Premiação divulgou, nesta segunda (18), o nome dos jurados que devem definir os vencedores
O Prêmio Gastronomia Preta divulgou nesta segunda-feira (18) os nomes dos profissionais da gastronomia que farão parte do time de jurados que devem escolher os vencedores do primeiro prêmio dedicado a reconhecer profissionais pretos da gastronomia. Entre os nomes escolhidos pelo criador do prêmio, Breno Cruz, estão a chef Bianca Barbosa, a economista Carolina Costa e o eleito Melhor Sommelier do Brasil, Renato Neves.
Breno Cruz falou sobre a escolha dos nomes de especialistas da gastronomia que formam o corpo de jurados: “A escolha dos jurados teve como critério suas expertises nas referidas categorias. E outro cuidado que eu tive foi trazer o povo preto e pardo para ser jurado. Evidentemente, alguns jurados não são pretos ou pardos e isso tem relação com o fato da minha rede de contato não ter acesso a algumas pessoas pretas que estão em evidência e que teriam expertise na categoria”, explica Cruz.
Além dos jurados citados anteriormente, farão parte desse time a embaixadora do projeto TransGarçonne, Rochelly Rangel, a professora em gastronomia da UFRJ, Juliana Damaris, Afrodite Aurora, especialista em atendimento ao cliente, a jornalista e criadora de conteúdo digital, Renata Monty, os jornalista Ivo Madoglio e Joca Vidal e a empresária Mariana Rezende.
O Prêmio Gastronomia Preta traz 26 categorias, que devem homenagear profissionais da gastronomia no Rio de Janeiro, além de fazer menção honrosa aos profissionais que atuam fora do Estado.
A cerimônia de premiação está prevista para acontecer em novembro deste ano.
Uma nova série inspirada no clássico ‘Cidade de Deus’ está em negociação pela HBO Max. De acordo com a colunista Patrícia Kogut, a ideia é montar uma obra com um novo elenco e novos roteiristas. Sem maiores detalhes, a produção utilizaria como base o livro do escritor Paulo Lins, que deu origem ao consagrado filme de 2002.
Foto: Divulgação / Globo Filmes.
Segundo a sinopse, o livro ‘Cidade de Deus‘ traz um panorama sofisticado sobre a vida em uma das regiões mais pobres do Rio de Janeiro, um microcosmo de alguns dos maiores – e mais perenes – problemas do país. Dentro da narrativa, o autor constrói um cenário que ainda hoje dialoga com a realidade dos moradores das comunidades cariocas e brasileiras em geral; baseado em fatos, o romance trata de juventude, tráfico de drogas e governo paralelo, extrema pobreza e todas as formas de violência.
Lançado como filme no início dos anos 2000, a obra se tornou um dos maiores registros do cinema nacional. O longa retratou o crescimento do crime organizado na Cidade de Deus uma favela que começou a ser construída nos anos 1960 e se tornou um dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro no começo dos anos 1980.
Estrelado por Alexandre Rodrigues e Leandro Firmino, ‘Cidade de Deus’ se tornou ainda o único filme em toda história do Brasil a receber quatro indicações ao Oscar, maior premiação do mundo, nas categorias de melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia.
Um dos atores negros mais conhecidos do Brasil, Rafael Zulu está comemorando a chegada dos 40 anos. Natural do Rio de Janeiro, ele se formou em telecomunicações mas com o passar do tempo, a paixão pela atuação falou mais alto. Em 2004, fez a sua primeira peça de teatro “Aonde está você agora?”, e no mesmo ano, entrou em turnê com o musical “Eu Sei que Vou te Amar”, foi quando recebeu convite para a TV.
“Cresci com poucas referências e já fiz papéis que, olhando para trás, não faria de novo“, diz Zulu em entrevista exclusiva ao Mundo Negro. “Muitos deles sexualizavam o corpo preto e repetiam estigmas que não faziam sentido. De lá para cá, acredito que tenha havido uma melhora e atores e atrizes pretos, hoje, possuem um leque maior de oportunidades. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido“, continua o ator, ao comentar sobre as oportunidades do mercado cinematográfico para os homens negros.
Rafael Zulu. Foto: Thiago Bruno.
A estreia de Zulu na televisão foi na novela Prova de Amor, da Rede Record, interpretando o mergulhador Bira. Dois anos depois, migrou para a Rede Globo onde fez parte do elenco da novela Sete Pecados, vivendo o personagem Leonardo. Rafael também fez participações nos seriados Casos e Acasos e Toma Lá, Dá Cá. Ao passar dos anos, Rafael descobriu uma paixão por negócios e começou a seguir seu desejo de empreender. “Já empreendi em várias áreas e me reconheço, além de artista, como empresário”, revela o astro.
Em conversa com o Mundo Negro, Rafael Zulu contou mais ainda sobre temas ligados à sua carreira, a paixão pelos investimentos, paternidade e novos sonhos.
MUNDO NEGRO: Rafael, parabéns pelos 40 anos. Com uma carreira consagrada e muito sucesso, nos conte, por que você decidiu seguir carreira artística?
Rafael Zulu: Sou formado em telecomunicações e fiz uma pós-graduação em marketing. Cheguei a trabalhar na área, mas algo pulsava mais forte. Vi uma matéria na televisão sobre o grupo “Doutores da Alegria” e decidi largar tudo para virar ator. Decidi, então, estudar teatro com o dinheiro que eu ganhava. Em 2004, fiz a minha primeira peça de teatro e tive a certeza que a arte sempre esteve dentro de mim.
Enquanto ator negro, você observa alguma mudança no cenário da televisão, e do cinema de modo geral, desde quando você começou até os dias atuais? Acha que as oportunidades desse mercado melhoraram?
Nós ainda somos uma parte pequena dentro do mercado, falta espaço para atores pretos. Cresci com poucas referências e já fiz papéis que, olhando para trás, não faria de novo. Muitos deles sexualizavam o corpo preto e repetiam estigmas que não faziam sentido. De lá para cá, acredito que tenha havido uma melhora e atores e atrizes pretos, hoje, possuem um leque maior de oportunidades. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Rafael Zulu. Foto: Thiago Bruno.
Qual mensagem ou conselho você dá para outros homens negros que se veem representados em sua trajetória?
Acima de tudo para não deixarem de acreditar. Um dia sonhei, busquei e estou realizando. Ainda tenho um caminho enorme pela frente, mas quando lembro daquele menino sonhador que hoje vive coisas que um dia ficaram só na imaginação fico muito feliz. Então é isso: não desistam e acreditem que vocês conquistarão os seus objetivos.
Qual a sensação de chegar aos 40 anos? Se sente realizado?
Eu não tinha parado para pensar nisso até o dia do meu aniversário. E olhando para trás, para os 40 anos que eu vivi, percebi que só tenho a agradecer. Construí uma família linda, tenho dois filhos maravilhosos, compartilho a vida com uma mulher incrível, tenho saúde, amigos e uma carreira que me trouxe muitas realizações. Ficar mais velho não me assusta, muito pelo contrário, acredito que a maturidade me dá a oportunidade de me reinventar.
Recentemente você participou da série ‘A Sogra Que Te Pariu’, da Netflix. Como foi participar dessa obra? Podemos esperar novos trabalhos?
Artisticamente, apesar de adorar gravar novelas, participar de séries, hoje, faz mais sentido para mim. É menos tempo de gravação, além de ter uma projeção mundial enorme. “A Sogra Que Te Pariu” é uma série divertida, mas com uma mensagem séria. Foi e tem sido um trabalho muito legal. Começamos as gravações da segunda temporada e o entrosamento entre os meus colegas só melhora. Ansioso para todos poderem ver o que estamos preparando.
Aliás, tem planos de expandir sua presença no mundo dos negócios, como empreendedor?
Já empreendi em várias áreas e me reconheço, além de artista, como empresário. Hoje, a DUE Incorporadora é o meu maior investimento e eu estudo muito sobre a área, que me causa uma inquietude e me motiva profissionalmente. Temos muitos projetos vindo pela frente, misturando design, entretenimento, gastronomia e bem-estar no litoral de Pernambuco. Estou animado com as novidades. Fico muito feliz em poder desempenhar esse meu outro lado com sócios e amigos tão competentes. Tive muita sorte.
Para finalizar, nos conte um pouco sobre a paternidade. Dizem que é um período transformador na vida de qualquer pessoa, você concorda?
Com certeza. Ser pai é o meu melhor papel. Tive meus filhos em fases diferentes da minha vida e aprendi muito nos dois momentos. É demais acompanhar o crescimento da Luiza e do Kalu e vê-los construindo uma relação linda. Quando dizem que o amor pelos filhos é imensurável e incondicional é verdade. Tenho muito orgulho deles, a minha vida já valeu a pena só por tê-los.
Neste último domingo (18), um vídeo apresentando crianças negras vestidas de escravos, durante a exibição de um desfile cívico, causou revolta nas redes sociais. O fato aconteceu em Piraí do Sul, município do Paraná, como representação e encenação de passagens históricas do país.
O grupo com cerca de oito crianças foi colocado atrás de um veículo, que simbolizava um navio. Enquanto andavam a pé, com adereços representando correntes, que chegavam até a garganta, as crianças negras apareciam em fileira, de forma ordenada. À frente delas, outras crianças brancas seguiam se apresentando sobre o veículo, estas, por sua vez, simbolizando os portugueses.
Crianças negras vestidas de escravos em desfile cívico na cidade de Piraí do Sul. Foto: Reprodução / Redes Sociais.
O registro foi compartilhado pela prefeitura da cidade no Instagram, mas foi apagado em seguida. As crianças brancas também apareciam como os ‘descobridores’ do Brasil segurando uma luneta, instrumento muito usado pelos navegadores nos séculos XV.
Nas redes sociais, usuários se revoltaram com o ocorrido. “Alguém me diz se outro nome além de RACISM0 pra colocar crianças pretas para desfilar vestidas de escravos? Os reesposáveis precisam ser punidos”, disse uma internauta. “Não existe nenhum contexto que explique isso”, destacou outro perfil.
Crianças brancas vestidas como portugueses em desfile cívico na cidade de Piraí do Sul. Foto: Reprodução / Redes Sociais.
Apesar da indignação nas redes, até o momento desta publicação, a prefeitura de Piraí do Sul não se pronunciou sobre o caso.
Empresária criou startup para democratizar o acesso à educação financeira para jovens e adultos
CEO e fundadora da Barkus, startup que tem como objetivo democratizar o acesso à educação financeira para jovens e adultos, Bia Santos é uma das personalidades homenageadas pelo Museu da Bolsa de Valores, o MUB3. A empresária acredita que fazer parte de um projeto tão único é uma oportunidade para dar visibilidade às pessoas negras no mercado financeiro, que até então é escasso de representatividade. “A ideia do projeto é contar a história do passado e as perspectivas do futuro. Apesar da História diversa do Brasil, não encontramos essa pluralidade no mercado financeiro. Mas enxergo pessoas negras ali, pois eu estou ali. Eu também sou o futuro. E o peso da representatividade, da expectativa de sermos vistos, lembrados e de estarmos, verdadeiramente, ativos no mundo das finanças, é enorme”, afirma a homenageada.
Inaugurado no início de agosto desse ano, o Museu da Bolsa do Brasil (MUB3) tem como objetivo preservar e compartilhar a história do mercado de capitais brasileiro.
A empresária, que é graduada em Administração pela UFRJ e Universidade do Porto e pós-graduada em História e Cultura Africana e Afro-brasileira pelo Instituto Pretos Novos, com pesquisas sobre diversidade organizacional e finanças, considera a iniciativa da B3 um passo para abrir caminhos e incentivar que outras pessoas negras também possam evoluir e conquistar seus espaços no mercado financeiro. “Acredito nesse futuro no qual mais pessoas negras estarão brilhando, não só em museus, mas em todo mercado financeiro”, completa.
O MUB3 funciona de segunda à sexta-feira e nos 2o e 4o sábados do mês, das 9h às 17h, na rua XV de novembro, 275, no centro da capital paulista.
Lashana Lynch, Viola Davis,Shelia Atim,
Sisipho Mbopa , Lone Motsomi ,Chioma Umeala em ação no "A Mulher Rei" - Foto: Sony Pictures
“Parece que vocês estão sempre festejando”. Viola Davis está no Brasil, impressionada com a gastronomia e receptividade dos brasileiros. A atriz vencedora do Oscar, veio ao Rio de Janeira promover seu último filme, “A Mulher Rei”, que chega ao circuito nacional, no próximo dia 22 de setembro.
Em conversa com a imprensa nesta manhã de segunda, Viola e seu marido Julius Tennon responderam perguntas de jornalistas do Brasil e América da Sul, e uma dessas questões ela retornou para nós, a audiência.
Quando questionada sobre se o filme poderia ter uma sequência, tanto ela, como Julius que juntos digerem a JuVee Productions, produtora responsável pelo filme, responderam que eles não têm como responder sobre o futuro. Quem decide é o mercado que se baseia em números da bilheteria.
“Esse filme é espetacular porque tem de tudo. Tem humor, tem ação, tem emoção. Eu tenho esperança de que esse primeiro passo com o ‘A Mulher Rei’ abra portas. Porque o que a gente entende é que esse tipo de filme que nossa comunidade quer e eu enfatizo de que o filme tem que fazer, dinheiro”, responde Tennon que acrescenta. “Eu espero que esse filme inicie uma proliferação de narrativas como essa”.
“Vocês perguntam isso para pessoa errada. Vocês têm a decisão e o dinheiro para assistirem filmes com pessoas como eu e se vocês não colocarem a grana, filmes assim não serão feitos. Então é uma questão para a plateia: ‘Pessoas negras, mulheres negras, podem ser heroínas em suas próprias histórias, assim como a Lara Croft em Tomb Raider ( Angelina Jolie), Scarlett Johansson (Viúva negra), Brie Larson ( Capitão Marvel) ? E eu poderia continuar. Se você coloca a grana para vê-las (mulheres brancas) usando suas espadas, batendo nos homens, causando nas telas , você pode colocar a grana para me ver, ver a Lashana Lynch, a Thuso Mbedu e muitas outras mulheres negras que estão por aí”. A intérprete de Nanisca no longa encerra. “ Isso é o que o ‘Mulher Rei”, tem feito, ou seja, nós acreditamos que ele tocará as pessoas . Uma vez que você é afetado é difícil voltar atrás. Essa é minha esperança. Eu oro por isso”.
RECORDE DE BILHETERIA NOS EUA
Neste final de semana foram revelados alguns números sobre a estreia de “A Mulher Rei”, nos EUA. O longa liderou a bilheteria entre os dias 16 e 18 de outubro arrecadando US$19 milhões . O filme também tem sido sucesso de entre especialistas em cinema e teve 100% de aprovação no site americano Rotten Tomatoes.
“Os Agojie falam inglês, com sotaque – uma decisão estratégica por parte de Prince-Bythewood que honra a herança dos personagens, ao mesmo tempo que os torna claramente compreensíveis para o público internacional (em oposição à abordagem de Mel Gibson em Apocalypto, pedindo ao elenco para falar em Yucatec Maya )”, escreveu a Variety em sua crítica sobre o filme.
Evento anunciou os ganhadores da edição presencial e segue até o dia 25 com a exibição virtual de 57 filmes brasileiros em todo o território americano
O Inffinito Film Festival, o maior festival de cinema brasileiro realizado no exterior, encerrou ontem (18), em Miami, a etapa presencial de sua 26ª edição e anunciou os filmes vencedores do Troféu Lente de Cristal. O filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos, ganhou nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Seu Jorge).
Nas redes sociais, Lázaro Ramos e Taís Araújo anunciaram a vitória emocionados, com um vídeo. E em seguida, postaram a foto do Troféu Crystal Lens Award.”Obrigado a todo o nosso público e equipe!!! Vitória coletiva!! ✊🏿”, escreveu Lázaro.
Foto: Reprodução/ Twitter
Seu Jorge, que faz poucas publicações nas redes sociais, também gravou um vídeo nos stories do Instagram para comemorar o prêmio de melhor ator coadjuvante. “Passando pra agradecer a todos, em especial ao Lázaro pelo convite maravilhoso do Medida Provisória, que eu tive honra de fazer e fui agraciado com um prêmio. Obrigado pela confiança, pelo presente que é o André, o personagem”.
Seu Jorge ganhou o Troféu Lente de Cristal de Melhor Ator Coadjuvante, por Medida Provisória (Foto: Divulgação)
A cerimônia de encerramento, que teve show de Adriana Calcanhotto no Miami Beach Bandshell, contou com a presença de diretores, atores e produtores, entre eles os atores Eduardo Moscovis, Suzana Pires e Bárbara Paz, os diretores Laís Bodanzky, Denise Saraceni, Lô Politti, Joel Zito Araújo e Gustavo Rosa, e os produtores Debora Ivanov, Tiago Rezende e Carlos Moletta. Os convidados do festival passaram a semana em Miami divulgando seus filmes e fazendo negócios com profissionais da indústria cinematográfica americana e latina.
De 11 a 17 de setembro, a Mostra Competitiva de Longas-Metragens exibiu no cinema Tower Theater Miami oito longas-metragens da recente safra de filmes brasileiros, que concorreram ao Troféu Lente de Cristal. O júri, formado por profissionais da indústria audiovisual norte-americana, latina e brasileira, reuniu o cineasta cubano Sebastian Barriuso, a roteirista brasileira Julia Priolli, a distribuidora independente americana Joanne Butcher, o diretor brasileiro Joel Zito Araújo, a atriz e roteirista brasileira Suzana Pires, o cineasta americano John Maass e a produtora brasileira Liliana Kawase.
VENCEDORES DO TROFÉU LENTE DE CRISTAL
JÚRI OFICIAL
Melhor Filme – Medida Provisória, de Lázaro Ramos
Melhor Direção – Laís Bodanzky, por A Viagem de Pedro
Melhor Fotografia – Pedro Marques, por A Viagem de Pedro
Melhor Roteiro – Lusa Silvestre, Lázaro Ramos, Aldri Anuncioação & Elisio Lopes Junior, por Medida Provisória
Melhor Ator – Rômulo Braga por Sol (de Lô Politi)
Melhor Atriz – Monique Alfradique por Bem-vinda a Quixeramobim (de Halder Gomes)
Melhor Ator Coadjuvante – Seu Jorge, por Medida Provisória
Melhor Atriz Coadjuvante – Carolina Monte Rosa, por Por que Você Não Chora?, de Cibele Amaral
Melhor Elenco – Ela e Eu, de Gustavo Rosa de Moura
O caso de violência sexual e cárcere privado envolvendo o cantor do grupo Art Popular, Leandro Lehart e a vítima, Rita de Cássia Corrêa, ganhou repercussão nacional após a condenação do acuso em primeira instância, na última semana. Em entrevista ao Fantástico, na noite de domingo (18), Rita contou detalhes repugnantes das violências que sofreu.
Os dois se aproximaram incialmente por meio das redes sociais, e depois desenvolveram um relacionamento informal, onde havia relações sexuais consensuais. Até que em uma ocasião, Rita conta que foi obrigada por Lenadro a passar por uma situação degradante, escatológica e humilhante.
“Eu já comecei a me debater, e pedindo para ele parar. E tentando tirá-lo de cima de mim, mas eu não conseguia. Ele ainda se masturbou até chegar ao orgasmo”, disse ela ao Fantástico. Depois dessa situação, ela conta que ele ainda a deixou presa no banheiro por um bom tempo. “Eu gritava pra ele deixar eu sair de lá, e ele não deixava. Ele disse que só ia me deixar sair depois de eu me acalmar”. Depois disso, a liberou e ela foi pra casa em um carro de aplicativo chamado por ele, mas sua vida nunca mais voltou ao normal. “A minha vida hoje, ela é feita de dores psicológicas, físicas, de limitações”, resume Rita.
Concordar inicialmente com uma relação sexual, não quer dizer que a mulher não possa discordar ou negar alguma prática que aconteça durante a relação. “Ainda que a mulher concorde com o ato sexual, se durante a realização dele, o homem usar de violência ou ameaça para lhe obrigar fazer atos libidinosos que ela não quer, o crime de estupro restará configurado como determina o artigo 213 do Código Penal”, alerta a advogada criminalista Fayda Belo.
Em casos como o de Rita, muitas mulheres não realizam a denúncia por vergonha e por medo. “A ausência de denúncia acaba encorajando esse criminoso a praticar mais crimes sexuais por achar que não haverá uma resposta jurídica a altura. Deste modo, a orientação é que a vítima denuncie sim, e o mais breve possível, pois a lei garante a ela além de atendimento hospitalar, social e psicológico a proteção de sua integridade física durante todo o processo”, explica Fayda Belo. No caso em questão e no de muitas outras mulheres, a diferença de status social também é utilizada pelo agressor para desencorajar a vítima. Rita conta que Leandro Lehart também disse que usaria seus advogados contra ela e que ninguém acreditaria nela, porque ele é famoso.
O caso de violência aconteceu em 2019 e a denúncia de Rita foi feita em 2021, após conhecer o grupo Justiceiras, que a deu coragem para prosseguir com a denúncia. Leandro Lehart foi condenado a 9 anos e 7 meses de prisão, mas ele ainda pode recorrer em liberdade. A advogada criminalista Fayda Belo explica que é permitido recorrer em liberdade quando o juiz entende “não há risco de que esse acusado fuja, intimide testemunhas, ameace a vítima, destrua provas ou risco de que ele pratique outro crime, pois segundo o artigo 312 do Código Penal, somente nesses casos a prisão preventiva é autorizada”. A prisão efetivamente só será realizada após não haver mais a possibilidade de recurso.
O curso de gastronomia é destinado para pessoas em situação de vulnerabilidade social
Estão abertas as inscrições para o curso de gastronomia livre oferecido pelo projeto Diamantes na Cozinha, idealizado pelo chef João Diamante. Com 100 vagas disponíveis, o curso é destinado para pessoas em situação de vulnerabilidade social, que moram na região de Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, e não é necessário ter experiência em gastronomia.
O projeto foi criado em 2016 pelo chef João Diamante e, neste ano, será realizado em parceria com o canal GNT. Além da oportunidade de qualificação profissional para atuação no mercado, o curso tratará de temas diversos, como Antropologia; Introdução a profissão; Boas práticas de manipulação de alimentos; Noção de Gestão empresarial, Ficha técnica; Marketing; Hospitalidade; Recursos Humanos; Psicologia e Técnicas de cozinha.
João Diamante comentou a importância do projeto para o desenvolvimento social: “Quando a gente fala de educação, de dignidade, de geração de renda e emprego, a gente consegue tirar o Brasil do mapa da fome, atingindo uma ramificação familiar em uma área com vulnerabilidade muito grande. E ao ajudar projetos como esse, a gente também ajuda no combate à fome, que é tão importante pra nossa sociedade“, reforça o chef.
As inscrições são realizadas pela internet entre os dias 16 e 26 de setembro. Basta acessar e preencher o link https://forms.gle/LA6LTjqCRmdB3HUK9 que também será disponibilizado na bio da rede social Instagram do Diamantes na Cozinha @diamantesnacozinha nesse mesmo período.
Os alunos terão aulas práticas e teóricas realizadas cinco vezes na semana, com duração aproximada de um mês para o término do curso.
Demorou, mas aconteceu. A recente indicação de Marte Um para representar o Brasil no Oscar parece banal para alguns, afinal todos os anos um filme é selecionado pela comissão da Academia Brasileira de Cinema. Para outros, que acompanham a nova cena do cinema brasileiro mais de perto, não surpreende tanto, pelo já conhecido talento de Gabriel Martins, diretor e roteirista do filme. Mas para cineastas negros(as) e pesquisadores(as) do cinema negro, é uma grande vitória.
Marte Um é fruto de uma conquista histórica pouco mencionada para o público em geral: trata-se de um filme gestado pelo primeiro edital público de longa-metragem destinado para cineastas negros(as) na história do cinema brasileiro. Essa história começa lá atrás, ainda na década de 70. Primeiro com a atuação artística e política de Zózimo Bulbul, considerado o pai do cinema negro brasileiro. Bulbul, que atuou em filmes do chamado Cinema Novo, resolveu dirigir suas próprias películas por acreditar que havia uma representação caricata de pessoas negras no cinema brasileiro. Assim, abriu as portas no país para uma produção cinematográfica que vem se expandindo sob o termo de “cinema negro”.
Utilizando este termo, uma outra geração de cineastas, em 2000, formulou um manifesto com a intenção de transformar a representação racial no cinema brasileiro. Conhecido como “Dogma Feijoada”, o movimento pregava por uma produção que subvertesse os estereótipos de pessoas negras nos filmes, séries, novelas e propagandas.
Já em 2001, uma outra articulação de atores/atrizes e profissionais negros(as) do audiovisual se mobilizou no V Festival de Cinema do Recife para reivindicar a contratação de mais pessoas negras nas principais funções criativas do audiovisual, o que ficou conhecido como “Manifesto do Recife”. Mas como transformar essa realidade, diante da histórica desigualdade racial brasileira? A primeira resposta mais incisiva veio com políticas públicas por igualdade racial, sobretudo a Lei de Cotas de 2012. Fruto de lutas históricas dos movimentos negros, desde pelo menos os anos 70, as ações afirmativas na educação e na cultura começaram a dar resultados concretos nos últimos anos.
Primeiro, a expansão das universidades públicas e a adoção do critério socioeconômico e racial de seleção fez com que mais estudantes negros(as) cursassem o ensino superior. Com isso, houve a fundação de inúmeros coletivos universitários negros, entre eles os coletivos de cinema negro, oriundos dos cursos de cinema e audiovisual.
Esses coletivos, muitas vezes, foram responsáveis por iniciar as primeiras redes de produção e de exibição – como cineclubes e mostras – exclusivos para filmes de autoria negra em cada região do país. Até então, apenas cidades como Rio de Janeiro e São Paulo tinham registros desse tipo de evento, com destaque para o Encontro de Cinema Negro criado por Zózimo Bulbul no Rio de Janeiro em 2007.
Com o afloramento gradativo da produção negra e a expansão dos circuitos de exibição pelo país, em 2016 foi lançado o primeiro edital de longa-metragem exclusivo para cineastas negros(as) na história do país: o Longa Afirmativo. Ele foi concebido após o sucesso do Curta Afirmativo, edital de curtas-metragens lançado pelo MinC e também destinado para cineastas negros(as) em 2012, mesmo ano da Lei de Cotas. O Longa Afirmativo tinha como objetivo financiar a produção de três longas de autoria negra, sendo dois deles já conhecidos pelo público nos últimos anos: Um dia com Jerusa, de Viviane Ferreira, e Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso.
Marte Um é o terceiro filme contemplado pelo edital, lançado em diversas salas de cinema do país em agosto de 2022 e esta semana em Natal. Sua indicação para representar o Brasil no Oscar é fruto do enorme talento de Gabriel Martins, mas também – e diria que principalmente – de lutas históricas dos movimentos negros e de cineastas negros(as) no Brasil, começando por Bulbul e passando por outros nomes como Adélia Sampaio, Joel Zito Araújo, Jeferson De e Viviane Ferreira, pra citar alguns. Hoje, nós temos a Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), que segue crescendo institucionalmente e insistindo na democratização racial e de gênero do audiovisual brasileiro, seja através de ações afirmativas em editais públicos ou da maior diversidade no mercado como um todo.
A APAN, os coletivos, mostras, cineclubes, fóruns e demais articulações de cinema negro em cada local do país existem e resistem para que exemplos como Marte Um se tornem mais regra do que exceção.
* Sociólogo e antropólogo. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduando em Audiovisual na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Pesquiso e escrevo sobre os cinemas negros e a representação racial no cinema brasileiro.