Lidia Thorpe, senadora da Austrália com descendência aborígena, do partido Verdes Australianos, foi forçada a repetir o juramento de fidelidade ao Senado nesta segunda-feira (1), após chamar a rainha britânica Elizabeth de “colonizadora”.
“Eu soberana, Lidia Thorpe, juro solene e honestamente que serei fiel e mantenho verdadeira lealdade à colonizadora sua majestade, a Elizabeth II”, disse Thorpe na câmara alta australiana na primeira declaração com o punho direito erguido no ar.
Sue Lines, a presidente do Senado, do Partido Trabalhista, ordenou que Thorpe repetisse o juramento para as palavras “impressas no cartão”. No Twitter, a senadora ainda se posicionou sobre a situação: “A soberania nunca cedeu”.
Watch the moment Lidia Thorpe had to take a second oath after saying “colonising” before “Queen Elizabeth II” pic.twitter.com/cnRJ2YEjcb
Os outros senadores tomaram posse oficialmente na semana passada, e ela precisou prestar o juramento nesta manhã. Thorpe já havia ironizado o juramento nas redes sociais. “Nem todo político jurou fidelidade à Rainha Colonizadora da Inglaterra hoje kkkk”, tweetou no seu perfil.
Not every politician swore allegiance to the Colonising Queen of England today lol
— Senator Lidia Thorpe (@SenatorThorpe) July 26, 2022
Com muitas críticas, a senadora já havia repudiado a história do país. “Representa a colonização dessas terras e não tem permissão para estar aqui. Não houve consentimento, não houve tratamento, então essa bandeira não me representa” e acrescentou sobre a candidatura do senador: “para questionar a ocupação ilegítima do sistema colonial neste país”.
Na semana passada, o ministro assistente da república, Matt Thistlethwaite, também repetiu o juramento de lealdade à rainha: “arcaico e ridículo”. “Isso não representa a Austrália e é mais uma meta para que possa tornar-se um critério para nós de uma república”, disse ele.
O líder do partido Verdes Australianos, manifestou o seu apoio ao juramento da Thorpe em crítica a Rainha. “Foi sempre. Será sempre”.
A cantora Ludmilla usou suas redes sociais no último domingo (31) para prestar apoio e solidariedade a Mirtes Renata, mãe do menino Miguel Otávio. “Precisamos continuar falando sobre Miguel Otavio! A @mirtes_renata, mãe para a qual ofereci minha voz para alcançarmos o máximo de pessoas sobre o caso do filho dela, procurou a minha equipe e nos atualizou sobre o caso”, iniciou Ludmilla.
Precisamos continuar falando sobre Miguel Otavio! A @mirtes_renata, mãe para a qual ofereci minha voz para alcançarmos o máximo de pessoas sobre o caso do filho dela, procurou a minha equipe e nos atualizou sobre o caso.
“Eu estou devastada em saber que mesmo com todas as provas e com a dor imensurável que essa mãe está sentindo, ainda não temos uma solução concreta por parte dos órgãos responsáveis. Isso é inadmissível!”, continuou a artista, se referindo ao último andamento do caso, onde a Justiça de Pernambuco negou o pedido de prisãofeito pela equipe de advogados de Mirtes contra Sarí Corte Real, por ela ter se mudado de endereço sem informar o juízo.
“Quero deixar claro que usarei a minha voz quantas vezes for preciso e que continuaremos lutando por justiça!”, concluiu Ludmilla. Na mesma postagem, Mirtes agradeceu o apoio recebido pela cantora e por sua mãe, Silvana Oliveira.
“Obrigada Lud, agradeça também a sua mãe, que entendeu que por filhos fazemos tudo, mas me lembro que você disse que sempre seguraria a minha mão, estou cansada, mas não vou desistir e sei que vocês estão comigo, na luta por #justiçapormiguel“, disse Mirtes.
Outros artistas como Ícaro Silva também se posicionaram sobre o caso Miguel, durante a repercussão do caso de racismo envolvendo os filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso. “Por que a justiça de Pernambuco impediu a prisão de Sari Corte Real, a responsável pela morte do pequeno Miguel? É impossível afirmar com verdade que não há relação com a cor da pele e com o sobrenome patético da criminosa”, escreveu o ator em uma postagem no Instagram.
A ex-primeira-dama de Tamandaré, Sarí Corte Real, para quem Mirtes trabalhou, foi condenada a oito anos de prisão por abandono de incapaz ao colocar Miguel sozinho dentro de um elevador. Ao descer no local errado, o menino caiu do nono andar do prédio onde a mãe trabalhava.
Zahara Jolie-Pitt, filha de Angelina Jolie e Brad Pitt vai estudar na Spelman College, em Atlanta, nos Estados Unidos. Angelina fez um post nas redes sociais comemorando o ingresso da filha nesta que é uma das mais conhecidas Universidades Historicamente Negras dos EUA.
“Parabéns a todas as novas estudantes ingressando este ano! Um lugar muito especial e uma honra ter um membro da família como uma nova garota Spelman”, disse Jolie em um post no instagram, onde sua filha aparece ao lado de outras meninas negras da Universidade.
Em um vídeo compartilhado pelo TheYBF Daily, Angelina aparece dançando com famílias de estudantes da Spelman, num momento bem descontraído e divertido.
Fundada em 1881, a Spelman College é uma faculdade para mulheres negras que oferece cursos acadêmicos nas áreas de artes, humanidades, ciências sociais, matemática e ciências.
A atriz Nichelle Nichols, que interpretou a oficial de comunicações Uhura na série original “Star Trek”, morreu na noite do último sábado (30), aos 89 anos. A morte de Nichols foi confirmada por Gilbert Bell, seu gerente de talentos e parceiro de negócios há 15 anos.
Nichelle protagonizou um dos primeiros beijos interraciais da história da televisão em “Star Trek”, em 1968. No entanto, no episódio “Os enteados de Platão”, que foi ao ar em 1968, Uhura e o Capitão Kirk não escolheram se beijar, mas foram obrigados a fazê-lo involuntariamente por alienígenas com a capacidade de controlar os movimentos dos humanos.
Uhura, cujo nome vem de uma palavra suaíli que significa “liberdade”, foi uma oficial capaz que poderia comandar outras estações na ponte quando necessário, ela foi uma das primeiras mulheres afro-americanas a serem apresentadas em um papel não servil na televisão americana.
Nichols cogitou deixar “Star Trek” após a primeira temporada para seguir carreira na Broadway, mas o reverendo Martin Luther King Jr., que era fã da série e entendia a importância de sua personagem em abrir portas para outros afro-americanos em televisão, pessoalmente a persuadiu a permanecer no programa. Nichelle contou o acontecido a Neil deGrasse Tyson em uma entrevista para o Archive of American Television.
Whoopi Goldberg, que mais tarde interpretou Guinan em “Star Trek: The Next Generation”, descreveu Uhura como um modelo, lembrando que ficou surpresa e animada ao ver uma personagem negra na televisão que não era empregada doméstica.
Em 1991, Nichols se tornou a primeira mulher afro-americana a ter suas impressões de mãos imortalizadas no TCL Chinese Theatre.
Nichols sofreu um derrame em 2015 e foi diagnosticada com demência em 2018, dando início a uma disputa de tutela entre seu empresário Bell e seu filho, além de um amigo. Ela deixa seu filho, Kyle Johnson.
A mulher responsável por atacar com comentários racistas os filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, nesta última tarde de sábado (30), já foi liberada pela polícia. Ela chegou a ser presa no restaurante português Clássico Beach Club, local onde cometeu o crime, mas a detenção não durou muito tempo. Segundo informações do jornal ‘Público’, a criminosa alegou que estava alcoolizada no momento da detenção. Testemunhas também relataram que ela chegou a insultar os policiais responsáveis pela ocorrência.
Segundo a assessoria de Giovanna e Bruno, os artistas já prestaram queixa contra a racista, de maneira formal, na delegacia portuguesa. A mulher branca em questão, que passava na frente do restaurante, xingou, deliberadamente, não só Títi e Bless, filhos dos brasileiros, mas também a uma família de turistas Angolanos que estavam no local – cerca de 15 pessoas negras. A criminosa pedia que eles saíssem do restaurante e voltassem para a África.
O que a Giovana Ewbank fez com essa racista ainda foi pouco pois seu ataque era em cima de uma criança. Qualquer chega pra lá em racista ainda é pouco quando eles fazem e acontecem sem que haja uma punição. #Respeito#VidasNegrasImportampic.twitter.com/KGfTA6CxYc
— Wilton Oliveira 🏳️🌈🇾🇪 (@WiltonAlmSPO) July 31, 2022
No último sábado (30), veio a público o caso de racismo sofrido por Titi e Bless, filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso durante viagem da família a Portugal. Uma branca racista teria pedido para que as duas crianças e também uma família de angolanos que estava no mesmo restaurante se retirasse do ambiente e “voltasse para África”, conforme informou nota da assessoria de imprensa que atende Bruno e Giovanna. Após denúncia de Bruno, a criminosa foi presa.
https://www.instagram.com/p/CgpxtPsDrMo/
Nos vídeos que circulam nas redes sociais é possível ver a defesa veemente que Giovanna faz de seus filhos e a confrontação direta que faz da racista. Inclusive nomeando especificamente o crime que meliante cometeu. Automaticamente, muitas pessoas negras, famosas ou não, repercutiram na internet sobre o que aconteceria se uma mãe preta reagisse da mesma maneira que Giovanna.
A cineasta Renata Martins pontuou que “a racista se acovardou diante do posicionamento firme de Ewbank. Silenciou-se e apequenou-se diante do reflexo da imagem de Gio”.
A racista se acovardou diante do posicionamento firme de Ewbank…silenciou-se e apequenou-se diante do reflexo da imagem de Gio…
Se Ewbank fosse uma mãe negra… era capaz dela ter sido humilhada e expulsa do local junto com seus filhos…
Ao desconsiderar que existam famílias de configuração racial diversa, a racista certamente não imaginou que aquele casal de brancos dos olhos azuis seriam pais de Titi e Bless. Certamente não é uma racista de primeira viagem e conhece os efeitos que a reação de uma família negra, em um restaurante de uma cidade turística de luxo teria contra ela e se sentiu à vontade para proferir seus insultos racistas com a certeza de que nada aconteceria com ela. No entanto, não contava com o fator Giovanna e Bruno.
Ambos brancos, os pais de Titi e Bless, assim com a racista, têm consciência de seus privilégios enquanto uma família branca no Brasil e fora. Como privilégio branco não é algo do que se pode abrir mão, o que resta é fazer bom uso dele quando necessário, como fez Giovanna, defendendo suas crianças de um ataque racista e dando nome aos bois.
A atriz e jornalista Tia Má também falou sobre isso em suas redes sociais. Na opinião dela, “ter ciência dos privilégios é saber usar quando é necessário”.
Em uma entrevista recente ao podcast“Quem Pode, Pod“, comandado por Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme, Bruno Gagliasso disse que um dos principais medos que ele tem na criação dos filhos é a violência racista. .”Isso é uma coisa que está na vida de quem é preto, não tem jeito. É um papo que doi, mas tem que ter”, disse o ator emocionado.“A melhor forma de defendê-los é dando informação, é ensinando, é mostrando e sendo verdadeiro. Eu quero meus filhos fortes, ensinando outras crianças brancas a defender outras crianças pretas, a se unir. Quero que meus filhos façam a diferença”, disse o ator na ocasião.
Além de todas as conquistas e recordes do álbum ‘RENAISSANCE’, não podemos deixar de enfatizar a dedicatória feita por Beyoncé dentro do projeto. A cantora dedicou o novo disco ao seu tio Johnny Knowles, que morreu por complicações de HIV. “Ele foi o homem gay mais fabuloso que eu já conheci, e ajudou a criar minha irmã e eu. Ele viveu sua verdade, foi corajoso e destemido numa época em que esse país não era tão receptivo”, disse Beyoncé no encarte do álbum.
Tina Knowles, mãe de Beyoncé, ao lado de Johnny Knowles. Foto: Divulgação.
A mãe de Beyoncé, Tina Knowles, também comentou sobre a importância do tio Johnny dentro da família. “Eu posso ouvi-lo agora lá do céu dizendo ‘Lucy eu te dei essa foto’. Ele sempre me chamava de Lucy depois de Lucille Ball!!“, escreveu ela nas redes. “Johnny era o ser humano mais próximo do mundo para mim, éramos inseparáveis crescendo! Mais tarde, ele foi minha babá / governanta / designer / parceiro de dança / confiante e melhor amigo. Eu ria constantemente com ele e confiava nele incondicionalmente! Quando ele morreu, um pedaço de mim foi com ele. Solange e Beyoncé o adoravam. Ele me ajudou a criá-las. E influenciou seu senso de estilo e singularidade. Você vê, Johnny adorava house music! E apresentei o estilo aos meus filhos desde cedo. Ele está sorrindo do céu com o que Bey fez agora“.
Embalado com hinos empolgantes que ressoam em todos, RENAISSANCE é uma culminação de liberdade e fuga que incentiva júbilo inimaginável e movimento com abandono. A intenção singular de RENAISSANCE é mostrar música que mexe com você na alma e incentiva seus pés dançantes. É uma celebração de uma era de clube em que qualquer um que se sentia como um forasteiro se procurava e formava uma comunidade de buscadores de liberdade para se expressar criativamente através do ritmo, que ainda hoje celebramos.
O Museu das Favelas, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, abre pela primeira vez ao público nos dias 30 e 31 de julho, das 11h às 17h, na ação intitulada “Abre Caminhos – nutrindo a nossa favela-árvore”. Na ocasião, mulheres periféricas e coletivos de mulheres da vizinhança do museu ocuparão o salão do espaço em uma feira de empreendedorismo, com diversos produtos e criações que estarão à venda; o público ainda poderá assistir as apresentações de Bernadete do Peruche (matriarca do samba paulista) e Nega Duda (sambadeira do Recôncavo Baiano), além de participar de oficinas de dança, intervenções culturais, rodas de conversa e brincadeiras populares destinadas às crianças.
Foto: Divulgação.
A ação pontual “Abre Caminhos – nutrindo a nossa favela-árvore” busca aproximar as pessoas do Museu das Favelas antes de sua abertura oficial, prevista para o 2º semestre de 2022, explica Carla Zulu, Coordenadora de Relações Institucionais e porta-voz do museu. A entrada é gratuita e, usando como tema o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o evento busca fomentar e impulsionar as produções, vivências, saberes e negócios culturais de mulheres de favela.
O Museu das Favelas está localizado no Palácio dos Campos Elíseos, edifício tombado pelo Condephaat, construído no final do século XIX, e localizado na Avenida Rio Branco, na região central da cidade, em uma área de mais de 4 mil m². Em razão da instalação do museu, estão sendo realizadas diversas ações de manutenção no 1º e 2º andar do edifício, e, assim, por enquanto, as atividades serão oferecidas nos pavimentos térreo e inferior. Após o evento, o Museu segue fechado para manutenção. A instituição está sob gestão, desde janeiro de 2022, do Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG.
Maili Santos é fundadora do autointitulado Studio Móvel (Foto: Edilton Lopes)
Na última reportagem especial de Julho das Pretas, o MUNDO NEGRO entrevistou duas mulheres negras, integrantes do coletivo Quilombo PcD (Pretas, Pretos e Pretes com Deficiência), para falar sobre a vida pessoal, trabalhos e os desafios de ser uma pessoa negra e PcD no Brasil.
Phillipa Mbundu Silveira, 19, mora na zona Oeste do Rio de Janeiro e é instrutora de língua de sinais e empreendedora do Ph Libras desde 2020. Diagnosticada com autismo aos 7 anos, ela decidiu que trabalharia pela inclusão e acessibilidade e hoje faz graduação em letras-libras.
“Meu negócio tem como lema: “Transformando o mundo para a inclusão”. Ainda está no seu estágio de desenvolvimento. A libras entrou na minha vida quando eu tinha 13 anos e a partir dos 15, eu comecei a trabalhar fazendo cursos, oficinas, participações em igrejas a fim de trazer à minha região o conhecimento da libras e a importância da acessibilidade”.
Foi na igreja evangélica que Phillipa começou a se desenvolver para o mercado de trabalho. “Comecei a produzir peças teatrais na igreja. Eu escrevia os roteiros, ensaiava, e fazia cantina pra arrecadar dinheiro pro departamento de teatro, foi aí que comecei a entender um pouco sobre negócios e vendas”.
“Nesse ano, meu pastor pediu pra eu aprender libras para que eu pudesse incluir os surdos na nossa igreja. Eu procurei o curso, até que encontrei a Igreja Batista Independente Missão Socorro, onde na época tinha um encontro com surdos todas as terças e foi lá que eu comecei a aprender libras na prática, através da conversação. Durante os anos de 2016 e 2019, eu levei libras em algumas igrejas evangélicas da minha região. E segui com meu trabalho para outros rumos”, explica.
Foto: Arquivo pessoal
Para a instrutora de libras, a mãe trabalhar como enfermeira e servidora pública permitiu mais estrutura ao desconfiarem que ela poderia ser uma criança autista. “As suspeitas começaram desde os meus primeiros dias de vida. Aos 5, tive crises e surtos na escola, e esse foi um dos momentos mais difíceis da minha família. Minha mãe trabalhava em 3 hospitais e precisava correr de um lado para outro em busca de médicos. O diagnóstico não foi fácil de conseguir. Na igreja enfrentava também o capacitismo, e a escola era o centro de todo caos”, diz.
“Sabe o que é viver a exclusão na pele? Fui expulsa de um colégio no primeiro ano por não saberem ‘lidar’ e no outro, por não me adaptar à minha classe. Ficava na turma do maternal sem fazer as minhas atividades. Depois disso, eu fui a um colégio que tinha propostas inclusivas e isso mudou totalmente minha trajetória. Era um colégio de bairro pequeno, mas com uma diretora que tinha a inclusão como um valor”, lembra Phillipa.
Ao longos dos anos, a empreendedora conta que foi aprendendo a lidar com os surtos. “Hoje não tenho mais crises, mas sou dependente dos meus medicamentos e da psicoterapia. Por causa do “masking” (mascaramento), muitos não sabem que eu sou autista, mas só eu sei as dificuldades que eu enfrento”.
Foto: Arquivo pessoal
Mas por causa do racismo, ela ainda ainda precisou lutar muito para manter o equilíbrio emocional, especialmente com o assassinato do menino João Pedro no RJ a deixou muito abalada. “No período de maio de 2020, com diversos acontecimentos tristes para comunidade negra, eu tive uma espécie de surto. Os constantes estímulos de notícias negativas me afetaram tão fortemente, que quando eu estava tentando dormir, todas aquelas notícias passavam na minha cabeça como se fosse uma TV ligada que eu não conseguia desligar. Ser negra e PcD não é fácil”.
Quando se trata de evolução coletiva, Phillipa aponta que ainda há muito o que melhorar, especialmente morando nas favelas do Rio de Janeiro. “Como podemos fazer com que os espaços tenham menos estímulos no caos da cidade grande e da periferia? Não é algo que deve partir de uma pessoa, mas deve haver uma mobilização coletiva. O mercado de trabalho também tem muito a melhorar, quando se trata na inclusão de pessoas autistas”.
Phillipa agora está terminando de escrever o livro “Querer mais, querer novamente“: “É uma coletânea de relatos sobre meu processo de aprendizado de libras e sobre o meu trabalho e luta pela inclusão e pela acessibilidade”.
Foto: Edilton Lopes
Colorindo a vida com maquiagem
Maili Santos, 37, mora em Salvador, Bahia. Além de conselheira do Quilombo PcD, ela é fundadora do Studio Móvel MailiSantos, que proporciona serviço de beleza e conforto aos clientes. “Entendendo as particularidades de cada atendimento, levei como cultura na Studio Móvel, nos adaptar de forma mais diversa possível para cada vez mais termos uma experiência humanizada dos serviços. Atualmente estamos tentando implantar a língua de sinais para uma comunicação mais direta e natural com os clientes”.
A maquiadora parou de andar com 1 ano e 9 meses após pegar uma bactéria na medula, descoberta tardiamente, pelas tentativas de aborto da genitora. “O diagnóstico foi muito tardio que só chegou 12 anos depois”, relata.
Dona Antônia tinha seis filhos quando adotou Maili ainda pequena. “Se eu estou viva é por causa dela. É uma mulher preta que lutou e sofreu muito para cuidar de nós. Lavava roupa pra ganhar o sustento e mesmo assim conseguiu me dar o melhor tratamento”.
Foi com o incentivo da mãe e o marido Edilton Lopes que se tornou uma maquiadora profissional. “A maquiagem entrou na minha vida por causa do meu tratamento contra a depressão. Devolveu cor pra minha vida, me deu propósito e eu faço de tudo para que possa colorir a vida de outras pessoas assim como a minha”, relata.
Foto: Edilton Lopes
Crescendo profissionalmente, Maili já planeja outro projeto e quer se destacar cada vez mais: “Eu quero dar orgulho para as minhas professoras que viram um objetivo em mim quando muitas escolas daqui da cidade não me deram oportunidades”.
A maquiadora também já estampou campanhas publicitárias e relata como é ser uma mulher negra e PcD na publicidade. “Não deveria ser, mas é desafiador. Principalmente no sentido de desconstrução de uma visão comum da sociedade sobre superação e força. Muitas vezes o viés de algumas campanhas nem são nesse sentido, mas é naturalmente associado. Por isso busco dialogar muito com as empresas para que a comunicação da campanha seja o mais direta possível”.
Apesar de não considerar Salvador uma cidade inclusiva, Maili é otimista com a evolução do acolhimento com as pessoas PcD’s. “Percebo uma crescente quando se refere ao diálogo entre pessoas com deficiência e as esferas da sociedade. Porém ainda é distante esse entendimento real em termos de educação para com as pessoas com deficiência. É necessário e importante que nós enquanto parte dessa sociedade estejamos de forma individual ou em coletivos nos apropriando da narrativa de pertencimento dos espaços”.
A internet está reagindo ao novo pedido de desculpas feito por Will Smith. Nesta sexta-feira (29), o ator publicou um vídeo de 5 minutos comentando, pela primeira vez, sobre o ocorrido no Oscar 2022, quando atacou Chris Rock com um tapa, após o comediante realizar um comentário ofensivo à Jada Pinkett Smith. “Estava tudo confuso naquele momento. Entrei em contato com Chris e a mensagem que voltou é que ele não está pronto para falar”, disse Smith em vídeo.
Chris Rock e Will Smith no Oscar 2022. Foto: ROBYN BECK/AFP via Getty Images.
“Quero falar para você, Chris, eu te peço desculpas. Meu comportamento foi inaceitável e eu estou aqui para falar quando você estiver pronto”, continuou o ator, que também pediu desculpas à mãe e à família de Chris. “Não pensei em como as pessoas ficaram magoadas naquele momento”.
Num recente show em Nova Jersey, o próprio Chris Rock também se manifestou sobre o assunto, destacando que apesar da dor que veio com a agressão, ele não se vê como uma vítima. “Qualquer um que diz que as palavras machucam nunca levou um soco na cara”, comentou ele. “Eu não sou uma vítima. Sim, essa merd* doeu. Mas eu deixei isso de lado e fui trabalhar no dia seguinte. Eu não vou ao hospital para um corte de papel“.
Nas redes sociais, comentários de apoio a Smith ganham destaque. “Ridículo como basicamente fizeram o WillSmith parecer ser uma das piores pessoas de Hollywood pra ele ter que vir meses depois pedir desculpa por defender a esposa sendo que tem gente que faz coisa MUITO pior que ele e é exaltado e garantindo papéis em grandes produções“, escreveu uma usuária no Twitter.
“Eu vendo o Will Smith se explicando sobre o ocorrido com o Chris Rock sendo que o Will claramente está certo. Por que ninguém pede explicações do Chris Rock também???? Massacrado por defender a esposa”, publicou outra conta.
Após o episódio do tapa, Smith acabou sendo banido da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. “O Conselho decidiu, por um período de 10 anos a partir de 8 de abril de 2022, que o Sr. Smith não poderá participar de nenhum evento ou programa da Academia, pessoalmente ou virtualmente, incluindo, entre outros, o Oscar“, disse a instituição em comunicado oficial.