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Jogador de futebol denuncia caso de racismo em loja da Zara no Rio de Janeiro

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Foto: Reprodução

O jogador de futebol Guilherme Quintino, de 20 anos, relatou ter sido vítima de racismo em uma loja da Zara localizada no Barra Shopping, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O jovem, que atualmente joga no Volta Redonda, denunciou a abordagem discriminatória e o constrangimento vivenciados ao ser impedido de sair da loja por um segurança.

Segundo informações compartilhadas pelo jornal O Globo, Guilherme contou que foi abordado pelo segurança da loja que o impediu de sair do local e o obrigou a mostrar onde estavam as peças que havia escolhido para compra. Acompanhado de sua namorada, Juliana Ferreira, o jogador experimentou algumas roupas e decidiu adquirir um casaco e uma calça de moletom, que ele colocou na sacola disponibilizada pela loja para clientes no período de compras. No entanto, com a possibilidade de promoções no dia seguinte, decidiram voltar para finalizar a compra depois.

Ao se dirigirem à saída da loja, foram abordados pelo segurança, que questionou Guilherme sobre uma sacola que ele teria em mãos. O jogador afirmou que deixou a sacola no setor masculino, mas o segurança exigiu que ele o levasse até o local onde a sacola estava. Guilherme ressaltou que sua namorada, uma mulher branca, não foi questionada em nenhum momento.

Guilherme descreveu a situação como constrangedora e afirmou que se sentiu acuado durante os cerca de 40 minutos em que foi abordado pelo funcionário da loja. Ele também mencionou a falta de explicação por parte dos funcionários durante toda a ocorrência. “Eu fui completamente constrangido, me senti acuado, saí de cabeça baixa. Minha namorada percebeu que eu estava abalado e falou que não era possível aquilo passar em branco. Eu estava sem condições de falar nada, então, ela tomou as rédeas da situação”, contou.

A namorada de Guilherme, Juliana, tomou a iniciativa de relatar o incidente à gerente da loja, porém, assim como os demais funcionários, ela não ofereceu qualquer explicação. A resposta recebida foi a sugestão de entrar em contato com o jurídico da Zara, que apenas se desculpou. Foi Juliana quem gravou o vídeo que está repercutindo nas redes sociais.

O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). A Zara informou que está investigando o ocorrido e ressaltou que a abordagem descrita não está de acordo com as práticas e valores da empresa. O Barra Shopping também se manifestou, lamentando o incidente e repudiando qualquer tipo de discriminação, colocando-se à disposição das autoridades para esclarecimentos.

Guilherme expressou sua indignação diante do ocorrido e ressaltou que ninguém merece passar por situações semelhantes, enfatizando a importância de lutar contra o racismo e garantir que outras pessoas não enfrentem essa realidade. “Por esses dias eu não quero sair de casa, quero ficar mais tranquilo, mas isso que aconteceu não deve ser um empecilho para mim e nem para nenhum negro frequentar a loja que deseja. Somos pessoas trabalhadoras e honestas, acusadas cotidianamente de forma errada. Ninguém merece passar por isso, eu sei que qual é a dor e estou lutando para que não aconteça com outra pessoa”,, disse ele.

A denúncia de Guilherme destaca a necessidade contínua de combate ao racismo e reforça a importância de espaços inclusivos e igualitários em todas as áreas da sociedade.

Fotógrafo revela detalhes do icônico ensaio fotográfico de Beyoncé para o álbum “Dangerously in Love”

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Foto: Reprodução

Markus Klinko, o fotógrafo responsável pela capa do álbum “Dangerously in Love” de Beyoncé, compartilhou algumas informações dos bastidores do icônico ensaio fotográfico.

Em uma entrevista ao Insider, em comemoração ao próximo aniversário de 20 anos do lançamento do álbum, Klinko revelou que a cantora acabou pegando emprestada uma peça de roupa dele para a sessão de fotos – a calça jeans que ele estava usando naquele dia.

Klinko mencionou como Beyoncé havia se inspirado em uma imagem que ele havia capturado anteriormente de Laetitia Casta, intitulada “The Web” (A Teia), para o ensaio. Na foto, a modelo francesa está deitada em uma teia de aranha cravejada de joias e vestindo fios de material cintilante.

“Ela disse que realmente amava aquela imagem e se poderíamos fazer algo parecido, mas menor, com ela. E eu não sabia muito bem como interpretar isso”, explicou ele ao Insider. “Essa imagem é muito azul, principalmente azul, azul escuro. Quando ela disse isso, eu realmente não soube imediatamente o que fazer a respeito.”

Klinko disse que, quando chegou ao ensaio, a mãe de Beyoncé, Tina Knowles-Lawson, que era sua estilista na época, havia levado uma blusa estilo teia incrustada de diamantes que ajudaria a replicar a imagem de uma maneira própria.

“Ela trouxe essa blusa de diamantes e eu imediatamente reconheci como uma oportunidade”, disse Klinko. “Eu mencionei isso para Beyoncé e disse: ‘Bem, aqui está. Isso é o que devemos fazer’.”

No entanto, Klinko observou que Beyoncé não era fã da peça. “Ela disse que não gostou”, explicou. “Ela achou que não funcionou porque sua mãe queria combiná-la com saias longas. Beyoncé disse: ‘Vai ficar muito parecido com um baile de formatura ou um tapete vermelho, e eu não quero isso’.”

Ele continuou: “Beyoncé disse: ‘Bem, nós não trouxemos nenhum jeans. Não trouxemos nada’. Eu disse: ‘Você pode experimentar minha própria calça jeans que estou usando’. Ela disse: ‘Ok, vamos tentar’. E foi isso que fizemos.”

Quase 20 anos depois, Klinko revela que ainda tem a calça jeans depois que a cantora de “Crazy in Love” a devolveu em perfeitas condições.

“Foi muito fofo, porque Beyoncé as levou depois da sessão de fotos. E então, em nossa próxima sessão para a Pepsi, ela as trouxe de volta e as tinha embrulhado e limpas a seco”, contou ele ao Insider. “Ela me devolveu e disse: ‘Muito obrigado e por favor, não as venda no eBay'”.

O álbum de 2003, que ganhou cinco prêmios no Grammy de 2004, foi o álbum de estreia solo de Beyoncé.

Fonte: Revista People.

Marcão do Povo é condenado por injúria racial contra Ludmilla

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Fotos: Reprodução/Instagram

O apresentador Marcão do Povo foi condenado a 1 ano e 4 meses de prisão, em regime aberto, além do pagamento de R$ 30 mil de indenização à Ludmilla, pelo crime de injúria racial.

De acordo com informações do G1, a prisão foi substituída por pena restritiva de direitos, que ainda vai ser decidida pelo juízo da execução criminal. Entre as punições previstas, ele poderá realizar prestação de serviços comunitários e pagamento de valores a instituições sociais.

O julgamento foi realizado nesta quinta-feira (22), em decisão da 1ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que analisou um recurso apresentado pela defesa da cantora. Por 3 votos a 0, os desembargadores decidiram pela condenação.

O Ministério Público do DF denunciou o ex-apresentador do Balanço Geral do DF, após ele chamar Ludmilla de “pobre macaca” em rede nacional, em 2017, mas foi absolvido pela 3ª Vara Criminal, em primeira instância, em março deste ano, e a artista recorreu a decisão.

Após atitude racista, Marcão do Povo foi demitido da Record, e logo contratado pelo SBT, onde apresenta o jornal ‘Primeiro Impacto’. 

Fonte: G1

Segunda edição da Powerlist Mundo Negro será celebrada durante o II Fórum Pacto das Pretas

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Foto: Carlos Junior/ CULTNE

A presença de mulheres negras na liderança é algo que precisamos enaltecer sempre pelo tamanho do desafio que é estar em ambientes de decisão com todos os recortes de raça e gênero que tornam esse trabalho uma vitória constante.

Neste ano, o Mundo Negro quer celebrar mais uma vez essas trajetórias com a segunda edição da “Powerlist Mulheres Negras transformando histórias” que seleciona e reconhece o trabalho de 10 mulheres que conquistaram relevância e geraram impacto social em suas comunidades através da atuação em diferentes segmentos.

Diferente do ano passado, em que a cerimônia de premiação ocorreu no Rio de Janeiro, a Powerlist 2023 acontecerá dentro do II Fórum Pacto das Pretas, realizado no dia 25 de julho, data de celebração do Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, no Teatro Sesi, em São Paulo. O evento possui grande relevância para mulheres negras no setor corporativo e foi criado como uma estratégia da associação Pacto de Promoção da Equidade Racial para que suas vozes sejam ouvidas. 

CEO do site Mundo Negro, Silvia Nascimento é responsável por criar a Powerlist. A diretora de conteúdo do site afirmou que “A primeira Powerlist foi o início de algo muito especial para além do que eu imaginava. As 10 mulheres do ano passado se tornaram amigas, se empoderam entre si e obviamente se sentiram inspiradas a fazer mais por sua comunidade. Divulgar a lista deste ano em parceria com Pacto das Pretas vai ser uma oportunidade do Mundo Negro amplificar a importância deste tipo de reconhecimento em espaços com outras mulheres poderosas, potentes, além daquelas que estão iniciando suas carreiras”, celebrou.

Ednalva Ap. Moura dos Santos, Gerente de Relações Institucionais e Líder do Coletivo Pacto das Pretas, falou sobre a importância da união entre Pacto das Pretas e Mundo Negro para a divulgação da Powerlist. “Além dos painéis temáticos e o lançamento do Programa de Mentoria e Aceleração de Carreiras de Mulheres Negras, teremos a felicidade e a oportunidade de unir esforços com o reconhecido Mundo Negro na premiação da Powerlist Mundo Negro, prestigiando 10 mulheres que fazem a diferença nos diferentes segmentos que atuam profissionalmente”.

O Pacto das Pretas é um evento gratuito e o primeiro lote de ingressos já esgotou. O segundo lote foi disponibilizado no site da Sympla. Clique aqui para pegar o seu.

O evento terá a presença de Rachel Maia, Presidente do Conselho Consultivo da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial e de Luana Ozemela, Vice-presidente de Impacto Social, do iFood, embaixadoras do Pacto das Pretas. Além de Isabel Fillardis como apresentadora. 

Lázaro Ramos vai interpretar o detetive Mário Fofoca em ‘Elas Por Elas’, nova novela da TV Globo

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Foto: Divulgação / Julia Rodrigues.

A TV Globo anunciou nesta quinta-feira (22) a presença de Lázaro Ramos no elenco de ‘Elas Por Elas’, nova novela das 6, que chega como uma releitura da trama criada originalmente na década de 1980. O consagrado ator vai interpretar o personagem Mário Fofoca, detetive que se tornou um ícone na teledramaturgia brasileira por solucionar seus casos aos trancos e barrancos e veste sempre o mesmo terno quadriculado e uma gravata colorida.

O novo papel de Lázaro marca seu retorno para as novelas da TV Globo. Em 2021, ele encerrou contrato com a emissora e passou a focar seu trabalho em outras produções.

Sem maiores detalhes sobre a obra, na nova roupagem, escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson com direção artística de Amora Mautner, e direção de gênero de José Luiz Villamarim, sete amigas que na juventude se conheceram em um curso de Inglês se reencontram 25 anos depois. “

“A vida dessas sete personagens será transformada a partir do momento em que elas se reencontram, e aí a história se desenvolve. É uma novela que traz a força das mulheres, mostrando a amizade e a conexão entre elas. Uma história leve, para levar entretenimento e alegria ao público”, diz Amora Mautner, diretora artística do folhetim.

‘Elas Por Elas’ ainda não possui data de estreia.

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Mover anuncia 30 mil bolsas de inglês, exclusivas para pessoas negras, em parceria com a EF Education First

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Foto: Luiz Rodrigues

Mover (Movimento pela Equidade Racial) anuncia o lançamento de 30 mil bolsas de inglês, exclusivas para pessoas negras, feito em parceria com a EF Education First, durante encontro com CEOs das empresas associadas, em comemoração aos dois anos de atuação, na manhã desta quinta-feira (22), em São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake.

O programa disponibiliza acesso à escola virtual, com 50 mil cursos de auto estudo. As inscrições iniciam-se no dia 24 de julho e para se inscrever é necessário se autodeclarar preto ou pardo, no site do Mover. (acesse aqui)

Além das bolsas de inglês, o Mover anunciou também, o lançamento do Game Bora Mover. Trata-se de um jogo para levar letramento racial e atuar na transformação da sociedade, de forma lúdica e inovadora. Em sua primeira versão foi disponibilizado para colaboradores das empresas associadas. Já a sua mais nova versão será disponibilizada para o público geral.

Os programas lançados pelo Mover tem o objetivo de cumprir a meta de novas 10 mil posições de liderança para pessoas negras. “Quando as empresas entram, assumem o compromisso, que dentro das suas escrituras, também tem uma necessidade de mudança. Cada empresa tem os seus objetivos, e qualificando toda a população, a gente acredita que esse potencial aumenta. Vamos ter pessoas com as novas competências que o mundo exige, e de alguma forma, qualificadas para se conectar com as vagas”, explica Carlos Domingues, diretora-executivo do Mover e líder da área de diversidade, equidade e inclusão da PepsiCo.

Para a Luciane Rodrigues, gerente de impacto social do Mover, as expectativas para atingirem a meta são altas. “Fizemos uma consultoria baseada no censo que as empresas já tinham feito, para entender onde estamos hoje. Quando começamos a destrinchar essas 10 mil vagas com as 47 empresas associadas que temos hoje, validamos esses números com cada uma. Nesse primeiro exercício, percebemos que a gente ultrapassa a meta até 2030. Como o nosso objetivo é continuar trazendo novas empresas, quanto mais aderirem ao movimento, maior será o impacto”.

No encontro de hoje, foi anunciado a entrada de novos associados: McKinsey & Company e PwC Brasil. O Mover apresentou um balanço de todas as atividades e resultados ao longo desses anos. Entre essas ações estão: a promoção de programas de capacitação e empregabilidade com instituições; criação de um modelo de governança participativa, com a inclusão de dois conselheiros externos no Conselho do MOVER reconhecidos na atuação da pauta racial; formação da primeira turma do Programa de Liderança MOVER, baseado na metodologia do ProLíder; lançamento do Coletivo MOVER, em parceria com o Instituto Coca-Cola e do programa Mover Educa Tech; e outras.

Fundado em junho de 2021, o Movimento tem sua atuação pautada em três pilares: Liderança, Emprego e Capacitação e Conscientização com o objetivo de ter mais 10 mil novas posições de lideranças para pessoas negras até 2030; gerar oportunidades para 3 milhões de pessoas de diversas formas, inclusive com cursos, capacitação, conscientização, conexão com empreendedores negros, entre outras ações; e ser uma plataforma e ferramenta de apoio na meta de ter uma população conscientizada quanto ao racismo, por meio de comunicação ativa para públicos internos e externos, englobando toda a cadeia de valor.

Diferença de atenção entre busca por bilionários e naufrágio com imigrantes na Grécia mostra quais vidas são valorizadas

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Foto: Guarda Costeira da Grécia/Handout/Anadolu Agency via Getty Images

Um oceano de diferenças volta a ser palco de tragédias ignoradas para povos não ocidentais. Enquanto o mundo para para olhar e comentar a busca pelos 5 bilionários a bordo do submersível que desapareceu no oceano em uma expedição aos destroços do Titanic, mais de 300 pessoas morreram em um naufrágio no Mar Mediterrâneo. 

São pessoas que saíram de seus países em uma traineira de pesca lotada com cerca de 750 ocupantes, crianças e mulheres em sua maioria. O barco de pesca saiu da Líbia em direção à Europa e afundou em Pylos, na Grécia, no dia 14 de junho, de acordo com informações da Organização das Nações Unidas (ONU).

O governo paquistanês acredita que mais de 300 cidadãos do país estão entre os mortos. Mas no barco também levava cidadãos sírios, egípcios e palestinos. Segundo informações das autoridades gregas, o número de mortos era de 82 pessoas até agora e quase 500 ainda estavam desaparecidas. Além disso, eles afirmam que 104 pessoas sobreviveram à tragédia, sendo 12 delas de nacionalidade paquistanesa.

A tragédia na Grécia seria uma das maiores dos últimos tempos na região e chama atenção a importância dada pela população mundial ao assunto, frente ao que está acontecendo com os bilionários na expedição ao Titanic, outra tragédia, mas que em diferente medida, mostra quem ganha relevância em uma sociedade que tende a esquecer a necessidade de olhar para o mundo além das questões do ocidente.

Em uma publicação no Instagram, a jornalista Rosane Borges criticou a fetichização da tragédia por esses mesmos super ricos que se colocaram em risco para visitar os destroços de um barco naufragado há anos em meio a uma tragédia “No caso desta expedição, tem ainda o adicional do fetiche à tragédia, de uma rememoração da dor, da barbárie, sem que ela seja transformada em algo que emancipe e mude o curso da história.”, disse ela.

O jornalista Leonardo Sakamoto, ao comparar a atenção dada ao naufrágio na Grécia e à atenção dada aos bilionários que desapareceram no submersível ressaltou que não se trata de uma “disputa de tragédias, mas revela nossas prioridades como sociedade”. “É impossível comparar tragédias pelo número de mortes, uma vez que uma única morte pode compor uma tragédia. E a indignação por algo não exclui a indignação por outra coisa. Mas jogar para baixo do tapete as realidades que também dizem respeito a todos nós, não fazem elas desaparecerem. Pelo contrário, mais cedo ou mais tarde, elas reaparecem. E cobram o preço de nossa inação”, destacou.

Ainda agregado aos diferentes pesos e medidas atribuídos às tragédias e aos refugiados que foram ludibriados por contrabandistas, está a falta de esforços das autoridades gregas na ajuda à embarcação, que foi avistada pela guarda costeira da Grécia antes do naufrágio. Eles afirmam que os passageiros recusaram ajuda, mas fotos da embarcação mostram que os passageiros estavam com os braços levantados quando foram avistados.  

A pergunta que resta, que estamos cansados de repetir e que sabemos a resposta é “quais vidas são valorizadas?”. É uma questão que não deveria existir já que toda vida deve ser valorizada, mas o mar que foi palco das tragédias de pessoas negras em muitos momentos, hoje é de novo aquele que traz a resposta sobre as vidas que infelizmente parecem importar mais.

Autoridades egípcias proíbem museu holandes de escavações por exposição “afrocêntrica” que liga Beyoncé e Rihanna ao Egito Antigo

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Foto: Museu Nacional de Antiguidades

Em mais um episódio de descontentamento com as representações negras sobre o Egito Antigo, autoridades egípcias proibiram arqueólogos do Museu Nacional de Antiguidades (RMO) da Holanda de fazer escavações em Saqqara. O motivo seria por causa da nova exposição do museu, que eles descreveram como “afrocêntrica” por ligar Beyoncé, Rihanna e outros artistas negros ao Kemet.

A exposição “Kemet: Egypt in Hip Hop, Jazz, Soul & Funk” do museu Rijksmuseum van Oudheden (RMO) apresenta artistas negros descolonizados que usam o Egito Antigo como inspiração há anos. A exposição conta com fotografias de álbuns e videoclipes que mostram Beyoncé e Rihanna como Rainha Nefertiti, Nas como rei Tutancâmon, trajes inspirados no Kemet de Sun Ra e canções e outras inspirações de artistas como Nina Simone, Erykah Badu, Miles Davis, Lauryn Hill, entre outros. 

Segundo o museu, eles foram informados da proibição por e-mail que os acusava de “falsificar a história”. De acordo com diretor administrativo do museu, Wim Weijland, o objetivo do “Kemet” é “mostrar e entender a representação do antigo Egito e as mensagens na música de artistas negros e mostrar o que a pesquisa científica e egiptológica pode nos dizer sobre o antigo Egito e a Núbia”. 

Weijland também acrescentou que o museu já explora (com autorização) a necrópole de Saqqara, perto do Cairo, há 50 anos. “O Rijksmuseum van Oudheden está funcionando em Saqqara desde 1975”, disse o diretor que também concordou que eles possuem total direito de proibir. “As autoridades egípcias têm todo o direito de rescindir uma licença para uma escavação; afinal, são suas terras e seu patrimônio. No entanto, o museu considera incorreto o argumento subjacente a essa decisão.”

Após a repercussão, muitos egípcios foram às redes sociais oficiais do museu criticar e muitos fizeram ofensas racistas sobre a exposição. Em nota, o RMO respondeu que não toleram ofensas racistas e discriminação e que convidam a todos para “visitar a exposição e formar suas próprias opiniões.”

Essa não é a primeira vez que o Egito reprova representações negras do Egito Antigo. Em abril, o Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, Mustafa Waziri, disse que representar Cleópatra como uma mulher negra é “uma falsificação da história egípcia”, se referindo a série documental “Rainhas Africanas: Cleópatra”, da Netflix, e que ela teria que ter a “pele clara”.

Ludmilla esbanja leveza em novo clipe ‘Zangadinha’ com Tiago Iorc

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Foto: Bruna Sussekind

Pela primeira vez juntos em uma colaboração musical, Ludmilla e Tiago Iorc lançaram videoclipe inédito da música “Zangadinha”, nesta quarta-feira (21).

Disponível no Youtube, os artistas se encontraram no Rio de Janeiro para gravar o audiovisual e foram coroados com um dia ensolarado e de céu azul, contribuindo com o clima alto-astral da canção. Usando top de crochê e saia jean curta, Ludmilla esbanja beleza e leveza no vídeo, combinando com o ritmo da música.

“Uma vibe muito gostosa, muito doce, muito leve, que é o que a música traz, uma leveza até quando a pessoa está zangada, vibe Tiago Iorc e Ludmilla, que ficou essa junção maravilhosa”, descreveu a cantora no making off do clipe.

Lançada há menos de um mês, no dia 25 de maio, “Zangadinha” já conquistou o público, com mais de 1 milhão de streams nas plataformas de música.

Veja o clipe:

Ao querer enfrentar o racismo, CBF dá aula do que não fazer em uma gestão de riscos sociais reputacionais

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O presidente da FIFA Gianni Infantino e o presidente do CBF Ednaldo Rodrigues 📸 @jo.marconne

Texto: Viviane Elias Moreira

Em 24 de agosto de 2022, a Confederação Brasileira de Futebol realizou um seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, como um marco de um novo momento contra o preconceito no esporte. “Fiz questão de realizar esse evento aqui na sede da CBF para mostrar ao mundo do futebol e aos preconceituosos que ainda frequentam os estádios do país e do mundo, que estamos lutando para bani-los. Sabemos que a realidade é dura. Mas estamos aqui para mudar”, disse o Presidente da CBF, o sr. Ednaldo Rodrigues. 

Ações práticas adotadas pós seminário: 

  • Em 14 de fevereiro de 2023, A CBF instituiu punições por racismo em competições brasileira, que se resumem em:  advertência, multa administrativa, vedação de registro ou de transferência de atletas, perda de pontos, em relação a clubes por infração e só depois de passar por uma comissão que a CBF vai instituir*. 6 meses após o seminário.
  • O grande e oficial posicionamento da CBF quanto os casos de racismo sofridos pelo jogador Vinicius Junior ocorreram somente em 21 de maio de 2023. 8 meses após o seminário realizado e no mínimo 4 meses depois do começo dos primeiros ataques públicos ao jogador.
  • Com a frase “Com racismo não tem jogo”, no dia 17/06/23, a CBF utilizou o amistoso Brasil x Guiné, realizado na Espanha, para adoção de várias “ações” contra o racismo (utilização da camisa preta da seleção pela primeira vez, em 109 anos de história; adesivação do estádio; protocolo de jogo em preto e branco; vídeo no telão de combate ao racismo antes dos jogadores entrarem em campo; 1 minuto de silêncio e regressiva de 10 segundos  para o apito inicial mostrando mãos de atores negros**).  O que foi relevante deste jogo: um representante negro da equipe de Vinicius Junior foi vítima de racismo por parte de um dos seguranças do estádio que lhe apontou uma banana e afirmou que aquela era uma “arma que seria usada contra ele” (ato flagrado e testemunhado por jornalistas no local) e total ausência de crianças negras na entrada com os jogadores em campo: “Num jogo em que é para ser uma bandeira contra o racismo. Não há uma criança negra junto com os jogadores” (fato observado por uma das principais vozes da luta antirracista no futebol, o grande jornalista PC Vasconcellos). 10 meses após o seminário realizado

 

A empresa CBF hoje é o case que você precisa para mostrar para sua empresa do potencial de impacto que o Diversity Washing é capaz de causar para o risco social reputacional da sua empresa. E complemento: as empresas brasileiras não estão preparadas para esta conversa. 

 

Primeiro porque utilizam o termo Diversity Washing para falar sobre concorrentes ou casos externos, mas não se preocupam em entender que fazem a mesma coisa em sua cultura organizacional, utilizando grupos de afinidades como arcabouços de ideias, que, muitas vezes são ignoradas ou sintetizadas em programas de mentorias internas com começo e sem fins e cursos rasos sobre a importância de se falar sobre diversidade e inclusão em universidades corporativas. Importante ressaltar que o termo Diversity Washing foi patenteado no Brasil pela Liliane Rocha, autora do livro Como ser um líder inclusivo e muitas vezes é utilizado sem o devido crédito (ação de apagamento que é uma micro agressão clara para uma mulher negra e é um exemplo de como o Diversity Washing atua).  


Segundo que as áreas de gestão de riscos das empresas, quando levam em conta a questão do risco social, as perguntas direcionadas por estes profissionais estão centralizadas em perda de mão de obra técnica e/ou ausência de funcionários ligados a funções estratégicas decorrentes de doenças, pandemias ou greves. 

 

Não há a pergunta de milhões: quais os riscos para sua empresa em não ter uma equipe com diversidade? E não há como ter esta pergunta: quantas áreas de gestão de riscos, compliance ou resiliência corporativa que você conhece que são diversas? A falta de olhar de pessoas diversas nos processos são o principal ponto para os riscos sociais se tangibilizar nas  empresas. No case CBF, que ninguém, realmente, não notou que não havia crianças negras em meio a no mínimo 22 crianças não negras que estavam por lá? 

 

E aí que o case CBF se mostra o puro suco do que se não fazer em uma gestão de riscos sociais reputacionais: eles poderiam ter o olhar mais apurado e coerente com a causa racial há muito tempo. E dados eles têm de monte: o Observatório da discriminação racial no futebol, lançou em 2021 o 8º relatório sobre discriminação racial no futebol. Sim, OITAVO.  Há dados compilados de casos de discriminação racial no futebol desde 2014, inclusive com indicadores interessantes sobre casos de xenofobia, machismo e LGBTfobia, comparados Brasil e mundo.

 

Lembra ou não lembra aquele censo de diversidade que sua empresa fez no passado e até hoje não divulgou os números ou está trabalhando internamente na base operacional para mostrar o aumento dos indicadores de profissionais negros? Há também a questão de se preocupar com o marketing com frases prontas como: é uma longa jornada para conseguirmos virar o jogo. Os CNPJs adoram esta frase. 

 

Pois, para que você entenda querido cnpj, a jornada que foi longa, vai precisar ser curta porque quem estará acompanhando o seu posicionamento são as pessoas impactadas nesta jornada longa que vão literalmente desistir de vocês. Quer o exemplo do case CBF? Notem a quantidade de pessoas que não assistem mais aos jogos da seleção brasileira e estão migrando para esportes como o basquete, onde houve uma ação imediata por parte dos jogadores com relação a questões raciais nos últimos anos. 

 

Se a sua empresa não começar a se preocupar com as consequências de ignorar as ações de correções imediatas que são necessárias para as questões de riscos sociais reputacionais ligados a diversidade, em especial a questão de diversidade racial em nosso país, mas cases como estes serão cada dia mais incorporados como rotina no imaginário da população brasileira. 

 

Nós, como negros, estamos há 131 anos tentando convencer as pessoas sobre as consequências que o sistema escravocrata deixou de sequelas em nossas estruturas pessoais e corporativas e não podemos permitir que os CNPJs criem evoluções destas micro agressões que sofríamos no passado, disfarçada de S de ESG, como esta que foi eternizada para sempre em cadeia nacional com a ausência de possibilidade de uma criança negra ser reconhecida ao lado dos seus ídolos do futebol. Quer saber as consequências? Leia a minha coluna do mês anterior que estão todas descritas por lá.  

 

Aqui vão meus sinceros agradecimentos e respeito ao Vini Junior (que é a esperança negra de luta antirracista para uma legião de crianças negras periféricas que querem um dia ser como ele), a equipe que “faz a mágica acontecer” do Observatório da discriminação racial no futebol (vocês são fera e uso a camiseta de vez sempre que consigo), ao eterno ídolo Aranha (que não desiste nunca e quem ainda não leu, leia  o Brasil Tumbeiro) e claro, ao mestre incansável, Paulo Cesar Vasconcellos (que foi um dos primeiros jornalistas negros que ouvi a falar sobre as questão racial de foram aberta e coerente neste país).

 

COMENTÁRIO COMPLEMENTAR: sim, mulheres pretas gostam de futebol e eu sou uma delas. Por favor, vamos dar nosso apoio a seleção feminina de futebol na próxima copa do mundo. Elas merecem o nosso respeito em dobro. 

 

Fonte: Acesso em 20/06/2023_14:00h

*https://ge.globo.com/futebol/noticia/2023/02/14/cbf-institui-punicoes-por-racismo-em-competicoes-brasileiras.ghtml

**https://www.terra.com.br/esportes/brasil/amistoso-brasil-x-guine-tera-uma-serie-de-manifestacoes-contra-o-racismo,22a7abe967961570bc82c10a6428123eqnfyyitz.html

***https://www.cbf.com.br/a-cbf/informes/index/ednaldo-rodrigues-abre-seminario-contra-o-racismo-estamos-aqui-para

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