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‘About Damn Time’, de Lizzo, se torna a música mais escutada dos Estados Unidos

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Lizzo. Foto: Divulgação.

A música número 1 dos Estados Unidos pertence a uma mulher negra. Nesta segunda-feira (25), Lizzo alcançou o topo da Billboard HOT 100, parada musical oficial do país e a mais concorrida do mundo. Feito foi conquistado com o sucesso viral ‘About Damn Time’, presente no recém lançado álbum ‘Special’. “Temos a música mais tocada do país, galera. Vou beber por cinco pessoas hoje”, celebrou a cantora através das redes sociais.

De acordo com a própria Lizzo, ‘About Damn Time’ é um “hino para curar, seguir em frente e refletir sobre todas as lutas contra depressão e ansiedade”. Cantora reflete que incentiva os ouvintes a falarem sobre seus sentimentos e lutarem por dias melhores, mesmo em momentos sombrios.

About Damn Time’ também se tornou a primeira música de 2022, lançada por uma artista feminina, a atingir o topo da Hot 100. Dentro da carreira de Lizzo, se tornou a segunda canção a marcar a posição mais alta da parada. “Eu tirei um tempo para escrever as músicas que precisavam ser lançadas, as histórias que eu queria compartilhar, que as pessoas deveriam ouvir”, disse a estrela ao comentar o lançamento de seu novo álbum, ‘Special’. “Eu acho que o amor é o coração deste álbum. Acho que tudo que eu fazia antes de Special foi em busca do amor. E era como, porque eu te amo era um álbum quase autobiográfico sobre quem eu quero ser“.

Silvia Nascimento, CEO do Mundo Negro, é finalista do 16º Troféu Mulher Imprensa

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Foto: Reprodução / Instagram

Silvia Nascimento, CEO e Editora-chefe do Site Mundo Negro, é finalista do 16º Troféu Mulher Imprensa, na categoria de Multimídia “Liderança, diretora de redação ou fundadora de projetos jornalísticos“. O anúncio foi feito neste 25 de julho, Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, e já está liberada a votação popular.

Na mesma categoria, Silvia concorre ao prêmio com Kátia Brasil da Amazônia Real, Semayat Oliveira do Nós, Mulheres das Periferias, Lilian Tahan do Portal Metrópoles e Renata Afonso da CNN Brasil.

A 16ª edição do prêmio visa prestigiar as jornalistas que se destacaram em suas áreas de atuação no biênio 2021/2022, além de fomentar a pauta dos direitos humanos através do tema “Pertencimento e Inovação”.

As 75 finalistas foram selecionadas por um júri de excelência – composto por 40 profissionais representando associações de comunicação, profissionais de diversas regiões do Brasil, causas e especialidades jornalísticas. O júri indicou, por livre escolha, as mulheres que tiveram destaque em cada uma das 15 categorias.

Sendo uma das primeiras jornalistas negras a comandar um espaço na internet, Silvia sempre estudou sobre Imprensa Negra, mas decidiu criar o Site Mundo Negro quando morou e estudou em Washington DC, Estados Unidos e ver a diversidade e qualidade da imprensa afro-americana. No ar desde 2001, o Mundo Negro é um dos primeiros portais feitos para negros no Brasil.

Para votar, o público precisa acessar o site da premiação. Será permitido apenas um voto por e-mail em cada categoria e o voto deverá ser confirmado pelo link enviado ao e-mail votante.

Meta anuncia os 10 vencedores do programa focado na formação de pessoas negras como criadores do metaverso

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Foto: Freepik

A Meta, dona do Facebook e Instagram, anunciou hoje os vencedores do Desafio RAP – Realidade Aumentada na Pele, o primeiro programa de treinamento e premiação com foco na formação, educação e desenvolvimento da comunidade negra no ecossistema de realidade aumentada (AR) no país. O programa faz parte dos esforços da Meta para desenvolver a próxima geração de criadores do metaverso por meio de treinamentos e educação, com foco na diversidade, equidade e inclusão.

Ao todo, 10 criadores de filtros de realidade aumentada foram selecionados. Os vencedores foram avaliados pelo grupo de jurados que contou com nomes como Nathalia Carneiro, do Geledés Instituto da Mulher Negra, e empresas aliadas da diversidade como Ambev, Grupo Boticário, L’Oréal e Magazine Luiza, além de participantes das agências Soko, Gana e Media Monks. Os vencedores foram escolhidos com base nos critérios de engajamento, criatividade, sofisticação e a aplicabilidade para usuários e negócios.

Conheça os 10 vencedores:

Marcela Nascimento da Silva – Filtro Realeza Negra
Larissa Sandre Barbosa – Filtro Faça Seu Beat
Jedson Santos Gomes – Filtro Adê Oxum
Augusto Lopes – Filtro Early Hip-Hop
Kevony Martins – Filtro Iansã Oyá
Maria Cléria Carlos – Filtro Hat-Trick
Jefferson Alves Brandão Xavier – Filtro Afrofuturismo
Marília Ramos dos Santos – Filtro Beleza Negra
Tobias Mosart – Filtro Nossas Cores
Munik Carvalho – Filtro Black is King

A atriz Lucy Ramos e o comediante Esdras Saturnino fizeram um vídeo para mostrar o uso dos filtros vencedores. Veja:

Apoiando intencionalmente a comunidade negra
A Meta tem apoiado ativamente e desenvolvido diversas iniciativas e parcerias para potencializar mais oportunidades para a comunidade negra dentro e fora de suas plataformas, além do compromisso com a construção de um futuro mais inclusivo ao investir no desenvolvimento do metaverso.

Desde suporte a empreendedores negros, a parcerias com organizações que buscam dar vida a projetos e ampliar as vozes negras, as iniciativas têm como obejtivo abrir espaços, oportunidades econômicas e impactar positivamente a comunidade e a sociedade.

Carla Akotirene anuncia 3ª edição do Opará Saberes, programa para inserção de pessoas negras na pós-graduação

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Foto: Adeloyá Ojú Bará

Neste dia 25 de julho, quando se celebra o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, será lançado o edital para a 3ª edição do projeto Opará Saberes, iniciativa para apoiar pessoas negras, principalmente mulheres, nos processo de seleção para os cursos de mestrado e doutorado de universidades públicas brasileiras.

O lançamento acontecerá em uma live, às 17h, no perfil do Instagram da escritora Carla Akotirene, doutora em Estudos Feministas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e idealizadora do Opará Saberes.

Participarão da live a filósofa Djamila Ribeiro, a psicóloga Laura Augusta, a escritora Lívia Natália, a promotora de Justiça do Ministério Público da Bahia, Lívia Vaz, a historiadora Ana Paula Brandão, diretora programática na ActionAid Brasil, e a angolana Florita Cuhanga de Kinjango Telo, doutora em Mulher, Gênero e Feminismo (UFBA). A mediação será de Carla Akotirene e da jornalista Gabriela Monteiro, coordenadora executiva do Opará Saberes. Todas são intelectuais que representam a contribuição das mulheres negras para a educação, a ciência e a universidade brasileira.

“O objetivo do Opará Saberes é enfrentar o epistemicídio dos pensamentos negros e garantir o ingresso e permanência de pessoas negras neste espaço de circulação de conhecimentos e de tomada de decisões políticas que são as universidades públicas e seus programas pós-graduação”, explica Carla Akotirene.

Para auxiliar pessoas negras, prioritariamente mulheres, a enfrentarem as seleções para o mestrado e o doutorado em universidades pública, o projeto oferece, de forma totalmente gratuita, suporte político, teórico, metodológico e psicológico, contribuindo, além da aprovação, com a permanência nos cursos.

Terceira edição terá formato remoto para ampliar o alcance


Depois das edições de 2016 e 2017, realizadas graças à parceria de intelectuais negras, o Opará Sabres retorna em 2022, com importantes apoios institucionais e de personalidades negras de referência como a atriz Taís Araújo, a jornalista Maria Júlia Coutinho e a filósofa Djamila Ribeiro. A iniciativa também contará com a participação de professores e professoras de diversas universidades brasileiras.

A primeira edição de Opará Saberes aconteceu em 2016, pautando descolonização do conhecimento com a pensadora angolana Florita Telo e participação das intelectuais negras Zelinda Barros, Viecha Vinhático, Laura Augusta, Ana Claudia Pacheco, Denise Ribeiro, Ana Luiza Flauzina, Claudia Pons, Salete Maria, Denise Carrascosa, Livia Natália, Elisabete Pinto e Emanuelle Goes. Em 2017, em sua segunda edição, Opará contou a filósofa Djamila Ribeiro, o professor Lourenço Cardoso, Ângela Figueiredo, Cristiano Rodrigues, Raquel Luciana Souza e outras/os, levando mais de 500 negras e negros para debater na universidade. Ambas as edições aconteceram em Salvador-BA.

Agora, pela primeira vez, Opará Saberes amplia a territorialidade e, através de um formato híbrido, com encontros presenciais e remotos, além de uma master class com convidadas internacionais, pretende acolher pessoas negras de todo o Brasil em duas grandes linhas de atuação: formação e mentorias. No edital, que será apresentado no lançamento do dia 25 de julho, estarão os critérios para a participação de candidatas.

Também será lançada uma campanha de financiamento coletivo para que a sociedade possa contribuir na ampliação do projeto, possibilitando o acompanhamento mais contínuo das candidatas.

Romper com o eurocentrismo da academia colonial


Carla Akotirene explica que uma das motivações do Opará Saberes é a valorização e instrumentalização dos saberes trazidos por pessoas negras, com epistemologias feministas, afrocêntricas, originárias e decoloniais, contribuições desprezadas pelas universidades.

“A Academia moderna é um projeto colonial, patriarcal, eurocêntrico, narcisístico e eliminatório. A universidade é responsável pela colonialidade do saber decidindo se conquistamos ou não credenciais”, afirma Carla Akotirene.

O nome do projeto é uma homenagem à deusa Opará, que na religiosidade afro-brasileira é uma das qualidades guerreiras da orixá Oxum, que reina nos rios e cachoeiras, e na filosofia ancestral africana, traduz a força do ímpeto e da sabedoria das mulheres.

A live de Lançamento do Opará Saberes acontece no dia 25 de julho, às 17h horas, no perfil de Carla Akotirene (@carlaakotirene) que receberá convidadas especiais para falar sobre a importância da inserção de mulheres negras nos espaços científicos e acadêmicos.

O Projeto SETA – Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista apoia o Opará Saberes, através da ActionAid Brasil. O SETA, projeto finalista do desafio da equidade racial 2030 da Fundação W.K. Kellogg, é uma aliança inovadora com sete organizações da sociedade civil nacional e internacional que tem como foco a construção de um sistema de educação pública brasileiro construído sobre os princípios da justiça racial e social onde cada pessoa pode ter acesso ao seu direito a uma educação de qualidade.

Bailarino carioca de uma famosa companhia de balé nos EUA realiza workshop gratuito na Cidade de Deus

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Foto: Rodrigo Lopes

O bailarino residente solista da companhia de balé Pacific Northwest Ballet, nos Estados Unidos, Jonathan Batista, irá ministrar um workshop gratuito na Cidade de Deus nos dias 27 e 28 de julho na academia Valéria Martins. Serão três turmas e todo dia após as aulas haverá uma palestra com Jonathan. Trata-se de uma volta as origens visto que o artista que é destaque no mundo é da Cidade de Deus.

“Como estudante de balé e em dança, eu tive início na comunidade da Cidade de Deus no projeto UNICOM, fui educado e disciplinado para o meu início de jornada na dança. Eu era o único menino a fazer balé, jazz e sapateado na época, pois a representação de meninos em balé ainda era mínima, porém, o apoio da instituição foi de suma importância para a construção da minha jornada”, conta o bailarino.

“É uma grande dificuldade a inclusão no balé, mesmo que tenhamos visto um número pequeno de bailarinos negros/pretos em cena nos palcos, ainda não vemos nossos talentos negros/pretos em destaque, mesmo que no exterior, venham
compartilhar sua arte como bailarinos convidados, e posso dizer isso por mim e pela minha própria experiência”, declara o artista.

Jonathan Batista também relembra como foi sua ida em busca de realizar seus sonhos fora do Brasil. “Um certo dia eu assisti o dvd de uma Cia na Inglaterra, e a partir daquele momento eu determinei que eu estudaria em uma das grandes escolas em Londres. A oportunidade surgiu, a Escola do English National Ballet (Balé Nacional Inglês) abriu audição no Brasil, e eu simplesmente me inscrevi e fui chamado. Após participar da audição, fui escolhido com bolsa 100% e com estadia para estudar no English”, relembra Jonathan.

O artista também fala da sensação de voltar ao país e ministrar um workshop gratuito na Cidade de Deus. “É muito gratificante retornar ao local onde primeiro me abriu as portas para a realização de sonhos, e poder contribuir minha arte e o que aprendi no curso de 10 anos de carreira internacional, mostrando através do incentivo de aulas e palestra que essa conquista é possível, e que a arte da dança pode mudar vidas e construir mais histórias de sucesso a partir da Cidade de Deus, lugar em que nasci e vivi por muitos anos”, diz.

Serviço:

Workshop dias: 27, 28 de Julho
14h às 15h Avançado (14 anos acima)
15h às 16h Médio (12 anoa em diante)
16h às 17h Básico intermediário (8 anos em diante)
Horários: Das 14hs às 17hs aula de balé, e 17hs palestra
Link no instagram para inscrição: @acad_valeriamartins (Academia Dança Valeria Martins) e @jonathanbatistaofficial (Jonathan Batista)

Trailer de Wakanda Forever quebra a internet com especulações sobre quem será o novo Pantera Negra

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A internet foi à loucura neste final de semana após a divulgação do trailer oficial de Wakanda Forever, a continuação de Pantera Negra.

O filme, que teve que passar por uma transformação após o falecimento de Chadwick Boseman, que viveu o protagonista T’Challa, promete ser arrebatador.

O trailer deixa explícita a morte de T’Challa e uma forte e impactante fala da rainha Ramonda dá a entender que Shuri, irmã do Pantera Negra, venha a ser a nova Pantera Negra, o que traria grande temor à mãe. “Eu sou a rainha de uma das nações mais poderosas do mundo e minha família inteira se foi. Eu já não perdi tudo?”, diz a rainha.

O trailer mostra, ainda, a tensão entre o reino de Wakanda e Atlântida, o reino submarino, e a presença de Namor no novo filme.

Na última imagem do trailer, aparece, de costas, o novo – ou a nova – Pantera Negra, e a internet está em polvorosa querendo saber quem vai ser o novo líder de Wakanda.

https://twitter.com/MarvelBRNews/status/1551021522852225025?t=-xrpr3O2D8_VIQX09SQh-Q&s=19
https://twitter.com/_emanuelbc_/status/1551114011625885696?t=jdPUzILfyPM1K_rT—wHQ&s=19

“Eu sempre firmei posição sobre não alisar e nem cortar o meu cabelo”, diz a jornalista Flávia Oliveira

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Foto: Renan Brites Peixoto

Mesmo com as poucas oportunidades para mulheres negras aparecerem na televisão, a Flávia Oliveira jornalista e comentarista fixa do programa Estúdio i, da GloboNews, sempre se posicionou para manter o padrão estético que lhe deixava confortável consigo mesma para se exibir em rede nacional.

“Nem sempre usei cabelo crespo, mas também nunca fui alisada. A concessão que eu fazia era prender o cabelo, inclusive numa determinada ocasião até falei isso para um diretor de redação. Pode prender, mas eu não aliso, nem corto”, disse a Flávia.

Nesta quarta e última entrevista da série sobre “jornalistas negras de televisão e seus cabelos” um especial do Julho das Pretas, o MUNDO NEGRO conversou com a Flávia sobre a sua relação com o crespo, o que mudou desde que ela apareceu na televisão pela primeira vez e dicas para cuidar do cabelo.

Como era o seu cabelo quando você começou a aparecer na TV? Era um estilo que você se sentia confortável para aparecer em frente às câmeras?

Eu comecei na TV em outubro de 2008, na estreia do Estúdio i. Eu tinha cabelo comprido como tenho hoje, mas fazia relaxamento. Já fazia, mais de década, talvez duas décadas, que eu fazia relaxamento para manter os cabelos compridos, mas com pouco menos volume. Não chegava a ser alisado no sentido de escovado. Vale a pena lembrar que não tinha exatamente um desconforto, mas eu sempre firmei posição sobre não alisar e nem cortar o meu cabelo, inclusive por razões religiosas. Eu sou filha de Iemanjá e sempre usei cabelo comprido.

Foto: Divulgação

Ainda no início, quais as jornalistas negras você tinha como referência não só pelo conteúdo, mas também pela estética e o que te chamava atenção nessa pessoa em termos de visual?

Pelo conteúdo, óbvio que a Glória Maria sempre foi uma referência. Ana Davis, eu lembro dela inclusive usando cabelo black. A própria Zileide. Eram mulheres que me chamavam atenção, eram poucas. Mas cabelo não me identificava com nenhuma delas.

O cabelo crespo/natural não era tido como um cabelo de “aspecto profissional”. Como você lidou com isso ao longo da sua carreira? Sempre usou o cabelo crespo?

Nem sempre usei cabelo crespo, mas também nunca fui alisada. A concessão que eu fazia era prender o cabelo, inclusive numa determinada ocasião até falei isso para um diretor de redação. Pode prender, mas eu não aliso, nem corto. Na profissão, sempre tive a questão da identidade racial, embora atenuasse o crespo do cabelo com o relaxante que eu fazia no Afonjá na época, que era em um salão para negras.

Nos EUA onde as questões dos direitos civis são bem avançadas, as jornalistas negras, em maioria ainda usam o cabelo liso e até mesmo perucas e apliques. Por que no Brasil somos diferentes? E usar o cabelo liso seria um problema, na sua opinião?

Os Estados Unidos tem essa tradição do lace, do cabelo alisado. A Giovana Xavier historiadora, estudou a história da beleza, até publicou um livro, a partir da tese de doutorado dela (História Social da Beleza Negra). Ela relaciona muito essa questão do mercado de trabalho, do cabelo suavizado para oportunidades no mercado de trabalho. Nos Estados Unidos tem muito isso. Tem um episódio da Michele Obama que ela fica crespa. Tem uma cena na série, que eu estava assistindo outro dia, First Lady, que o cabeleireiro diz ‘vamos dar um descanso pra esse cabelo?’ e ela fala ‘e vou aparecer assim crespa? Em um jantar como primeira dama dos Estados Unidos não, né?’. Então há uma certa pressão por essa questão do cabelo alisado.

Aqui também tem muita mulher preta alisada. Eu acho que processo de assumir, especialmente quem está no mercado de trabalho mais intensamente os crespos, os turbantes, as tranças, os rastas, é mais recente no sentido de ganhar escala. E no jornalismo é pouca presença negra. Na verdade, o jornalismo ao meu ver caminhou para respeitar um pouco mais a individualidade das pessoas. Homens e mulheres, nos anos 70, 80, 90, era todo mundo muito parecido. Mesmo as mulheres brancas, tinham o mesmo corte de cabelo, o mesmo tipo de roupa. Os homens também. A partir dos anos 2000, você começa a ter um pouco mais de permitir a personalidade, a individualidade e nesse sentido se coincide também com um pouco mais de presença negra, é natural que essa presença negra também inclua cabelo crespo e ao mesmo tempo essa geração tombamento, afronta, chegar na universidade e assumir os blacks, muitas linhas também de produto de cabelo pra mulheres negras foram surgindo. Eu acho que tem vários elementos aí que também chegaram as mulheres jornalistas.

O seu cabelo já foi alvo de algum comentário racista? Caso sim, o que foi feito a respeito?

Ah, desde pequena, né? ‘Cabelo de Bombril’ é muito, muito comum, Já vi um ou outro outro comentário desse tipo na rede social. Não tomei nenhuma providência. É basicamente denunciar na própria rede social e bloquear o racista. Não achei que fosse caso de fazer uma denúncia formal, pessoas com poucos seguidores, sem representatividade.

Sobre quem cuidou e cuida do seu cabelo. Você sente que os profissionais sabem cuidar do cabelo natural?

Não é todo mundo que sabe cuidar, nem cortar. Cortar então é uma questão mais complexa, porque muitas vezes as referências de corte são cabelos lisos, então muito bem-vinda à safra de profissionais negros que aprenderam a cortar, técnicas para cortar, tratar. Como eu disse, vários produtos apareceram ligados a de grandes empresas e de empresas novas na direção de melhorar a oferta de produtos pra cuidados de cabelos crespos. Inclusive a própria identificação do cacho: A, B, C, um, dois, três, quatro. Isso é algo recente. Na minha época os cabelos eram secos, oleosos e normais. Todos para pessoas brancas. Nos anos recentes, houve um investimento da própria indústria na direção de mostrar diferenças, de segmentar e muitas blogueiras. Essa coisa da tecnologia, da internet, me parece que ajudou muito a comunicar e fazer as mulheres negras compreenderem seus cabelos e a própria beleza.

Eu fiz transição no início de 2016, quando a Isabela minha filha, que também fazia relaxante, embora tivesse o cabelo bem menos crespo, ela iniciou a transição e eu resolvi acompanhá-la e a partir dali foi curioso. Descobri o meu próprio cabelo, eu mal conhecia ele porque tinha muita química. A transição foi dura e especialmente porque eu usava cabelo comprido ou médio, então demorou bastante. Tive que fazer muito babyliss pra uniformizar, voltei a usar bobes, até que o cabelo inteiro tivesse renovado. E hoje eu gosto muito dele, tenho vários produtos, alguns produtos que eu compro e eu mesma levo pra TV para serem usados no meu cabelo, produtos sem parabeno, sem silicone, esse tipo de coisa.

O cabelo de quem trabalha na TV sofre com o efeito de secador, gel e outros produtos. Qual sua rotina de cuidado capilar? 

Eu não uso tanto secador. Quando ele está muito desobediente, eu prendo.

Foto: Reprodução/Instagram

Tem algum truque que você aprendeu no trabalho, sobre cuidados com seu cabelo, que você poderia compartilhar com a gente?

Uma coisa que aprendi foi usar o difusor. Eu não conhecia o difusor até entrar na TV. Na medida do possível, lavar, desembaraçar o cabelo molhado, não passar pente, nem nada com cabelo seco e tentar secar ao natural o máximo possível. Reduzir o uso do secador, mas se usar, com o difusor, isso faz faz muita diferença. O difusor é bem menos agressivo. A outra coisa é prender. Na transição eu fiz muito afro puff, esse que não é rabo de cavalo, um rabo de cavalo mais pro alto assim da testa, que levanta a expressão, puxa o olhar. Eu acho que faz um conjunto bonito, então gosto mais de fazer coque ou o afro puff mais pro alto da cabeça e não pro lado da nuca. E a outra coisa que eu também aprendi na TV que eu uso bastante, é uma almofadinha, uma rodinha que você põe dentro do rabo de cavalo pra aumentar o volume do coque. Eu acho que fica muito bonito o coque grande.

O amor negro existe para pessoas trans?

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Foto: iStock.

Por Thales Alves

A auto declaração e a reafirmação de aspectos raciais é algo muito importante para a comunidade negra no Brasil. Dentro dos debates que ligam os aspectos raciais podemos destrinchar e falar durante dias, meses e até anos sobre temas de extrema relevância.

O que é pouco falado, pouco discutido e até ignorado por nós enquanto comunidade negra é a relação entre o gênero e suas expressões em relação aos aspectos raciais. Pessoas cisgêneras negras já encontram inúmeras barreiras quando o assunto é o amor. Mas, e para a comunidade sexodiversa, você já pensou como funciona o amor para pessoas negras que não são cis ou heterossexuais?

Como a minha vivência é enquanto homem trans negro, resolvi estourar a bolha e há alguns dias fiz um questionamento importante em relação ao amor e a disponibilidade em se relacionar com pessoas travestis e transexuais. Pessoas cis em sua grande maioria responderam da mesma “o amor, desde que afrocentrado é amor”.

Como as minhas vivências não eram bem estas, fiz o mesmo questionamento para pessoas trans e travestis e a resposta em grande massa foi a mesma “ninguém quer assumir e amar uma pessoa travesti ou transexual”.

Existe algo errado nesta conta e eu sei bem onde os números não batem. O corpo negro é vistos de forma erotizada apenas por ser um corpo racializado. Já o corpo transexual e travesti é visto como erótico porque passamos séculos sendo escondidos e marginalizados.

Enquanto esta relação imaginária entre corpo tran/travesti não for quebrada, jamais conseguiremos receber algo que para você é tão comum, o amor.

A sugestão de hoje é: além de amar sua preta e seu preto em público, sugiro que assuma sua pessoa travesti ou transexual. Nós estamos aqui, sempre estivemos aqui. Preciso apenas que vocês nos vejam para além dos nossos corpos e comecem a olhar em nossos olhos. Nós também merecemos o amor.

Billy Porter faz estreia como diretor em ‘Tudo É Possível’, novo filme de romance

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Billy Porter. Foto: John Salangsang.

Estrela da aclamada série ‘Pose’, Billy Porter acaba de realizar sua estreia como diretor de cinema no filme ‘Tudo É Possível’, disponível no catálogo do Prime Video. A obra acompanha a vida de uma garota negra trans vivendo suas primeiras experiências no campo do amor e da amizade. “É toda a alegria e a esperança e o amor e a autenticidade, tudo isso. É realmente necessário”, disse Porter ao ser questionado sobre o que o atraiu para o filme. “E sou grato por poder estar no comando de algo tão especial e revolucionário em sua simplicidade”.

Cena de ‘Tudo É Possível’. Foto: Divulgação

De acordo com a sinopse oficial, o filme acompanha a história de Kelsa, uma garota confiante, enquanto ela vive o último ano do colégio. Seu colega de classe Khal se apaixona por ela e cria coragem para convidá-la para sair, apesar do drama que ele sabe que isso pode causar. Como resultado, o longa apresenta um romance que mostra a alegria, a ternura e a dor do amor juvenil.

“É um sonho há muito tempo. Estou trabalhando para isso há muito tempo”, diz Porter sobre sua estreia como diretor. “É uma carta de amor para Pittsburgh. Qualquer um que esteja ouvindo e seja uma pessoa de cinema sabe o que isso significa”, acrescenta ele, ao citar o amor por sua cidade natal e cenário principal do longa.

“É uma conquista que eu adoro ostentar”, diz Aline Aguiar sobre cabelo natural

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Foto: Reprodução.

A jornalista Aline Aguiar, da TV Globo Minas Gerais, faz parte do grupo de mulheres negras que todos os dias trabalham diante das câmeras de televisão utilizando o cabelo de várias maneiras diferentes. Sejam tranças, cabelo solto, com volume ou penteados diversos, o cabelo, em especial para mulheres negras, ocupa papel de destaque quando o assunto é televisão.

Na terceira entrevista da série sobre jornalistas negras e seus cabelos na televisão, Aline Aguiar dividiu com o MUNDO NEGRO um pouco de sua história, inspirações e referências negras no jornalismo. ” Lembro-me do dia que a Maju apresentou o ‘Jornal Nacional’ pela primeira vez, no início do ano de 2019. Foi muito emocionante para mim. Era como se ela dissesse: “Você também pode estar aqui'”, relembrou ela.

A transição capilar o empoderamento que vem com o conhecimento de si e da própria história, foram grandes aliados de Aline na libertação de processos químicos que agrediam os fios e com os quais ela já não se identificava mais. Para ela, poder usar o cabelo natural na bancada de um telejornal é ostentação. “Aqui no Brasil estamos entendendo que há beleza nos nossos fios naturais e isso é libertador. É uma conquista que eu, particularmente, adoro ostentar”.

Foto: Reprodução.

Confira a entrevista completa:

Como era o seu cabelo quando você começou a aparecer na TV. Era um estilo que você se sentia confortável para aparecer em frente às câmeras?  

Eu tinha o cabelo alisado quando comecei a trabalhar como repórter. Na verdade, comecei a usar química de alisamento na adolescência. Como todo mundo tinha o cabelo liso, entendia que assim que tinha que ser. E por cerca de 15 anos fui reproduzindo esse ritual, sem me questionar o motivo pelo qual fazia aquilo.  

Ainda no início, quais as jornalistas negras você tinha como referência não só pelo conteúdo, mas também pela estética e o que te chamava atenção nessa pessoa em termos de visual? 

Infelizmente tive poucas referências, mas posso citar algumas, como Glória Maria, Dulcinéia Novaes e Zileide Silva. Só mais recentemente estamos nos vendo mais na TV e como isso é bom! Lembro-me do dia que a Maju apresentou o ‘Jornal Nacional’ pela primeira vez, no início do ano de 2019. Foi muito emocionante para mim. Era como se ela dissesse: “Você também pode estar aqui”. E olha que coisa, em novembro do mesmo ano eu estava na bancada do JN representando o meu estado, Minas Gerais, nas comemorações pelos 50 anos do telejornal.  

Aline na bancada do Jornal Nacional. Foto: Reprodução.

O cabelo crespo/natural não era tido como um cabelo de “aspecto profissional”. Como você lidou com isso ao longo da sua carreira? Sempre usou o cabelo crespo? 

Até hoje, infelizmente, existe a ideia do cabelo crespo/cacheado como um cabelo “desarrumado”, “bagunçado”, que precisa “ser domado”, “controlado”. Isso faz parte de um imaginário social construído durante e depois da colonização. Na África, o cabelo era um forte símbolo identitário. Pelo cabelo, era possível saber o estado civil, a posição social, a religião de uma pessoa. Quando os africanos chegaram ao Brasil, na condição de escravizados, eles tinham o cabelo raspado com a justificativa de higienização, mas a intenção era o apagamento do pertencimento, da memória. Uma violência e tanto. Depois, com a imposição eurocêntrica do branco como belo, do cabelo liso como bom, o crespo foi considerado feio e ruim. Grada Kilomba, uma escritora portuguesa, diz que só se torna diferente se tem aquele para se ditar como norma, como padrão. E o padrão é o branco. Entender essa construção me ajudou a passar pela transição capilar e a me posicionar contra comentários racistas.  

Nos EUA onde as questões dos direitos civis são bem avançadas, as jornalistas negras, em maioria ainda usam o cabelo liso e até mesmo perucas e apliques. Por que no Brasil somos diferentes? E usar o cabelo liso seria um problema, na sua opinião? 

Não acho que usar o cabelo liso seja um problema, mas desde que seja uma opção. É preciso questionar: Por que estou alisando o meu cabelo? Por que eu quero ou por que me falam que é melhor assim? Aí está a diferença.  

Parece-me que nos EUA as mulheres afrodescendentes se acostumaram muito com o modelo liso, tiveram e têm pouca referência e isso faz parte da cultura delas. Quem sou eu para julgar uma cultura. Aqui no Brasil estamos entendendo que há beleza nos nossos fios naturais e isso é libertador. É uma conquista que eu, particularmente, adoro ostentar. 

O seu cabelo já foi alvo de algum comentário racista? Caso sim, o que foi feito a respeito?  

Sim, algumas vezes e sempre que isso acontece denuncio porque racismo é crime. 

Sobre quem cuidou e cuida do seu cabelo. Você sente que os profissionais sabem cuidar do cabelo natural? 

Frequento salões especializados em cabelo crespo e cacheado, o que ajuda muito. O cuidado é diferente.  

O cabelo de quem trabalha na TV sofre com o efeito de secador, gel e outros produtos. Qual sua rotina de cuidado capilar? 

Uma vez ao mês faço uma super hidratação no salão e nas outras semanas cuido em casa mesmo. Lavo três vezes por semana e, quando possível, deixo secar naturalmente. No outro dia de manhã solto bem e vou para a TV já pronta. Adoro um volumão. 

8) Tem algum truque que você aprendeu no trabalho, sobre cuidados com seu cabelo, que você poderia compartilhar com a gente?      

O truque do cabelo cacheado está na hidratação. Também tenho uma dica infalível: não tirar o excesso de água para secar. O cabelo cacheado precisa estar encharcado para melhor definição. Aquela coisa de torcer o cabelo com a toalha jamais. 

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