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Documentos revelam que o FBI rastreava Aretha Franklin e classificava a cantora como ‘uma ameaça’

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Foto: Reprodução.

Novos arquivos do FBI chegaram ao conhecimento do público nesta última semana. Os documentos revelaram que as ações da cantora Aretha Franklin foram fortemente rastreadas pelo serviço de inteligência norte-americano durante os anos de 1960 e 1970. O FBI observava com atenção a luta de Aretha em prol dos direitos civis e sua presença dentro do movimento negro.

As informações foram obtidas pela jornalista Jen Dize e publicados no boletim informativo da Substack Courage News. Segundo registros, o órgão policial mostrou “suspeitas repetidas e repugnantes” de Franklin. A organização classificava a cantora como uma pessoa que pregava o “ódio aos Estados Unidos” e com ideais “pró-comunistas”.

Aretha Franklin. Foto: The New York Times.

Em outro documento de 1968, descrito como um “resumo da situação racial em Atlanta, Geórgia”, o FBI destacava que os shows de Aretha eram “uma faísca emocional que poderia desencadear distúrbios raciais”, além de “apoiar o conceito de poder negro militante”. Durante o auge de sua carreira Franklin chegou a ser descrita pela mídia como “a voz do Movimento dos Direitos Civis” e “a voz da América Negra”, dadas suas opiniões contundentes sobre as questões raciais e sociais.

Aretha chegou a dizer que ‘Respect’, um de seus maiores sucessos, era um hino para o movimento negro. “Essa música refletia a necessidade de uma nação, a necessidade dos homens e das mulheres comuns na rua, o empresário, a mãe, o bombeiro, o professor – todos queriam respeito”, escreveu a artista no seu livro de memórias, lançado em 2020. “Foi também um dos gritos de guerra do movimento pelos direitos civis. A canção assumiu um significado monumental“.

Aos 76 anos, Aretha Franklin morreu em 2018. Ela foi diagnosticada com câncer de pâncreas em estágio avançado.

“Sou uma artista de alma”, diz Aline Borges, que emocionou público como Zuleica

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Foto: Marcio Farias.

No ar em Pantanal, a atriz carioca celebra o ótimo momento profissional enquanto se prepara para voltar ao teatro e estrear novos trabalhos no streaming.

Esta semana, a atuação de Aline Borges na novela Pantanal foi elevada a um novo patamar. Vivendo as dores de ter perdido o filho Roberto, que foi assassinado nas águas do pantanal, a atriz deu um show de atuação que emocionou o Brasil. Aos 27 anos de carreira, a atriz está sentindo na pele o calor do sucesso de estar numa novela das 21h de grande repercussão.

https://twitter.com/tvglobo/status/1568055429367795713

“Não imaginava tanta repercussão. A gente sempre aposta no trabalho, mas nunca sabemos como vai ser. E está sendo muito especial. Parece piegas falar que este trabalho é um grande encontro, uma bênção, mas é isso, mesmo. Eu acredito que, para um trabalho ter sucesso, ele precisa ter bastidores incríveis – e aqui todos os envolvidos estão muito entregues, é um trabalho feito com muito amor e paixão. E isso passa para quem acompanha a novela, as pessoas assistem apaixonadas, envolvidas. A novela tem causado uma grande comoção no nosso povo e isso é muito bonito”, festeja.

Além da novela, Aline está estreando na série “Arcanjo Renegado” (Globoplay) e aguarda para breve o retorno aos palcos com o espetáculo “Contos Negreiros do Brasil” e o começo das gravações da série “B.O.” (Netflix), onde dará vazão a sua verve de comédia. Enquanto se prepara para a despedida da personagem que tem lhe proporcionado grande alcance de público, a atriz agradece pelo vulto que a trama tomou e a projeção que deu a seu talento.

E a fase está tão favorável que Aline, paralelo a todo burburinho da novela, estreia numa série que é sucesso desde a estreia. “Eu entro na segunda temporada de ‘Arcanjo Renegado’ ao lado de pessoas pretas muito potentes, como Zezé Motta, Cris Vianna e Rodrigo França”, comemora a atriz, que na série do Globoplay dá vida à Joana Toro, uma mulher sagaz e forte que é a secretária da governadora Manuela Berenguer (Rita Guedes).

“Joana está na seara política, então precisa de sagacidade para se manter ali. É uma personagem que me ensina muito também por ter esse olhar mais perspicaz para sobreviver num ambiente onde, pelo poder, um quer atropelar o outro e cabeças rolam o tempo todo. E, deste modo, ela vai crescendo dentro do seu cargo, conseguindo ocupar seu espaço de poder e derrubando quem quer derruba-la. Ela tem sangue nos olhos”, adianta a atriz que, na série “B.O.”, fará uma delegada muito competente, mas que tem fixação pelos holofotes e se sente uma celebridade.

Com 14 novelas no currículo, além de trabalhos no teatro, cinema e streaming, Aline relembra com carinho alguns personagens. “Na série ‘A lei e o crime’ (Record) eu fazia a Lacraia, e até hoje, mais de 10 anos depois, me reconhecem por conta desta personagem, que foi um divisor de águas na minha vida. No streaming, destaco a participação na série ‘Bom dia, Verônica’ (Netflix) e, no cinema, ‘Alemão 2’ (José Eduardo Belmonte / 2022). O remake de ‘Éramos Seis’, onde fiz uma psicanalista inspirada em Virgínia Bicudo, também me rendeu elogios e me puxou para outros trabalhos”, pondera.

E, passadas essas quase três décadas vivendo como atriz, Aline reconhece os desafios e alegrias de sua profissão. “Após tanto tempo, estou tendo a oportunidade de um papel que me proporciona mais reconhecimento. Sou parada nas ruas, as pessoas se aproximam com mais intimidade, é uma sensação de resposta muito valiosa. Me sinto presenteada. E isso só chega porque eu semeei este caminho sem desanimar. Venho de uma família onde não existe um histórico artístico, precisei buscar a resistência no meu DNA pra não sucumbir e insisti. Botei fé no meu potencial porque sou artista de alma. Eu amo fazer o que faço e vou morrer fazendo o meu trabalho, vivendo da minha arte”, finaliza.

Com o ex-goleiro Aranha e Glória Maria, Jornal Nacional exibirá especial sobre o crime de racismo no Brasil

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Foto: Globo/ João Cotta.

O Jornal Nacional, da TV Globo, exibe na próxima terça-feira (13) a série especial ‘Brasil em Constituição’. A reportagem abordará o racismo como tema central e a forma como esse crime, que é inafiançável e imprescritível, está sendo compreendido pela sociedade brasileira. A reportagem traz em seu conteúdo pessoas que já sofreram na pele com o preconceito, como o ex-goleiro Aranha, a jornalista Glória Maria e o jornalista e professor da Unesp Juarez Xavier

O atleta Aranha, que foi vítima de um dos mais emblemáticos episódios de racismo do futebol brasileiro, é um dos personagens centrais da reportagem. “Desde pequeno percebia que as pessoas mudavam de calçada quando cruzavam comigo na rua. Temos que nos comportar de uma maneira diferente quando vamos à uma loja, não esquecer documento. A pessoa negra vai se moldando desde criança para fugir do perigo que é”, diz Mário Aranha, que, depois de deixar os gramados, se tornou escritor e é autor de “Brasil Tumbeiro”, livro infanto-juvenil que aborda a luta antirracista.  

Ex-jogador Aranha na série ‘Brasil em Constituição’. Foto: Globo/ João Cotta.

No mesmo episódio, a jornalista Glória Maria relata que foi a primeira pessoa no Brasil a usar a Lei Afonso Arinos, que punia o racismo como contravenção e não como crime. No início da década de 80, a apresentadora do ‘Globo Repórter’ apresentou denúncia contra o gerente de um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro, que impediu a sua entrada.  

Foi um momento de muita dor, porque o racismo dói na alma. Quem não é preto, nunca vai entender isso. E eu sabia que aquilo não podia acontecer. Eu não poderia ser discriminada, humilhada, por causa da cor da minha pele. Na época que denunciei com base na Lei Afonso Arinos, esse gerente do hotel foi embora do Brasil, não passou um dia na prisão. Agora, a gente tem como punir”, diz Glória. “Se esse artigo não estivesse na Constituição, não sei o que seria de nós pretos. Acho que estaríamos vivendo como no tempo da escravidão”, complementa.  

A série mostra ainda o caso do professor Juarez Xavier, que foi agredido e xingado de “macaco” quando saía de um mercado em pleno dia 20 de novembro de 2019 – Dia da Consciência Negra. “Nós queremos que seja tipificado como tentativa de homicídio e como racismo para que, de fato, o espírito dos constitucionalistas de 88 seja assegurado com essa compreensão”, ressalta Xavier.

“Eu não tenho sequer uma sombra de dúvida de que o ‘Jornal Nacional’ vai exibir o mais importante produto da história do telejornalismo brasileiro. O conteúdo é oportuno, necessário, esclarecedor. E a realização é de um apuro técnico do mais alto nível”, destaca William Bonner, apresentador do ‘Jornal Nacional’. “A série é um mergulho na trajetória de construção da democracia brasileira, através da Carta Cidadã, de 1988. Mostra as passagens mais marcantes da Constituição e como ela contém os nossos anseios, deveres e desafios como nação”, complementa Renata Vasconcellos, que também apresenta o telejornal.  

Meghan Markle não foi convidada para se despedir de Elizabeth II, diz site

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Duquesa de Sussex, Meghan Markle não compareceu ao Castelo de Balmoral para se despedir de Elizabeth II, nesta última quinta-feira (8). O fato chamou atenção da mídia internacional, pincipalmente após o príncipe Harry, marido de Meghan, ter sido visto chegando sozinho ao local onde a rainha faleceu. Agora, de acordo com o site ET News, a informação é que Markle não foi convidada para se juntar aos demais membros da família real.

Segundo a especialista Katie Nicholl, o convite para se juntar à família na propriedade não foi estendido à Meghan. “Sabe-se que a família queria que o príncipe Harry estivesse lá, mesmo que ele não tenha conseguido chegar a Balmoral a tempo de ver sua avó”, disse Nicholl ao ET. “Mas Meghan, a duquesa de Sussex, não foi convidada para se juntar à família”.

Meghan Markle ao lado de Elizabeth II

Harry e Meghan estavam programados para participar de um evento em Londres. Após o anúncio de que a saúde da rainha Elizabeth estava em preocupando os médicos, o duque e a duquesa de Sussex cancelaram a aparição pública e o duque embarcou em um avião, sozinho, de Londres para a Escócia.

O filho da rainha, Carlos III, sua esposa, Camilla, a rainha consorte e a princesa Anne já estavam na Escócia. O príncipe William, o príncipe Andrew, o príncipe Edward e sua esposa, Sophie, condessa de Sussex, também estavam no local onde Elizabeth II faleceu. Apesar dos nomes, não foi confirmado quais membros da família real estavam com a rainha no momento de sua morte. Agora, é esperado que a Duquesa de Sussex compareça ao funeral da rainha.

Vale destacar que a passagem de Meghan pela coroa britânica foi bastante conturbada. No ano de 2020, ela e Harry se afastaram das atividades reais. Em entrevista à Oprah, o casal chegou a revelar que enfrentou episódios racistas dentro da realeza.

Ex-goleiro Aranha lança livro sobre o abolicionista José do Patrocínio, no Flipoços

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Foto: Reprodução

O ex-goleiro Mário Aranha lançou o livro “Patrocínio” no Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços), nesta quinta-feira (8). A obra resgata a história do farmacêutico e jornalista José do Patrocínio, uma das principais personalidades do século 19, que lutou pelo fim da escravidão.

Desde que se aposentou dos gramados em 2018, Aranha tem investido na carreira de escritor. No evento, ele conversou com crianças e respondeu perguntas sobre o livro e o trabalho. Ele mostrou com o exemplo de Patrocínio, como a comunidade negra pode conquistar seu espaço na sociedade. Quando jogava, o goleiro foi vítima de racismo nos estádios diversas vezes.

“A gente ficou durante muito tempo refém daquela história de que só através do futebol ou da música, a população negra, a população pobre tem uma chance de mudar de vida e José do Patrocínio mostra que você pode ser qualquer tipo de coisa, um escritor, um dono de jornal, um político, um ativista, você tem várias áreas que você pode estar presente se você estudar, se você se dedicar. E José do Patrocínio, como era uma pessoa que teve estudo, mesmo no pior momento para ser negro do Brasil, ele serve como grande exemplo”, disse o ex-goleiro.

Foto: Reprodução/EPTV

Empolgado com a nova fase da carreira, Aranha falou sobre a importância de escrever sobre a história da comunidade negra. “É uma ferramenta fundamental porque durante muito tempo, os grandes personagens da história do Brasil, os personagens negros foram apagados propositalmente e muitos dos livros que ensinavam a história do nosso país, para não dizer que era mentirosa, era no mínimo fantasiosa, então a gente vê agora, não só com o meu livro, mas com outros, um resgate histórico, contando de maneira mais justa, mais honesta”, afirma.

“Patrocínio” é o segundo livro lançado pelo Aranha. O livro “Brasil Tumbeiro” foi lançado no ano passado, uma obra com resgate a história dos negros no Brasil, com o objetivo de ampliar as referências e caminhos a serem seguidos além do futebol.

Afro Presença 2022: evento deve aumentar oferta de vagas de emprego para jovens negros

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Foto: gpointstudio

Evento acontece nos dias 15 e 16 de setembro e deve impactar cerca de 15 mil pessoas

Nos dias 15 e 16 de setembro acontece a terceira edição do Afro Presença, evento que tem como objetivo promover oportunidades no mercado de trabalho para jovens negros em todo o país.

Totalmente online, o Afro Presença deve reunir empresas de RH e organizações que oferecem capacitação, oportunidades de entrevista e também encaminham os candidatos para outros processos seletivos de vagas de estágio e trainees. De acordo com a equipe do evento, neste ano, a oferta de vagas para candidatos será maior que a dos anos anteriores.

Durante os dois dias de evento, as oficinas de capacitação devem ministrar conteúdos voltados para o empreendedorismo, transformação digital, ocupação de espaços e os desafios de estar em ambientes embranquecidos. Temas como representatividade no cenário político que impactam a autoestima e empoderamento dos profissionais negros também farão parte dos assuntos abordados. 

O Afro Presença também contará com palestras ministradas por personalidades negras de diferentes áreas, como Roger Cipó, Ana Minuto, Egnalda Cortes, Karol Pelissioni, Nara Couto, Day Molina, Pagu Rodrigues, Allan Soares (movimento Blackmoney) e Jaqueline Goes, que vão discutir questões sobre a importância da diversidade nos meios de comunicação, novos formatos de mercados para jovens negros, o papel das tecnologias na inclusão de jovens negros, a importância das diversidades estéticas para a sociedade, entre outras pautas também muito relevantes.

“Vamos juntos, semear conhecimento e buscar cada vez mais espaço para propagar e reforçar a importância da presença negra nas faculdades, nas empresas e nos cargos de liderança”, reforça Caroline Moreira, Head do evento.

O evento terá a apresentadora e jornalista Alinne Prado e a criadora de conteúdo digital Sueide Kinte como mestres de cerimônias dessa terceira edição, que ainda contará com uma atração musical, um show com Elisa Lucinda.

Neste ano, a expectativa é de que, pelo menos, 15 mil pessoas, sejam impactadas pelo evento. A disponibilidade de vagas se prolonga pelo ano inteiro. Para participar, os interessados devem se inscrever no site: www.afropresenca.com.br.

Prêmio Gastronomia Preta reconhece talento de chefs negros

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Foto: Divulgação.

Comer e beber são necessidades essenciais do ser humano, mas para além disso, apreciar os sabores de diferentes partes do mundo e prepará-los com toda a competência é parte do trabalho que acrescenta qualidade à gastronomia e isso também é um talento preto.

Daquela tia que cozinha com maestria, às nossas avós que serviram tanto nas cozinhas das casas grandes, a gastronomia deve muito às mãos negras e reconhecer isso é indispensável para saber que muitos dos talentos por trás de pratos premiados tem a assinatura de chefs cozinheiros negros.

Pensando na melhor forma de evidenciar o papel de pessoas pretas na área, o professor em gastronomia, Breno Cruz criou o Prêmio Gastronomia Preta, que vai premiar cerca de 25 profissionais negros ligados ao segmento, reconhecendo o trabalho que desenvolvem.

A princípio, apenas os profissionais do Rio de Janeiro, cidade onde Cruz mora e trabalha, seriam homenageados, mas a notícia sobre o prêmio viralizou nas redes sociais e agora o Prêmio Gastronomia Preta também fará menção honrosa a personalidades negras da gastronomia de outras regiões do país. A entrega oficial do prêmio está prevista para o mês de novembro.

Bruno Cruz conversou com o Mundo Negro e deu detalhes do que podemos esperar da premiação.

O que é o Prêmio Gastronomia Preta e como surgiu a ideia de criá-lo?

O prêmio é uma forma de refletirmos sobre o papel das pessoas pretas na gastronomia e a necessidade de evidenciá-las, principalmente na alta gastronomia. Quando sentei à mesa de um restaurante com estrela Michelin em um evento para jornalistas e formadores de opinião e só tinha eu de preto, percebi que havia algo estranho. Daí, criei o @pretogourmet como uma forma de mostrar que nós podemos também acessar esse espaço como consumidores e não somente como trabalhadores.

Continuei a refletir sobre pessoas em evidência na gastronomia e cheguei à conclusão óbvia: a gastronomia é eurocêntrica e o nosso povo está escondido – embora seja esse povo que faça a gastronomia acontecer.

O prêmio veio para evidenciar pessoas pretas que estão invisibilizadas em muitas cozinhas e salões de bares, restaurantes e gastrobares. Tem muita gente boa que não é conhecida – obviamente em função de serem pretas.

Em uma sociedade estruturalmente racista, um preto na cozinha sempre esteve ligado a um lugar de subalternidade. Como o Prêmio Gastronomia Preta pode contribuir para que sejamos vistos em um lugar de protagonismo nesse espaço?

Precisamos sim do nosso Pretagonismo nas cozinhas e salões. O que eu faço no @pretogourmet é mostrar para as pessoas: “Sabia que o sub-chef desta casa é preto? Sabia que a ajudante de cozinha é preta? Sabia que esse lindo e delicioso prato foi pensado e feito por um chef preto que você não conhece?” Minha ideia é provocar a reflexão de quantas pessoas estão à frente de cozinhas, mas mesmo assim estão invisibilizadas. 

O prêmio quer chacoalhar essa forma de apagar o povo preto de serem protagonistas. Existe um restaurante no Rio que está no Guia Michelin e eu só descobri que o chef era pardo porque fiz um trabalho de pesquisa. Diferente de outros restaurantes do Guia que expõem seus chefs no Instagram, neste restaurante só fiquei sabendo quem era o chef porque fui conversando com algumas pessoas. Quer prova maior de apagamento do povo preto na gastronomia do que esse exemplo?

Quantas e quais categorias o prêmio vai contemplar? 

São 21 categorias e 25 pessoas que receberão o troféu. E não é apenas chef. Uma das categorias é merendeira – eu como professor do ensino superior não poderia deixar de lado a educação. E a gente vê como é importante o afeto emanado das merendeiras para muitas crianças pobres (assim como eu fui). Elas também fazem parte da Gastronomia; o(a) empreendedor(a) do carrinho de cachorro quente também atua na construção da gastronomia como área. Gastronomia é sobre pessoas e não somente sobre alimento.

O que será considerado na hora de escolher os vencedores do prêmio?

O principal atributo para ser escolhido o vencedor nas categorias é a sua história de vida e a importância da sua atuação para um grupo. Estar em evidência não é um dos atributos para as muitas categorias – o que importa é como a pessoa desenvolveu sua história dentro da gastronomia. 

Existem pessoas que estão em evidência e teremos algumas categorias que consideram essa visibilidade – o que também é importante. Por exemplo, nosso embaixador João Diamante é uma pessoa que está em evidência e por isso ele leva a premiação por onde ele passa. Assim, temos as categorias ‘Personalidade’ e ‘Chef na Mídia’ – como uma forma de identificar pessoas pretas que levam a nossa área ao grande público.

Mas se me perguntam qual é o objetivo do prêmio, hoje eu respondo: propor a nossa união para visibilizar esse povo que está apagado nas cozinhas e salões de restaurantes.

Inicialmente, você nos contou que o prêmio deve se concentrar entre os profissionais que atuam no Rio de Janeiro. Nesse caso, como funcionará o processo de menção honrosa e quantas pessoas receberão essa homenagem?

O prêmio viralizou. Levei um susto quando vi que em menos de 24 horas já tinha mais de 400 compartilhamentos. Seria apenas para o Rio de Janeiro (RJ), mas comecei a receber mensagens de todo o Brasil. A partir disso, parei e refleti sobre a importância da Menção Honrosa. São anos de apagamento e muitas pessoas que precisam (e querem) ser vistas em todo o Brasil. Assim, quem não for do Rio poderá enviar o seu memorial (sua história profissional e de vida) por meio de mensagem no Instagram. Todas as histórias serão lidas individualmente e analisadas por nós. 

Não tem um número mínimo ou máximo de menções honrosas. Se for necessário entregar 10, assim será feito. Se 20 histórias nos marcarem, essas histórias serão consideradas. O importante é que nessas histórias consigamos compreender como essa pessoa se construiu. E um spoiler das menções honrosas é: aumenta a possibilidade de ser agraciada a pessoa que multiplica, empodera ou abre caminhos para a discussão ou valorização da ancestralidade por meio da gastronomia.

Para indicar os profissionais negros da gastronomia que você quer ver sendo reconhecidos no Prêmio Gastronomia Preta, você pode preencher o formulário clicando aqui. Saiba mais sobre o prêmio acessando as redes sociais do @pretogourmet.

Cidade de Deus é exibido este final de semana na Globo; filme completou 20 anos em 2022

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O clássico do cinema nacional Cidade de Deus, que completou 20 anos desde sua estreia em 2002, vai ser exibido na programação do final de semana da TV Globo. O filme conta a história de Dadinho/Zé Pequeno e da comunidade da CDD sob o olhar de Buscapé, um jovem que cresceu na Cidade de Deus e se tornou fotógrafo.

Em 2004, o filme, que foi responsável por revelar talentos como os atores Douglas Silva e Leandro Firmino, representou o Brasil no Oscar sendo indicado a Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia. Hoje, Cidade de Deus é o segundo filme estrangeiro mais assistido do mundo, segundo levantamento da plataforma online Preply, que analisou os filmes e as séries em língua estrangeira mais populares através do IMDb.

Apesar do sucesso estrondoso e dos recordes de bilheteria, um triste aspecto do racismo estrutural do mundo das produções cinematográficas e do audiovisual de maneira geral, é a falta de reconhecimento dos atores e atrizes que fizeram o filme ser o sucesso que é, muitos deles tendo que lutar para conseguir pequenos papeis em trabalhos e outros seguindo no completo anonimato nos dias de hoje.

O filme vai ao ar na madrugada de domingo para segunda, às 2h da manhã, no Cinemaço.

Jovens negros protestam contra a motociata de Bolsonaro e são revistados pela PM

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Foto: Lola Ferreira/UOL

Oito jovens negros não identificados protestaram dentro do ônibus da linha 474 (Jacaré x Copacabana) contra a motociata de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), ontem (7), em Copacabana (RJ). Eles foram obrigados a sair do veículo e revistados por três policiais militares do Batalhão de Choque logo em seguida. O presidente chegava à orla da praia da zona sul.

A foto dos jovens contra os bolsonaristas foi tirada por uma repórter do UOL que acompanhou o momento e viralizou nas redes sociais.

Uma testemunha filmou toda a ação. Nas imagens, é possível ver os jovens apoiados com as mãos no ônibus, enquanto os outros passageiros aguardavam dentro do veículo. A PM revistou roupas, bolsas e alimentos que os jovens portavam. Um dos policiais chegou a desbloquear o celular de um deles e mexeu em aplicativos e mensagens privadas. Outro jovem mostrou a carteira de trabalho.

Foto: Reprodução/UOL

Em nota ao UOL, a Polícia Militar afirma que o motivo da revista por devido a um roubo de celular em Copacabana, mas sem detalhes sobre a autoria do roubo e a relação com os jovens. 

Minutos antes da abordagem, os mesmos policiais fecharam o trânsito para facilitar o ato pró-Bolsonaro. Os jovens revistados, tinham se descubraçado na janela do ônibus, fizeram um “L” com a mão em referência ao candidato a presidente Lula (PT) e xingaram a motociata.

Segundo a reportagem, durante o trajeto, a motociata continuou a atrair a reprovação e o protestos nas ruas, mas também recebeu apoio de outros bolsonaristas.

Elenco de ‘Senhor dos Anéis’ se pronuncia e diz que ‘não irá tolerar’ ataques racistas

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Foto: Amazon Studios.

Desde que foi anunciado o elenco de ‘Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’, uma enxurrada de ataques direcionadas á série e aos atores negros ganharam força nas redes sociais. Um grupo substancial de fãs da obra de JRR Tolkien não aceita o fato da nova série incluir elfos e anãos negros, personagens ficcionais. O elenco da produção emitiu nesta última noite de quarta-feira (7) um comunicado repudiando os ataques racistas. “Nós estamos juntos em absoluta solidariedade e contra o racismo implacável, ameaças, assédio e abuso que alguns de nossos colegas negros estão sendo submetidos diariamente”, disse o comunicado.

“Nos recusamos a ignorar ou tolerar. Nosso mundo nunca foi todo branco, a fantasia nunca foi toda branca, a Terra-média não é toda branca. JRR Tolkien criou um mundo que, por definição, é multicultural”, completou a nota. “Um mundo em que povos livres de diferentes raças e culturas se unem, em comunhão, para derrotar as forças do mal. Anéis de Poder reflete isso”.

O elenco destacou ainda a forma como os fãs negros de ‘Senhor dos Anéis’ estão sendo atacados por grupos racistas na internet.Todo nosso amor e companheirismo aos fãs que nos apoiam, especialmente os fãs negros que estão sendo atacados simplesmente por existirem neste fandom. Vemos você, sua bravura e criatividade sem fim. Seus cosplays, fancams, fanarts e insights tornam esta comunidade um lugar mais rico e nos lembram do nosso propósito. Você é válido, você é amado e você pertence. Você é parte integrante da família Senhor dos Anéis, obrigado por nos apoiar”, informou.

Não é apenas ‘Senhor dos Anéis’ que vem enfrentando ofensas racistas na internet. Recentemente, o ator Steve Toussaint, também comentou sobre os ataques que ‘House Of The Dragon’, obra da HBO, recebeu por inserir atores negros em papéis de destaque. “Eles estão felizes aceitando dragões voando. Eles estão felizes com cabelos brancos e olhos violeta, mas não aceitam um negro? Aceitam dragões, mas não aceitam um negro rico. Isso está além dos limites”, disse Toussaint.

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