonato. Outro destaque desta programação é a participação online de slams de Angola e Moçambique.
Centenário de Paulo Freire A comemoração pelos cem anos do patrono da educação brasileira faz parte da edição 2021 do Estéticas. O Levante Popular da Juventude, responsável pela Escola Nacional Paulo Freire, fará uma série de intervenções pela cidade ao longo dos meses de setembro e outubro. O registro dessas atividades resultará num mini-doc que será exibido durante o evento. No campus de São Bernardo do Campo da UFABC, cinco grafiteiros e grafiteiras farão um grande painel inspirado em Paulo Freire uma semana antes do evento. O registro do processo será editado num clipe que também será exibido no canal do Estéticas durante o evento.
SERVIÇO Confira aqui a programação: www.esteticasdasperiferias.org.br Facebook: facebook.com/esteticasdasperiferias Instagram: instagram.com/esteticasdasperiferias Período: de 31 de outubro a 7 de novembro de 2020 Realização: Ação Educativa, com SESC; Instituto Moreira Salles; Casa das Rosas; Fábricas de Cultura; Instituto Itaú Cultural e Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura – SMC
A atriz Zezé Motta relembrou a repercussão racista que o par romântico vivido por ela e o ator Marcos Paulo tiveram na época da nova ‘Corpo a Corpo’, dirigida por Gilberto Braga, falecido esta semana.
“O racismo foi discutido, falado e mais que comprovado. A ideia de Gilberto era exatamente essa! Adivinhem só, o casal não foi aceito pelo público”, disse a atriz na postagem.
Zezé relembrou que um jornal da época foi ouvir o público para saber o que eles pensavam do casal. As reações foram as piores possíveis. “Uma das pessoas dizia que Marcos deveria estar sem dinheiro para aceitar beijar uma negra (Zezé) na trama”, dizia a postagem.
Semelhante à reação da audiência, na ficção o racismo também era explicitado na fala de familiares do par romântico de Zezé. “Não gosto, não quero que você se case com ela porque ela é negra. Não quero netos mulatinhos”, dizia o futuro sogro da personagem de Zezé, interpretado por Hugo Carvana.
Chegando na vida real de Zezé, o racismo enfrentado em um relacionamento com homem branco também deixou suas marcas. “Na vida real eu tive um namorado branco, e a família dele aceitava. Mas foi só a gente decidir se casar para começar uma confusão. A mãe dele foi parar no hospital e não teve casamento, acreditem se quiser”, comentou a atriz.
Público poderá assistir às obras de 30 de outubro a 10 de novembro
A edição especial da Mostra de Cinemas Negros Mahomed Bamba (MIMB) exibe filmes nacionais e internacionais a partir do dia 30 de outubro, na plataforma de streaming Wolo TV. Os curtas brasileiros “Quantos Mais” e “O Último Grão de Areia” e o moçambicano “Nkwama” são algumas das obras que compõem a mostra. A programação completa estará disponível no site da MIMB.
O público poderá conferir as obras até o dia 10/11, gratuitamente, em www.wolo.tv. Além da plataforma, primeira de streaming no Brasil e na América Latina com foco exclusivo para dramaturgia negra, são parceiros da edição: Globo, VideoCamp, TVE Bahia, Hub Cultural, Olivieri Consultoria Jurídica, Rede Educare e Janela do Mundo.
A escolha da plataforma tem como objetivo a construção de pontes, como explica Daiane Rosário, diretora executiva da MIMB. “A hospedagem da MIMB Olhares Periféricos na Wolo TV representa o fortalecimento mútuo de iniciativas pretas. Nessa conexão construímos não só janelas de exibições para produções, mas potencializamos o consumo e o acesso a streamings gerenciados e exclusivos para conteúdo preto. A circularidade do mercado negro e visibilidade das nossas produções dependem de consumirmos os produtos dos nossos, seja ele uma pipoca ou a assinatura de uma plataforma virtual”, argumenta Daiane.
Divulgar e até apresentar o cinema preto brasileiro e da América Latina para o mundo é algo essencial para a cultura de maneira geral. “O movimento da MIMB é muito importante para a população negra em vários aspectos: primeiro porque a MIMB vem crescendo a cada ano e mostrando que o cinema realizado por pessoas negras, mesmo sendo tão pouco reconhecido e consumido, ele existe sim. Há um público buscando cada vez mais por conteúdo protagonizado e realizado por pessoas negras. Em segundo lugar, a conexão que a MIMB tem potencializado com outros países é muito importante para fortalecer os caminhos dos produtores do áudio visual negro no Brasil mundo a fora. Em particular tenho aprendido muito com esse movimento e é uma honra poder aprender que essas mulheres pretas que tanto admiro”, comenta Licinio Januário.
Com realização da produtora “Rosários Produções Artistícas”, a MIMB atravessa as barreiras sociais, raciais e do regionalismo que ainda estruturam a cadeia do cinema nacional e internacional. Cinco realizadoras negras seguem resistindo e protagonizando a cena do cinema, da Bahia para o mundo. Daiane Rosário, Loiá Fernandes, Kinda Rodrigues, Taís Amordivino e Júlia Moraes estão à frente de direção, produção, roteiro e programação, combatendo o racismo que promove a invisibilidade e a falta de incentivo.
A edição “MIMB – Olhares Periféricos” tem patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura, do Fundo Nacional da Cultura por meio do Ministério do Turismo com apoio financeiro da Novelis.
A diversão do final de semana vai ter um hit novo pra dançar até o chão. “Louca e Sagaz”, de Karol Conká, já está disponível em todas as plataformas digitais e tem aquela carinha de hit que a gente ama. A música é uma parceria da cantora com WC no Beat. A canção chegou acompanhada de um videoclipe oficial, dirigido por Premier King, que também trabalhou em “Mal Nenhum”. Na produção, Karol contou com a participação da modelo e DJ Aisha Mbikila e da dançarina Aline Maia. As duas criaram a coreografia de “Louca e Sagaz” em conjunto com a rapper.
Originalmente, a música deveria ter sido lançada durante a participação de Karol no BBB21. Durante o reality, ela chegou a dançar a coreografia com a cantora de funk Pocah. Na época, o trecho viralizou e os fãs pediram o lançamento da faixa, apelidada de “Sessão de Hipnose”. Com toques de reggaeton e trap, a música, que ganhou o nome oficial de “Louca e Sagaz”, foi escrita em 2020 e o clipe foi gravado no final do ano.
“Escrever ‘Louca e Sagaz’ foi muito divertido. Minha parceria com o WC vem de longa data e é sempre muito empolgante trabalhar com ele . Eu me inspirei numa experiência que vivi, e chamei Joey Mattos para acrescentar na composição. A batida é marcante e o clima de sedução, a letra fala sobre autenticidade e a auto permissão. O clipe dirigido por Premier King traz cores quentes, muita dança com Aisha Mbikila e Aline Maia, que contribuíram na coreografia e estão maravilhosas”, comenta Karol.
“A música tem uma pegada muito reggaeton, com timbres de trap, do jeito que a Karol gosta de cantar e do jeito que eu gosto de produzir. A gente se juntou em um estúdio em São Paulo para fazer essa música e saiu ‘Louca e Sagaz’ em pouquíssimo tempo. Karol Conká sempre magnífica escrevendo, sempre magnífica nas ideias! E tem um toque do WC no Beat ali. O clipe vem com muita cor, muita dança. acredito que a galera vai curtir demais!”, disse WC no Beat.
Assista:
No início de outubro, a rapper lançou a faixa “Subida”, que já conta com quase 1 milhão de streams no Spotify. A música faz parte da trilha sonora do jogo de futebol FIFA22, um dos mais vendidos do mundo. Esta já é a terceira vez que Karol tem uma de suas músicas incorporadas ao game. Nesta reta final de ano, a rapper segue focada e imersa em sua carreira musical, com novos projetos e lançamentos ainda por vir.
O crime de injúria racial pode ser equiparado ao crime de racismo. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (28), pelo Supremo Tribunal Federal, por 8 votos a 1. O plenário também decidiu que o crime é imprescritível, ou seja, pode ser punido a qualquer tempo.
A votação entrou na pauta do STF pelo caso de uma mulher de 79 anos, condenada por injúria racial depois de ter chamado uma frentista de “negrinha nojenta, ignorante e atrevida”. A defesa da racista alegou que ela não poderia mais ser condenada pelo crime já ter prescrito. Em caso de pessoas com mais de 70 anos, o tempo de prescrição dos crimes cai pela metade.
O julgamento começou em novembro do ano passado com o voto do relator, ministro Edson Fachin. Ele afirmou que existe racismo no Brasil e que o crime é uma “chaga infame”.
Nesta quinta-feira, o ministro Alexandre de Moraes acompanhou o voto do relator. “Amanhã, o Congresso pode estabelecer outros tipos penais que permitam o enquadramento das modalidades de racismo. O que a Constituição torna imprescritível é qualquer prática de condutas racistas, e essa prática da paciente foi uma conduta racista”, disse em seu voto.
O ministro Luís Roberto Barroso afirmou que “estamos todos no Brasil passar por um processo de reeducação nessa matéria. E quando eu digo todos é para a gente ter a autopercepção de quando produzimos comportamentos indesejáveis”, ao acompanhar o voto do relator.
Cantora falou sobre carreira, fé, orientação sexual, haters e racismo.
A cantora Ludmilla foi a convidada do podcast Mano a Mano, que foi ao ar nesta quinta-feira (28). Na conversa, a artista demonstrou a visão empreendedora que tem da própria carreira e falou detalhes sobre sua relação com a fé, com a família e com a imprensa.
Mano Brown questionou Ludmilla sobre a percepção que ela tem sobre ser uma influência para meninas e mulheres negras na atualidade, ao contrário de anos atrás, onde as referências para essas crianças eram mulheres brancas e loiras, como a Xuxa. “Com o tempo eu fui pegando posse disso e prestando mais atenção nos meus passos porque eu sabia que tinha gente se guiando pelos meus passos”, disse Lud.
“Eu lembro que quando eu comecei a fazer cirurgia plástica, a primeira que eu fiz, foi para começar a ser aceita”, relembrou Ludmilla, contando que ao chegar em muitos shows no início de carreira, as pessoas falavam mal de sua aparência. “Eles falavam mal do meu nariz, do meu cabelo, da minha perna, da minha aparência”, disse ela.
Questionada por Mano Brown sobre qual é o seu estilo musical, Ludmilla não teve papas na língua. “Minha base é o funk, mas eu faço música. Num álbum meu tem R&B, tem um sertanejo meio pop, no meu próximo álbum vai ter pisadinha”. “Eu vivo música, eu respiro música, estou o tempo todo ouvindo, estudando, pesquisando música, estou o tempo todo estudando, por isso eu parei de me limitar a cantar só funk. Eu vou cantar tudo o que eu tenho vontade porque eu estudo pra isso”, arrematou.
No papo, ela também falou sobre sua fé. “Se for pra eu falar de qual igreja eu sou, eu sou da minha igreja”, disse a cantora, que explicou que realiza cultos em sua casa, num modelo chamado de célula. Onde ela chama uma pastora, contrata a banda, prepara o repertório e o culto acontece ali mesmo. Sobre este assunto, ela também falou sobre a homofobia presente nas igrejas e como essa foi uma saída para que ela e seus amigos se sentissem bem mantendo uma relação mais direta e independente com a espiritualidade.
O ator Isaiah Washington, que interpretou o Dr. Burke em Grey’s Anatomy, disse que lhe ofereceram dinheiro para que ele não participasse dos testes para a série onde ele, inicialmente, interpretaria o papel de Derek Shepherd, co-astro do programa. Segundo o ator, isso fez com que ele percebesse que “não o queriam lá”. Ainda assim, ele fez os testes porque queria atuar “no mais alto nível do meu intelecto e construir minha marca”. A informação foi dada em entrevista para a rádio KBLA 1580.
A escolha do protagonista também foi alterada por motivos que não passavam pela competência do ator. Segundo Isaiah, Ellen Pompeo tomou a decisão executiva de não escolhê-lo para viver o par romântico dela na série porque ela tinha um namorado negro na época, hoje seu marido, Chris Ivery, e “ela não se sentia confortável”.
De acordo com o US Weekly, a atriz admitiu a situação em 2013 ao New York Post. “Shonda realmente queria colocar um homem negro na mistura. Eu não achei que eles iriam realmente colocar um casal interracial no show e eu não o queria”, disse Pompeo.
Ainda sobre a estrela da série, Ellen Pompeo, Washington afirmou que ela recebeu um pagamento de US$ 5 milhões para não falar sobre o comportamento tóxico do ator que interpretou o Dr. Derek, Patrick Dempsey.
De acordo com ele, o pagamento aconteceu durante a onda de denúncias #MeToo, quando vários atores e diretores de Hollywood foram expostos por comportamento abusivo e agressões sexuais.
Isaiah disse ainda que ele serviu como “bode expiatório” ao ser mandado embora acusado de homofobia contra T.R. Knight, que viveu George O’Malley na série. “Era uma agenda para encobrir o comportamento tóxico e péssimo de muitos dos meus ex-colegas de elenco naquele programa, e no topo disso estava Patrick Dempsey”, afirmou.