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Brasileira que inspirou filme “Pureza” é premiada em Washington, nos EUA, por combate ao trabalho escravo no Brasil

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Foto: U.S. Department of State

Pureza Lopes Loyola, 80, recebeu na última quinta-feira (15) em Washington, EUA, o prêmio “Heróis no Combate ao Tráfico de Pessoas” por seu combate ao trabalho escravo no Brasil. Ela recebeu a honraria, uma das maiores da área dos direitos humanos, das mãos do secretário de Estado, Antony Blinken, e se tornou a primeira brasileira a receber o prêmio desde sua criação, em 2004.

Dona Pureza, mulher preta, nordestina e de fé, nasceu no Maranhão e se alfabetizou aos 40 anos para conseguir ler a Bíblia. Seu combate ao trabalho análogo a escravidão começou em 1993 quando ficou meses sem notícias do filho mais novo, Abel, que estava na Amazônia trabalhando no garimpo. Por três anos, ela descobriu e enfrentou um grande sistema de trabalho precário.

Seu combate ao trabalho em condições análogas à escravidão ajudou o Brasil a se tornar referência mundial. Em 1995, inspirado na luta de Pureza, foi criado o Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que já libertou 62 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão entre 1995 e 2021.

Seu ativismo também inspirou o filme ‘Pureza’, do diretor Renato Barbieri. O longa já recebeu quase 30 prêmios internacionais e nacionais. “Essa premiação do TIP HERO, conferido à Dona Pureza Lopes Loyola pela Secretaria de Estado dos Estados Unidos, é de relevância histórica, pois trata-se da única pessoa no Brasil a receber as duas maiores condecorações abolicionistas que conhecemos: o TIP HERO, em Washington, em 2023, e o ANTI-SLAVERY AWARD, conferido pela Anti Slavery International, em Londres, em 1997. É a coroação da luta incansável dessa nossa heroína cabocla em favor dos direitos à Vida, vivida de forma impactante por Dira Paes no filme Pureza, como também fortalece sobremaneira a luta abolicionista no Brasil em todos os campos.”, comenta o cineasta.

Em homenagem a Dona Pureza, o filme será transmitido na próxima segunda-feira (19) na Tela Quente, na Globo, às 22h.

Associação de advogadas negras, Black Sisters in Law se une ao iFood e lança central para entregadores vítimas de discriminação

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Foto: Marcello Casal / Agência Brasil

Texto: Kelly Bapstista

São incontáveis os casos de racismo e violências sofridas por entregadores de aplicativos. Uma queixa bem comum quando mais uma notícia vem à tona, é o desamparo que estes profissionais enfrentam ao serem vítimas de clientes.  Quase a totalidade destes entregadores, não possui recursos para contratar um advogado particular ou ter um acompanhamento psicológico.

Demorou, mas finalmente surge uma iniciativa realizada pela Black Sisters in Law em parceria com o iFood, com o objetivo de combater a discriminação e oferecer apoio aos entregadores, a marca lança uma central de apoio psicológico e jurídico para entregadores vítimas de discriminação. A associação global de advogadas negras, reconhecida por seu trabalho em várias áreas do Direito, se une à plataforma de delivery para garantir que os trabalhadores não sejam vítimas de ofensas, preconceito, assédio ou violência.

A iniciativa ganha destaque por sua importância no cenário atual, onde a proteção e valorização dos entregadores se tornaram fundamentais. Por meio dessa parceria estratégica, o iFood disponibilizará uma central assistencial dedicada aos entregadores que sofreram discriminação, garantindo-lhes acesso à justiça e apoio em suas demandas.

A atuação da Black Sisters in Law, que reúne advogadas negras comprometidas em promover a igualdade e a justiça social, traz uma abordagem abrangente para enfrentar os desafios enfrentados pelos entregadores. Além de oferecer suporte jurídico, a associação reconhece a importância do cuidado psicológico para ajudar os trabalhadores a superar os traumas causados pela discriminação.

“Ganha o iFood, que fornecerá aos seus entregadores um instrumento de segurança e proteção quando experimentam situação de racismo e injúria racial. Ganham as Black Sisters in Law, que terão a oportunidade de exercer a advocacia com dignidade. E ganham os entregadores, que passam a ter ao seu dispor uma plataforma que os acompanhará e fornecerá assistência jurídica nos momentos mais desafiadores do exercício da atividade.”, celebrou a fundadora da Black Sister in Law, Dione Assis. 

Todos os casos reportados pelos entregadores no aplicativo do iFood serão encaminhados para as advogadas e psicólogas associadas à Black Sisters in Law, que fornecerão atendimento especializado e individualizado. Essa medida visa garantir que os entregadores recebam a devida assistência legal e emocional, auxiliando-os a enfrentar os momentos mais desafiadores de sua jornada de trabalho.

Em comunicado oficial nas redes sociais da organização, a Black Sisters in Law afirmou que as advogadas “trabalharão em estreita colaboração com o iFood para identificar casos de racismo e injúria racial, oferecendo suporte legal, psicológico, orientação e representação jurídica apropriada” e reforçou a mensagem de apoio aos entregadores “Se você é um entregador que sofreu discriminação racial, saiba que agora há um apoio jurídico ao seu alcance”.

Para denunciar casos de discriminação e receber suporte da Central de Apoio Psicológico e Jurídico do iFood, os entregadores podem reportar os episódios diretamente no aplicativo. Ao clicar na opção “Alerta de casos graves” e selecionar “Quero reportar um caso grave”, eles poderão relatar o incidente e anexar fotos, se necessário. De acordo com informações do iFood, a equipe de Segurança de app entrará em contato para fornecer orientações e encaminhar o caso às profissionais da Black Sisters in Law.

John Boyega fala sobre realizar o sonho de trabalhar com Jamie Foxx: “Me inspiro muito”

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Foto: Jason Koerner/Getty Images e Henry Nicholls/Reuters

O ator John Boyega, 31, cresceu assistindo Jamie Foxx, 55, atuar em “The Jamie Foxx Show” e no filme “Ray”, e agora, realiza o sonho de estrelar o filme junto com ele, em “Clonaram Tyrone!”, da Netflix.

“É alguém em quem me inspiro muito”, disse Boyega à Variety no tapete vermelho do American Black Film Festival. “Ele definitivamente foi uma das principais mãos por trás da minha carreira que me ajudou a conseguir papéis, oportunidades e eu aprecio isso”.

Mesmo Boyega também ser uma estrela consagrada, pelas atuações em “A Mulher Rei” e na trilogia de “Star Wars”, por exemplo, ele valoriza a experiência de Foxx nos cinemas.

“Minha lembrança duradoura é dele ter a capacidade de ler seis páginas de novos diálogos e apenas dizer ‘Sim, entendi.’ Eu fico tipo, ‘O quê? Como você fez isso? Isso é coisa de estrela de cinema”, conta o ator. “Incrivelmente generoso com as pessoas, sempre cheio de energia, muito positivo”, diz sobre o Foxx.

Teyonah Parris também se junta à dupla no protagonismo da longa-metragem “Clonaram Tyrone!” chega no dia 21 junho na plataforma da Netflix. Na trama de comédia e ficção científica, “um traficante (Boyega), um cafetão (Foxx) e uma prostituta (Parris)”, se envolvem em uma grande teoria da conspiração governamental de clonagem de pessoas negras e outros experimentos ilegais.

Raça Negra celebra 40 anos e anuncia cruzeiro temático: Cheia de Manias em Alto Mar

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Foto: Reprodução / Redes Sociais.

Nesta última quarta-feira (14), o grupo Raça Negra anunciou que fará um cruzeiro temático em novembro para comemorar seus 40 anos de carreira. O ‘Cheia de Manias em Alto-Mar’ promete reviver o melhor dos anos 1990, com um repertório repleto de hits que embalaram gerações.

Entre os dias 9 e 12 de novembro, o grupo liderado por Luiz Carlos realizará apresentações a bordo do navio MSC Preziosa. O evento contará com a presença de convidados especiais como Belo e o vocalista Leonardo do grupo Menos é Mais. Além disso, os cruzeiristas terão a oportunidade de curtir o show intitulado “Gigantes do Samba”, que apresentará a incrível dobradinha entre Raça Negra e Alexandre Pires.

O roteiro dos três dias de festa ainda será divulgado e pode ser conferido no site oficial do evento (CLIQUE AQUI). “Venha viver esse momento histórico do grupo que inspirou gerações e até hoje é adorado por todo o Brasil. Não há quem não conheça, se emocione, e se entregue as músicas icônicas desses gigantes“, diz a descrição oficial. “Nesse mar de didididiê, transformaremos um mega transatlântico de luxo no cenário perfeito para a comemoração de 40 anos dos maiores artistas do Brasil, desde sempre tocando nossos corações e histórias”.

Com uma trajetória marcada por sucessos, o Raça Negra se tornou uma referência no cenário musical brasileiro. Suas canções são conhecidas por sua melodia cativante e letras que abordam temas como amor, saudade e paixão. Hits como “É Tarde Demais”, “Cheia de Manias”, “Jeito Felino” e “Cigana” se tornaram verdadeiros hinos e embalaram gerações, conquistando um lugar especial no coração do público.

Ao longo de sua carreira, o grupo acumulou uma impressionante lista de prêmios e honrarias. Eles foram agraciados com discos de ouro, platina e diamante, destacando o sucesso comercial de suas músicas. Além disso, a banda continua a encantar o público em suas apresentações ao vivo, lotando casas de show e participando de grandes eventos musicais.

Companhias circenses de Guiné e Toga se apresentam pela primeira vez no Festival Internacional Sesc de Circo, em São Paulo

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Foto: Metlili

Entre os dias 16 a 25 de junho o Sesc São Paulo recebe a 7ª edição do CIRCOS – Festival Internacional Sesc de Circo, uma experiência circense com produções nacionais e internacionais. Pela primeira vez, o festival vai contar com a presença de espetáculos de artistas de Togo, Guiné. Ao todo serão 40 atividades, sendo 21 espetáculos, e mais intervenções, vivências, oficinas, mesas de discussão, instalação interativa, lançamento de livro e encontro de programadores.

A programação vai contar com 10 apresentações internacionais, sendo seis estreias mundiais e quatro nas Américas, e mais 11 nacionais. A companhia Circus Baobab, de Guiné, abre o CIRCOS 2023 com números acrobáticos coletivos em Yé! – Água. O grupo guineense aborda temas como disputa por água, questões ambientais, violência de gênero, corrupção e desigualdade social em suas apresentações.

A companhia de Togo, Cia Afuma, apresenta a tradição togolesa em Edukikan – Coração Valente. Um espetáculo para todas as idades com pernaltas que se equilibram em pernas de pau de mais de três metros de altura ao som de ritmos típicos.

Além dos dois países africanos e grupos nacionais, o festival conta com a presença de produções da Alemanha, Argentina, Bélgica, China, Colômbia, Estados Unidos, França, México, Peru, Uruguai e Hungria, que também estará pela primeira vez.

O CIRCOS tem como objetivo trazer “um panorama multifacetado da produção circense contemporânea” no mundo e no Brasil. Para o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, o festival traz uma experiência de diversidade e representatividade. “Assim, o CIRCOS – Festival Internacional Sesc de Circo apresenta um panorama diversificado, dialogando com a importância da diversidade e da representatividade de povos e culturas em suas apresentações, corroborando assim para uma sociedade verdadeiramente mais justa e democrática”, comenta Miranda.

Serão 12 unidades da capital e Guarulhos que vão receber os espetáculos: 24 de maio, Avenida Paulista, Belenzinho, Campo Limpo, Consolação, CPF – Centro de Pesquisa e Formação, Guarulhos, Ipiranga, Itaquera, Pinheiros, Pompeia, Santana e Vila Mariana.

A programação completa e ingressos estão disponíveis no site circos.sescsp.org.br/. Os ingressos também podem ser adquiridos presencialmente nas bilheterias.

Ex-gerente branca do Starbucks vence processo de US$ 25,6 milhões após acusar empresa de demiti-la por racismo

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Foto: Getty Images

Uma ex-funcionária branca do Starbucks, localizado na Filadélfia, nos Estados Unidos, obteve uma vitória em um processo no qual acusava a empresa de demiti-la por motivos raciais. A decisão judicial, proferida em 12 de junho, concedeu a ela uma indenização no valor de US$ 25,6 milhões (cerca de R$ 123,3 milhões).

No entanto, o Starbucks negou veementemente as acusações e alegou que a mulher, que ocupava o cargo de gerente regional na época, não soube lidar de forma adequada com um caso de racismo ocorrido em uma das lojas da rede, envolvendo dois clientes negros. O caso foi divulgado pelo jornal The New York Times.

Em abril de 2018, dois homens negros foram presos após um funcionário da loja chamar a polícia quando eles solicitaram o uso do banheiro sem terem feito uma compra anteriormente. Embora tenham sido posteriormente liberados, o episódio ganhou grande repercussão devido à conotação racial envolvida. Mais tarde, os dois homens chegaram a um acordo compensatório com a empresa. O caso também gerou uma onda de protestos.

A ex-gerente regional, Shannon Phillips, foi uma das funcionárias demitidas após o incidente. Ela alega que, diante da controvérsia, recusou-se a acatar as ordens de sua superior, uma mulher negra, para demitir outro gerente branco acusado de conduta discriminatória, sustentando que as acusações eram falsas.

Phillips afirma ter sido injustamente transformada em “bode expiatório” pela empresa, que teria poupado o gerente negro responsável pela loja em questão. No processo, ela ainda alega que outros funcionários brancos também foram “punidos”.

A defesa do Starbucks argumentou em tribunal que Phillips não desempenhou adequadamente sua função durante o período de crise, o que resultou em sua demissão. Segundo um advogado da empresa, “a regional da Filadélfia precisava de um líder, e a sra. Phillips falhou em todos os aspectos desse papel”. Ela era responsável por cerca de 100 lojas.

O tribunal decidiu que o Starbucks violou os direitos civis e as leis contra discriminação racial. A condenação incluiu o pagamento de US$ 600 mil em compensação e uma indenização de US$ 25 milhões por danos morais a Phillips.

Após a divulgação da decisão judicial, o Starbucks não emitiu nenhum posicionamento oficial sobre o caso. Porém, a ex-gerente demonstrou satisfação com o resultado. De acordo com o The New York Times, sua defesa alegou que ela apresentou provas “contundentes” de que foi punida por ser branca.

O incidente envolvendo os clientes Rashon Nelson e Donte Robinson, que aguardavam um amigo no estabelecimento, ocorreu quando eles solicitaram o uso do banheiro e foram negados pelo funcionário. O gerente, diante da recusa dos clientes em deixarem a loja, chamou a polícia. Os dois homens foram algemados e levados para a delegacia, onde ficaram detidos por oito horas.

Rashon Nelson e Donte Robinson também chegaram a um acordo compensatório com o Starbucks, além de um acordo com a prefeitura, que se comprometeu a destinar US$ 200 mil para um projeto educacional contra o racismo.

Rodrigo França traz afeto e acolhimento para o restaurante Àmàlá, seu novo empreendimento

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Foto: Kennedy Lima

Rodrigo França faz um pouquinho de tudo, ele é diretor, escritor, ex-BBB, ativista e agora pode colocar mais um empreendimento na sua lista, dono de restaurante. Inaugura nesta quinta-feira (15), o restaurante Àmàlá, no Pelourinho, em Salvador, focado na culinária ancestral.

Ele conversou com o Mundo Negro sobre o restaurante e sua relação pessoal com a culinária. Para ele, a Àmàlá surgiu com a missão de acolher e levar comida afetiva para a população negra baiana. “Àmàlá tem uma pesquisa de afeto, acolhimento. E acolhimento também é uma comida gostosa, afetiva, que gera memórias e ensinamento, porque estamos falando de comida ancestral. Uma comida que existe há séculos e vem contemplar o contemporâneo”, contou Rodrigo.

O nome Àmàlá vem de origem Iorubá e é um prato votivo aos orixás, Xangô, Iansã, Obá e Ibeji, nas religiões de matrizes africanas e também carro chefe do restaurante que leva o mesmo nome. “Àmàlá porque é uma comida sagrada, de suma importância pra quem é de Axé, porque tem uma sonoridade que nos lembra o verbo amar”, descreveu o diretor. O chef responsável pela cozinha e menu será Andrey Basttos.

Já a escolha de ser no Pelourinho, foi uma forma de reconquistar o espaço para os negros. Rodrigo acredita que empreendedores negros e a população preta de Salvador está ressignificando o lugar que já foi de dor para o nosso povo: “O próprio negro ressignifica esse espaço que também deve ser de potência, sem esquecer a história do lugar, mas a gente precisa ocupar e deixar registrado que lá, como qualquer outro lugar, é nosso por direito.”

Mas quem acompanha a rotina de Rodrigo França sabe que ele não é uma pessoa de fazer um projeto por vez. Além da abertura do restaurante, ele está em cartaz com o espetáculo “Meus dois pais”, no Rio de Janeiro, e ainda nesta semana começa a filmar  a terceira temporada de “Arcanjo Renegado”, da GloboPlay. 

Em julho, ele lança mais um livro infantil. Já em agosto, ele se prepara para estreia da série “Humor Negro”, da Multishow e Globoplay, no qual ele é diretor, e a peça “Para meu amigo branco”, baseada no livro de Manoel Soares.

Para dar conta de tudo isso, Rodrigo conta com equipes, formadas por 90% negros, que o ajuda em cada projeto e nas decisões. Ele diz que esse ritmo traz estresse e cansaço, mas que ele tenta não passar para as pessoas que trabalham com ele e nem para os clientes, por isso sempre tira um tempo para descansar e cuidar da saúde mental e espiritual. “Férias, pra mim, é desligar de tudo pra dar conta de um ano que é de muito trabalho”, contou o empreendedor.

Confira a entrevista completa:

O que podemos esperar do Àmàlá e como foi o processo de surgimento do restaurante?

Àmàlá tem uma pesquisa de afeto, acolhimento. E acolhimento também é uma comida gostosa, afetiva, que gera memórias e ensinamento, porque estamos falando de comida ancestral. Uma comida que existe há séculos e vem contemplar o contemporâneo, mas uma comida gostosa e feita por pessoas que amam o que fazem, que entendem a culinária como um aspecto cultural forte. 

Por que o nome Àmàlá e como decidiram que seria no Pelourinho?

Àmàlá porque é uma comida sagrada, de suma importância pra quem é de Axé, porque tem uma sonoridade que nos lembra o verbo amar, e no Pelourinho porque, junto com outros empresários negros, a gente precisa entender que aquele espaço também é nosso. Um espaço que começa de dor com a população negra, e hoje, o próprio negro ressignifica esse espaço que também deve ser de potência, sem esquecer a história do lugar, mas a gente precisa ocupar e deixar registrado que lá, como qualquer outro lugar, é nosso por direito.

Para você, qual a importância de restaurantes que exaltam e mantêm viva nossa ancestralidade e cultura preta?

A cozinha sempre foi um espaço de potência para nós, negros. Não um espaço de subalternidade. Pra maioria das casas de famílias negras, a cozinha é o melhor lugar, de afeto, conversa e carinho. Cozinhar significa colocar, imprimir na comida o melhor que a gente tem. Quando a gente pensa em gastronomia, a gente está falando sobre a ética e estética de um povo, valores culturais de um grupo. Colocar essa culinária afro-brasileira num cardápio, é uma das formas de sinalizar que estamos presentes, que é uma culinária muito viva. Estamos nos terreiros, nas residências e estamos nos melhores restaurantes. Feito pelos nossos e onde também os nossos são donos do espaço. 

A procura de espaços (restaurantes, bares e afins) comandados por pessoas negras vem aumentando cada vez mais, você acha que estamos vivendo um bom momento para o empreendedorismo preto?

Acredito que cada vez mais a comunidade negra está entendendo a importância e o que é black money, esse dinheiro que gira entre a gente, entendendo que a gente não vive em uma democracia racial e que existe um apartheid socioeconômico. O dinheiro só está na mão da branquitude. Então, comprar produtos, consumir serviços de gente preta é também possibilitar economicamente que diminua essa distinção econômica que existe no Brasil. A gente vai encontrar as melhores comidas, os melhores serviços, os melhores produtos também das mãos de pessoas pretas. A negritude já está atenta a isso. 

Você já tinha interesse em entrar no ramo culinário ou foi uma oportunidade que surgiu na sua vida de repente?

Sou de uma família onde os homens cozinham, então a comida pra mim sempre esteve presente desde criança, cortando a cebola pro meu pai cozinhar. A necessidade de expandir da arte, da cultura, pra gastronomia foi por conta de primeiro, gerar empregabilidade pra muitos artistas que estavam na entressafra de trabalho. Comecei com restaurante no Rio de Janeiro, pensando em um público que lotava o teatro em que eu estava presente, e não tinha pra onde ir, ou que ia a um restaurante sem o menor compromisso com a negritude, levar o seu dinheiro, aí pensei: esse público pode levar esse dinheiro de volta pra mão preta. Essa necessidade vem daí, de gerar empregabilidade, e o público negro que consome cultura possa usar o seu dinheiro pra serviços e produtos de negros que geram cultura, e aí a gente acaba estabelecendo um black money. 

Além da abertura do restaurante, você está em cartaz com o espetáculo “Meus dois pais”, vai começar a filmar a terceira temporada de “Arcanjo Renegado”, está nos preparativos finais para a estreia de “Humor Negro” e ainda vai lançar um livro. Você pode falar mais um pouco sobre seus trabalhos e como faz para dar conta de tudo na sua rotina?

Eu tenho equipes extraordinárias, estou em todos os processos, embora não seja uma pessoa centralizadora, as decisões estão nas minhas mãos, mas sempre a partir de uma escuta. Esse Rodrigo que faz não tem a ver com mérito, isso é sempre importante sinalizar. Sou de uma família preta, de classe média, que pôde me instrumentalizar na educação, e é uma exceção à regra quando a gente pensa em uma relação socioeconômica. 

E consciência tem a ver com a minha militância, não posso negar um trabalho que vai difundir dezenas, centenas de empregos. Trabalhar comigo, em todas as pontas, significa mais de 90% de profissionais negros. Então traz cansaço, estresse, mas vale a pena e o mais importante é que esse cansaço não vá para as pessoas com quem trabalho, para os clientes. Eu paro e descanso. Férias, pra mim, é desligar de tudo pra dar conta de um ano que é de muito trabalho. E cada vez mais estou cuidando da minha saúde espiritual, mental, em dia, pra conseguir seguir.

Rihanna estrela primeira campanha de Pharrell Williams como diretor criativo da Louis Vuitton

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Foto: Reprodução

Pharrell Williams assumiu recentemente o cargo de diretor criativo da Louis Vuitton e sua primeira grande jogada foi garantir a presença da empresária e cantora Rihanna como estrela de sua primeira campanha. A campanha apresenta Rihanna grávida usando uma camisa de couro com o padrão Damier da grife, pixelado.

A imagem da campanha já está em exibição em um enorme outdoor com vista para o rio Sena, no Musée d’Orsay, em Paris, onde Pharrell posou para a foto mencionada anteriormente. Esse lançamento ocorre apenas alguns dias antes de seu desfile de estreia, marcado para o primeiro dia da semana de moda masculina da capital francesa, em 20 de junho.

A nomeação de Pharrell Williams para o cargo de diretor criativo masculino da Louis Vuitton solidifica ainda mais a marca como uma referência cultural e marca a primeira grande decisão de Pietro Beccari desde que assumiu o cargo de presidente e diretor executivo da Louis Vuitton no início deste ano.

Essa posição estava vaga desde o falecimento precoce de Virgil Abloh, em novembro de 2021. A contratação de Pharrell, um renomado cantor e empresário de 49 anos, para essa posição estratégica foi anunciada no dia 14 de fevereiro. Pietro Beccari, CEO da Louis Vuitton, expressou sua satisfação com a contratação e destacou a visão criativa ampla de Pharrell, que transcende a moda.

“Pharrell Williams é um visionário cujos universos criativos se expandem da música à arte e à moda – estabelecendo-se como um ícone cultural global nos últimos vinte anos. A forma como rompe fronteiras nos vários mundos que explora, alinha-se com o estatuto da Louis Vuitton como Maison Cultural, reforçando os seus valores de inovação, pioneirismo e empreendedorismo‘, disse a grife em comunicado que anunciou a contratação de Williams.

A aguardada primeira coleção de Pharrell como diretor criativo masculino da Louis Vuitton será revelada em junho, durante a semana de moda de Paris. É importante ressaltar que o artista já possui uma longa trajetória no mundo da moda, tendo atuado anteriormente como embaixador da Chanel.

Segunda edição do ‘Festival LED – Luz na Educação’ promove reflexões sobre o futuro da educação no Brasil

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Foto: Divulgação

Um evento que busca reimaginar o futuro da educação e iluminar os desafios e oportunidades do nosso sistema educacional. A segunda edição do Festival LED – Luz na Educação, acontece nos dias 16 e 17 de junho no Museu do Amanhã e no MAR, no Rio de Janeiro e trará conversas importantes com convidados especiais como a professora e escritora norte-americana Patricia Hill Collins, além de oficinas, palestras e shows. 

“Nessa segunda edição, eu a Letícia Castro que é quem divide essa linda e árdua tarefa comigo, tivemos mais tempo para pensar e fazer um trabalho profundo de pesquisa, de escuta e muita troca com parceiros diversos e de diversas áreas”, contou Renata Novaes, que atua na área de Valor Social e é uma das curadoras do festival.

“Os critérios [para a escolha dos especialistas, educadores e artistas que participam do evento] são de ampliação do diálogo, e por isso trazemos, por exemplo, figuras no universo da arte e entretenimento para complementarem com suas falas a partir de suas vivências que não necessariamente sejam acadêmicas”, revelou.

O primeiro dia de festival trará o ativista indígena Ailton Krenak, a escritora Ana Maria Gonçalves, além do ator, diretor e escritor Lázaro Ramos para uma conversa mediada pelo apresentador Luciano Huck, e promete reflexões profundas no palco LED INSPIRA, onde o tema debatido será “Trajetórias ancestrais: como o passado pode guiar futuros plurais?”.

Outro destaque do LED INSPIRA será a conversa sobre “Educação crítica: uma janela para novas possibilidades com Patricia Hill Collins”, na qual os participantes terão a oportunidade de aprender com uma das mais influentes sociólogas do mundo sobre como a educação crítica é essencial para a construção de sociedades democráticas e equitativas. O bate-papo terá mediação de Larissa Luz.

“A Patricia Hill Collins é reconhecida como uma importante figura no campo dos estudos que examinam as formas complexas como diferentes sistemas de opressão, como raça, gênero e classe social, se intersectam e se interconectam. Logo, suas inteligências podem contribuir muito trazendo para o cenário brasileiro, pois fala de empoderamento, compreensão e sobretudo fornece uma lente crítica para a análise dos currículos escolares”, destaca Renata.

No dia 17 de junho, o palco LED INOVA trará discussões como “Borogodó cultural: uma escola chamada Brasil”, uma conversa descontraída sobre o potencial pedagógico da cultura brasileira e como ela pode ser incorporada no currículo escolar para fortalecer a identidade cultural do país.

Além da oficina “Vou aprender a ler pra ensinar meus camaradas: práticas de antirracismo na educação”, que abordará estratégias antirracistas e a construção de uma sociedade menos desigual. Essa oficina é destinada a profissionais da educação e a qualquer pessoa interessada no tema.

Renata Novaes também reforçou a importância de pautas antirracistas no contexto educacional considerando a formação do país e seu histórico escravista. “O Brasil possui uma história marcada pela escravidão e pela desigualdade racial, e a luta contra o racismo é fundamental na construção de uma sociedade justa e igualitária. E dentro do contexto educacional pautas como essa são urgentes.”

A Inteligência Artificial como recurso para a educação também estará em pauta durante o Festival LED – Luz na Educação. Renata explica que a discussão é necessária tendo em vista a necessidade de garantir que esse seja um recurso acessível para todos. “Tenho ouvido muito que a IA pode ajudar a melhorar a eficiência dos sistemas públicos, como saúde, transporte e segurança, e tem grande potencial de trazer benefícios para as questões sociais do país, a ponto de refletir a promoção de uma educação mais inclusiva. Mas precisamos garantir que seja acessível para todes, e que os profissionais sejam capacitados para aplicar com efetividade e responsabilidade. São grandes os desafios e por isso a necessidade da discussão”, pontuou.

Sobre o papel do Festival LED na inspiração por mudanças reais na educação do país, Renata reitera: “Acredito que mais do que inspirar, festivais educacionais como o LED disponibilizam um ambiente propício e necessário para a troca de ideias, compartilhamento de experiências e a disseminação de boas práticas entre educadores, pesquisadores, especialistas e demais envolvidos no universo da educação.”.

Os participantes do Festival LED – Luz na Educação podem esperar por dois dias repletos de inspiração, aprendizado e diversão na busca por transformar a educação brasileira.

Clique aqui e confira a programação completa do festival.

Vinícius Júnior é convidado pela FIFA para liderar comitê antirracismo

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Foto: Shutterstock

O atacante da seleção brasileira e do Real Madrid, Vinícius Jr. foi convidado pela Fifa para liderar o comitê especial antirracismo. A informação foi divulgada pelo presidente da entidade Gianni Infantino, em entrevista à Reuters nesta quinta-feira, 15. O comitê será formado por jogadores que devem sugerir punições mais rigorosas para quem cometer atos racistas no futebol.

“Pedi a Vinícius que liderasse esse grupo de jogadores que apresentará punições mais rigorosas contra o racismo, que mais tarde serão implementadas por todas as autoridades do futebol em todo o mundo”, disse Infantino.

Vini Jr. tem sido uma vítima recorrente de ataques racistas no futebol europeu. O mais recente aconteceu em maio, durante uma partida entre Real Madrid e Valencia, pelo Campeonato Espanhol, quando o jovem jogador de 22 anos, foi hostilizado por torcedores do time rival e ao reclamar sofreu um mata-leão do jogador do Valencia, Hugo Duro. 

Ao anunciar o jogador como líder do comitê, o presidente da Fifa afirmou ainda que é preciso ouvir os jogadores e trabalhar por um ambiente mais seguro: “Precisamos ouvir os jogadores e o que eles precisam para trabalhar em um ambiente mais seguro. Estamos levando isso muito a sério”, comentou.

“Não haverá mais futebol com racismo. Os jogos devem ser interrompidos imediatamente quando isso acontecer. Basta!”, enfatizou Gianni Infantino após uma reunião com Vinícius Jr. e os jogadores da seleção brasileira.  “Precisamos de punições mais duras. Não podemos tolerar mais racismo no futebol. Como presidente da Fifa, sinto que precisava conversar pessoalmente com Vinícius sobre o assunto.”, comentou. O jogador brasileiro ainda não se pronunciou sobre o assunto. 

No próximo sábado, 17, as seleções do Brasil e da Guiné se encontram para um amistoso em Barcelona, na Espanha. Os jogadores brasileiros devem jogar com um uniforme todo preto em uma ação inédita organizada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra o racismo. O uniforme deve ser usado durante o primeiro tempo da partida. Essa será a primeira vez que os jogadores da seleção brasileira entram em campo usando camisas, shorts e meias pretas.

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