O estado de Oklahoma, nos Estados Unidos, se posicionou contra um acordo com os sobreviventes que buscam reparações pelo violento Massacre de Tulsa, que aconteceu em 1921. A decisão foi tomada após uma apelação realizada pelos sobreviventes depois que um juiz do condado de Tulsa rejeitou o caso no mês de julho. A Suprema Corte de Oklahoma concordou em considerar o recurso apresentado pelos sobreviventes, e a divisão de litígios do procurador-geral estadual emitiu sua resposta na última segunda-feira, 14.
O massacre de Tulsa, também conhecido como o Massacre de Greenwood, foi um dos episódios mais violentos e perturbadores da história dos Estados Unidos. O distrito negro próspero de Greenwood que também é chamado de “Wall Street Negra” foi destruído por grupos racistas, resultando em centenas de mortes e na destruição completa da comunidade, que teve casas e comércios queimados, além de ter sido bombardeada por aviões. Atualmente, apenas três sobreviventes conhecidos desse terrível ataque estão vivos, todos com mais de 100 anos de idade: Lessie Benningfield Randle, Viola Fletcher e Hughes Van Ellis.
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Esses sobreviventes entraram com um processo buscando reparação por parte da cidade, do estado e de outros responsáveis pela destruição de Greenwood. No entanto, vários outros demandantes originais, que são descendentes de sobreviventes, foram excluídos do caso pelo juiz do tribunal no ano passado.
O advogado dos sobreviventes, Damario Solomon-Simmons, lamentou a recusa do estado em negociar um acordo e afirmou: “Não é nenhuma surpresa que o estado, que participou de um massacre sem lei de cidadãos americanos, tenha se recusado a fazer um acordo”. Ele destacou que os sobreviventes do massacre são heróis e que Oklahoma teve mais de 100 anos para agir em benefício deles. “Os esforços do estado para confundir os sobreviventes vivos, encobrir a história e mudar as metas para todos que buscam justiça em Oklahoma nos colocam em perigo, e é por isso que precisamos que a Suprema Corte de Oklahoma aplique o estado de direito.”, disse.
A ação judicial foi movida com base na lei de incômodo público de Oklahoma, alegando que as consequências do massacre continuam a afetar a comunidade negra de Tulsa. Argumenta-se que a história de divisão e tensão racial da cidade é em parte resultado do massacre. No entanto, o estado contesta essa visão, afirmando que o pedido de alívio dos queixosos não foi devidamente delineado e que a maioria das alegações se baseia em fatos históricos conflitantes de mais de 100 anos atrás.
Na resposta ao recurso, o procurador-geral adjunto Kevin McClure afirma que a Guarda Nacional do estado foi ativada apenas para reprimir o distúrbio e deixou Tulsa depois que a missão foi cumprida. Já o processo movido pelos sobreviventes alega que membros da Guarda Nacional participaram do massacre, reunindo sistematicamente afro-americanos e “chegando ao ponto de matar aqueles que não deixaram suas casas”.
Os defensores das vítimas argumentam que a necessidade de justiça restaurativa permanece válida, especialmente considerando a presença dos sobreviventes e dos responsáveis até hoje.
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