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Babá Usher? Cantor conta história de quando cuidou da Beyoncé na adolescência

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Foto: Getty Images

Usher, um dos maiores nomes do R&B, já foi babá de ninguém menos que Beyoncé! Em uma entrevista para um programa de rádio britânico, Capital Breakfast With Roman Kemp, o cantor de “My Boo” relembrou de quando era mais novo e acabou cuidando da Beyoncé por um dia. A artista, hoje a maior ganhadora do Grammy da história, na época era uma cantora mirim de 12 anos do grupo The Dolls.

“Curiosidade: conheci Beyoncé quando ela tinha 12, 11 anos. Ela costumava fazer parte de um grupo chamado The Dolls,” disse Usher. “Não sei se poderia me considerar a babá deles, mas tive uma época em que eu precisava assistir The Dolls.”

A coincidência aconteceu por causa de Usher ser a “pessoa mais velha na sala”. Usher, atualmente com 44 anos, é três anos mais velho que Beyoncé, atualmente com 41. Na época, os dois artistas já estavam inseridos no ramo da música e o fato aconteceu na casa do produtor musical Daryl Simmons.

“Ele estava trabalhando com eles [The Dolls] na época e eu estava lá. Eu meio que encontrei meu caminho para ser, tipo, sei lá, acompanhante, babá ou algo assim, porque eu era meio que a pessoa mais velha na sala”, disse o cantor ao programa.

The Dolls, era um dos nomes do grupo da Beyoncé, que também já se chamou GirlsTyme, Something Fresh até se tornar o lendário grupo musical Destiny’s Childs, em 1996. O grupo ganhou diversos prêmios, como Grammy e MTV Video Awards e conta com músicas como “Say My Name” em sua discografia.

Livro ‘Mães Afrikanas’, da escritora Nah Dove, mostra influência das mulheres negras na educação

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Foto: Reprodução

No vigésimo aniversário da promulgação da Lei 10.639, que destaca a valorização da cultura afro-brasileira no contexto educacional, o público brasileiro é presenteado com uma obra inspiradora. “Mães Afrikanas: Portadoras da Cultura, Agentes da Mudança Social”, escrito por Nah Dove, figura de destaque nos estudos afro-americanos, traça um profundo retrato da resiliência e influência das mães afrikanas na educação.

Nah Dove, conhecida por sua contribuição aos estudos afro-americanos, oferece uma análise perspicaz sobre o papel vital das mães afrikanas no cenário educacional. O livro, lançado cinco anos antes da promulgação da Lei 10.639 em 2003, que institui o ensino de cultura africana e afro-brasileira no Brasil, encontra sincronicidade com essa legislação ao enfatizar a importância da educação afrocentrada e a celebração da cultura afro-brasileira nas escolas do país.

Foto: Divulgação

Através de narrativas cativantes e análises profundas, Nah Dove conduz os leitores por uma jornada emocionante, explorando histórias de mães que, diante de desafios incontáveis, optaram por uma educação que honra suas origens. O livro não somente inspira, mas também serve como um guia fundamental para educadores, cuidadores e pais comprometidos com uma formação justa e inclusiva.

A Lei 10.639, promulgada há duas décadas, marcou um ponto crucial na valorização da cultura afro-brasileira e no combate ao racismo nas escolas. Ao enfatizar a história africana, a luta dos negros no Brasil e a influência da cultura negra na sociedade, essa legislação encontrou um aliado na obra de Nah Dove para a concretização desses princípios.

Foto: Reprodução

Nah Dove, que possui um PhD pela State University of New York, Buffalo, combina sua rica experiência pessoal como mãe e avó com sua profunda expertise acadêmica. Sua herança cultural, proveniente de uma família ganense e inglesa, e suas vivências entre a África Ocidental e a Grã-Bretanha, proporcionam uma visão única sobre os desafios e triunfos das mães Afrikanas.

O lançamento de “Mães Afrikanas: Portadoras da Cultura, Agentes da Mudança Social” celebra Nah Dove como uma voz proeminente nos estudos de Mulherismo Afrikana. Sua obra é um tributo à força e influência das mães afrikanas, ressaltando seu papel crucial no mosaico cultural global. Lançado pela editora Ananse, o livro já está disponível para aquisição e é uma leitura imperdível para todos os interessados na história e na educação afrocentrada.

Taste Festival 2023: conheça os chefs negros que estarão presentes no evento

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Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira, inicia o Taste Festival, um dos maiores festivais de gastronomia do mundo. Serão seis dias, divididos entre os dois finais de semana, com workshops, apresentações e muita comida de diversos lugares do Brasil e do mundo. Os restaurantes Da Quebrada, do chef Edson Leite, Preto Cozinha, do chef Rodrigo Freire, e Restaurante Escola A Casa Diversa, com o chef Miguél Luz Maranhão estarão presentes no cardápio

Trazendo um menu vegano com produtos que vieram direto de produtores locais, o Da Quebrada conta em seu cardápio pratos como risotto com cogumelos yanomami com chips de banana verde e espetinhos de legumes defumados com pão de alho e salada de maionese de azedinha.

Já o Preto Cozinha está preparando para o festival um Canela de Siri, feito com dupla de mini cannoli de urucum e páprica, recheada com siri catado e gel de cubiú, uma fruta cítrica da floresta amazônica, e também arroz de xinxim, um arroz caldoso com sobrecoxa de frango desossada no molho de camarão seco e castanha. Acompanha farofa de banana da terra.

Além de um cardápio delicioso, quem for ao Taste pode aprender mais sobre culinária com as super aulas com os chef no “Fire Pit By Santander”, que será comandado pela chef Aline Guedes. Ela também se apresenta em um workshop no domingo (20), com o Rodrigo Freire sobre cultura e ancestralidade com produtos de pequenos produtores, em uma parceria com a Feira Preta.

O festival acontece nos dias 18, 19, 20, 25, 26 e 27 no Parque Villa-Lobos.

“Fruto do racismo fundiário”, diz coordenador da CONAQ sobre a morte de 30 lideranças quilombolas em uma década

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Foto: Reprodução/Mapele News

Em 10 anos, pelo menos 30 lideranças quilombolas foram assassinadas, revela levantamento divulgado pela CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), que aponta como o assassinato brutal da Mãe Bernadete, de 72 anos, em seu terreiro de candomblé, na noite desta quinta-feira (17), pode se juntar a mais um caso sem solução.

A entidade diz que os crimes estão relacionados à disputa fundiária. A maioria das vítimas se concentram na Bahia, onde a líder quilombola foi morta, com 11 casos registrados, em seguida aparece Maranhão e Pará, com 8 e 4 casos, respectivamente. Além disso, a maioria liderava territórios quilombolas e foi vítima do uso de armas de fogo.

A Yalorixá Bernadete era Coordenadora Nacional da CONAQ e liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. Em nota, Biko Rodrigues, coordenador da entidade lamenta os crimes cometidos contra as comunidades. “O caso de Mãe Bernardete se junta a esses assassinatos que estão sem resolução nenhuma. Essa situação é muito grave. Trinta pessoas tiveram as vidas ceifadas ao longo dos anos. Queremos cobrar do Estado brasileiro uma posição. Não dá para o Sistema de Justiça ignorar as violências que acontecem nos territórios quilombolas”.

“Existe uma disputa por terra muito ferrenha da qual nós negros e negra, apesar de estarmos nos territórios há mais de 400 anos, foi negado a nós o direito à terra. Isso é fruto do racismo fundiário que existe no país e esse racismo é responsável por deixar pessoas longe da terra”, completa o coordenador.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), dois homens usando capacetes, entraram no terreiro onde estava a Yalorixá, acompanhada dos 3 netos. Eles levaram os netos para um quarto e dispararam 14 tiros no rosto da quilombola.

Em julho deste ano, a Mãe Bernadete falou sobre as ameaças e violência contra as comunidades quilombolas em encontro com Rosa Weber, ministra do STF (Supremo Tribunal Federal). “Recentemente perdi outro amigo e uma amiga em um quilombo. É o que nós recebemos: ameaças, principalmente de fazendeiros, de pessoas da região”, lamentou. 

Seu filho, Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como ‘Binho do Quilombo’, também foi brutalmente assassinado em 2017 com 12 tiros no rosto, dentro de seu carro, nas proximidades da Escola Centro Comunitário Nova Esperança, situada em Pitanga dos Palmares.

Além de Ariel, o Rei Tritão e Úrsula também serão personagens negros na nova animação de ‘A Pequena Sereia’

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Animação Ariel

A Disney anunciou nesta sexta-feira (18) as imagens dos personagens Rei Tritão e Úrsula para a nova animação infantil ‘Ariel’. Além da personagem principal ser uma sereia negra, a novidade é que o rei dos mares e a vilã da obra também serão personagens negros. A produção promete conquistar crianças pelo mundo.

Situada no fantástico reino subaquático de Atlântida, a série animada gira em torno de Ariel e suas divertidas aventuras de sereia repletas de ação com seus amigos.

Foto: Disney Júnior.

De acordo com a sinopse, impulsionada por uma curiosidade profunda e interminável sobre o mundo ao seu redor, Ariel descobre tesouros terrestres, como um grande adereço flexível, um patinho de borracha que range e um batedor, que ela coleta e mantém em segurança em sua caverna de cristal. “Cheia de charme, grandes ideias e uma voz poderosa, Ariel está se revelando, aprendendo a descobrindo e apreciar o mundo ao seu redor e usar sua voz para inspirar outras pessoas”, acrescenta a sinopse.

Foto: Disney Júnior.

A previsão de lançamento para ‘Ariel’ é em 2024. “Por mais de 30 anos, a história de ‘A Pequena Sereia’ tem sido amada pelo público em todo o mundo. Fico muito feliz em poder apresentar nossa nova versão Disney Junior de Ariel para crianças em idade pré-escolar em todos os lugares”, disse Ayo Davis, Presidente da marca televisiva da Disney.

Recentemente, o live-action de ‘A Pequena Sereia’, estrelado por Halle Bailey, foi lançado no mundo todo. Pela primeira vez, a icônica personagem da Disney foi protagonizada por uma atriz negra.

John Legend diz que vai lutar para acabar com o encarceramento em massa nos EUA: “combater o racismo institucional”

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Foto: Amy Sussman/GI.

Indo além do campo musical e artístico, o cantor John Legend também está trabalhando num projeto chamado ‘Unlocked Futures’, com o objetivo de acabar com o encarceramento em massa por meio da educação e da reforma política. O movimento também vai apoiar comunidades negras desproporcionalmente impactadas pelo racismo institucionalizado.

John Legend. Foto: Reprodução.

Em entrevista ao The Hollywood Reporter, o artista disse que também deseja trabalhar numa esfera de apoio político. “Eu venho de uma família negra de classe média baixa. Eu sabia como era ser de uma comunidade que pode ser negligenciada e ignorada“, disse ele . “Também cresci com muitas pessoas que foram perdidas no sistema de justiça criminal – familiares, bons amigos que passaram algum tempo na cadeia ou na prisão. Mesmo agora, se você voltar para nossa cidade natal e arredores, há tantas pessoas que estão lidando com o vício quando se trata de drogas. Por muito tempo, acho que a solução do governo para esses desafios foi não investir mais em pessoas, não desenvolver mais nossos jovens, não educá-los melhor, não prepará-los, mas encontrar maneiras de punir as pessoas por cair no vício, punir as pessoas por caírem no desespero”.

Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do mundo, com cerca de 2,3 milhões de pessoas atrás das grades. Isso representa uma taxa de aprisionamento de aproximadamente 639 por 100.000 habitantes, uma das mais altas do mundo. O encarceramento em massa é resultado de políticas como sentenças obrigatórias, a “guerra às drogas” e a criminalização de delitos não-violentos.

Uma das características mais marcantes do sistema de justiça criminal americano é o impacto desproporcional que tem sobre a comunidade negra. Apesar de os afro-americanos representarem cerca de 13% da população dos EUA, eles compõem mais de 40% da população carcerária. Essa discrepância ressalta as disparidades raciais profundamente enraizadas no sistema.

O foco da Unlocked Futures’ é investir nas comunidades. “Deve haver uma resposta melhor do que [trancar] mais pessoas”, diz Legend. A campanha vai investir milhões de dólares em ações locais comunitárias a longo prazo, através de projetos educacionais e culturais. “Vimos a reação contra o progresso racial, contra a reforma da justiça criminal, e muito do trabalho que estamos fazendo é contrariar essa narrativa. podemos nos cansar de falar sobre isso, porque as pessoas que são contra o progresso e contra a justiça não se cansam de lutar contra ela.”

Cintia Aleixo estreia como apresentadora do reality “Alta Estima” em 29 de agosto no canal E! Entertainment

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Foto: Reprodução

A psicóloga Cintia Aleixo está assumindo um novo papel como apresentadora do programa “Alta Estima”, uma série de docu-reality que está programada para estrear no dia 29 de agosto, às 20h30 no canal E! Entertainment. O programa, que se concentra na autodescoberta e na restauração da autoestima, destaca a expertise de Cintia em orientar os participantes em suas jornadas pessoais de autoconhecimento e transformação.

Em colaboração com os cirurgiões plásticos Alessandro Martins e Gabriel Basílio, bem como com a psicanalista Manuela Xavier, Cintia Aleixo assume a responsabilidade de facilitar o resgate da autoestima e a busca pelo autoentendimento. “O nome ‘ALTA ESTIMA’ é lindo, impactante; a série traz uma qualidade profunda de afirmação da identidade negra, o processo de transição afirmativa, a possibilidade de existência dentro de um grupo homogêneo, compreendendo as subjetividades das mulheres negras e valorizando as experiências culturais”, declara Cintia, que atualmente é mestranda em Psicologia Clínica na PUC-RJ.

Foto: E! ENTERTAINMENT/DIVULGAÇÃO

A abordagem do programa gira em torno da transformação interna que leva a uma mudança externa. O quarteto tem como objetivo alinhar tanto o corpo quanto a mente, permitindo que cada participante abrace uma vida mais feliz e saudável. Ao longo da série, os telespectadores serão cativados por histórias que destacam a força da resiliência, a potência da transformação interna e externa, e o orgulho de alcançar o melhor de si. Cada episódio apresenta um indivíduo que embarca nessa jornada de autodescoberta, guiado por dois dos apresentadores. A cada episódio, a audiência se aprofunda nas experiências, intenções e emoções do paciente.

Reconhecida como palestrante e consultora em Intervenção Terapêutica Racial e em Perinatalidade, Cintia vê esse projeto como um avanço significativo no fornecimento de apoio emocional para mulheres negras de diferentes faixas etárias. “Fui tomada por uma emoção imensa e entusiasmo, ciente da magnitude desse tema para outras mulheres negras, incluindo minha avó de 94 anos, minha mãe e minha filha de 11 anos – todas mulheres negras que ainda buscam identidade”, compartilha ela.

Em entrevista para o Mundo Negro no mês de março, a psicóloga e apresentadora falou sobre a importância de um recorte racial no programa que abordará a estética das pessoas: “Já nas escolhas dos personagens a minha maior preocupação era a venda de um nariz perfeito, por exemplo. O que não aconteceu. Mas pessoas pretas foram encorajadas e assistidas a falarem sobre traumas, racismo e poder”.

Como fundadora da marca “Um Mundo de Possibilidades – Psicologia e Consultoria”, que atende a empresas multinacionais como L’Oréal, Coca-Cola e Nestlé, Cintia oferece seus serviços a executivos, celebridades e escolas de prestígio, tanto presencialmente quanto online. Ela lidera as “Rodas de Conversa para a População Preta”, uma iniciativa conversacional que aborda os aspectos emocionais, estruturais, baseados em habilidades, orientados por valores, voltados para soluções, de apoio e de acolhimento das questões raciais dentro de ambientes corporativos. Aleixo também atuou como consultora de saúde mental da Coca-Cola, contribuindo para o grupo de equidade racial, “BlackCo”.

Além disso, a maternidade tem importância fundamental na trajetória profissional de Cintia. Em 2015, ela fundou “Possibilidades Maternas”, oferecendo apoio emocional a novas mães e compartilhando conteúdo relevante em plataformas de mídia social. Entre 2017 e 2018, foi comentarista do programa “Papo de Almoço” na Rádio Globo, além de consultora nos programas “Encontro” e “RJ TV” da TV Globo. Ela também co-autorou uma websérie sobre educação antirracista para a UNICEF.

Equipes de dançarinos de Lizzo publicam carta aberta em apoio a cantora após acusações de assédio

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Foto: Getty Images

Nos últimos dias, a cantora Lizzo e suas equipes de dança “Big Grrl” e “Big Boiii” enfrentaram turbulências após um processo movido por três ex-dançarinos da turnê da artista. No entanto, uma demonstração de apoio foi feita pelas equipes de dançarinos da cantora, que publicaram uma carta aberta defendendo a artista: “compromisso com o caráter e a cultura”.

O processo, que acusa Lizzo de criar um ambiente de trabalho hostil, incluindo alegações de assédio sexual e pressões para envolvimento em atos explícitos, gerou uma série de respostas e reações. A equipe de dança, no entanto, tomou uma posição compartilhando uma carta aberta por meio de sua conta oficial no Instagram.

Na carta, divulgada na quinta-feira, 17, os membros das equipes “Big Grrl” e “Big Boiii” se disseram gratos por terem tido a oportunidade de trabalhar ao lado de Lizzo durante a The Special Tour, concluída recentemente. “O compromisso com o caráter e a cultura prevalecendo sobre cada movimento e momento tem sido uma das maiores lições e bênçãos que poderíamos pedir. OBRIGADO a Lizzo por quebrar as limitações e abrir caminho para os dançarinos Big Grrrl e Big Boiii fazerem o que amamos!”, disseram.

Eles destacaram o compromisso da cantora em priorizar o caráter e a cultura, uma lição que levarão consigo. A carta reiterou o apoio ao talento de Lizzo e sua abertura para permitir que os dançarinos “Big Grrrl” e “Big Boiii” brilhem em sua paixão.

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Filho de Mãe Bernadete teme ser a próxima vítima na comunidade quilombola: “não tem para onde correr”

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Foto: Reprodução/Redes Sociais

“Foi um crime de mando, não tem para onde correr. O cara foi pago para executar. Isso é notório, foi um crime de execução. Executaram meu irmão em 2017, agora executam minha mãe. Isso me faz pensar que eu sou o próximo”, disse Jurandir Wellington Pacífico, filho da Mãe Bernadete e irmão do Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, em entrevista à Folha de São Paulo, nesta sexta-feira (18).

Jurandir afirma que a mãe recebia ameaças há pelo menos seis anos, período em que a Yalorixá e liderança quilombola lutou por justiça pelo assassinato do outro filho, conhecido como ‘Binho do Quilombo’.

Ela fez parte do programa de proteção a testemunha do Governo na Bahia, devido às ameaças. Câmeras foram instaladas em sua casa, na comunidade Pitanga de Palmares, Região Metropolitana de Salvador, mas não havia vigilância constante, apenas visitas periódicas no local. 

A Polícia Federal assumiu a investigação no caso do assassinato do Flávio, mas o inquérito não foi concluído até hoje. “Como não elucidou, eles se sentiram no direito de agora voltar e matar a minha mãe. Se tivesse resolvido o gargalo de seis anos atrás, poderia ter evitado esse crime”, lamentou o irmão Jurandir.

Na manhã de hoje, a PF informou que irá investigar o assassinato da Mãe Bernadete e as informações ficarão sob sigilo. A Polícia Civil da Bahia também irá apurar o crime.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), dois homens usando capacetes, entraram no terreiro onde estava a Yalorixá, acompanhada dos 3 netos. Eles levaram os netos para um quarto e dispararam 14 tiros contra a quilombola.

Em julho deste ano, a Mãe Bernadete falou sobre as ameaças e violência contra as comunidades quilombolas em encontro com Rosa Weber, ministra do STF (Supremo Tribunal Federal). “Recentemente perdi outro amigo e uma amiga em um quilombo. É o que nós recebemos: ameaças, principalmente de fazendeiros, de pessoas da região”, lamentou. 

Entre 2017 e 2022, 428 pessoas foram vítimas de violência contra povos tradicionais na Bahia. Em 53,27% dos casos, as ameaças estão entre os principais tipos de violação. Lesões corporais e injúrias representam 22,66% e 12,15% do casos. Os dados foram divulgados pelo Levantamento Além da Floresta; crimes socioambientais nas periferias, da Rede de Observatórios de Segurança.

Em julho, Mãe Bernadete havia relatado para ministra do STF que sofria ameaças de fazendeiros

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Foto: Reprodução/TV Bahia

Após assassinato da Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos, líder da Comunidade Remanescente de Quilombo Pitanga de Palmares, em seu terreiro de candomblé na cidade Simões Filho (BA), na noite desta quinta-feira (17), está viralizando na web um relato angustiante da Yalorixá durante encontro com a Rosa Weber, ministra do STF (Supremo Tribunal Federal). Em julho deste ano, elas se reuniram junto com outras lideranças para falar sobre a violência contra as comunidades quilombolas.

“Para a senhora ter uma ideia, até hoje não sei o resultado do assassinato de meu filho. Abalou todo mundo. Foi no mesmo período em que aconteceu a morte de Marielle (Franco). Inclusive, eu fui em diversos encontros com a mãe de Marielle. É injusto. Recentemente perdi outro amigo e uma amiga em um quilombo. É o que nós recebemos: ameaças, principalmente de fazendeiros, de pessoas da região. Hoje eu vivo que não posso sair, que estou sendo revistada, cercada de câmeras, me sinto até mal com um negócio desses”, relatou Mãe Bernadete.

Seu filho, Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como ‘Binho do Quilombo’, também foi brutalmente assassinado em 2017, dentro de seu carro, nas proximidades da Escola Centro Comunitário Nova Esperança, situada em Pitanga dos Palmares.

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Em nota, Rosa Weber diz que lamenta profundamente a morte da liderança e cobra esclarecimento urgente do caso. “Mãe Bernardete, que me falou sobre a violência a que os quilombolas estão expostos e revelou a dor de perder seu filho com 14 tiros dentro da comunidade, foi morta em circunstâncias ainda inexplicadas”.

“As autoridades locais devem adotar providências para o esclarecimento urgente e monitoramento do monitoramento, a fim de que sejam responsabilizados aqueles que patrocinaram o covarde enredo e imediatamente protegidos os familiares de Mãe Bernadete e outras lideranças locais”, continuou a presidente do STF.

“É absolutamente estarrecedor que os quilombolas, cujos pais lutaram com todas as forças e perderam as vidas para fugir da escravidão, ainda hoje vivem em situação de extrema vulnerabilidade em suas terras. Assim como é direito de todos os brasileiros, os quilombolas precisam viver em paz e ter seus direitos individuais respeitados”, finaliza.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O crime ocorreu ontem a noite, quando bandidos armados invadiram o terreiro, amarraram pessoas e a executaram, na frente dos seus netos, no sofá. Mãe Bernadete também era ex Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial na cidade Simões Filhos, na Região Metropolitana de Salvador.

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também lamentou a violência contra a liderança quilombola e diz que os ministérios já estão com suas equipes no local trabalhando no caso. “Com pesar e preocupação soube do assassinato de Mãe Bernadete, liderança quilombola assassinada a tiros em Salvador. Bernadete Pacífico foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial na cidade de Simões Filho e cobrava justiça pelo assassinato do seu filho, também um líder quilombola. O governo federal, por meio dos ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e Cidadania, mandou representantes e aguardamos a investigação rigorosa do caso. Meus sentimentos aos familiares e amigos de Mãe Bernadete”.

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