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Angela Bassett, que interpretou Tina Turner no cinema, presta homenagem à cantora: “simplesmente, a melhor”

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Foto: Reprodução.

A atriz Angela Bassett, que em 1993 interpretou Tina Turner no filme biográfico ‘What’s Love Got to Do with It‘, prestou homenagem à cantora. “Como dizer adeus a uma mulher que assumiu sua dor e trauma e os usou como um meio para ajudar a mudar o mundo?“, publicou Bassett através das redes sociais. Tina faleceu nesta quarta-feira (24). “Por meio de sua coragem em contar sua história, seu compromisso de manter o curso de sua vida, não importa o sacrifício, e sua determinação de abrir um espaço no rock and roll para si mesma e para outras pessoas que se parecem com ela, Tina Turner mostrou aos outros que viviam com medo de como deveria ser um belo futuro cheio de amor, compaixão e liberdade”.

Bassett também compartilhou as últimas palavras que trocou com Turner. “Suas palavras finais para mim – para mim – foram: ‘você nunca me imitou. Em vez disso, você alcançou profundamente sua alma, encontrou sua Tina interior e a mostrou ao mundo'” Vou guardar essas palavras perto do meu coração pelo resto dos meus dias”, lembrou a reconhecida atriz, que em 1994 foi indicada ao Oscar de ‘Melhor Atriz’ pelo papel.

“Tenho a honra de ter conhecido Tina Turner. Sinto-me honrada por ter ajudado a mostrá-la ao mundo. Então, hoje, enquanto lamentamos a perda dessa voz e presença icônica, ela nos deu mais do que poderíamos ter pedido. Ela nos deu todo o seu ser. E Tina Turner é um presente que sempre será simplesmente, a melhor. Os anjos cantam para o teu descanso… Rainha”, finalizou Bassett.

Tina Turner: visionária, ela sonhava em ser a primeira mulher negra a lotar estádios ao redor do mundo

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Tina Turner, uma das artistas mais notáveis da história da música, que nos deixou nesta quarta-feira (24), tinha um sonho audacioso: lotar estádios ao redor do mundo. Ela queria se tornar a primeira mulher negra da história a conseguir esse feito. E de fato, conseguiu. Tina se tornou um fenômeno global, impulsionada por suas músicas poderosas e sua enorme presença de palco.

Foto: AFP.

“Um dos meus primeiros objetivos de carreira era me tornar a primeira mulher negra a lotar estádios ao redor do mundo. Na época, parecia impossível. Mas nunca desisti e estou muito feliz por ter realizado esse sonho”, disse a artista em entrevista à NBC, ainda em 2017. Além de sua voz marcante, Tina Turner também deixou sua marca no mundo da música através de seu carisma magnético e presença de palco inigualável. Suas performances enérgicas e cativantes capturaram a atenção do público e influenciaram gerações inteiras de artistas como Beyoncé e Ciara. Os movimentos de dança poderosos fizeram de Tina uma das artistas mais empolgantes e memoráveis de todos os tempos.

Seus shows magnéticos ganharam projeção internacional. No Brasil, em 1988, Tina entrou para o Livro dos Recordes ao realizar um espetáculo pago para 188 mil pessoas. No Rio de Janeiro, nos arredores do Estádio Maracanã, a artista estabeleceu o recorde mundial para a “maior participação paga em um show para um artista solo”, conforme registrado pelo Guinness World Records.

O legado de Tina Turner transcende as fronteiras da música. Ela se tornou uma das artistas mais premiadas de todos os tempos, com uma lista impressionante de sucessos e condecorações, incluindo 12 prêmios Grammy. Seu álbum “Private Dancer” é considerado um marco na música pop e seu hit icônico “Proud Mary” se tornou um hino para gerações.

Tina Turner morre aos 83 anos

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Foto: AFP.

Tina Turner, ícone do rock n’ roll, morreu nesta quarta-feira (24) aos 83 anos. Informação foi confirmada por um assessor da artista. A causa do falecimento ainda não foi revelada.

Tina Turner, nascida como Anna Mae Bullock em 26 de novembro de 1939, foi uma das artistas mais icônicas e amadas da história da música. Ela é reconhecida como a Rainha do Rock ‘n’ Roll e uma das melhores intérpretes de todos os tempos. Sua voz poderosa e sua energia inigualável conquistaram corações em todo o mundo, estabelecendo-a como uma verdadeira lenda.

Tina Turner em 1987. Foto: Bob Gruen.

Além de sua voz arrebatadora, Tina também era conhecida por sua energia e carisma no palco. Suas performances eletrizantes eram verdadeiras demonstrações de paixão e poder, encantando multidões ao redor do mundo. Sua presença dominante e estilo inconfundível, com suas pernas longas e movimentos de dança enérgicos, estabeleceram um novo padrão para as artistas femininas na indústria musical.

Ao longo de sua carreira, Tina Turner acumulou inúmeros prêmios e honrarias, incluindo 12 Grammy Awards. Sua influência transcendeu as fronteiras musicais, inspirando artistas de diferentes gerações e gêneros. Seu legado como uma das maiores cantoras de todos os tempos permanecerá eternamente na história da música.

Primeira edição do Africa Fashion Week Brasil começa nesta quinta-feira (25)

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Africa Fashion Week London em 2019. Foto: Stylist Africa / Reprodução.

Começa nesta próxima quinta-feira (25), a primeira edição do Africa Fashion Week Brasil (AFWB). O evento, que vai até o dia 27 de maio no Expo Center Norte, em São Paulo, tem o objetivo de projetar a estilização africana, por meio do incentivo e promoção de novos designers que desejam exposição de suas obras. No Brasil, o Africa Fashion Week (AFW) é uma iniciativa do Instituto Internacional FEAFRO, pilotado pela empresária, agente cultural e articuladora de oportunidades de negócios entre o Brasil e o continente africano, Silvana Saraiva.

De acordo com o site oficial do evento, o AFWB foi configurado para conquistar as raízes profundas do sentimento de ser brasileiro, preenchendo uma lacuna histórica e projetando o estilo africano na sociedade brasileira. “É a representação de um poderoso incentivo que fortalece a promoção de novos designers, carentes de recursos para apresentar suas coleções e seus trabalhos”, diz o site oficial.

Foto: Africa Fashion Week London / Reprodução.

Inicialmente, o Africa Fashion Week Brasil iria acontecer em 2020, mas por conta da pandemia, os planos mudaram e a primeira edição foi pensada para 2023. “Entendemos que precisávamos trabalhar AFW não simplesmente como uma ferramenta tendências para a moda e estilo de vida. Mas também como um fator de alavancagem de empreendedorismo preto. Ou seja, trazendo esses designers, trazendo outros profissionais, empresas pequenas, médias, micro que estejam dentro desse setor ou voltada ao setor da moda”, destaca Silvana em conversa com o MUNDO NEGRO.

“Realizar esse evento se torna uma ferramenta extremamente tangível para combater o racismo estrutural e promover a diversidade. Ele é um evento que está totalmente fundamentado dentro da pauta ESG. É um evento que vem promover uma disrupção dentro da moda”, diz Silvana. A versão brasileira do AFW tem como foco a utilização da moda como instrumento de sustentabilidade e mudança social. 

Ministério da Igualdade Racial propõe medidas antirracistas ao Google após repercussão do jogo “Simulador de Escravos”

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Foto: Reprodução

Hoje (24) a internet se revoltou com a descoberta de um jogo racista que simula a escravidão na Play Store, plataforma de aplicativos do Google. No jogo, você é dono de escravos e pode comprar, vender e até torturar negros escravizados. O jogo foi removido após a repercussão da sociedade do governo.

Após tomar conhecimento sobre o jogo, o Ministério da Igualdade Racial emitiu uma nota dizendo que entrou em contato com o Google para desenvolver medidas que filtrem este tipo de conteúdo da plataforma. Também foi marcada uma reunião para discutir medidas antirracistas.

“Ao tomar ciência do caso, a pasta entrou imediatamente em contato com a empresa de tecnologia para a construção conjunta de medidas que contribuam para um filtro eficiente para que discursos de ódio, intolerância e racismo não sejam disseminados com tanta facilidade e sem moderação em espaços virtuais. Após reação do ministério e da sociedade civil, o jogo foi retirado do ar”, disse o MIR em nota.

“O MIR informa também que já tem reunião agendada com a área de responsabilidade do Google para construir uma moderação de conteúdo antirracista, assim como tem feito com outras big techs para a construção de um ambiente seguro e saudável na internet”, acrescentou.

No “Simulador de Escravidão”, o usuário é um dono de “escravos” e pode comprar, vender e até torturar personagens.

Em uma das avaliações do jogo um usuário reclamou por não haver mais opções de tortura e classificou o jogo com cinco estrelas (nota máxima na avaliação do Google). “Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava mais opções de tortura. Poderiam instalar a opção de açoitar o escravo também. Mas fora isso, o jogo é perfeito!” escreveu o usuário Mateus Schizophrenic.

O simulador foi desenvolvido pela Magnus Games, que colocou na descrição que o jogo foi criado “para fins de entretenimento” e são contra o racismo na vida real. 

O jogo estava disponível desde abril deste ano e contava com mais de mil downloads e muito bem avaliado. Após a repercussão negativa nesta manhã, o jogo foi retirado da plataforma do Google.

Em nota, o Google disse que não são permitidos jogos que incitem o ódio e que aplicativos desse tipo devem ser denunciados para serem tomadas as ações devidas.

“Não permitimos apps que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas. Qualquer pessoa que acredite ter encontrado um aplicativo que esteja em desacordo com as nossas regras pode fazer uma denúncia. Quando identificamos uma violação de política, tomamos as ações devidas”, afirmou o Google em seu posicionamento.

O deputado federal Orlando Silva repudiou o “jogo” e disse que vai entrar com uma ação no Ministério Público por crime de racismo. 

“Entraremos com representação no Ministério Público por crime de RACISMO e levaremos o caso até às últimas consequências, de preferência a prisão dos responsáveis. A própria existência de algo tão bizarro à disposição nas plataformas mostra a URGÊNCIA de regulação do ambiente digital”, disse o deputado.

Ele também citou o PL 2630, que recentemente passou por críticas do Google. “O PL 2630 é um passo nesse sentido ao regular parte desse ecossistema, que é mais amplo. A regulação das plataformas digitais é um imperativo da civilização contra a barbárie! PL 2630 SIM!”

https://twitter.com/orlandosilva/status/1661389675607490561

O Quilombo Periférico, mandato coletivo de vereadores de São Paulo, eleito com Elaine Mineiro, também se pronunciou sobre. “Racismo não é entretenimento, é crime! Diante da gravidade da situação, nossa Mandata já está tomando as providências necessárias.”

Mesmo após a retirada do jogo, fica o questionamento de como a plataforma permitiu que um jogo racista estivesse disponível.

https://twitter.com/cica_pereira/status/1661418325102952471

Nova série documental “Trabalho”, narrada por Barack Obama, explora o significado do trabalho e a conexão humana

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Foto: Divulgação

A Netflix lançou no dia 17 de maio uma série documental narrada por Barack Obama que mergulha no significado do trabalho e na conexão humana. Intitulada “Trabalho”, a série explora as diferentes formas pelas quais encontramos sentido no trabalho e como nossas experiências e lutas nos conectam como seres humanos.

Na produção, Obama visita pessoas comuns em suas casas e locais de trabalho e apresenta uma visão íntima de suas vidas profissionais. Desde o setor de serviços até os cargos de diretoria nas indústrias de cuidados com a saúde, tecnologia e hospitalidade, em “Trabalho”, Obama acompanha uma variedade de pessoas em diferentes áreas e posições hierárquicas.

Foto: Divulgação

A inspiração para a série remonta aos tempos de universitário do ex-presidente dos Estados Unidos, quando ele se deparou com o livro “Working” escrito pelo historiador norte-americano Studs Terkel, lançado em 1974. Esse livro revolucionou a conversa sobre o trabalho ao explorar o que pessoas comuns faziam em seu dia a dia profissional. Agora, a série traz essa mesma ideia para a atualidade, fornecendo retratos autênticos do cotidiano de trabalhadores e proporcionando aos espectadores uma nova compreensão e apreciação pelos trabalhos que realizam todos os dias.

Com produção executiva de Barack e Michelle Obama e direção de Caroline Suh, “Trabalho” é uma produção da Higher Ground e Concordia Studio, prometendo uma abordagem única e inspiradora sobre o trabalho e sua importância em nossas vidas. A série convida o público a refletir sobre o que realmente dá alegria, propósito e satisfação em suas carreiras, ao mesmo tempo em que destaca a conexão humana e a variedade de experiências que moldam nosso mundo profissional.

Palácio de Buckingham, no Reino Unido, se recusa a devolver restos mortais de príncipe para a Etiópia

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Foto: Universal Image Group | Getty Images

Vários anos se passaram desde as colonizações, mas parece que ela ainda deixa alguns rastros nos dias atuais. Nesta semana, a família real britânica se recusou a devolver os restos mortais de um príncipe africano para os seus descendentes na Etiópia. O governo etíope tenta repatriar o corpo há 150 anos.

O príncipe Alemayehu foi capturado pelo Reino Unido em 1868, junto com sua mãe que não resistiu à viagem até as terras inglesas, após a Rainha Vitória dominar sua terra natal. Ele viveu por 10 anos infeliz na Grã-Bretanha e morreu aos 18 anos. 

O corpo do príncipe etíope foi enterrado no Castelo de Windsor a pedido da Rainha. O castelo faz parte das residências reais do atual Rei do Reino Unido, Charles III, e é um local tradicional de funerais e casamentos reais.

Há anos o governo da Etiópia tenta repatriar os restos mortais e os artefatos que foram levados pelos ingleses, mas o pedido foi recusado diversas vezes. Agora, com a coroação do novo rei, houve mais um pedido recusado. 

Um dos descendentes reais de Alemayehu, Fasil Minas, disse ao BBC que “não era certo” ele ser enterrado no Reino Unido. “Queremos seus restos mortais de volta como família e como etíopes, porque esse não é o país em que ele nasceu”, disse Fasil Minas.

Mas segundo um comunicado enviado à BBC pelo Palácio de Buckingham, a retirada dos restos mortais afetaria os outros enterrados no local, na Capela de São Jorge. “É muito improvável que seja possível exumar os restos mortais sem perturbar o local de descanso de um número substancial de outras pessoas nas proximidades”, disse o porta-voz do palácio.

Segundo o porta-voz, as autoridades da Capela gostariam de honrar a memória do príncipe, mas há a “responsabilidade de preservar a dignidade do falecido.”

“Ele teve uma vida triste. Quando penso nele, choro. Se eles concordarem em devolver seus restos mortais, pensarei nisso como se ele voltasse vivo para casa”, disse Abebech Kasa, também descendente real do príncipe.

A captura de Alemayehu aconteceu após seu pai, o imperador Tewodros II, tentar uma aliança com a Rainha Vitória, em 1862, mas não obteve retorno, o que acabou dando início a uma crise diplomática. Anos depois, em 1868, soldados britânicos invadiram Maqdala, no norte da Etiópia, que levou ao suicidiou do imperador. 

Após a vitória, os soldados saquearam artefatos – coroas de ouro, manuscritos, colares e vestidos – e tudo que era de valor. Levaram para as terras da rainha, onde até hoje se encontram espalhados em diversos museus e aposentos reais. 

Para Andrew Heavens, autor do livro “The Prince e o Plunder”, que fala sobre a vida de Alemayehu e o ataque britânico na Abissínia, esta é uma questão “emocional”, por ser uma criança que nunca foi autorizada voltar para casa.

“Emocionalmente, a maioria das pessoas que conhece a história de Alemayehu sente que seus restos mortais devem ser devolvidos. Ele deixou tão claro antes de morrer que queria voltar”, falou à NBC News.

Segundo os relatos, o príncipe e sua mãe foram levados para o Reino Unido por “temerem” a segurança deles nas terras recém-invadidas por eles. Chegando lá, Alemayehu conheceu a Rainha Vitória que simpatizou com o órfão e ajudou financeiramente, mas sua vida lá foi infeliz. 

Ele foi para uma escola pública de Rugby, onde não se adaptou. Depois foi transferido para o Royal Military College, em Sandhurst, onde sofria bullying. Até que teve que receber aulas particulares.

“Sinto por ele como se o conhecesse. Ele foi deslocado da Etiópia, da África, da terra dos negros e permaneceu lá como se não tivesse casa”, contou Abebech.

Segundo Heavens, o príncipe tinha o desejo de voltar para casa, o que não foi concebido. Ele pegou pneumonia e depois de um tempo se recusou a se tratar. Em 1878, morreu aos 18 anos.

A Rainha, que simpatizava com o jovem, se pronunciou em seu diário sobre a morte dele. “Muito triste e chocada ao saber por telegrama que o bom Alemayehu faleceu esta manhã. É muito triste! Sozinho, em um país estranho, sem uma única pessoa ou parente pertencente a ele”, lamentou Vitória. 

“Sua vida não foi feliz, cheia de dificuldades de todo tipo, e era tão sensível, pensando que as pessoas olhavam para ele por causa de sua cor… Todos lamentam muito”, logo após, ela providenciou seu enterro na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor.

BNDES cria Grupo de Trabalho Negro para promover a equidade racial e transformação da economia

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Foto: Rossana Fraga/Divulgação BNDES

Na última terça-feira (23), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com apoio da Open Society Foundations, realizou o Seminário Empoderamento Negro para Transformação da Economia, onde o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, assinou uma portaria que instituiu um Grupo de Trabalho Negro para a Transformação da Economia. 

A formação do grupo tem como objetivo propor medidas que fortaleçam a equidade racial no BNDES. O grupo de trabalho é formado por 14 empregados do órgão público e terá entre suas atribuições acompanhar a elaboração e execução de um novo censo para identificar a composição étnico racial dos empregados do BNDES, além de propor medidas que tenham como objetivo impulsionar a diversidade, equidade e inclusão de pessoas negras no ecossistema do banco.

Outro ponto a ser trabalhado pelo grupo será a apresentação de propostas que adequem a atuação do BNDES a legislações ligadas à Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância e o Estatuto da Igualdade Racial. 

Ao abrir o evento, Mercadante destacou que: “Essa é a primeira iniciativa para tratar o tema da igualdade racial, do empoderamento dos negros, do combate ao racismo, da diversidade e da inclusão racial na história de 71 anos do BNDES”, disse ele, se desculpando pelo que chamou de “silêncio histórico”.

O evento também discutiu a Lei de Cotas e as ações de equidade racial encabeçadas por empresas de modo voluntário no Brasil. Com a presença do embaixador da África do Sul, Vusumuzi W. Mavimbela, o seminário também destacou a Política de Black Economic Empowerment do país como uma referência para o Brasil ao avaliar a evolução das empresas em relação à equidade racial em cargos de chefia e no quadro de funcionários das empresas em território sul-africano.

“Seguramente serei bastante criticado, nós seremos a partir de hoje, mas faço questão de ter essas críticas no meu currículo. Nós precisamos abrir essa porta, acabar com o silêncio sobre a questão racial no Brasil e hoje é um dia para esse banco liderar pelo exemplo. Nós temos que fazer na casa o que nós queremos que os outros façam”, pontuou Mercadante. 

“Próximo dia 20 de novembro, data de Zumbi, vamos lançar um documento para incluir nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) a questão do racismo. Queremos colocar essa agenda em discussão na ONU”, adiantou o presidente do BNDES, afirmando que a agenda precisa estar em discussão na Organização das Nações Unidas.

O Presidente dos Conselhos Deliberativos (CEDRA) e da Oxfam Brasil, Hélio Santos comentou sobre o papel do capital frente à equidade racial. Ao iniciar sua fala, ele lembrou a medida de Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, que em 1891 decidiu trazer imigrantes europeus e determinou que estes deveriam ser bem tratados. O que não aconteceu com os negros e fundamenta as desigualdades raciais e sociais no Brasil. “Temos que customizar as coisas para o Brasil”, destacou ele chamando a atenção de Mercadante para a necessidade de olhar para os problemas sociais do país considerando os mecanismos de desigualdade que foram estabelecidos ao longo da história. “Não adianta, presidente Mercadante, a vestimenta da Noruega ou da Bélgica para o Brasil porque eles não tiveram três séculos e meio de escravismo e nenhum Fonseca, imagine dois. Essa é a diferença desses lugares”.

Ele também pontuou que “o empreendedorismo negro não pode ser visto como uma iniciativa liberal atrasada, como alguns setores do próprio movimento negro vê. Aqui, o empreendedorismo deve ser visto como um forte fator democrático”. E ressaltou que o BNDES deve investir no desenvolvimento tecnológico avançado em concomitância com o investimento na equidade racial.

O evento também realizou o lançamento da Iniciativa Valongo, que terá coordenação executiva do BNDES. O Cais do Valongo foi o maior porto receptor de escravizados do mundo. O Cais foi encontrado em 2011 durante escavações feitas para a reforma da zona portuária do Rio de Janeiro e recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO em 9 de julho de 2017 por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas. 

Mercadante afirmou que o BNDES vai destinar um aporte de R$ 10 milhões para fortalecer o Museu do Valongo e o movimento que luta para preservação do local. “Nosso desafio é organizar a resistência da memória que está lá para fazer coisas que agreguem, que acrescentem e ampliem”, destacou ele. 

O presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco e a Ministra da Cultura, Margareth Menezes estiveram no evento e participaram da cerimônia de encerramento.

Live-action de ‘A Pequena Sereia’ é um conforto para a criança interior das mulheres negras 

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Foto: Divulgação/Disney

Contém spoilers*

Halle Bailey, a vida de todas as mulheres negras seria diferente se víssemos uma sereia negra durante a infância. Mas como não podemos mudar o passado, a gente conforta a nossa criança interior com o live-action de ‘A Pequena Sereia’ e tem a oportunidade de, enfim, apresentar para outras crianças negras, para que cresçam com mais autoestima e confiança.

A atuação e o vocal da Halle como princesa Ariel é marcante e incomparável. Ela nasceu para este papel e só discorda quem realmente é racista. Mas a presença de outras sereias negras, suas irmãs, e da rainha negra Selina (Noma Dumezweni), mãe do príncipe Eric, fortalecem ainda mais a naturalização o que significa beleza, poder, e ressignifica o imaginário de sermos o que quisermos, pois não nos sentimos fora do padrão estipulado por décadas pelos contos de fadas clássicos da Disney. 

Apesar de algumas adaptações nas músicas e nos personagens, a trama sobre a Ariel continua a mesma. Uma jovem que deseja desbravar o mundo fora do oceano e acaba se apaixonando por um humano, a ponto de desafiar o Rei Tritão, seu pai, e fazer um acordo com a vilã Úrsula, sua tia. Ela aceita ficar sem voz para ir atrás do seu amor e está disposta a viver como humana, ao lado dele. 

Foto: Disney/Entertainment Weekly

Mas diferente do clássico de 1989, Ariel encontra no Eric a verdadeira razão para se apaixonar por ele: ambos têm o mesmo desejo de conhecer o mundo e percebem que ainda possuem muito o que viver para além do que lhes foi imposto pelos pais. 

A ingenuidade, o otimismo e a coragem de Ariel, é magia mais potente para meninas negras que assistirem ao filme. Pois, por muito tempo, esse papel nos foi negado no cinema, nos colocando apenas como coadjuvantes, preteridas ou agressivas – quando aparecíamos. 

Foto: Disney/Divulgação

Mas para além da representatividade negra, o live-action também é marcante com os efeitos visuais e muito mais colorido do que demonstra nas fotos divulgadas. A experiência de assistir em 3D vale muito a pena para as cenas que se passam no oceano. No início, com os movimentos mais rápidos, nos traz uma leve sensação de estar debaixo d’água, entre os peixes. 

Os musicais apresentados são espetaculares, até para quem possa não curtir muito esse estilo de filme. A performance de Halle ao cantar ‘Part of Your World’ é encantadora, e o som se repete por diversas vezes ao longo do filme, marcando o desejo incansável da princesa para morar fora do mar, que ela já tinha antes de se apaixonar. 

Você sabe o que é Bornout Racial?

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Foto: Freepik

Texto: Shenia Karlsson

Ultimamente, uma quantidade considerável de pessoas negras têm procurado os serviços de psicologia clínica com uma queixa frequente: o esgotamento oriundo do trabalho. Todos os sintomas do Burnout são evidenciados como: cansaço excessivo, alterações de apetite, insônia, problemas com a memória, estados de ansiedade, depressão e em casos mais graves, a depressão grave e estados de catatonia. O resultado é a hipermedicalização da vida e o torpor para aguentar a lógica capitalista. O Burnout  está classificado no CID 11 como uma doença resultante da atividade laboral e pode acarretar depressão grave sendo necessário o afastamento imediato e tratamento com equipe multidisciplinar.

No entanto, quando se trata da pessoa negra em ambiente de trabalho, existe um componente central que deve ser levado em conta: o racismo. Este artigo tem o objetivo de levantar uma questão extremamente séria, o racismo no ambiente de trabalho como principal causador do que vou nomear de Burnout Racial. Segundo os relatos, as experiências se repetem e montam quase que uma colcha de retalhos de episódios desagradáveis e adoecedores. O Burnout tradicional é resultante de um acúmulo de funções laborais e de um ambiente tóxico com condições questionáveis para o trabalhador, já o Burnout Racial é um adoecimento que pessoas negras enfrentam e tem como base o racismo nas experiências laborais.

Essa semana o caso do jogador brasileiro Vini Jr. radicado na Espanha e integrante do time do Real Madrid, veio à tona e tornou-se um escândalo internacional. Ele tem enfrentado desafios inimagináveis em sua atividade laboral e já possui um acúmulo de vários episódios de Burnout devido às tensões que é submetido em seu dia a dia. Este caso ilustra muito bem como as instituições/empresas promovem o adoecimento de pessoas negras por serem ambientes que permitem a desumanização, tratam negros ainda como corpo trabalho e submetem essas pessoas a um profundo sofrimento e experiência de desamparo. Sim, é no DESAMPARO vivido pelo negro a maior fonte do adoecimento e a principal causa do Burnout Racial. Em todos os relatos, pessoas negras se veem sozinhas em seus enfrentamentos.

Esses ambientes tóxicos, perversos, possuem a lógica do abandono, da responsabilização da vítima e a total negligência quando se trata de pessoas negras. É na experiência do desamparo que o negro se vê numa situação impraticável, visto que a todo momento as soluções paliativas são sempre baseadas na idéia de que aguentamos sofrer mais violência. O desamparo neste caso foi evidenciado através das atitudes de toda a equipe e das autoridades do clube. Em nenhum momento o sofrimento do Vini foi considerado. Ele estava desamparado.

A exposição à humilhação pública e as demonstrações de ódio não foram suficientes para a equipe solidarizar-se com ele naquele momento, e ao contrário disso, ele ainda foi punido. Os conselhos de seus colegas de equipe foram: “deixa isso pra lá”. Pessoas negras são frequentemente desestimuladas a se posicionarem, são incentivadas ao silenciamento e quando denunciam as violências costumam sofrer retaliações e são abandonadas, jogadas ao total desamparo em seus ambientes de trabalho.

Pois é, o Vini estava trabalhando e é no trabalho que ele vê a cada dia o racismo tomar contornos significativos, e a estrutura racista ao qual ele está submetido pactua deslavadamente a fim de garantir a superioridade branca. Um elemento-chave nessa trama é a animalização do negro, ser chamado de macaco é um resgate da tecnologia colonial que implementou o esvaziamento da humanidade do negro para assim justificar qualquer violência direcionada aos nossos corpos. Quando todo negro é desumanizado e desamparado em seu ambiente de trabalho, o que está por trás é a naturalização da idéia de animalização do corpo trabalho. 

O Burnout Racial tem algumas características diferentes do Burnout tradicional. Pessoas negras geralmente apresentam não só uma exaustão oriunda do trabalho e sim, uma exaustão oriunda do racismo. A interdição, a situação de duplo vínculo, o silenciamento e a pressão que o sistema faz para que essa pessoa negra desista de estar naquele ambiente causam, além dos sintomas tradicionais do Burnout, alguns outros sintomas tais como sentimento de desesperança e não pertencimento, vergonha, baixa autoestima, incertezas, sensação de fracasso e não merecedor de seu lugar no mercado de trabalho. Pessoas negras costumam chegar no consultório com uma grande tristeza e um vazio existencial. 

Esse desastre digno de tempos coloniais, demonstra o quão os brancos estão despreparados para acolherem pessoas negras visto que são racistas por excelência e nem se dão conta disso. As pioneiras Virgínia Bicudo e Neusa Santos já alertavam que a mobilidade social não é uma garantia, um negro, independente da posição social que ocupa, como diz Fanon, é e sempre será um negro. 

E como podemos nos proteger para não sucumbir? Como não adoecer? Jovens negros no Brasil encabeçam o ranking dos casos de suicídios e sabemos bem o porquê. A consciência crítica, a denúncia, atuar em rede e o cuidado com a saúde mental são componentes que ajudam a enfrentar os sofrimentos oriundos do racismo. De qualquer forma, nossa saúde mental é inegociável, devemos sempre pleitear nossos direitos às pausas e aos descansos sempre que for necessário. A nossa responsabilidade é garantir nossa humanidade mesmo que os opressores pensem ao contrário.

Toda solidariedade ao nosso irmão Vini Jr., jovem, negro, periférico, talentoso. Acredito que coletivamente sentimos em seu rosto a dor de não poder protegê-lo naquele momento. A dor dele e seu possível adoecimento é mais uma história de um jovem negro brasileiro, que sofre racismo em seu próprio país e é hostilizado em sua condição de imigrante nas terras coloniais. 

Que comecem os protestos!

Shenia Karlsson é Psicóloga Clínica, Especialista em Diversidade, Escritora, Colunista, Palestrante, Consultora em D&I e Mediadora de Conflitos em Instituições e Empresas em casos de racismo e discriminação, é Diretora no Instituto da Mulher Negra de Portugal e Ativista da Saúde Mental.

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