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Cotas para brancos no Ilê Aiyê? Tema gera divergências em bloco tradicional baiano

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Foto: Andre Frutuoso/Divulgação

O Mundo Negro errou em publicar a matéria com a chamada “Bloco Ilê Aiyê desiste de flexibilizar a presença de pessoas brancas no aniversário de 50 anos no Carnaval 2024“, na manhã desta sexta-feira (3). A informação havia sido confirmada pela coluna do Marrom no jornal Correio, mas o presidente Antônio Carlos Vovô disse em nota que houve um erro de interpretação. “Em respeito à luta e a tradição do Ilê, nestes 50 anos, ainda não é chegada a hora dessa abertura”.

Em entrevista no poscast Bahiacast em fevereiro, Vovô já havia dito que pensou nessa possibilidade. “Acho que o Ilê vai ser o primeiro bloco cotista. Não sei como é que vai ser”, brincou. O apresentador responde com outra brincadeira: “Vai ser sucesso, notícia mundial. ‘Ilê coloca cotas para brancos'”. Em seguida, o presidente do bloco afirma que as pessoas brancas só querem estar no Ilê durante o Carnaval. “Passa Quarta-feira de Cinzas volta tudo ao normal, cada um pro seu lado”.

O bloco Ilê Aiyê publicou uma nota de esclarecimento no Instagram, afirmando que nunca havia oficializado a entrada de pessoas brancas. “Ao levar a imagem e a ideologia do bloco Ilê Aiyê para o mundo nos últimos 49 anos, o presidente da entidade Antônio Carlos Vovô tem plena certeza do quanto a história e a luta do Ilê Aiyê revolucionaram e vem revolucionando a mentalidade de pretos e brancos do Brasil e de fora dele. Dessa consciência e vivência surgiu a reflexão sobre um dia atender os inúmeros pedidos de brancos que gostariam de desfilar no Ilê Aiyê, e esse é o pano de fundo para as últimas declarações dadas por Vovô para o podcast Bahiacast e para a Coluna de Marrom”, iniciam o texto.

“O bloco Ilê Aiyê esclarece que ao considerar tal possibilidade – que veio à tona sobretudo com a intenção de levantar a reflexão sobre um enaltecimento do bloco muitas vezes restrito ao período do Carnaval – o presidente Antônio Carlos Vovô em nenhum momento afirmou ser essa uma decisão oficial do bloco”, ressalta a organização. E completa: “Em 2024, o Ilê Aiyê completa 50 anos de trajetória e, mais do que nunca, esse será o momento de honrar suas conquistas”.

Para encerrar, o bloco esclarece sua posição oficial em relação às pessoas brancas. “Serão sempre bem-vindos nas festas, shows e ensaios do bloco. Mas o desfile do Mais Belo dos Belos no Carnaval de Salvador tem a sua beleza no agrupamento festivo e exaltação de pessoas de pele preta e assim permanecerá sendo”.

“O nosso valor não está em atender as expectativas dos outros”, diz Spartakus ao rebater críticas sobre sua música

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Foto: Reprodução / Redes Sociais.

O apresentador e cantor Spartakus Santiago, 28, utilizou suas redes sociais nesta sexta-feira (3) para rebater as críticas relacionadas à sua música. A partir do momento que lançou o single ‘Mission’, em novembro do ano passado, o influenciador passou a receber uma série de ataques na internet. “Desde que comecei esse ato de coragem de ser a versão mais confiante de mim mesmo eu já levei muita pedrada, mas também recebi muitas mensagens lindas de pessoas incríveis“, disse Spartakus. “Recebi uma mensagem de um seguidor me perguntando porque ao invés de focar nas pessoas que criticam meu trabalho, eu não presto atenção em todo o apoio que eu recebo. Refleti e notei que ele estava certo.

Através de um novo vídeo no Youtube, o influenciador explicou sua relação com a música, disse que, de alguma forma, sempre se sentiu ligado à arte, e incentivou as pessoas a lutarem pelos sonhos, mesmo em meio às críticas. “Você tem todo o direito de ser feliz, de ir em busca do que você quer, de realizar seus sonhos”, destacou ele. “Para realizar seus sonhos você não precisa da aprovação de ninguém, você só precisa fazer e acreditar. Muita gente vai te criticar, muita gente vai te detonar, vai te ridicularizar, vai debochar, mas a vida sempre foi assim para pessoas como nós“.

“Eu olho pro Twitter e vejo meu ensino médio. Vejo pessoas fazendo bullying comigo como sempre foi e isso nunca me impediu de ir em busca do que eu quero”, destacou Spartakus, que também agradeceu o apoio dos seguidores e fãs. “Gratidão a vocês que me permitem ser eu mesmo, que entendem que o nosso valor não está em atender as expectativas dos outros mas em mostrar a todos que nós devemos ter a liberdade de fazer o que a gente quer. Que todo mundo seja livre pra se posicionar, pra criar, pra cantar, pra dançar, pra se expressar como quiser“.

“Faço questão de mostrar de onde nós viemos”, ressalta Ingrid Silva sobre a importância de mostrar referências negras para a filha

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Foto: Rodolfo Sanches

Capa da edição de março da revista Crescer, a bailarina Ingrid Silva conversou sobre como tem vivenciado os desafios da maternidade, a carreira e sua luta contra o racismo. Ela posou para fotos ao lado da filha, Laura, de 2 anos, e falou durante entrevista sobre a importância das referências “faço questão de sempre mostrar de onde nós, pais, viemos, e quem somos”, disse.

Foto: Rodolfo Sanches / Capa revista Crescer – Edição Março/2023

Ingrid contou que têm bonecas pretas em casa e revelou que “muita coisa seria diferente” se ela tivesse tido bocas negras durante a infância. “Em casa, temos bonecas pretas, por exemplo. Se eu tivesse tido oportunidade de brincar de vestir uma dessas, muita coisa teria sido diferente. A gente não se enxerga sendo parte do mundo em vários espaços. Ela já está experimentando elementos para ter consciência de quem é. Isso é maravilhoso!” 

Em dezembro de 2022, Ingrid Silva lançou o livro “A bailarina que pintava suas sapatilhas”, livro infantil que narra a história de Ingrid e traz a história de quando ela pintava suas. sapatilhas para que tivessem a mesma cor que seu tom de pele. “Quis fazer esta conexão com as crianças, porque elas são o reflexo do que a gente quer como futuro. Quanto mais informação tiverem, melhor, afinal, todo mundo merece ser respeitado”, contou ela.

Ingrid Silva falou sobre seu ativismo contra o racismo. “Honestamente, foi só quando cheguei à companhia de dança onde os bailarinos são negros e nos Estados Unidos – e a questão racial é mais evidente – que me dei conta de quem eu sou. E pensei: como mulher preta, onde me encontro nessa sociedade, nesse mundo? Decidi fazer transição capilar – alisava desde os 5 anos –, pintar minhas sapatilhas e criei movimentos para dar voz e apoiar causas contra o racismo”, disse.

“Sou cocriadora do Blacks in Ballet, que funciona como uma biblioteca digital que traz conteúdos sobre bailarinos negros. E, recentemente, cofundei o Dancers and Motherhood, que atua como uma rede de apoio para mães bailarinas, que se sentem encorajadas a terem filhos e a continuar suas carreiras”, contou Ingrid sobre os projetos sociais que tem criado.

Testamento de Pelé diz que ele pode ter mais uma filha herdeira

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Foto: Reprodução/Instagram

Pelé, o Rei do Futebol, deixou escrito em seu testamento que pode ter outra herdeira além de sua viúva Márcia Aoki, de seis filhos e de dois netos.

Segundo a Folha de São Paulo, em setembro de 2022, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), despachou uma carta precatória de intimação para que o ex-jogador fizesse um teste de paternidade.

O processo está sendo movido por Maria do Socorro Azevedo, representada pela Defensoria Pública. A ação corre sob segredo de Justiça em Itaquera (SP).

Os advogados do Pelé não recorreram à intimação e informaram que o teste de DNA é natural em uma ação de paternidade, mas o rei não chegou a fazer o teste. Ele morreu em dezembro do ano passado, vítima de um câncer.

De acordo com o jornal, os filhos do ex-jogador foram aconselhados a realizar o teste para confirmar, ou não, a paternidade. Além disso, ser contra o processo poderia dificultar a resolução do inventário.

A fortuna do Rei Pelé, ainda não especificada pela Justiça, mas já estimada em cerca de US$ 15 milhões (R$ 78 milhões de reais). Caso o resultado de DNA seja positivo, a criança deverá receber parte de seus bens.

Com informações da Folha de São Paulo*

Café da manhã reúne ministras e lideranças femininas para celebrar ampliação do programa Ela Pode

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Foto: Reprodução/ Linkedin

Na última quarta-feira (1), o Instituto RME, braço social da Rede Mulher Empreendedora, reuniu as ministras Margareth Meneses, Anielle Franco, Cida Gonçalves, Esther Dweck, Ana Moser, além da primeira dama Janja da Silva e outras lideranças femininas para anunciar a ampliação do programa Ela Pode.

O anúncio foi feito em parceria com o Google, que através do Google.org fará um aporte de mais de R$ 5 milhões para que o Instituto RME possa viabilizar mais uma edição do projeto Ela Pode, que oferece treinamento para mulheres em diferentes áreas.

A iniciativa faz parte dos esforços doCresça Com Google Para Mulheres e, nesta edição, deve beneficiar cerca de cinco mil mulheres com a oportunidade de frequentar cursos de alfabetização digital, habilidades financeiras, marketing digital e gestão de custos. Mais de 800 participantes terão acesso a um financiamento de pouco mais de R$ 2.500 para investimento no próprio negócio.

As participantes do Ela Pode são treinadas nas áreas de liderança e comunicação, negociação e vendas, finanças pessoais e empresariais, marca pessoal, networking, gerenciamento de tempo, autoconscientização, inovação e digitalização.

Beyoncé é homenageada no congresso dos EUA: “um ícone, uma lenda”

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Foto: Reprodução

O deputado da Califórnia, nos EUA, Robert Garcia, fez um discurso durante sessão no plenário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos para homenagear a estrela da música, Beyoncé. “Quero celebrar ninguém menos que eu acredito ser a rainha do pop e do R&B: Beyoncé Knowles Carter”, disse o parlamentar.

Se referindo às comemorações do Mês da História Negra, celebrado em fevereiro nos EUA e ao mês da Mulher, em razão do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, Garcia reforçou a importância da artista para as duas datas.

“Senhor Presidente, eu me levanto hoje para comemorar o fim do Mês da História Negra e o início do Mês da História da Mulher, homenageando uma pessoa que representa ambos tão bem. Ela é um ícone, ela é uma lenda, e ela é agora e para sempre o momento. Quero celebrar ninguém menos que quem eu acredito ser a rainha indiscutível do pop e do R&B: Beyoncé Knowles Carter. Agora, algumas semanas atrás, essa garota de pele morena de H-town ganhou seu 32º Grammy, dando a ela o maior número de vitórias no Grammy de todos os tempos. Mas Beyoncé é muito mais do que uma artista e uma cantora. Ela é uma criadora e uma artista”, disse em seu discurso.

Afirmando que Beyoncé é um “modelo para milhões”, o deputado lembrou as pautas que a cantora defende. “Ela lutou pelo direito de voto, pelo feminismo, por mulheres e meninas, pela minha comunidade – a comunidade LGBTQ+. Para minha geração e outras, ela simplesmente é a maior de todos os tempos. Sua história é história”, reforçou.

Robert Garcia levou um enorme cartaz com a foto utilizada na divulgação de Homecoming e o colocou ao seu lado durante o discurso.

Para o portal EW, Robert Garcia contou o motivo de sua homenagem à diva pop. “As pessoas celebram a excelência americana o tempo todo no Congresso”, disse. “Existe a excelência americana por professores, pela comunidade médica, por oficiais eleitos, por pessoas que serviram nosso país com honra nas forças armadas. Todos são heróis americanos. Beyoncé, à sua maneira, também é uma heroína americana.”

Empresa terceirizada das vinícolas no RS rejeita proposta de indenização do MPT para vítimas de trabalho escravo

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Foto: Divulgação/MPT-RS

A empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio a Gestão de Saúde LTDA, responsável pela terceirização dos trabalhadores resgatados nas vinícolas de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, rejeitou a proposta de indenização do Ministério Público do Trabalho (MPT) no valor de R$600 mil para as vítimas.

Em uma audiência virtual realizada nesta quinta-feira (3) junto com integrantes do MPT da Bahia e Rio Grande do Sul, os representantes da empresa se negaram a pagar a indenização individual dos 207 trabalhadores e não reconheceram que eles estavam em condições análogas à escravidão.

A empresa apresentou documentos que comprovam o pagamento apenas de verbas rescisórias, que ultrapassam o valor de R$ 1 milhão.

O MPT da Bahia e do Rio Grande do Sul requisitou as vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi a entregarem informações sobre os contratos mantidos com a Fênix Serviços de Apoio Administrativo e deu dez dias para apresentarem a documentação do pagamento dessa verba.

Racismo e xenofobia

Segundo documentos que o jornal O Globo teve acesso, três homens resgatados na vinícola prestaram depoimento ao MPT. Um deles, relatou ter escutado uma ordem de “matar os trabalhadores baianos”. Um dia antes de fugir, ele foi encurralado por quatro seguranças, que o espancaram com cabo de vassoura, usaram spray de pimenta e o morderam.

Um trabalhador gaúcho, em entrevista ao UOL Tab, também afirma que os baianos eram os que mais sofriam agressões. “Eles apanhavam bastante. Qualquer coisa que estivesse errada, apanhava. Nós do Sul não apanhávamos”.

Com equipamentos improvisados, jovens quilombolas mantêm TV, podcast e programa de rádio

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Foto: Arquivo Pessoal

“A gente só queria comunicar a nossa realidade como ponto principal, a nossa cultura, o Tambor, as comidas, os remédios caseiros, as estratégias, o criar alternativas de sobrevivência, a relação e cuidado com a natureza. A gente queria comunicar a potência que é os saberes ancestrais e como devem permanecer vivos e respeitados”, diz Raimundo José, quilombola e um dos fundadores do TV Quilombo Rampa, canal no Youtube que transmite para o mundo a rotina, lutas, tradições e conquistas dos moradores do Quilombo do Rampa, no Maranhão. O local, fundado em 1818, é composto por 4 comunidades, onde vivem atualmente cerca de 500 pessoas.

A comunicação surgiu nessa comunidade como uma ferramenta de informação, resistência e documentação. O projeto da TV Quilombo, especificamente, nasceu em 2017 e hoje as informações da região também são compartilhadas por meio de rádio e podcast.

“A nossa preocupação desde o início foi falar de nós para nós, de dentro para dentro, fazer com que o quilombo inteiro, desde a criança até o ancião se sentissem capazes de ocupar o espaço que eles sempre pensavam que não existia até ter contato. Eles também pensavam que não poderiam ocupar esses espaços, que sempre nos foi negado. Queríamos nos comunicar de uma forma que todos ficassem à vontade para apresentar a própria realidade”, detalha José.

TRIPÉ DE BAMBU, DRONE E MUITA RESISTÊNCIA

Começar o projeto do zero foi um grande desafio para o grupo. “Costumo dizer que Quilombola já nasce lutando, pois o preconceito e o racismo infelizmente já são bem estruturados e bem alimentados em nosso país”, diz Raimundo. “Os desafios são vários, no nosso caso, criar uma TV sem recurso, a partir de materiais improvisados, câmera de papelão, microfone de graveto tripé de Bambu e muitos outros materiais improvisados foi um tremendo desafio, fazer com que as pessoas olhassem e respeitassem foi e é ainda um grande desafio. Hoje bem menos, pois temos uma estrutura melhor”.

O projeto que Raimundo criou só com o amigo William, hoje conta com uma equipe de mais de 30 pessoas e diversos canais de comunicação.

(Câmera em tripé de bambu. Foto: Reprodução)

A TV Quilombo oferece um espaço de experimentação através da abertura do estúdio para toda a comunidade, trabalha com diversas mídias e plataformas, e incentiva a propagação dos saberes ancestrais e as trocas intergeracionais com encontros e reuniões. Mesmo com os desafios, o produtor quilombola está contente com os resultados do trabalho que tem feito.

(Foto: Reprodução)

“As melhores coisas superam todas as dificuldades, que no geral foi fazer com que o nosso povo pudesse ser protagonista da própria história. Contamos essa história do nosso próprio jeito, afinal ninguém melhor pode contar nossa história do que nós mesmos”, diz Raimundo, orgulhoso. “Fazer com que a criança, o jovem, o adulto e o ancião se enxergassem na TV com sua própria história, não tem preço. Ver que a TV vem contribuindo no enfrentamento diário de aceitação da nossa identidade é algo maravilhoso e continuar esse processo é mais que importante, é essencial”.

Para conhecer mais e apoiar o projeto da TV Quilombo acesse o site do projeto. https://www.tvquilombo.com.br/

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Peres Owino, roteirista de ‘Rainhas Africanas’, fala sobre a importância da série: “estamos recuperando nossa herança africana”

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Foto: Getty Images ; Divulgação / Netflix.

Nesta semana, o MUNDO NEGRO entrevistou com exclusividade a roteirista Peres Owino, responsável pelo trabalho na série documental ‘Rainhas Africanas: Jinga’, da Netflix. Em conversa com o jornalista Arthur Anthunes, a premiada profissional falou sobre a importância da obra documental.

Com produção executiva de Jada Pinkett Smith, ‘Rainhas Africanas’ retrata a vida de importantes e icônicas rainhas negras. A primeira temporada conta a história de Jinga, a cativante e destemida rainha guerreira de Dongo e Matamba, hoje Angola. No século 17, ela foi a primeira governante feminina do país. “Sempre quisemos fazer algo para celebrar nossos ancestrais, então tivemos essa ideia de colocar todas essas figuras juntas e chegamos a essa história magnífica de Jinga”, contou Peres.

‘Rainhas Africanas’. Foto: Joe Alblas/Netflix © 2023

No século 17, Jinga foi a primeira governante feminina do país. Ela conquistou sua reputação por misturar habilidades políticas e diplomáticas com conhecimento militar, tornando-se um símbolo de resistência. Produzir uma série dessa magnitude não foi tarefa fácil. Peres contou detalhes sobrea importância de trabalhar ao lado de Jada Pinkett-Smith na concepção dessa obra. “Vou dizer pra você o que eu realmente acho incrível. É quando pessoas com grandes nomes como ela usam seu legado e seu poder para abrir portas para contar esses tipos de histórias. Isso é incrível“, destacou a roteirista. “Eu não sei se sem o nome de Jada seríamos capazes de fazer algo como assim. Então, por isso eu serei eternamente grata e grata por todas as mãos que passaram por esse projeto, na frente, por trás das câmeras”.

Para a 2ª temporada, foi revelado que conheceremos a história de Cleópatra. Ao MUNDO NEGRO, Peres confirmou o lançamento da obra e explicou a escolha da rainha egípcia. “A temporada 2 será sobre Cleópatra. Estamos criando histórias sobre nós mesmos, com pesquisadores de todos os lugares. Pesquisamos quem encontrou o material, quem está contando a história. Você quer contar a verdade e também contar o que a verdade foi. Queremos mostrar o que realmente somos enquanto africanos”, destacou ela. “A segunda temporada está chegando. Geopoliticamente fomos divididos ao meio. Todos nós sabemos as fronteiras da África, sabemos o que a África é. O Egito é nosso. Se você está na África, governando um local africano, você é uma rainha africana. Estamos recuperando nossa herança, porque existe uma tentativa de colocar o Egito fora da África. Muitas pessoas pensam que não tem como um reino africano ter criado um império como esse. Então para nós, é tudo nosso”, destacou Peres.

‘Rainhas Africanas’. Foto: Joe Alblas/Netflix © 2023

Ao longo dos últimos meses, a representatividade negra feminina ganhou destaque nos jornais pelo mundo. Com o lançamento de grandes filmes como ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre‘ e ‘A Mulher Rei’, essas questões ganharam força. Peres diz que, de alguma forma, essas produções também ajudaram no lançamento e no desenvolvimento de ‘Rainhas Africanas’. “Eu acho que eles tiveram uma chave importante. Eu não gosto de minimizar os esforços de ninguém, porque acredito que todas essas partes trabalham juntas para nos levar adiante. ‘Pantera Negra’ fez isso, explodiu e gerou bilhões de dólares numa indústria que sempre acreditou que conteúdos negros não vendem fora dos Estados Unidos e então isso acontece. Para mim, enquanto artista eu posso apenas celebrar isso. Eu fico: ‘sim’. Isso prova um ponto e abre portas. Então você tem ‘A Mulher Rei’ seguindo os passos, você tem essa fenomenal e forte mulher”, diz a roteirista.

Foto: Divulgação / Marvel Studios.

Peres também enfatizou a importância em contar histórias reais sobre o continente africano. “Estamos lidando com coisas difíceis, porque ‘Pantera Negra’ celebra uma África que não existe, mas ‘A Mulher Rei’ é sobre uma África que existiu. E então tem algumas coisas desafiadoras que exigem de nós muita bravura em decidir como seguir nesse papel. Jinga faz a mesma coisa, em Rainhas Africanas nós estamos fazendo a mesma coisa. Mas é isso que somos enquanto pessoa”, destaca ela. Eu sempre celebro, seja ‘A Mulher Rei’, ‘Rainhas Africanas’, ‘Pantera Negra’. Porque agora podemos finalmente aprender sobre cada um de nós e isso é importante”.

Paixão pelo Brasil

Durante a entrevista, Peres também mostrou amor pelo Brasil. Ela declarou seu carinho pelo futebol e relatou detalhes sobre um projeto pessoal envolvendo o esporte. “Meu amor pelo Brasil vai além da história. Eu preciso te mostrar isso. Isso é Rivaldo, de volta aos anos 90, não brinque”, contou ela mostrando a camisa da Seleção Brasileira. “Meu amor pelo Brasil é profundo. Estamos desenvolvendo um programa de TV baseado num momento muito importante na história do povo negro brasileiro. O que estamos fazendo agora, pra mim, pessoalmente, estamos seguindo os passos dos meus ancestrais que me deixaram“.

‘Rainhas Africanas’. Foto: Joe Alblas/Netflix © 2023

Questionada sobre o sonho de trabalhar com outros profissionais negros, Peres foi enfática e destacou que é preciso ter um propósito e conexão com histórias envolvendo a diáspora. “O que gostaria mesmo de fazer era criar um colar, uma corrente que conecta pessoas em Angola, passando pela Jamaica, passando pelo Brasil, pelos Estados Unidos. Para entender exatamente o problema de conexão sobre quem nós somos. É muito mais sobre o que eles estão fazendo e se estão fazendo algo que está nos nutrindo, nutrindo o espírito da diáspora e se você está fazendo isso, vamos lá”, destacou ela, que também aproveitou para aconselhar jovens roteiristas negras que se inspiram em seu trabalho. “O mundo é cheio de pessoas com talento. Mas aqueles que conquistam são aqueles que perseveram. Não há substituo para isso. Se você continuar acreditando no que você faz, continue, seu sonho pode ser realizado em qualquer idade. É isso que Njiga nos ensina”.

Perfilamento racial em abordagens policiais: o debate mais importante do ano no STF para nós negros

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por Ivair Augusto Alves dos Santos

Você conhece algum negro parente, amigo, irmão, primo, sobrinho, filho que não tenha sido abordado pela polícia? Eu, infelizmente, não conheço. Isso não pode ser naturalizado, isso é uma violência com a qual aprendemos a conviver diariamente, e pedimos aos nossos filhos que nunca reajam a uma abordagem, levem sempre um documento com você.

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, nesta quarta-feira (1), a análise de uma ação sobre o impacto do perfilamento racial nas abordagens policiais. A discussão foi levada à Corte pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo devido ao caso de um homem que foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão em regime fechado por tráfico de drogas, após ter sido pego com 1,53 gramas de entorpecente.

“O termo “perfilamento racial” se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de generalizações fundadas na raça, cor, ascendência, nacionalidade ou etnicidade, ao invés de evidências objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta diretamente na tomada de decisões discriminatórias.”

O debate sobre esse tema: perfilamento racial, é de fundamental importância para a vida de milhões de brasileiros, pois está se questionando um direito fundamental dos negros: o direito à vida, o da presunção da inocência. A abordagem da polícia sobre a juventude negra é sempre violenta, humilhante e desesperadora. Saber que seu filho pode ser abordado é o pesadelo de qualquer pai ou mãe. Se a população negra soubesse sobre o teor do julgamento que ocorre no STF, seria motivo de paralisação nacional. Um dia de jogo do Brasil, onde a circunstância da vida de ser negro está em disputa.

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