O professor e influenciador João Luiz Pedrosa deve desfilar pela segunda vez na escola de samba Mocidade Alegre, em São Paulo. O desfile acontece no próximo sábado (18), no Sambódromo do Anhembi e tem como tema “Yasuke”, o primeiro samurai negro da história do Japão, João representará o “samurai da educação”.
“Pela segunda vez eu venho desfilando pela Mocidade Alegre em São Paulo. Alegria enorme poder estar participando desse evento que é uma das maiores manifestações culturais do Brasil. Esse ano a Mocidade vem falando sobre Yasuke, samurai de origem africana e que ressurge na esperança e nos sonhos dos jovens negros”, contou o professor, que também participou do BBB 21.
João Luiz deve desfilar no último carro da escola, onde será o “Yasuke da Educação”, ao lado de outras personalidades pretas que representarão os guerreiros que batalharam como o samurai.
O enredo “Yasuke” foi desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira, que faz sua estreia na agremiação, com o intuito de mostrar que a bravura e o espírito guerreiro de Yasuke é inspiração para jovens negros da contemporaneidade subverterem a lógica do racismo e tornarem-se o que desejarem ser.
Esta é a segunda vez que João desfila pela Mocidade Alegre. O mineiro estreou no Carnaval de São Paulo no ano passado, quando a escola homenageou a sambista Clementina de Jesus. Em 2022, ele também desfilou pela escola de samba Beija-Flor, no Rio de Janeiro.
Em cartaz no Sesc Bom Retiro, a exposição “Qual é o seu legado? 30 anos de Museu da Pessoa no Brasil” traz como um dos eixos temáticos o tema “Vidas Negras”, que tem como curadora a educadora social Bel Santos Mayer.
O recorte feito por Bel apresenta as histórias de pessoas negras em diferentes gerações. Ela apresenta em igual importância pessoas conhecidas nacionalmente, como é o caso de Emanoel Araújo, falecido recentemente, artista plástico e fundador do Museu Afro Brasil, e outras conhecidas localmente, como é o caso de Dona Edith, da Cooperifa, cujo sarau de poesias já acontece há mais de 20 anos no Bar do Zé Batidão, no Jardim Guarujá, próximo ao Capão Redondo, em São Paulo.
Foto: Divulgação
Para o Mundo Negro, Bel Santos Mayer contou detalhes sobre a exposição, que tem como base sua pesquisa de campo e acadêmica, formada por três conceitos fundamentais de colo, casa e quilombo.
Em seu trabalho de curadoria, você traz Emanoel Araújo como um dos homenageados. Fazendo um paralelo entre o papel de Emanoel na valorização da história e cultura negra e no conceito de colo paterno a que você se refere, esse lugar de aconchego. Qual a importância de ter o artista retratado na exposição?
A escolha de Emanoel Araújo se dá tanto para trazer essa importância e referência que ele tem para nós negros e negras ao colocar o Museu Afro Brasil no centro, em um dos parques mais importantes da cidade e trazendo a nossa história, a nossa cultura e não apenas em um lugar de dor, mas um lugar de produção intelectual, de produção cultural. Ao escolhe-lo eu quis fazer uma homenagem a ele que nos deixou precocemente, repentinamente, e agradecer, trazer essa referência. Ele fala do pai, ele fala das mulheres importantes em sua vida. Então também reforçar essa importância que tem nós reverenciarmos quem veio antes de nós, os colos recebidos, os cuidados que nos foram dados. Emanuel Araújo é alguém que sintetiza na sua luta pra criação e manutenção do Museu Afro Brasil os três eixos da minha curadoria, ao mesmo tempo que ele cria para nós uma casa cultural, ele nos dá o colo, porque ali a gente encontra as nossas ancestralidades, os nossos referenciais artísticos, literários, culturais e históricos e também nos dá o quilombo, esse lugar da reivindicação, da busca de um lugar da construção de uma sociedade que não seja pautada, atravessada pela desigualdade imposta pelo racismo.
Foto: Exposição “Qual é o seu legado?” – Retrato de Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil
Por que é tão importante apresentar ao público as histórias e legados de diferentes pessoas negras?
A importância de trazer as histórias e os legados de pessoas muito diversas. Desde pessoas que são referência, não só no Brasil, mas internacionalmente como Emanoel Araújo, Sueli Carneiro, Hélio Menezes, mas também trazer pessoas do cotidiano, pessoas as que estão lá na sua produção literária, que estão contando suas histórias de famílias, histórias dos seus territórios. Mais que garantir, propor que a gente olhe para as vidas pretas do nosso entorno, para esses lugares. Para os lugares em que estão as pessoas, em que estão os seus espaços, em que essas pessoas criam para as nossas existências e as manifestações culturais.
Foto: Exposição “Qual é o seu legado?”
O seu trabalho de promoção da leitura é um incentivo à educação e busca por conhecimento. Quais referências deixaram um legado que influenciou nesse trabalho?
As minhas referências literárias são muitas para o meu legado desse encontro com o colo, a casa e o quilombo. Desde Conceição Evaristo que vem valorizar as escrevivências. A escrita das nossas vivências, essas vivências que são marcadas por amor, por dor, por desejos. Então Conceição Evaristo, Edmilson de Almeida Pereira que vem trazer na sua poesia, na sua literatura para crianças, nos seus romances, as questões desse universo masculino, mas também esse universo religioso e esse lexo, as nossas palavras, o nosso universo semântico. Então esse é um outro lugar muito importante, é um outro legado. Carolina Maria de Jesus, sem dúvida, inclusive por todo o apagamento que tentaram fazer da sua produção literária, da construção da sua carreira como escritora e apagando mesmo toda essa história como se ser escritora fosse um acaso e não um projeto em sua vida e também, eu traria aqui Sueli Carneiro, sem dúvida alguém com uma escrita não ficcional, mas discutindo o epistemicídio negro, o quanto se que tentou apagar esse nosso lugar de construção de um pensamento, de uma produção, de um pensar negro, e as jovens autoras. Então tem aí as autoras contemporâneas como Cidinha da Silva, Anelis Assumpção e tantas outras jovens negras, como Jarid Arraes, que estão aí escrevendo, honrando as suas ancestrais, mas também colocando as suas novas palavras no mundo. Tem uma lista grande pra trazer. Oswaldo de Camargo, Ricardo Aleixo e suas palavras ao vento. Então tem uma lista aí que quem for visitar a exposição pode verificar na biblioteca.
Serviço
Exposição Qual é o seu legado? 30 anos de Museu da Pessoa no Brasil
Período expositivo: Até 02 de abril de 2023
Visitação: terça a sexta, das 9h às 20h; sábado, das 10h às 20h; domingo e feriado, das 10h às 18h
A produção do REP Festival 2023 informou nesta manhã de domingo (12) que o segundo dia de shows foi cancelado. De acordo com a nota oficial, danos foram causados à estrutura do evento após as fortes chuvas que tomaram conta da cidade de Guaratiba, local onde ocorre o festival.
“A produção do REP Festival informa que devido aos danos causados à estrutura do evento pelas fortes chuvas que acometeram o Rio de Janeiro nos últimos dois dias, o segundo dia do festival será cancelado. A decisão da organização se dá pensando na segurança e mobilidade do público, dos artistas e da equipe técnica e operacional“, informou o evento em nota.
Neste último sábado (11), uma série de reclamações do público invadiram as redes sociais, criticando a organização do evento pelas condições adversas no local. A produtora responsável declarou que, com o cancelamento, o público será devidamente ressarcido. “O público que comprou o ingresso para o segundo dia de festival será devidamente ressarcido. O contato deverá ser feito pela ticketeira oficial: a plataforma Ingresse”, informou em nota.
O RACIONAIS MC’s, que se apresentaria no evento durante o sábado (11) também cancelou a participação por ‘falta de segurança’. “O show que o grupo Racionais MC’s faria no último sábado, 11 de fevereiro, no REP Festival, no Rio de Janeiro, foi cancelado devido a problemas relacionados à falta de estrutura e segurança do público e dos artistas”, informou o grupo através de nota oficial. “A equipe e artistas lamentam o ocorrido e agradecem a compreensão do público e atenção da produção disponível no evento.”
Foto: Yolando Mallozzi - Busto de Luís Gama / Reprodução.
Por Prof. Dr. Ivair Augusto Alves dos Santos
Na maior cidade do país, São Paulo, os monumentos públicos em sua maioria são de pessoas brancas e masculinas. Das 210 obras em homenagem a pessoas da capital paulista, 74% relembram pessoas brancas e apenas 5,5% retratam figuras negras. Os dados divulgados nesta quinta-feira (9) são do Instituto Pólis, organização sem fins lucrativos.
Ser um negro num país racista é ter que construir e reconstruir a sua autoestima dia a dia pela falta de representatividade nos meios de comunicação em massa e nos símbolos de poder. Uma sociedade que não reconhece a contribuição da população negra para a cidade de São Paulo, não vai exibi-la com destaques nas ruas da cidade. A Associação Cultural do Negro (ACN), organização que surge em 1954 e cessa atividades em 1976, tem a gênese é decorrente da reação às comemorações do quarto centenário paulistano, que deliberadamente excluíram negros e indígenas das celebrações. Graças à mobilização da ACN, conseguiu-se inaugurar um busto no Largo do Paissandu, em homenagem à mãe preta, inserindo no espaço da capital paulista. A Associação também foi pioneira na homenagem ao escritor Cruz e Souza no seu centenário, em 1960, com construção de um medalhão colocado na praça Dom José Gaspar, ladeando a Biblioteca Mário de Andrade com os bustos de Camões e Dante. Tal fato foi exemplar na síntese do esforço coletivo empreendido pelo movimento negro em São Paulo. O medalhão foi destruído e não existe mais lembrança daquele importante feito da ACN.
Estátua de Mãe Preta. Foto: Ricardo Matsukawa/UOL.
É uma luta de há muito tempo contra a invisibilidade negra na cidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, pretos e pardos são 37% da população paulistanas A cidade escolheu contar sua história sob o ponto de vista branco e de violência contra às as populações negra e indígena, um exemplo do racismo institucional. Um exemplo disso é a controversa estátua de Borba Gato, instalada em Santo Amaro, zona sul da cidade, na década de 1960. Em 2021, a peça chegou a ser incendiada porque o bandeirante é associado à caça e escravidão de negros e de indígenas. Segundo historiadores, muitos dos bandeirantes mataram índios em confrontos que acabaram por dizimar etnias. Também estupraram e traficaram mulheres indígenas, além de roubar minas de metais preciosos nos arredores das aldeias, conforme o livro “Vida e Morte do Bandeirante”, de Alcântara Machado. As obras engrandecem figuras controversas, segundo a pesquisa, e os monumentos que representam brancos são maiores em sua dimensão em comparação com a dos negros. Figuras que retratam negros têm em média 2,2 metros, 33% menores do que os de monumentos brancos, que têm em média 3,3 metros. 5,5% de monumentos negros na cidade de São Paulo é uma negação absoluta da importância dada à população negra e que pouco reflete a composição racial de São Paulo. As autoridades municipais precisam agir no sentido de resgatar a história e a participação dos negros na cidade de São Paulo.
É preciso rever e retirar as obras que referendam um passado de violência e continuam oprimindo povos negros e indígenas, porque são imagens que engrandecem os algozes de seus antepassados. Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo diz que, entre 2021 e 2022, foram inauguradas cinco esculturas em homenagem a personalidades negras paulistanas elaboradas por artistas negros. Ainda é pouco. Precisamos ser mais céleres em reconhecer a história de trabalho das pessoas negras na construção do país. O medalhão do poeta e escritor Cruz e Souza que foi destruído, que existia na Pça Dom José Gaspar, ao lado da Biblioteca Municipal , necessita ser reconstruído e exaltado, valorizando a rica e intensa luta de homens como José Correia Leite, Henrique Cunha e Henrique L Alves, da Associação Cultural do Negro na década de 1960.
O racismo é uma questão relevante e persistente nos Estados Unidos, e muitos documentários recentes têm abordado o tema, explorando sua história e suas implicações atuais. Aqui estão cinco documentários sobre racismo nos EUA disponíveis no Brasil:
“13th” / “A 13° Emenda” – Este documentário da Netflix explora a 13ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que proíbe a escravidão, e como ela tem sido interpretada e mal interpretada ao longo dos anos para justificar a opressão e a discriminação contra os negros americanos. O documentário é uma reflexão importante sobre a história e a atualidade do racismo nos Estados Unidos.
“I Am Not Your Negro” / “Eu Não Sou Seu Negro” – Este documentário da Amazon Prime Video baseia-se nas palavras do escritor James Baldwin e examina a história da luta dos negros americanos pela igualdade e justiça. O documentário usa arquivos de imagens e voz de Baldwin para oferecer uma visão profunda e desafiadora da história racial dos Estados Unidos.
“The Black Power Mixtape 1967-1975” – Este documentário da Netflix é uma coleção de material de arquivo raro que mostra a luta pela liberdade e igualdade dos negros americanos durante o Movimento dos Direitos Civis. O documentário apresenta entrevistas com líderes negros importantes, como Angela Davis e Stokely Carmichael, e fornece uma visão única da época.
“Slavery by Another Name” / “Outro nome da Escravidão” – Este documentário da Amazon Prime Video examina a história da escravidão institucional nos Estados Unidos após a Guerra Civil, que continuou até meados do século XX. O documentário mostra como os negros americanos foram mantidos em condições de servidão por meio de leis racistas e políticas governamentais injustas.
“Whitney” – Este documentário da Netflix examina a vida e a carreira da cantora Whitney Houston, um dos maiores ícones da cultura negra americana. O documentário também aborda questões raciais e sociais, explorando como a cultura negra americana influenciou a carreira de Houston e como ela, por sua vez, influenciou a cultura popular.
Estes são apenas alguns dos muitos documentários disponíveis no Brasil que abordam o racismo nos Estados Unidos. Eles oferecem uma visão importante e desafiadora da história e da realidade racial do país, e são uma ótima maneira de aprender mais sobre o tema.
A nova série ‘The Last Of Us’ está impressionando o público. Numa narrativa apocalíptica, fungos transformam seres humanos em monstros mortais, chamados de Infectados. Dentro do elenco, os personagens Sam e Henry chamaram atenção pela força e cumplicidade dentro do episódio 5, ‘Endure and Survive’. Como irmãos, eles se ajudam num processo contínuo e emocionante de sobrevivência. Em entrevista exclusiva ao MUNDO NEGRO, o ator Lamar Johnson, 28, que interpreta Henry, conversou com o jornalista Arthur Anthunes, 26, e explicou detalhes sobre o papel e como se preparou para viver um personagem tão intenso.
Sam (Keivonn Woodard) e Henry (Lamar Johnson) em ‘The Last Of Us’. Foto: Liane Hentscher/HBO.
“O centro da minha preparação foi estabelecer uma conexão com Sam, porque essa é a história. Eu queria me certificar que nosso relacionamento e nossa conexão não apenas no set, mas fora dele, fosse forte desde o primeiro dia“, contou Lamar. O jovem Keivonn Woodard, que interpreta Sam, irmão caçula de Henry, é surdo e tem apenas 9 anos. “Fiquei muito feliz, feliz com o personagem que ele [Keivonn] é. Ele é tão talentoso. Isso foi o número 1. E em número 2 está minha aproximação com a língua de sinais. Eu não sabia língua de sinais antes de fazer esse papel, então tive que aprender para me comunicar com ele e também para o papel. Tive muita preparação com isso, mas quando começamos a gravar tudo aconteceu de forma muito orgânica”.
Henry (Lamar Johnson) em ‘The Last Of Us’. Foto: Liane Hentscher/HBO.
Além do destaque em ‘The Last Of Us’, Lamar é estrela do filme ‘Brother’, obra ainda sem data de lançamento no Brasil, que também conta a história de amor e cumplicidade entre dois irmãos negros. O ator falou sobre a importância da arte na quebra de estereótipos associados às pessoas negras, em especial aos homens negros. “Acho que em última instância, quebramos estereótipos quando contamos histórias. Que tipo de histórias iremos contar? Acho que se continuarmos produzindo estereótipos, continuaremos colocando homens negros nos alvos, em brutalidade policial. São sempre as mesmas narrativas, as mesmas conversas. É preciso novas narrativas, novas conversas.“, disse Lamar.
Apesar da visão repetitiva dentro da mídia, o astro acredita que novas histórias, por mais cotidianas que possam parecer, podem ajudar a humanizar corpos negros na televisão e no cinema. “Acho que agora se contarmos novas histórias, teremos homens negros, atores negros, mulheres negras, pessoas negras no geral em espaços mais familiares e onde realmente existem“, diz ele. “Existem pessoas negras em todos os espaços e em diferentes situações no nosso dia a dia. Então, acho que seria interessante ser apto a ver isso e nos ver representados na tela em diferentes maneiras”.
O Brasil já está em ritmo de carnaval! Mas para quem curte esses dias em casa, poderão acompanhar entre os dias 18 e 21 de fevereiro, a estreia do programa “Glô na Rua” com Rita Batista e Érico Brás como apresentadores na TV Globo. O novo programa da tarde realizará entradas ao vivo nos blocos de rua em cinco capitais: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Florianópolis. E de cada uma dessas cidades, respectivamente, os repórteres Ernesto Xavier, Thiago Simpatia, Luana Souza, Carol Maloca e Vanessa Martineli vão mostrar o clima dos festejos nos principais blocos.
“O carnaval é uma festa popular porque o próprio nome já define pessoas brincando na rua. A gente terá agora a possibilidade de mostrar isso na TV aberta pra todo mundo, celebrando a diversidade, a cultura e a criatividade de um povo, a sua catarse e o seu momento de total descontração e entrega ao reinado de Momo”, defende Rita, que estará ao lado de Érico no estúdio em São Paulo, chamando os repórteres que farão as entradas ao vivo. “É muito bom poder mostrar o carnaval do Brasil inteiro para os nossos telespectadores. Eu que sou amante do carnaval de Salvador, do Rio de Janeiro e de Recife, e todo ano estou presente. Desta vez, estou abrindo mão pra mostrar um carnaval até mais amplo, carnaval dos principais pontos do Brasil. É uma felicidade fazer o Glô na rua”, completa Érico.
‘Glô na Rua’ irá ao ar no sábado, 18, logo após ‘A Roda: Raízes do Samba’ (no Rio e na Bahia)/ Sessão de Sábado (rede)’, no domingo, após o ‘The Masked Singer Brasil’, e na segunda e na terça-feira, após a exibição de ‘Chocolate com Pimenta’.
Confira abaixo a entrevista com os dois apresentadores Rita Batista e Érico Brás:
Quem são vocês no carnaval?
Rita Batista: Eu sou animada, a emocionada. A que é filha de Momo. Cria de Ivete, sabe? Sou o resultado dessa alegria do povo, do povo da Bahia, do povo do Brasil, essa catarse que é o carnaval. Como muitos poetas e compositores e compositoras já disseram: ‘É o momento da alegria soberana’. E que nenhum problema, aqueles que nos massacram cotidianamente, vai suplantar a felicidade desses sete dias, cinco dias, quatro dias a depender do lugar. Então eu sou carnaval em cada esquina do meu coração. Eu gosto de bloco, de camarote, de trio. Já corri muito atrás do trio elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar, do Tapajós, porque eu sou do subúrbio ferroviário de Salvador. Sou de Piripiri, de onde o Araketu nasceu há quarenta e três anos, que é a minha idade. Toda pessoa preta toda pessoa que se respeita é também do Ilê Aiyê. Ah, se não fosse Ilê. Eu sou do Cortejo Afro elegantemente sofisticado, do samba reggae de Márcia Short, de Neguinho do Samba, de Margareth Menezes. Amo o carnaval.
Érico Brás: Eu sou o verdadeiro rei Momo (risos)! Eu amo carnaval, ainda mais porque o carnaval, às vezes, cai no meu aniversário (dia 5 de março). Quando eu posso curtir, gosto de ir para o meio da folia, dos blocos afro, como o Olodum e Ilê Aiyê. Esses dois, eu não perco.
Qual fantasia gostariam de usar?
Rita Batista: Eu uso as fantasias dos blocos afro. A gente se adorna. A minha fantasia é do Cortejo Afro, a do Ilê Aiyê. Eu me fantasio de foliã soteropolitana.
Érico Brás: A folia é um momento de extravasar. Esse ano, se eu fosse me fantasiar, sairia com uma fantasia de diabo, de vermelho e preto.
Vocês já trabalharam juntos? Qual é a expectativa trabalharem juntos?
Rita Batista: Érico Brás é ouro em pó. A gente já apresentou um evento juntos, mas isso tem muitos anos. Sou fã, espectadora de Érico no teatro, onde ele é um acontecimento também, desde sempre nos espetáculos do Bando de Teatro Olodum, grupo do qual ele fazia parte em Salvador. E depois que ele veio pra televisão, passando pelo cinema. Então, Érico é memorável, tem a mão da atuação e da apresentação também. Eu acompanhei, vibrei com ele no ‘Se Joga’, agora, na novela ‘Mar do Sertão’. A gente está muito em casa um com o outro. E quem vem junto? Chame gente, vambora, com Glô na Rua!
Érico Brás: Rita é uma pessoa que eu conheço há muito tempo. Vi Rita começando na TV, em Salvador e, hoje, pra mim, é uma honra trabalhar com ela, uma pessoa que é supercompetente e alegre. Estou sentindo que a gente vai animar as tardes da Globo com o Glô na Rua, porque a energia da gente é lá em cima, vai ser maravilhoso, a expectativa é a melhor possível.
Como profundos conhecedores, qual a boa do carnaval de Salvador?
Rita Batista: A ótima é ver a maior festa popular do mundo acontecendo em Salvador. É uma das sete maravilhas do mundo conhecer os circuitos, saber das histórias por trás do carnaval, por trás dos blocos. Depois de dois anos de jejum, vai ser um acontecimento, senhoras e senhores!
Érico Brás: O melhor do carnaval de Salvador é curtir os trios elétricos e, depois, cair na praia, tomar um banho, e sair para comer uma comida típica de Salvador, no Pelourinho.
O público negro ficou encantado com aSamara Joy, 23, ganhando o Grammyde “Artista Revelação” no último domingo, 5 de fevereiro. E para além desta artista incrível do jazz, o Mundo Negro entrevistou o músico afrofuturista Jonathan Ferr, referência do gênero no Brasil, para listar outros cantores de jazz que a comunidade negra já pode começar a incluir na playlist.
“Acho extremamente importante redimensionar o jazz para outros patamares. Ela é uma cantora incrível e sua música tem muito frescor e vigor. Isso mostra que o jazz segue atual. É uma música que se reinventa a cada ano que passa. O jazz nunca é rígido”, celebra o artista.
Jonathan Ferr também trouxe reflexões sobre como o gênero se tornou elitizado no Brasil, diferente dos Estados Unidos, de onde surgiu o jazz. “É uma música libertária, revolucionária, periférica e preta. Isso não pode ser esquecido”, afirma.
Foto: Reprodução/Instagram
Leia a entrevista completa abaixo:
Poderia citar cinco artistas de jazz que você escuta e indicaria para a comunidade negra conhecer?
Existem artistas incríveis. Eu sou muito fã do Robert Glasper, que inclusive ganhou o Grammy também de melhor álbum de R&B. Ele faz uma fusão de jazz com hip hop muito legal; Kamasi Washington, um dos maiores nomes do jazz da atualidade, e que tive o prazer de abrir o show dele em 2019 no Circo Voador (RJ), e em 2022 fiz uma participação no show dele no Queremos! Festival; também gosto muito da Esperanza Spalding; Daqui do BR, tem o som do Amaro Freitas e também do Grupo KIAI.
O que você acha da consagração da Samara Joy como artista revelação em 2023 para o cenário do jazz?
Acho extremamente importante redimensionar o jazz para outros patamares. Ela é uma cantora incrível e sua música tem muito frescor e vigor. Isso mostra que o jazz segue atual. É uma música que se reinventa a cada ano que passa. O jazz nunca é rígido.
Foto: Reprodução/Instagram
Como você avalia o cenário jazz no Brasil? Você diria que tem diferença em relação ao Estado Unidos atualmente?
Sim, tem diferença. Lá, o jazz tem mercado, casas de shows, muitos festivais e um público que consome. Aqui o jazz se elitizou e se configurou como um som feito para uma certa elite pseudo-elitizada. Eu creio que jazz é muito mais que isso. É uma música libertária, revolucionária, periférica e preta. Isso não pode ser esquecido. Minha música, que eu denomino Urban Jazz, tem esse intuito de reconectar as pessoas de fora dessa bolha.
As pessoas negras são as que continuam majoritariamente produzindo e/ou consumindo esse estilo de música?
Nem uma, nem outra rs. Pelo menos não no Brasil. Nos EUA, por ser uma música que nasceu lá, segue sendo feito por pretos, bem como o samba aqui. Aqui o jazz por ter se utilizado, durante muito tempo não deu um holofote potente para artistas pretes nesse segmento. Bons exemplos como Tânia Maria, Johnny Alf, Moacir Santos, entre outros artistas que não tem a visibilidade à altura da obra que entregaram. E por consequente, o público também tem poucas pessoas pretes.
Mas a boa notícia é que sinto que isso vem mudando ano após ano. Vejo cada vez mais pessoas pretes nos meus shows e em outros shows que frequento. Está havendo um boom de artistas de jazz no mundo, fazendo coisas frescas, de vanguarda e cheio de modernidades, e isso inclui o Brasil, principalmente de artistas negres.
“Historicamente sempre faltou um olhar do mercado para o segmento de beleza negra. Não havia investimentos nem produtos que contemplassem a diversidade de peles negras. Quando eu comecei esse trabalho, as pessoas negras não eram vistas nem atendidas nas suas particularidades”. Rosangela Silva, fundadora e CEO da Negra Rosa começa 2023 tendo muito o que comemorar.
Sua marca, uma das primeiras em maquiagem para peles negras no Brasil teve sua área de operações adquirida pela mineira Farmax, fabricante de produtos de beleza, saúde e bem-estar que teve um faturamento de R$373 milhões no ano passado e incluiu aquisições dentro do seu plano estratégico.
Negra Rosa, que começou com maquiagem, ampliou seu repertório sem perder o foco no consumidor negro e começou a oferecer também produtos para o cabelo. Com a parceria, a Farmax assume parte da produção da empresa que em poucos meses apresentará uma nova identidade visual e produtos para pele negra, que de acordo com Rosangela “já estão em fase adiantada de desenvolvimento”.
Rosangela Silva, fundadora da marca Negra Rosa – Foto: Divulgação
A previsão é de que os novos produtos sejam lançados em abril e estejam disponíveis aos consumidores, no ponto de venda, a partir de junho deste ano.
Conversamos com Rosangela Silva para saber mais detalhes sobre essa nova fase do seu negócio, que começou em 2016, no município de Angra dos Reis (RJ).
Como surgiu essa parceria entre a sua marca e a Farmax, quem procurou quem? Quais os produtos estarão disponíveis na loja? Serão vendidos apenas nas lojas físicas?
O primeiro contato foi feito pela CMO da Farmax, Bianca Pi, no ano passado. Ela buscou saber o que eu esperava para o futuro da marca. A partir daí nossa conversa avançou durante meses e a sintonia de expectativas foi muito grande. Meu cuidado era que a marca não se transformasse em algo sem sentido, diferente daquilo que sempre foi o nosso diferencial para o público negro. Mas logo percebi que tinha encontrado pessoas com o mesmo propósito. A Farmax vai potencializar a Negra Rosa mantendo a verdade que sempre carregamos desde a nossa origem, há sete anos, em especial porque ela continua com nosso time e nosso olhar. O mix de produtos Negra Rosa girava em torno de 60 SKUs (Unidade de Manutenção de Estoque) exclusivos para cabelo e maquiagem. Agora, além do rebranding, somente nesta primeira etapa, outros 10 SKUs para skincare já estão em fase adiantada de desenvolvimento. As revendedoras continuarão tendo papel fundamental. Elas são essenciais e grandes referências da marca. Só vamos potencializar o alcance dos produtos pelo país para ainda mais mulheres negras encontrarem de forma fácil um produto Negra Rosa em qualquer lugar do Brasil. Além das vendas pela internet e nas lojas físicas – hoje a Farmax está em 94% das farmácias brasileiras. Vamos chegar cada vez a mais pessoas e isso nos enche de alegria.
A parceria com a Farmax vai mudar alguma coisa na sua estratégia com as revendedoras de Negra Rosa?
Nossas revendedoras fazem parte da história da Negra Rosa e elas continuarão conosco tendo a mesma importância que sempre tiveram. Elas são parte de tudo que conquistamos. Vamos continuar valorizando aquelas pessoas que nos valorizaram desde o princípio, acompanhando todo o processo de crescimento da marca.
Quais tipos de produtos a Negra Rosa oferece ao público hoje, quais destes têm mais saída. Ainda sobre os produtos queridinhos, o que eles oferecem de diferente comparado aos similares do mercado?
Até o fim do ano passado, o mix de produtos Negra Rosa era exclusivo para cabelo e maquiagem. Com a Farmax, vamos ter condições de investir em pesquisa e desenvolvimento de novas linhas. Nosso grande diferencial é sermos uma marca feita por mulheres negras para outras mulheres negras. Nossos produtos mais reconhecidos são a base de maquiagem com tons específicos para peles negras, o gel ativador e o Creme de Pentear Merengue, lançado há pouco tempo, mas que já é um sucesso. Além de fundadora da marca, eu sou consumidora. Eu criei produtos que eu, minha família e minhas amigas não encontrávamos. Essa parceria com a Farmax é fruto do desejo compartilhado de promovermos cada vez mais o acesso da população negra a itens de beleza de qualidade e a preços acessíveis, o que era muito incomum quando comecei esse trabalho.
Quais são suas expectativas em médio e longo prazo com essa parceria?
A partir de agora passamos a não ter mais limite para crescer. Ainda é difícil dizer aonde podemos chegar, mas as expectativas são as melhores possíveis. A Farmax apresentou as condições perfeitas para alcançarmos o lugar que sempre sonhamos. Eu tenho a felicidade de seguir como curadora da marca, assim como meu time, acompanhando todos os processos, testando tudo, ajudando de pertinho a fazer todas as coisas acontecerem. A Negra Rosa segue sendo pensada e olhada por mulheres negras e isso é muito significativo, tanto para nossa marca se fortalecer, quanto para o próprio mercado que passa a dar visibilidade para essa demanda das consumidoras de forma genuína.
Dentro do seu ramo, quais são as maiores dificuldades em se fabricar e comercializar produtos específicos para comunidade negra, mas também o que torna esse tipo de negócio tão potente e especial?
Historicamente sempre faltou um olhar do mercado para o segmento de beleza negra. Não havia investimentos nem produtos que contemplassem a diversidade de peles negras. Quando eu comecei esse trabalho, as pessoas negras não eram vistas nem atendidas nas suas particularidades. Sendo que estamos falando de um segmento predominante na sociedade brasileira e que é altamente engajado no cuidado pessoal. Por isso existia um vazio a ser preenchido. O interesse era grande, mas não havia uma resposta do mercado. A história da Negra Rosa começou para ajudar a mudar essa realidade.
Como a fábrica trabalha para manter a satisfação dos clientes e responder às suas necessidades?
Esse é outro aspecto que temos para comemorar. Até aqui a Negra Rosa sempre trabalhou com fabricantes terceirizados.Agora temos a fábrica da Farmax, localizada em Divinópolis (MG), que vai absorver uma parte da produção. Ou seja, vamos ter ainda mais controle de tudo que entregamos para nossas consumidoras, aprimorando cada dia mais a qualidade dos nossos processos. Assim como a Negra Rosa, um dos pilares da Farmax é o foco no cliente. Aliás essa é uma preocupação transversal para todas as áreas. Exatamente por essa característica é que essa parceria surgiu tão forte.
Quantas pessoas sua empresa emprega atualmente? Há uma gestão com foco na diversidade e questões ambientais?
Eu e o time de três colaboradoras seguimos focadas na nossa marca. Agora, outros profissionais já foram contratados e outros ainda vão chegar, sempre com o olhar para a diversidade, garantindo nossa proximidade com nossas consumidoras. A atuação se dá em diversas áreas, entre elas a Digital, Marketing e Pesquisa (P&D), por exemplo. Uma equipe que vai somar aos aproximadamente 900 colaboradores da Farmax. Nossa gestão sempre foi e continuará sendo pautada pela diversidade. Diversidade é sinônimo da nossa história. É a nossa essência e também faz parte da essência da Farmax, se não, não estaríamos aqui. Foi para isso que comecei todo esse trabalho. A Farmax é participante do Pacto Global da ONU, com metas claras de avanço nas esferas ambiental, social e de governança, que são visíveis no plano estratégico da companhia e na gestão das pessoas. Realmente a convergência entre o propósito das marcas é muito grande.
Amanda ( de rosa), a matriarca da família Archangelo - Foto: Arquivo pessoal
A estudante Mirella Archangelo, 16, voltou aos noticiários por conta de um momento especial que ela e seus três irmãos compartilharam com a jornalista Glória Maria, que faleceu no dia 2 de fevereiro. A jovem viu sua conta no Instagram saltar de menos de 10 mil seguidores, para 60 mil, por conta do seu carisma, dicção impecável, além da curiosidade do público em acompanhar o amadurecimento de uma jovem com tanto potencial e talento.
Residente em Ribeirão Preto, a família de jovens que sonham grande, se depara com a realidade da maioria das famílias negras brasileiras que querem investir na educação dos filhos: a dificuldade financeira. Somado aos fatores de educação há questões sérias de saúde na família. Mirella é cardiopata e seu pai, Júlio César Archangelo (43) sofre de uma doença autoimune.
Amanda Najara de Sales Santos, 36, mãe de Mirella explica que, como na maioria das cidades do interior, as pessoas fantasiam sobre a realidade da sua família. “Complicado é que com a visibilidade, as pessoas acabam achando que a Mirella está ganhando dinheiro”, explica Amanda dizendo que tem até quem peça dinheiro emprestado.
Conversamos com ela para conhecer melhor a família Archangelo, seus sonhos e dificuldades. Além de Mirella, Amanda e Júlio são pais de Peterson Sales Archangelo (13), Pablo Sales Archangelo (13) e Marjory Sofia Sales Archangelo (11).
1) COMO ERA A ROTINA DE VOCÊS ANTES DE DEPOIS QUE MIRELLA E OS IRMÃO FICARAM CONHECIDOS?
A nossa rotina antes da Mirella e os irmãos ficarem conhecidos era bem tranquila. Eles estudavam todos na mesma escola (Municipal em Ribeirão Preto). Mirella estudava no período da manhã e Peterson, Pablo e Marjory a tarde. Eu e o Júlio trabalhávamos no estúdio que foi aberto em 2011. Conseguimos manter bem a rotina da casa. O dinheiro que ganhamos com o estúdio dava para viver bem.
Depois que o vídeo viralizou em dezembro de 2017 foi uma loucura. Nos meses seguintes, até meados de julho, se falava bastante. As crianças foram convidadas a participar de várias coisas. Chegamos a fazer algumas parcerias, mas com o passar dos dias, e desencontros com pautas e assuntos que queriam que eles tratassem, decidimos que era melhor parar. Tinha dias que eles não queriam sair para gravar, queriam brincar em casa ou na rua, aí se tornava chato para eles. Sem contar que os valores que às vezes (quando tinha pagamento) eram apenas para o transporte, mal sobrava para um sorvete. Afinal eram 4 crianças. Então eu e o pai decidimos que era melhor deixar eles aproveitar a infância.
COMO É LIDAR COM ESSA POPULARIDADE EM UMA CIDADE PEQUENA?
Em questão de popularidade, no nosso bairro é bem tranquilo. Dificilmente eles são parados por alguém, e quando são, é apenas para receber os parabéns. O complicado é que com a visibilidade, as pessoas acabam achando que a Mirella está ganhando dinheiro, então tem sempre aquele comentário chato, aquela mensagem pedindo ajuda, acham que estamos cheios de grana. Acham que porque ela está no Fantástico ou na TV local fazendo uma reportagem ela está sendo remunerada. Então fica aquela sensação de que estamos “bem financeiramente “, mas a realidade não é esta.
AS CRIANÇAS JÁ VIVERAM SITUAÇÕES DE RACISMO? Há ALGUMA QUE TENHA TE MARCADO MAIS COMO MÃE?
Viver uma situação de racismo escancarada, não . Sempre deixei claro para eles que estas situações existem e na medida do possível, ensino como eles podem reagir. O que mais acontece e nos chama à atenção, é que sempre que chegamos em alguns lugares, principalmente se for restaurantes ou lojas, somos sempre olhados da cabeça aos pés.
Supermercados sempre temos a companhia de seguranças. Por ser uma família muito grande, de pretos retintos, sempre somos vigiados de perto. Procuro sempre manter a calma e digo a eles que a sociedade não está preparada para nossa beleza. Tento sempre manter este momento com descontração e tem dado certo.
SUA FAMÍLIA É GRANDE E O BRASIL TEM VIVIDO UM MOMENTO DE RECESSÃO NOS ÚLTIMOS 4 ANOS, COMO FOI PARA VOCÊS FINANCEIRAMENTE? A VISIBILIDADE DA MIRELLA TROUXE ALGUMA RENDA PARA FAMÍLIA?
Com a recessão nos últimos 4 anos, a pandemia fez nossa família ficar com um maior desconforto financeiro. O Júlio também possui uma doença autoimune que foi reativada em dezembro de 2019, onde ele teve que ficar afastado do estúdio ( ele é tatuador) por 4 meses. Foi um momento complicado que está se perpetuando ainda. Durante a pandemia tivemos que fechar as portas mesmo, pois a Mirella é cardiopata e o Júlio tem a doença dele. Nos fechamos em uma bolha, literalmente e quase toda reserva financeira que tínhamos, foi indo para os gastos da casa e família. A visibilidade da Mirella trouxe um pouco de ajuda em 2018, após isso não mais.
Nós temos o estúdio de tatuagem há 12 anos. O Júlio é tatuador e eu ajudo na parte da administração, agendamentos e organização do local. Desde que eles nasceram não voltei a trabalhar fora, encontramos no estúdio uma forma de trazer o sustento e ficar sempre por perto deles. Levar na escola, participar das reuniões e festas escolares sempre foi muito importante para nós pais. No último ano de 2022, entendemos que com as dificuldades financeiras seria melhor eu procurar outro trabalho fora para ajudar financeiramente, mas com a minha pouca experiência tem se tornado um pouco complicado. No momento estou fazendo parte de um processo seletivo para entrar em uma empresa e trabalhar na área da logística. Estou no aguardo e o Júlio continuaria com o estúdio .
Foto: Arquivo pessoal
A MIRELA QUER FAZER JORNALISMO. SE ELA ENTRASSE HOJE NA FACULDADE, VOCÊS CONSEGUIRIAM MANTÊ-LA?
O sonho da Mirella é cursar jornalismo. Se ela hoje entrasse em uma faculdade que gerasse um custo maior do que temos com ela no Colégio, infelizmente ela teria que trabalhar ou não poderia fazer o curso. Ela e a Marjory são bolsistas 100% de mensalidade em um excelente colégio em Ribeirão Preto, mas os custos com materiais didáticos (que aliás ainda nem comprei), materiais de uso pessoal, tablets, transporte, alimentação, uniforme são custeados por nós então gera um gasto médio mensal.
Se o gasto dela na faculdade for maior que este, sinceramente não acredito que teríamos condições se não estivermos empregados em outros lugares.
A nossa maior dificuldade financeira hoje é ter o dinheiro para estes extras, que cada vez estão mais caros. O que ganhamos no dia é gasto no dia. Os meninos não estudam com elas, pois não temos condições de manter estes gastos diários. Eles estudam ainda no Colégio Municipal. Desde 2020 não conseguimos mais fazer uma reserva financeira.
E OS OUTROS FILHOS QUEREM SE O QUE QUANDO FICAREM MAIS VELHOS? Os irmãos da Mirella querem fazer outras coisas. Pablo quer fazer algo que envolva robótica, games , jogos. Peterson ama fotografia, recentemente ganhou uma máquina antiga de fotos e vive fotografando, mas disse que fará educação física porque gosta muito de esportes. A Marjory está pensando em fisioterapia, ou algo relacionado a ciências ou saúde.
Quem quiser contribuir com a família Archangelo pode fazer uma doação por meio do pix:
PIX: Amanda Najara de Sales Santos amandajara_@hotmail.com