Em busca de resgatar memórias de pensadoras negras brasileiras, a série “Resíduo”, do Canal Brasil, apresenta a história de duas escritoras que fizeram a diferença. O último episódio, apresenta a história da poeta Stella do Patrocínio e será transmitido nesta terça-feira (25) em homenagem ao Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
A minissérie de quatro episódios conta a história de quatro pensadoras que fizeram a diferença na história do Brasil. Em especial ao Julho das Pretas, dois episódios foram dedicados para duas pensadoras negras: Beatriz Nascimento e Stella do Patrocínio.
Stella do Patrocínio | Foto: Arquivo
O primeiro episódio de “Resíduos”, conta a história de Beatriz Nascimento. Nascida no início da década de 1950, Beatriz entrou no curso de História na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, mesmo sendo rejeitada pelos colegas acadêmicos, fundou o primeiro coletivo de estudantes e pesquisadores negros do país.
Beatriz Nascimento | Foto: Arquivo
Já o episódio que encerra a minissérie, conta a história da poeta Stella do Patrocínio, que passou quase 30 anos na Colônia Juliano Moreira, um hospício que aprisionava em sua maioria mulheres negras e pobres. Ela morreu em 1992, mas seus poemas, que eram recitados, foram transcritos e transformados no livro “Reino dos bichos e dos animais é o meu nome”. Seu nome também está presente na lista da 35ª Bienal de São Paulo, que acontece em setembro deste ano.
“A realização da série foi um processo de descoberta de inúmeras escritoras, poetas e pensadoras brasileiras que tiveram suas obras e por vezes sua própria existência negada. Nosso desejo foi de reencontrá-las, ouvir suas palavras, voltar aos lugares que elas percorreram e que moveram suas histórias”, comentou Marília Rocha, diretora do projeto.
Um dos nomes que integraram a equipe foi a cineasta Safira Moreira, que já foi premiada pelo curta-metragem “Travessia”. Ela foi responsável pelo desenvolvimento do roteiro da minissérie.
O último episódio será transmitido nesta terça-feira, às 19h45, com reprise na quarta-feira (26), às 08h. Os quatro episódios de “Resíduos” já estão disponíveis no GloboPlay.
“Nós não falamos de emancipação das mulheres como um ato de caridade ou por causa de uma onda de compaixão humana. É uma necessidade básica para o triunfo da revolução”
Thomas Sankara
Julho das Pretas é o período em que ocorrem homenagens, discussões e manifestações abordando o papel das mulheres negras no processo de emancipação e afirmação política contra todas as formas de opressão que recaem com aguda intensidade em suas vidas; além do fortalecimento das organizações e movimentos com agendas que visem a superação das questões de raça e gênero. Neste mês também é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e o Dia Nacional da Tereza de Benguela e da Mulher Negra (lei n° 12.987/2014), ambos no dia 25.
A contribuição das mulheres pretas durante a história é imensa, mas a influência do patriarcado na dinâmica da sociedade – digo, a manutenção do homem branco e rico como centro das relações de poder -, negligenciou o papel dessas mulheres. Elas foram fundamentais na política, educação, tecnologia, economia, cultura, etc., e protagonizaram movimentos insurgentes que ocorreram no Brasil e no mundo. Entretanto, mesmo que eu esteja me referindo no tempo passado, a importância das mulheres negras persiste.
No entanto, precisamos reconhecer que desde a formação da sociedade é exigido às mulheres negras, de maneira não verbalizada, resistência, atenção redobrada e enfrentamento em tempo integral. Tudo isso por conta de um arranjo complexo na cultura brasileira, desumanizante e violenta, que inclui altas taxas de feminicídio, estupro e violência doméstica atingindo em massa esse grupo.
Nesse sentido, os discursos confrontando as violências importam no aspecto educativo e aglutinador de forças contrárias ao status quo; porém, de nada adiantará se não estiverem articulados com ações políticas concretas. Os homens negros precisam contribuir na luta. Não basta solidariedade simbólica. Afinal, os nossos ancestrais – homens e mulheres africanos – foram sequestrados e trazidos no mesmo navio negreiro. Lembremos sempre das palavras de Thomas Sankara na epígrafe deste texto. Dito isso, cito brevemente a biografia de cinco mulheres pretas que não podem ser esquecidas, mas consciente de que se tivesse que escrever todos os nomes necessários não haveria espaço suficiente.
Foto: Folhapress
Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977) nasceu na cidade de Sacramento, no estado de Minas Gerais. Escreveu a obra “Quarto de despejo: Diário de uma favelada”, onde retratou de maneira crítica e sensível, e com uma linguagem simples, o seu processo de sobrevivência na favela situada na cidade de São Paulo. O livro atravessou fronteiras, e tornou-se reconhecido internacionalmente. Intelectuais e críticos o consideram uma das mais importantes obras da literatura brasileira.
Foto: Reprodução
Lélia Gonzalez (1935 – 1994), mineira, nasceu na cidade de Belo Horizonte. Antropóloga, professora universitária, importante nome do movimento negro brasileiro. A dimensão de Lélia é tamanha, tanto que Angela Davis, intelectual revolucionária e ex-militante do Partido dos Panteras Negras, quando esteve no Brasil (2019) fez o seguinte comentário “Porque precisam procurar nos EUA uma referência, se aqui vocês têm muitas formuladoras como Lelia Gonzalez. Eu venho aqui e sinto que mais aprendo do que ensino.” Lélia Gonzalez contribuiu enormemente para cimentar as bases da reflexão crítica para a luta das organizações, ativistas e militantes contra a opressão de gênero, classe e raça. Foi candidata a deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e candidata a deputada estadual pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT).
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Neusa Santos Souza (1951 – 2008) nasceu em Cachoeira, Bahia. Psiquiatra e psicanalista. Em 1983, publicou a obra “Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social”, que foi a sua dissertação de mestrado. O material é fundamental para a compreensão do racismo e os impactos nocivos na saúde mental da população negra. Neusa também participou do Movimento Negro Unificado (MNU-RJ).
Foto: Reprodução
Tereza de Benguela, liderança quilombola, nasceu no continente africano, e chegou ao Brasil por volta de 1730. Liderou bravamente o Quilombo do Quariterê, conhecido como Quilombo do Piolho, situado no Mato Grosso. No Anal de Vila Bela do ano de 1770 é mencionado que Rainha Tereza “Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais, Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo.” Sob seu comando o quilombo resistiu em torno de duas décadas.
Foto: Reprodução
Yvonne Lara da Costa (1922 – 2018), a eterna Dona Ivone Lara, nasceu no Rio de Janeiro, RJ. Intérprete, compositora, formada em enfermagem e serviço social, a grande “Dama do Samba” é referência musical e umas das expoentes da cultura negra no Brasil. Com pé no chão e muita serenidade, sabedora dos obstáculos sociais oriundos do machismo e racismo, dedicou-se a área da saúde até a conquista da aposentadoria. Do seu ponto de vista, era necessário primeiramente garantir uma segurança econômica. E somente aos 64 anos, entrou de cabeça na carreira artística e eternizou canções como “Tendência”, “Sorriso Negro”, “Acreditar”, entre outras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo. Diário de uma favelada. São Paulo: Francisco Alves, s.d. (1ª Ed. 1960)
Enciclopédia brasileira da diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004. 4.ed. São Paulo: Selo Negro, 2011.
RATTS, Alex; RIOS, Flávia. Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro ou As vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Zahar.
Quem foi Tereza de Benguela? Você já ouviu falar no quilombo do Quariterê? Se você souber, parcialmente, as respostas destas perguntas te convido a fazer um exercício de imaginação. Vamos nos transportar para o Brasil do século XVIII, lá pelos idos de 1770, interior do Brasil, mais especificamente, no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Entre as matas e rios um grupo de negros e negras (livres, libertos e escravizados) tanto brasileiros quanto africanos e indígenas viviam em uma grande comunidade liderada por uma rainha. Tereza, guerreira, bela, altiva, corajosa e destemida liderou o Quilombo do Quariterê por duas décadas. Ela era líder política e militar. A economia do quilombo era baseada na agricultura de subsistência e em pequenas trocas externas. Plantavam principalmente algodão para confecção de tecidos que eram trocados por minerais preciosos e algumas armas. Daqui a pouco, você vai perceber, que esta era uma troca importante. Já sua organização política era parlamentar funcionando a partir de reuniões semanais com os deputados e sob o comando da rainha.
Agora que conseguimos imaginar a organização econômica, política e composição social do quilombo já somos capazes de supor o quanto as forças coloniais não estavam satisfeitas com a existência de Tereza e do quilombo. A insatisfação é uma maneira amena de dizer que o governo colonial organizou uma verdadeira guerra contra os quilombolas, que resistiram bravamente.
O que sabemos sobre a história de Tereza de Benguela é pouco e sob a jurisdição de quem detinha as letras e que por coincidência eram aqueles que queriam acabar com ela. Não conseguiram porque ela existe e resiste para pessoas como nós, negras que lutam contra o racismo. Mesmo diante dessas fontes enviesadas e repletas de silenciamentos podemos conhecê-la. A principal documentação que contém informações sobre o quilombo e sua rainha é o conjunto de anais da Vila Bela, escrito anualmente por vereadores da primeira capital da capitania do Mato Grosso.
Sobre o nascimento de Tereza. Há quem acredite que ela teria nascido na África e que seu sobrenome faz referência a Benguela velha região de Angola, outros defendem que ela teria nascido aqui mesmo no Brasil. Foi escravizada por Timoteo Pereira Gomes casou-se com o negro José Piolho, que foi comandante do quilombo até ser assassinado pelas forças coloniais. A partir da morte de seu esposo, Tereza assumiu o comando do quilombo. Ela governou por vinte anos. Até ser capturada pelas forças coloniais durante uma das diversas expedições que tinha como objetivo destruir o quilombo.
Consta nos anais de 1770 que Tereza: “Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais. Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo.”
No livro Enciclopédia Negra de Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz apontam que Tereza talvez teria chegado à região de mineração por volta de 1730, na época circulavam notícias de que “africanos recém desembarcados nos portos de Belém e São Luiz eram clandestinamente revendidos e transportados para a capitania do Mato Grosso. Seriam eles tanto africanos ocidentais, muitos da alta Guiné quanto centro africanos entre os quais embarcados ao sul de Angola via portos de Benguela”.
Os primeiros registros sobre o quilombo datam de 1748 que já sinalizam sua existência e um expressivo crescimento tanto em tamanho quanto a nível populacional e originou mais de um núcleo. Esta expansão era uma ameaça à manutenção da estrutura colonial de dominação. A destruição violenta do quilombo era a única solução para a coroa portuguesa.
Em 1770, após duas décadas governando o Quariterê, a rainha foi capturada em uma expedição punitiva. Conforme relatou o bandeirante Felipe José Nogueira Coelho em suas memórias citadas na obra Enciclopédia Negra, na ocasião, “foram capturados, entre homens, mulheres e crianças, mais de cem quilombolas, trinta dos quais eram livres.”
Há duas versões sobre a morte de Tereza. A primeira que os bandeirantes as mataram e expuseram sua cabeça no centro do quilombo. A segundo ela teria se suicidado (como um último ato de resistência). Mesmo após a morte da rainha o quilombo teria se mantido até 1795, quando ele sucumbiu, sufocado pela violência dos colonizadores. O que os colonizadores não imaginavam era que Tereza de Benguela estaria viva até hoje. Ela estaria em 1994, na avenida sendo homenageada pela Escola de Samba Unidos do Viradouro no carnaval carioca. Que em 2014 ela daria nome a uma lei federal, que institui 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Volto a pergunta inicial, porém trocando o tempo verbal. Pois Tereza não era, Tereza é. Ela é símbolo de resistência. É Rainha da Liberdade. Ela representa as lutas e vitórias das mulheres negras brasileiras.
Nesta segunda-feira (24), Iza divulgou nas suas redes sociais o teaser de “Fé nas Maluca”, música inédita com a MC Carol. O lançamento será nesta quinta-feira (27) e dá início a contagem regressiva para o novo álbum da artista.
No teaser de “Fé nas Maluca”, é possível ouvir um trecho da participação da MC Carol e um spoiler do visual do clipe. O machado de Xangô é citado na música e também no clipe.
O single também vem como sinal para os fãs da Imperatriz de que o álbum está chegando. Semanas atrás, ela revelou em uma entrevista que seu álbum já está pronto e será lançado antes do The Town, que acontece em setembro e ela se apresenta como uma das artistas principais.
Seu primeiro álbum, “Dona de Mim”, foi lançado em 2018 e desde então ela gravou alguns singles, participações e também foi apresentadora do The Voice. Além disso, Iza também estreou este ano como atriz em “Um ano inesquecível – Outono”, dirigido por Lázaro Ramos.
“Fé nas Malucas” será lançado ainda esta semana, na quinta-feira, às 21h.
As discussões sobre políticas de diversidade e inclusão têm sido amplamente colocadas em pauta, mas o mercado de trabalho ainda apresenta grandes desafios para as mulheres negras. É o que aponta um estudo que mostrou que cerca de 79% delas afirmam que as empresas brasileiras têm preconceito na hora de contratá-las.
Divulgado pela Oldiversity®, o estudo realizado pelo Grupo Croma, especializado em pesquisas sobre diversidade e inclusão, afirma que as mulheres negras relatam enfrentar discriminação em diversas etapas de suas carreiras, apontando que 44% já foram vítimas de racismo no ambiente de trabalho.
O estudo também revela que apenas 11% das mulheres negras ocupam cargos de liderança nas empresas brasileiras, enquanto 89% concordam que há uma presença maior de homens nessas posições. Embora 76% delas se sintam capazes de realizar o mesmo trabalho que os homens, o impacto da discriminação é mais evidente, com 78% das mulheres brancas concordando com essa afirmação.
Em relação à equiparação salarial, 80% das entrevistadas concordam que os homens ganham mais, mesmo ocupando cargos semelhantes. Além disso, o estudo aponta que as mulheres negras têm mais dúvidas e baixas expectativas em relação ao enfrentamento do preconceito pelo atual governo, com apenas 51% delas acreditando em melhorias significativas nesse aspecto.
Diante desses desafios, o estudo destaca a importância de fortalecer políticas que promovam ambientes inclusivos e respeitosos, onde o conhecimento e as habilidades técnicas sejam os principais critérios de avaliação.
25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. Uma data importante para se comemorar e refletir a luta e trajetória de várias mulheres negras que fizeram a diferença. Em homenagem ao Julho das Pretas e ao Dia da Mulher Negra, a exposição “Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência”, em cartaz no Memorial da Resistência de São Paulo, destaca personalidades negras brasileiras.
Foto: Acervo Unicamp
A mostra, em cartaz até o dia 27 de agosto, é dividida em oito eixos e conta com espaços dedicados a homenagear mulheres que fizeram a diferença no movimento negro brasileiro. Logo na entrada, o visitante se depara com o painel “Fio da Memória”, criado pela multiartista e grafiteira paulistana Soberana Ziza, e foi inspirado na frase “afinal, o século XXI é negro, feminino e nosso. Basta apenas tomá-lo em nossas mãos”, publicada no Gelefax, jornal do Geledés (Instituto da Mulher Negra), em 1997.
Uma das primeiras seções voltada para o Julho das Pretas é a “Enfrentando a tripla opressão – O século XXI é negro, feminino e nosso”, onde é possível conhecer e relembrar personalidades femininas anônimas e conhecidas que tiverarm grande importância no movimento negro, principalmente no feminismo negro, com agendas políticas sobre gênero, raça e classe.
Já no eixo “Repressão, vigilância e resistência, 1930-1980” uma das personalidades lembrada é a militante Helenira Resende. Ela foi líder estudantil, tendo ocupado o cargo de vice-presidente da UNE, e militante contra a opressão da ditadura militar no Brasil. Helenira foi considerada desaparecida até 1979, quando foi assassinada.
Em “Literatura negra: o direito à imaginação”, um dos grandes destaques é Maria Carolina de Jesus, autora do livro Quarto de Despejo: Diário de uma favelada (1960), um dos clássicos da literatura negra brasileira que conta através do seu diário a rotina dos moradores da favela xx, uma das primeiras em São Paulo.
Na seção “Espaços de sociabilidade e resistência: as ruas, os salões, e os palcos como lugares de direitos” a trajetória de Madrinha Eunice, um dos principais nomes da história do samba em São Paulo,é destaque. Ela fundou em 1937 a Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva Escola de Samba Lavapés, a primeira escola de samba da cidade de São Paulo. Recentemente ela ganhou uma escultura de bronze na Praça da Liberdade.
A exposição “Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência” conta com acervos e documentos importantes para a história da resistência negra. A mostra completa traz experiências coletivas e individuais de diversas mulheres e homens negros que tiveram um papel importante para a comunidade negra.
“Em todos esses períodos, os associativismos e movimentos negros sempre estiveram lá e é importante reconhecê-los, homenageá-los e aprender com essas vidas negras impressionantes. São pessoas que lutaram para existir em um tempo melhor. Ao fazer isso, pensaram em si e em seus descendentes. A luta por direitos é incessante, justa, pública e encontrará a sua vitória, através de nossas ações e nossos compromissos antirracistas públicos com relação ao passado, presente e ao futuro”, disse o idealizador Mário Medeiros.
O longa “Mami Wata”, dirigido pelo cineasta nigeriano C.J. Obasi e que conta com a premiada direção de fotografia da brasileira Lílis Soares, estreia no Brasil em setembro, durante a Mostra de Cinemas Africanos 2023, que acontecerá em São Paulo (SP) e Salvador (BA). O filme ganhou o prêmio de melhor direção de fotografia no Festival de Sundance (EUA) neste ano e tem circulado com honrarias por diversos países europeus e norte-americanos. A primeira exibição na América do Sul acontece no Brasil, através da Mostra de Cinemas Africanos.
O público brasileiro poderá conferir a riqueza de imagens em preto e branco que ilustram a narrativa, baseada em um mito do oeste africano. No filme, Mami Wata é uma deusa das águas adorada pelos habitantes da remota vila de Iyi. Quando um acontecimento trágico perturba a paz da comunidade, duas irmãs lutam para salvar sua aldeia e restaurar a glória de Mami Wata em Iyi.
C.J. Obasi (Foto: Divulgação)
“A cada quadro, a lente especializada de Lílis Soares hipnotizou o júri. A riqueza das imagens em preto e branco, combinada com o intrincado e íntimo trabalho de câmera das performances e da paisagem natural, elevou este conto folclórico a uma experiência visual inebriante. O Prêmio Especial do Júri de Cinema Dramático Internacional: Cinematografia vai para Lílis Soares, Mami Wata.” – Citação do júri (Festival de Sundance)
A Mostra também irá trazer o cineasta nigeriano ao Brasil. C.J. Obasi e Lílis estarão presentes na estreia do longa nas duas cidades e participarão de programações que incluem sessão de debate com o público e encontros com profissionais do audiovisual brasileiro. A iniciativa integra um dos eixos do projeto, que tem como objetivo reforçar conexões entre a cinematografia brasileira e africana. A passagem de C.J. pelo Brasil também ficará registrada em cenas que o diretor fará para seu próximo filme.
Lílis Soares (Foto: Divulgação
A Mostra de Cinemas Africanos acontece desde 2018, circulando por diversos estados brasileiros. O recorte curatorial é voltado para filmes de curta e longa-metragem contemporâneos produzidos por países africanos e diaspóricos. Além da programação de filmes, o evento realiza cursos, debates, publicação de catálogo, artigos científicos, ensaios e entrevistas. Os conteúdos estão disponíveis no site: www.mostradecinemasafricanos.com e em breve divulgado mais informações sobre a programação deste ano.
Nos Estados Unidos, Carlee Russell confessou à polícia de Hoover que não foi sequestrada e que não avistou nenhuma criança andando sozinha numa rodovia antes de desaparecer. A informação foi compartilhada pelo advogado da jovem, Emory Anthony. “A minha cliente me autorizou a fazer a seguinte declaração em seu nome: Em 13 de julho de 2023, não houve sequestro. Minha cliente não avistou nenhuma criança à beira da estrada. Ela também não deixou a área de Hoover durante o período em que estava desaparecida. Além disso, ela não recebeu qualquer ajuda nesse incidente, sendo uma ação única e exclusiva realizada por ela mesma”, anunciou Anthony.
O advogado também lamentou e pediu desculpas pela nova versão da história. “Minha cliente não estava com ninguém ou em nenhum hotel durante o tempo em que esteve desaparecida. Minha cliente pede desculpas por suas ações à comunidade, aos voluntários que a procuravam, ao Departamento de Polícia de Hoover e outras agências, bem como a seus amigos e familiares”, disse ele.
“Pedimos suas orações por Carlee enquanto ela aborda seus problemas e pretende mover a compreensão de que cometeu um erro”, disse Anthony. “Minha cliente novamente pede seu perdão e orações“, destacou Anthony, que não disse onde Russell passou as mais de 48 horas desaparecida. Até o momento, nenhuma acusação foi feita contra a mulher.
A música negra é um tesouro de riqueza e diversidade, ressoando através dos séculos e transcendendo fronteiras geográficas e culturais. Ela tem o poder de influenciar e encantar pessoas de todas as origens. Neste dia da mulher negra latino-americana e caribenha, celebramos essa herança musical, apresentando uma lista com 6 cantoras negras da América Latina que você precisa conhecer. Com uma rica diversidade de estilos, gêneros, vozes poderosas e letras inspiradoras, essas artistas têm desempenhado um papel fundamental na música e na cultura da região.
Betsayda Machado
Venezuela
Betsayda Machado. Foto: Divulgação.
Betsayda Machado é uma cantora e embaixadora da música tradicional afro-venezuelana, cuja voz poderosa e presença cativante têm conquistado corações em todo o mundo. Nascida e criada na pequena cidade de El Clavo, na região de Barlovento, na Venezuela, Betsayda cresceu imersa nas ricas tradições musicais do seu povo.
Betsayda Machado ganhou destaque internacionalmente com a formação do grupo “Parranda El Clavo”, em que ela é a vocalista principal. A palavra “Parranda” é usada na Venezuela para descrever uma festa com música e dança, e o grupo se tornou um fenômeno cultural, encantando plateias em todo o mundo com suas apresentações vibrantes e contagiantes. Ao longo dos anos, Betsayda e seu grupo têm viajado extensivamente, levando a beleza e a autenticidade da música afro-venezuelana para diferentes países e palcos, conectando pessoas através da música e da dança.
Calma Carmona
Porto Rico
Calma Carmona. Foto: Divulgação.
Calma Carmona é uma cantora e compositora que tem conquistado corações com sua voz suave e cativante na cena musical contemporânea. Nascida em Porto Rico, essa artista versátil e inspiradora traz uma combinação única de influências musicais que a torna uma figura única no cenário latino.
Em 2013, Calma lançou seu primeiro álbum de estúdio, intitulado “Presentiment”. Esse trabalho aclamado pela crítica revelou seu talento como compositora e intérprete. As músicas do álbum apresentam letras pessoais e introspectivas, muitas vezes explorando temas como amor, empoderamento e autodescoberta. A voz suave e emotiva de Calma transmite emoções profundas, tocando os corações de seus ouvintes e criando uma conexão genuína com eles.
Mabiland
Colômbia
Mabiland. Foto: Reprodução / Redes Sociais.
Mabiland é uma pioneira na cena hip hop e música urbana dominada por homens na Colômbia: ela é mulher, é negra, é queer e reúne rap, R&B e neo soul em sua música como nenhum artista colombiano antes dela.
Susana Baca
Peru
Susana Baca. Foto: Reprodução.
Susana Baca, uma das mais notáveis artistas do Peru, é uma cantora, compositora e ativista cuja carreira tem sido uma verdadeira celebração da rica e diversa cultura afro-peruana. Nascida em Chorrillos, uma região litorânea ao sul de Lima, em 24 de mayo de 1944, Baca cresceu imersa em tradições musicais e ritmos ancestrais que permeiam a herança africana do seu país.
Sua música é uma celebração do folclore peruano, mas também aborda temas sociais e políticos relevantes, como a luta contra o racismo e a desigualdade, especialmente dirigidos à população afrodescendente. Através de suas canções, Baca deu voz aos marginalizados, oferecendo uma plataforma para destacar a importância da diversidade cultural no Peru e em todo o mundo.
Goyo
Colômbia
Goyo. Foto: Reprodução / Redes Sociais.
Gloria “Goyo” Martínez, conhecida artisticamente como Goyo, é uma cantora, compositora e rapper colombiana que emergiu como uma das vozes mais influentes e carismáticas do cenário musical da Colômbia. Nascida em Cali, em 12 de abril de 1980, Goyo encontrou no hip hop um meio poderoso para expressar suas ideias, compartilhar sua visão de mundo e dar voz às questões sociais e políticas que afetam a sua comunidade e o seu país.
Através das letras das músicas do ChocQuibTown, Goyo aborda temas como a desigualdade social, a discriminação racial, a pobreza, a violência e a busca por justiça e igualdade. Suas canções são uma ode à cultura afro-colombiana e uma chamada à ação para enfrentar os problemas enfrentados pelas comunidades marginalizadas.
Amara la Negra
República Dominicana
A M A R A “LA NEGRA”. Foto: Reprodução.
Diana Danelys De Los Santos, conhecida artisticamente como Amara La Negra, é uma cantora, dançarina e personalidade de televisão dominicana-americana que se tornou um ícone da música latina contemporânea. Nascida em Miami, Flórida, em 4 de outubro de 1990, ela é filha de pais dominicanos e cresceu em meio à rica herança cultural de sua família.
O nome artístico “Amara La Negra” representa uma reivindicação orgulhosa de sua identidade e herança afro-latina. Ela sempre defendeu com orgulho suas raízes dominicanas e afrodescendentes, mesmo quando enfrentou desafios e preconceitos no caminho para o sucesso. Essa identidade é uma parte fundamental de sua música e de sua mensagem, e ela usa sua plataforma para combater estereótipos e destacar a importância da diversidade e da representatividade na indústria do entretenimento.
Sua música é uma combinação vibrante de reggaeton, música latina e elementos urbanos, com letras que celebram a autoestima, o empoderamento feminino e o orgulho de suas raízes. Ela fala abertamente sobre a importância de abraçar sua identidade e de não se deixar limitar por estereótipos ou padrões impostos pela sociedade.
Nesta tarde de segunda-feira (24), a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, comentou o novo desdobramento envolvendo o caso de sua irmã, Marielle Franco. Em delação premiada firmada com a Policia Federal e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o ex-PM Élcio de Queirozconfessou ter participado do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes. Ele também declarou que Ronnie Lessa teria sido o autor do disparos. A informação foi confirmada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino.
“Se o meu pai, com 70 anos, e a minha mãe, depois de passar de um câncer e perder a filha com 5 tiros na cabeça, seguem com esperança, quem sou eu para não ter?”, disse Anielle em entrevista para o Globonews. “Eu tenho muita esperança, falei isso pro Dino hoje cedo, falei para os meus pais também: ‘não é hora de abaixar a guarda e nem de afirmar nada com certeza’. Sigo com esperança, sigo pensando que em breve teremos informações sobre o mandante e o motivo também”.
“Se o meu pai, com 70 anos, e a minha mãe, depois de passar de um câncer e perder a filha com 5 tiros na cabeça, seguem com esperança, quem sou eu para não ter?”, diz Anielle Franco sobre descobrir mandante da morte de Marielle.
Em outro trecho da entrevista, Anielle destacou a luta das mulheres dentro da política brasileira. “Eu não acho que a Marielle foi assassinada apenas por motivações políticas, de vingança de A ou B. A Marielle era gigante. Ela é gigante e a gente sabe que nesse país toda e qualquer pessoa que se destaque e que não venha de um meio político, de um berço de ouro, de uma carreira, tá sempre pré disposta, infelizmente, a passar por isso“, disse a Ministra. “Enquanto a gente não descobrir quem mandou matar Marielle e o porquê, todas as mulheres que estão no poder hoje também seguem correndo risco, todas as políticas desse país seguem correndo risco, a democracia segue em risco, o povo negro também e a gente precisa acreditar que a gente vai ter uma solução para esse crime”.
Em depoimento já homologado pela Justiça, Élcio, preso desde 2019 por envolvimento na morte de Marielle, confessou que dirigiu o carro usado no assassinato e que seu amigo, Ronnie Lessa, efetuou os disparos de submetralhadora contra a vereadora. O ex-PM também disse que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, teria feito campanas e vigiado os passos de Marielle. Ainda segundo a delação, Suel também participaria do crime, mas foi substituído por Élcio.
“As provas colhidas e reanalisadas pela Polícia Federal de fevereiro pra cá confirmaram, de modo inequívoco, a participação do senhor Élcio e do senhor Ronnie, e isso conduziu à delação do Élcio”, disse o ministro Flávio Dino em coletiva.
Dino também afirmou que Élcio terá benefícios pela delação, mas continuará preso em regime fechado. “O instituto da colaboração premiada pressupõe o acordo [benéfico ao delator]. Claro que houve. As cláusulas ainda permanecem sob sigilo judicial, mas posso afirmar que o senhor Élcio continuará preso em regime fechado. Inclusive, onde se encontra”, explicou o ministro.
Suel foi preso nesta manhã na primeira fase da Operação Élpis, nome da deusa grega da esperança. A operação realizou sete mandados de busca e apreensão.