O filho de LeBron James, Bronny James, 18, sofreu uma parada cardíaca enquanto treinava na Universidade do Sul da Califórnia (USC). Ele foi levado às pressas para o hospital pela equipe da Universidade. Segundo informações divulgadas para imprensa na terça-feira (25), Bronny está “em condição estável e não está mais na UTI”.
Segundo informações do The Athletic, o caso aconteceu na segunda-feira (24) enquanto o jovem de 18 anos treinava para a próxima temporada dos jogos universitários, que possibilita a entrada de jovens promessas para a NBA. O filho da lenda da NBA é considerado um dos principais nomes para o próximo draft.
Segundo porta-vozes da família James, Bronny segue bem após precisar ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Eles também disseram que a família pede “respeito e privacidade” e vai atualizar a imprensa quando houver novas informações.
“LeBron e Savannah desejam enviar publicamente seus mais profundos agradecimentos e agradecimentos à equipe médica e atlética da USC por seu incrível trabalho e dedicação à segurança de seus atletas”, disse a família em comunicado.
Essa não é a primeira vez que um jogador da USC é hospitalizado por parada cardíaca durante o treino, No ano passado, o jovem Vince Iwuchukwu também precisou ser hospitalizado pelo mesmo motivo e passou alguns dias internado.
A segunda edição do Fórum Pacto das Pretas anunciou na última terça-feira (25), no Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, o lançamento do Programa de Mentoria e Aceleração da Liderança Feminina, uma parceria entre o Pacto pela Equidade Racial, B3, a Bolsa de Valores do Brasil, ADP Brasil e Fundação Dom Cabral, que vai contribuir com a formação de 30 lideranças negras comprometidas com a equidade racial.
“Esse programa foi desenhado com muito cuidado para a gente tentar, em tese, sanar todos os gaps possíveis. Para que não tenha justificativa para não contratação de uma mulher negra em cargo de liderança. Esse assunto de fato, ele é urgente, a gente tem levado isso com muita seriedade e esse lançamento do programa de mentoria é um retrato disso”, disse Carolina Bandeira, advogada e líder do Núcleo BL4CK, B3.
O programa irá acompanhar 30 mulheres negras para a primeira posição de liderança ao longo de 11 meses, com mentorias, aceleração de carreira, construção de networking e aulas de inglês. As inscrições para o programa de mentoria terão início no dia 7 de agosto na plataforma da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial. Devem ser selecionadas mulheres negras das 5 regiões do país, que farão 368 horas de atividades, incluindo também vivências presenciais, aula com experts e atividades de ampliação de repertório cultural.
“Este programa de mentoria é exatamente aquilo que falei para vocês, nós não queremos ser guerreiras, queremos ser muito mais que isso. E esse programa de mentoria vai nos levar muito mais longe”, celebrou Cláudia Perazio, Gerente de Recursos Humanos da ADP Brasil.
O Pacto de Promoção da Equidade Racial, iniciativa que propõe implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil, realizou o Fórum no Teatro SESI, em São Paulo, com o objetivo de incentivar as empresas e investidores a contribuírem ativamente com soluções práticas de equidade racial no Brasil.
Com o tema “Investimento Privado: Uma estratégia de Transformação Social da Mulher Negra”, o Pacto contou com a presença de lideranças do setor privado, sociedade civil, organizações nacionais e internacionais, consultorias e demais agentes com interesse na pauta racial com intersecção de gênero.
Durante esta terça, Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, o Pacto pela Equidade Racial realizou o segundo Fórum Pacto das Pretas, no Teatro Sesi, em São Paulo. No evento, que teve como embaixadora a vice-presidente de Impacto Social do iFood, Luana Ozemela e como apresentadora a atriz Isabel Fillardis, mulheres negras do setor corporativo discutiram a importância dessas profissionais em cargos de liderança.
Ao discutir sobre Investimento Privado: estratégias para acelerar a mobilidade da mulher preta no ecossistema corporativo, tema central do Fórum Pacto das Pretas deste ano, Roberta Eugênio, Secretária Executiva do Ministério da Igualdade Racial, ressaltou a importância das cotas raciais. “Eu estou aqui porque as políticas de promoção da igualdade racial, como as cotas raciais, deram certo”.
“Nós sempre estivemos no mercado de trabalho, trazendo novas soluções, resistindo e propondo de outras perspectivas. O que aconteceu nas universidades, espaços públicos e pode acontecer nas empresas, é a diversidade, a presença de mulheres negras”, destacou a secretária, sobre os cargos de liderança que podem ser ocupados pelas mulheres negras.
O investimento privado na educação como ferramenta para alavancar o protagonismo feminino no segmento corporativo também foi debatido entre Deloise Jesus, gerente de equidade racial da Fundação Lemann, Joyce Gomes da Costa. assessora para estratégias de engajamento público do consulado dos Estados Unidos, e Thais Dias Luz Borges, Analista Sênior de Estratégias Educacionaisno Instituto Unibanco,que apresentaram os avanços e os desafios que ainda existem para mulheres negras.
“Houve um progresso ao longo dos últimos 50 anos. A proporção de mulheres negras no ensino superior está numa crescente, mas ainda se encontra atrás se comparado a mulheres brancas. E fechar essa lacuna poderia resultar em uma redução de disparidade salarial, em cerca de ⅓”, explicou Joyce.
Durante a tarde, um dos discursos de destaque foi o de Tania Chaves, especialista em diversidade do Grupo Globo, que está entre as mulheres negras reconhecidas pela Powerlist do Mundo Negro, que reforçou a necessidade de as empresas se atentarem as diferentes narrativas: “As empresas precisam se interessar por narrativas diferentes daquelas que elas estavam acostumadas a ter”.
Outra discussão fundamental para o segmento foi a de mulheres no mercado de tecnologia, que reuniu Adriana Barbosa, CEO da Preta Hub, Arlane Gonçalves, diretora e fundadora da CGC e Valdirene Carvalho, consultora de Diversidade e Inclusão da Oracle do Brasil. Na ocasião, Adriana pontuou: “A gente precisa descolonizar o nosso pensamento quando a gente fala o que é tecnologia e o que é investimento social privado para população negra”.
O Fórum também anunciou o lançamento do Programa de Mentoria e Aceleração da Liderança Feminina, uma parceria entre o Pacto pela Equidade Racial e a B3, a Bolsa de Valores do Brasil, que vai contribuir com a formação de 30 lideranças negras comprometidas com a equidade racial.
O filme musical ‘Homecoming’, dirigido por Beyoncé, recebeu reconhecimento no Museu do Oscar, um espaço dedicado à história, ciência e impacto cultural da indústria cinematográfica, criado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A produção da renomada cantora norte-americana apresenta detalhes memoráveis do histórico show que ela realizou no Festival Coachella de 2018, tornando-se uma grandiosa celebração da cultura negra.
Beyoncé Coachella
“Nunca houve, e nunca mais haverá, alguém como Queen Bey, que, com sua 32ª vitória no Grammy em 2023, se tornou a artista com mais prêmios Grammy de todos os tempos“, destacou o Museu do Oscar. “Por sua apresentação histórica no Coachella Valley Music and Arts Festival de 2018, Beyoncé incorporou steppers, drill teams, breakers e uma enorme banda de metais em seu setlist de sucessos contínuos. Com detalhes nos bastidores dos ensaios, filmes caseiros de família e filmagens de shows reais do intervalo da universidade espalhados entre seus números dinâmicos, Homecoming é o melhor filme de show da nova geração”, pontuou.
Com ingressos indisponíveis, o ‘Homecoming’ será exibido no dia 25 de agosto. O Museu do Oscar fica localizado em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos.
A frase “Vagos desejos insinuam esperanças” pertence a uma das mulheres negras mais inspiradoras do nosso país: a Conceição Evaristo. Ela diz muito sobre o que vem ocorrendo com as mulheres negras nos últimos anos, principalmente, nos grupos de mulheres negras que praticam o aquilombamento corporativo.
Nossos vagos desejos de anos anteriores de acabarmos com a solitude que compõe as posições de liderança ocupadas por mulheres negras está acabando. Aos poucos e bem mais lento que gostaríamos, mas está. Mas e as nossas esperanças? Minha ousadia ligada a esta coluna me permite compartilhar com vocês que, neste Julho das pretas de 2023, as minhas esperanças relacionadas a mulheres negras no corporativo mudaram. E mudaram porque literalmente os nossos vagos desejos de equidade corporativa se perderam no poder que o racismo estrutural tem em se modificar e por vezes, e até de corromper a nossa luta. Nos perdemos no debate do colorismo. Nos perdemos no hackeamento do sistema. Nos perdemos no coletivo em prol das vantagens individuais justificadas muitas vezes por “precisamos estar em todos os espaços a todo tempo”. Nos perdemos no vip, nas capas de revistas, no mainstream de eventos e nos camarotes vip. E este se perder passa por não notarmos o nosso teste de pescoço racial corporativo que vem do seguinte questionamento: porque sempre as mesmas? Qual a última vez que você fez este teste relacionados a espaços e conteúdo que você consome de mulheres negras?
Portanto, neste Julho das pretas de 2023, quero propor uma dinâmica diferente nesta coluna. Quero mostrar o resultado deste último ano do meu teste de pescoço racial e mostrar para vocês mulheres negras do corporativo que vocês devem acompanhar, seguir, indicar, dar luz e holofotes. Não à toa, são 25 mulheres que já circulam no mundo corporativo, demonstrando competência, entregas e resultados relevantes em sua caminhada, currículos excepcionais e precisam ser lembradas sempre que você fizer o seu teste. Conceição também disse que O importante não é ser o primeiro ou primeiro, o importante é abrir caminhos. Aqui na torcida para que quem se perdeu, de tempo de voltar e todas juntos abrirmos mais caminhos, para que, quando a conta desta perda do essencial chegar (e já está chegando), tenhamos o maior número de mulheres negras unidas em torno do nosso bem viver COLETIVO e que foram as reais esperança da nossa ancestralidade.
Agradecimentos especiais a Silvia Nascimento, Sauanne Bispo, Priscilla Arantes, Kelly Baptista por colaborarem com esta lista potente:
As nossas 25 indicações são:
1 – Iris Barbosa: Conselheira I C-Level I CLO I Palestrante I Ex Head Apple & McDonalds para América Latina I ABRH, Instituto Pactuá e Comissão de Pessoas ibgc I ESG Saint Paul e C101. LINKEDIN
11- Thais Santos: Diretoria de Marketing. LINKEDIN
12- Jessica Sadin:HR Director || Leadership Mentor. LINKEDIN
13 – Janaína (Jana) Assumpção: Diretora de Conta | Mentora | Jurada Ampro Awards 2021 | Digital Events | Streaming | Branding Cause | Diversity | Media Training. LINKEDIN
14 – Fernanda Quadros:Psicóloga/Palestrante/Gestão de Pessoas há 23 anos/Atuação em DE&I/Diretora de Sustentabilidade e Diversidade na ABRH – SC/Estudiosa em E.S.G./Founder na LiderAction/Alumni101. LINKEDIN
17 – Priscila Salgado: Chief diversity and Inclusion officer. LINKEDIN
18 -Monica Marcondes: Board Member e Executive. LINKEDIN
19 – Laiz Carvalho: Brazil Economist| 50 Women Impact LATAM 2023 pela Bloomberg | Founder Black Swan. LINKEDIN
20 – Ana K Melo. HRBP Manager | Diversity & Inclusion Lead. LINKEDIN
21 – Angelica Vasconcelos: Diretora de Equidade, Inovação, Tecnologia , CX, conselheira e Co-autora . LINKEDIN
22 – Raquel logato: Client Success Manager – LatAm. Nutritionist, specialist in Public Health and iFood Safety Management and Nutritional Qualit. LINKEDIN
23 – Daniele Marques: Analista de Diversidade e Inclusão | Coordenadora do projeto Do Silêncio ao Silício| Especialista em inovação e Startups. LINKEDIN
24 – Lucied: Diretora Global de Experiência do Cliente e Serviços de Vendas | Marketing | Negócios | Inovação e Digital | Palestrante e Mentora CX e Carreira | Diversidade | Coautora do livro Experiência do Cliente. LINKEDIN
25 – Claudia Paula: cofundadora do Black Chamas | conselheira101 Mentora | Palestrante | 12a. Programa de Aceleradora de Carreira do Grupo Mulheres do Brasil | CEO do Podcast Vai Dar Bom | Superintendente Comercial. LINKEDIN
Os atores e roteiristas de Hollywood estão em greve, lutando por melhores condições de trabalho e por garantias de melhores remunerações. A atriz Sheryl Lee Ralph é um dos nomes à frente das negociações com os grandes estúdios de cinema e televisão. Numa recente entrevista para a Vanity Fair, a atriz vencedora do Emmy, comentou sobre a paralisação, que já dura mais de duas semanas.
“As paralisações são muito difíceis. Ninguém quer entrar em greve, mas às vezes você tem que fazer o que precisa ser feito. Por mais difícil que seja, as pessoas devem se lembrar: se os verdadeiros trabalhadores não se unissem e se organizassem, nenhum de nós teria um fim de semana“, destacou Sheryl. “Eu só quero que todos entendam que não se trata de ganhar mais milhões de dólares porque, por mais quieto que seja, pelo menos 80% do nosso sindicato são pessoas simples, velhas, comuns e trabalhadoras que não tiveram um aumento no custo de vida em 40 anos”.
Foto: AFP
De acordo com a SAG-AFTRA, popularmente chamada de Sindicato dos Atores de Hollywood, os estúdios propuseram nas negociações pré-greve que os atores pudessem ter suas imagens escaneadas e vozes gravadas — ganhando apenas o pagamento de um dia de trabalho. Dessa forma, através de inteligência artificial (IA), os atores seriam substituídos por imagens pré-gravadas e alteradas.
“Estamos tentando recuperar o que foi perdido com a tecnologia. Este não é o tempo de nossos pais, quando a revolução industrial estava chegando e as coisas avançavam em um ritmo de mudança. A IA é uma dádiva e também uma ameaça. E se alguém pensa que a IA tem um desempenho melhor do que um ser humano e que o corpo de todos deve ser capturado para que você possa trazê-lo de volta a qualquer momento, eu respondo: ‘Não‘”, enfatizou Sheryl. “E as pessoas merecem um pagamento adequado. Se todo mundo está ganhando dinheiro com nosso trabalho, nunca deve haver um momento em que o artista não esteja ganhando dinheiro com seu próprio trabalho“.
Em busca de resgatar memórias de pensadoras negras brasileiras, a série “Resíduo”, do Canal Brasil, apresenta a história de duas escritoras que fizeram a diferença. O último episódio, apresenta a história da poeta Stella do Patrocínio e será transmitido nesta terça-feira (25) em homenagem ao Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
A minissérie de quatro episódios conta a história de quatro pensadoras que fizeram a diferença na história do Brasil. Em especial ao Julho das Pretas, dois episódios foram dedicados para duas pensadoras negras: Beatriz Nascimento e Stella do Patrocínio.
Stella do Patrocínio | Foto: Arquivo
O primeiro episódio de “Resíduos”, conta a história de Beatriz Nascimento. Nascida no início da década de 1950, Beatriz entrou no curso de História na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, mesmo sendo rejeitada pelos colegas acadêmicos, fundou o primeiro coletivo de estudantes e pesquisadores negros do país.
Beatriz Nascimento | Foto: Arquivo
Já o episódio que encerra a minissérie, conta a história da poeta Stella do Patrocínio, que passou quase 30 anos na Colônia Juliano Moreira, um hospício que aprisionava em sua maioria mulheres negras e pobres. Ela morreu em 1992, mas seus poemas, que eram recitados, foram transcritos e transformados no livro “Reino dos bichos e dos animais é o meu nome”. Seu nome também está presente na lista da 35ª Bienal de São Paulo, que acontece em setembro deste ano.
“A realização da série foi um processo de descoberta de inúmeras escritoras, poetas e pensadoras brasileiras que tiveram suas obras e por vezes sua própria existência negada. Nosso desejo foi de reencontrá-las, ouvir suas palavras, voltar aos lugares que elas percorreram e que moveram suas histórias”, comentou Marília Rocha, diretora do projeto.
Um dos nomes que integraram a equipe foi a cineasta Safira Moreira, que já foi premiada pelo curta-metragem “Travessia”. Ela foi responsável pelo desenvolvimento do roteiro da minissérie.
O último episódio será transmitido nesta terça-feira, às 19h45, com reprise na quarta-feira (26), às 08h. Os quatro episódios de “Resíduos” já estão disponíveis no GloboPlay.
“Nós não falamos de emancipação das mulheres como um ato de caridade ou por causa de uma onda de compaixão humana. É uma necessidade básica para o triunfo da revolução”
Thomas Sankara
Julho das Pretas é o período em que ocorrem homenagens, discussões e manifestações abordando o papel das mulheres negras no processo de emancipação e afirmação política contra todas as formas de opressão que recaem com aguda intensidade em suas vidas; além do fortalecimento das organizações e movimentos com agendas que visem a superação das questões de raça e gênero. Neste mês também é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e o Dia Nacional da Tereza de Benguela e da Mulher Negra (lei n° 12.987/2014), ambos no dia 25.
A contribuição das mulheres pretas durante a história é imensa, mas a influência do patriarcado na dinâmica da sociedade – digo, a manutenção do homem branco e rico como centro das relações de poder -, negligenciou o papel dessas mulheres. Elas foram fundamentais na política, educação, tecnologia, economia, cultura, etc., e protagonizaram movimentos insurgentes que ocorreram no Brasil e no mundo. Entretanto, mesmo que eu esteja me referindo no tempo passado, a importância das mulheres negras persiste.
No entanto, precisamos reconhecer que desde a formação da sociedade é exigido às mulheres negras, de maneira não verbalizada, resistência, atenção redobrada e enfrentamento em tempo integral. Tudo isso por conta de um arranjo complexo na cultura brasileira, desumanizante e violenta, que inclui altas taxas de feminicídio, estupro e violência doméstica atingindo em massa esse grupo.
Nesse sentido, os discursos confrontando as violências importam no aspecto educativo e aglutinador de forças contrárias ao status quo; porém, de nada adiantará se não estiverem articulados com ações políticas concretas. Os homens negros precisam contribuir na luta. Não basta solidariedade simbólica. Afinal, os nossos ancestrais – homens e mulheres africanos – foram sequestrados e trazidos no mesmo navio negreiro. Lembremos sempre das palavras de Thomas Sankara na epígrafe deste texto. Dito isso, cito brevemente a biografia de cinco mulheres pretas que não podem ser esquecidas, mas consciente de que se tivesse que escrever todos os nomes necessários não haveria espaço suficiente.
Foto: Folhapress
Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977) nasceu na cidade de Sacramento, no estado de Minas Gerais. Escreveu a obra “Quarto de despejo: Diário de uma favelada”, onde retratou de maneira crítica e sensível, e com uma linguagem simples, o seu processo de sobrevivência na favela situada na cidade de São Paulo. O livro atravessou fronteiras, e tornou-se reconhecido internacionalmente. Intelectuais e críticos o consideram uma das mais importantes obras da literatura brasileira.
Foto: Reprodução
Lélia Gonzalez (1935 – 1994), mineira, nasceu na cidade de Belo Horizonte. Antropóloga, professora universitária, importante nome do movimento negro brasileiro. A dimensão de Lélia é tamanha, tanto que Angela Davis, intelectual revolucionária e ex-militante do Partido dos Panteras Negras, quando esteve no Brasil (2019) fez o seguinte comentário “Porque precisam procurar nos EUA uma referência, se aqui vocês têm muitas formuladoras como Lelia Gonzalez. Eu venho aqui e sinto que mais aprendo do que ensino.” Lélia Gonzalez contribuiu enormemente para cimentar as bases da reflexão crítica para a luta das organizações, ativistas e militantes contra a opressão de gênero, classe e raça. Foi candidata a deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e candidata a deputada estadual pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Foto: Reprodução
Neusa Santos Souza (1951 – 2008) nasceu em Cachoeira, Bahia. Psiquiatra e psicanalista. Em 1983, publicou a obra “Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social”, que foi a sua dissertação de mestrado. O material é fundamental para a compreensão do racismo e os impactos nocivos na saúde mental da população negra. Neusa também participou do Movimento Negro Unificado (MNU-RJ).
Foto: Reprodução
Tereza de Benguela, liderança quilombola, nasceu no continente africano, e chegou ao Brasil por volta de 1730. Liderou bravamente o Quilombo do Quariterê, conhecido como Quilombo do Piolho, situado no Mato Grosso. No Anal de Vila Bela do ano de 1770 é mencionado que Rainha Tereza “Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais, Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo.” Sob seu comando o quilombo resistiu em torno de duas décadas.
Foto: Reprodução
Yvonne Lara da Costa (1922 – 2018), a eterna Dona Ivone Lara, nasceu no Rio de Janeiro, RJ. Intérprete, compositora, formada em enfermagem e serviço social, a grande “Dama do Samba” é referência musical e umas das expoentes da cultura negra no Brasil. Com pé no chão e muita serenidade, sabedora dos obstáculos sociais oriundos do machismo e racismo, dedicou-se a área da saúde até a conquista da aposentadoria. Do seu ponto de vista, era necessário primeiramente garantir uma segurança econômica. E somente aos 64 anos, entrou de cabeça na carreira artística e eternizou canções como “Tendência”, “Sorriso Negro”, “Acreditar”, entre outras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo. Diário de uma favelada. São Paulo: Francisco Alves, s.d. (1ª Ed. 1960)
Enciclopédia brasileira da diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004. 4.ed. São Paulo: Selo Negro, 2011.
RATTS, Alex; RIOS, Flávia. Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro ou As vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Zahar.
Quem foi Tereza de Benguela? Você já ouviu falar no quilombo do Quariterê? Se você souber, parcialmente, as respostas destas perguntas te convido a fazer um exercício de imaginação. Vamos nos transportar para o Brasil do século XVIII, lá pelos idos de 1770, interior do Brasil, mais especificamente, no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Entre as matas e rios um grupo de negros e negras (livres, libertos e escravizados) tanto brasileiros quanto africanos e indígenas viviam em uma grande comunidade liderada por uma rainha. Tereza, guerreira, bela, altiva, corajosa e destemida liderou o Quilombo do Quariterê por duas décadas. Ela era líder política e militar. A economia do quilombo era baseada na agricultura de subsistência e em pequenas trocas externas. Plantavam principalmente algodão para confecção de tecidos que eram trocados por minerais preciosos e algumas armas. Daqui a pouco, você vai perceber, que esta era uma troca importante. Já sua organização política era parlamentar funcionando a partir de reuniões semanais com os deputados e sob o comando da rainha.
Agora que conseguimos imaginar a organização econômica, política e composição social do quilombo já somos capazes de supor o quanto as forças coloniais não estavam satisfeitas com a existência de Tereza e do quilombo. A insatisfação é uma maneira amena de dizer que o governo colonial organizou uma verdadeira guerra contra os quilombolas, que resistiram bravamente.
O que sabemos sobre a história de Tereza de Benguela é pouco e sob a jurisdição de quem detinha as letras e que por coincidência eram aqueles que queriam acabar com ela. Não conseguiram porque ela existe e resiste para pessoas como nós, negras que lutam contra o racismo. Mesmo diante dessas fontes enviesadas e repletas de silenciamentos podemos conhecê-la. A principal documentação que contém informações sobre o quilombo e sua rainha é o conjunto de anais da Vila Bela, escrito anualmente por vereadores da primeira capital da capitania do Mato Grosso.
Sobre o nascimento de Tereza. Há quem acredite que ela teria nascido na África e que seu sobrenome faz referência a Benguela velha região de Angola, outros defendem que ela teria nascido aqui mesmo no Brasil. Foi escravizada por Timoteo Pereira Gomes casou-se com o negro José Piolho, que foi comandante do quilombo até ser assassinado pelas forças coloniais. A partir da morte de seu esposo, Tereza assumiu o comando do quilombo. Ela governou por vinte anos. Até ser capturada pelas forças coloniais durante uma das diversas expedições que tinha como objetivo destruir o quilombo.
Consta nos anais de 1770 que Tereza: “Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais. Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo.”
No livro Enciclopédia Negra de Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz apontam que Tereza talvez teria chegado à região de mineração por volta de 1730, na época circulavam notícias de que “africanos recém desembarcados nos portos de Belém e São Luiz eram clandestinamente revendidos e transportados para a capitania do Mato Grosso. Seriam eles tanto africanos ocidentais, muitos da alta Guiné quanto centro africanos entre os quais embarcados ao sul de Angola via portos de Benguela”.
Os primeiros registros sobre o quilombo datam de 1748 que já sinalizam sua existência e um expressivo crescimento tanto em tamanho quanto a nível populacional e originou mais de um núcleo. Esta expansão era uma ameaça à manutenção da estrutura colonial de dominação. A destruição violenta do quilombo era a única solução para a coroa portuguesa.
Em 1770, após duas décadas governando o Quariterê, a rainha foi capturada em uma expedição punitiva. Conforme relatou o bandeirante Felipe José Nogueira Coelho em suas memórias citadas na obra Enciclopédia Negra, na ocasião, “foram capturados, entre homens, mulheres e crianças, mais de cem quilombolas, trinta dos quais eram livres.”
Há duas versões sobre a morte de Tereza. A primeira que os bandeirantes as mataram e expuseram sua cabeça no centro do quilombo. A segundo ela teria se suicidado (como um último ato de resistência). Mesmo após a morte da rainha o quilombo teria se mantido até 1795, quando ele sucumbiu, sufocado pela violência dos colonizadores. O que os colonizadores não imaginavam era que Tereza de Benguela estaria viva até hoje. Ela estaria em 1994, na avenida sendo homenageada pela Escola de Samba Unidos do Viradouro no carnaval carioca. Que em 2014 ela daria nome a uma lei federal, que institui 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Volto a pergunta inicial, porém trocando o tempo verbal. Pois Tereza não era, Tereza é. Ela é símbolo de resistência. É Rainha da Liberdade. Ela representa as lutas e vitórias das mulheres negras brasileiras.
Nesta segunda-feira (24), Iza divulgou nas suas redes sociais o teaser de “Fé nas Maluca”, música inédita com a MC Carol. O lançamento será nesta quinta-feira (27) e dá início a contagem regressiva para o novo álbum da artista.
No teaser de “Fé nas Maluca”, é possível ouvir um trecho da participação da MC Carol e um spoiler do visual do clipe. O machado de Xangô é citado na música e também no clipe.
O single também vem como sinal para os fãs da Imperatriz de que o álbum está chegando. Semanas atrás, ela revelou em uma entrevista que seu álbum já está pronto e será lançado antes do The Town, que acontece em setembro e ela se apresenta como uma das artistas principais.
Seu primeiro álbum, “Dona de Mim”, foi lançado em 2018 e desde então ela gravou alguns singles, participações e também foi apresentadora do The Voice. Além disso, Iza também estreou este ano como atriz em “Um ano inesquecível – Outono”, dirigido por Lázaro Ramos.
“Fé nas Malucas” será lançado ainda esta semana, na quinta-feira, às 21h.