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Lula diz que cor e gênero não serão critérios para indicar nome ao STF

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Foto: Jean Christhope / AFP;

Em coletiva de imprensa nesta tarde de segunda-feira (25), o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre indicações de nomes ao Supremo Tribunal Federal. Lula declarou que não tem “pressa” para indicar nomes ao STF e destacou ainda que gênero e cor de pele não serão critérios para a escolha. “Não precisa perguntar por essa questão de gênero ou cor, no momento certo vocês vão saber quem eu vou indicar”, destacou.

“O critério não será mais esse [gênero]. Eu estou muito tranquilo, por isso que eu tô dizendo que eu vou escolher uma pessoa que possa atender aos interesses e expectativas do Brasil. Uma pessoa que possa servir o Brasil. Uma pessoa que tenha respeito com a sociedade brasileira. Uma pessoa que tenha respeito, mas não medo da imprensa. Uma pessoa que vote adequadamente sem ficar votando pela imprensa”, disse Lula.

Em agosto, a  Coalizão Negra Por Direitos, organização composta por mais de 200 grupos do movimento negro, lançou uma campanha de alcance nacional com o objetivo de conquistar a nomeação de uma jurista negra para uma das posições no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao longo de 132 anos de existência do STF, nunca houve a indicação de uma ministra negra. Desde 1891, 167 indivíduos já ocuparam o cargo de ministro na suprema corte. No entanto, somente três desses ministros eram de origem negra e apenas três mulheres tiveram a oportunidade de assumir a mais alta posição no sistema judiciário brasileiro. Agora, uma nova oportunidade surge com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, que completará 75 anos em 2 de outubro e, portanto, precisará deixar sua posição.

Kerry Washington revela que fez aborto aos 20 anos: “É o que acontece, muitas mulheres fazem isso”

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Foto: (Myung J. Chun / Los Angeles Times.

Estrela da série ‘Scandal’, Kerry Washington revelou através de seu novo livro de memórias, “Thicker Than Water”, que fez um aborto quando tinha 20 anos. A artista disse à People que pensou muito se deveria incluir essa história em sua nova obra, mas ela acabou concluindo que poderia ajudar outras mulheres a lidarem com questões e decisões difíceis envolvendo o próprio corpo. “Essa história teve muito a ver com minha compreensão de mim mesma e do mundo à medida que minha carreira se desenrolava“, disse.

“No início, pensei muito sobre incluir ou não minha história sobre o aborto no livro”, continuou Washington. “Não tinha certeza de como isso se encaixava na história da minha vida. Mas comecei a sentir que era muito importante para mim compartilhar isso.” Em outra entrevista para o programa norte-americano Good Morning America, a atriz definiu sua atitude como uma forma de auto cuidado. “Permanecemos em nossos círculos de vergonha porque não falamos sobre isso. Então, eu me desafiei a tentar escrever sobre minha experiência de fazer um aborto para deixar de lado a vergonha e dizer: ‘É isso que acontece. Muitas mulheres fazem isso. Esta é uma forma de cuidado de saúde. Esta certa.'”, concluiu.

Foto: People / Josefina Santos.

Sem maiores detalhes, Kerry revelou ainda que na época do aborto ela deu um nome falso aos médicos para proteger sua privacidade. “É muito importante para mim que o aborto não seja um palavrão e que o meu aborto não seja outra coisa na lista de coisas de que me envergonho. Estamos num momento em que é realmente importante dizer a verdade sobre as nossas escolhas reprodutivas porque algumas dessas escolhas estão a ser retiradas de nós”, disse a atriz para a People.

Além de sua uma consagrada carreira na televisão, Kerry também possui diversos papéis no cinema. Ela desempenhou obras significativos em filmes como “Django Livre” (2012), dirigido por Quentin Tarantino, e “Histórias Cruzadas” (2011), que recebeu aclamação da crítica e indicações ao Oscar. Sua versatilidade como atriz lhe permitiu abordar uma ampla gama de personagens, desde dramas intensos até comédias.

Câmara de São Paulo retira nome de Bandeirante e substitui por Zumbi dos Palmares em rua da cidade

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Foto: Divulgação

O bairro de Bom Retiro, São Paulo, pode ganhar uma rua em homenagem a Zumbi dos Palmares. A Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei que muda o nome da Rua Jorge Velho para o nome de um dos maiores lideres negros da história do Brasil. A PL ainda precisa ser aprovada pelo prefeito Ricardo Nunes.

Caso o projeto seja aprovado, o nome da rua será substituído de um bandeirante que atacou e matou diversos negros para um líder negro. Domingos Jorge Velho, que dá o atual nome da rua localizada no Bom Retiro, foi um famoso bandeirante paulista conhecido por matar povos indígenas e ser um dos responsáveis por acabar com o Quilombo dos Palmares e matar Zumbi.

A PL é de autoria do vereador Toninho Vespoli, do PSOL, e foi sugerida pela direção da Faculdade Zumbi dos Palmares, que fica próxima a rua. “Já conseguimos aprovar projetos tirando nomes de torturadores do regime militar de vias públicas. Trocar o nome de uma pessoa que perseguiu negros pelo de Zumbi é um novo passo neste processo de reparação histórica”, disse Vespoli.

O Projeto de Lei foi enviado para o prefeito do Município de São Paulo, que pode sancionar ou vetar a mudança de nome.

O projeto tramitia na Câmara de São Paulo desde 2020 e na época foi levantado um abaixo-assinado do Projeto Zumbi Resiste, criado por alunos da universidade.

Jornalista Basília Rodrigues denuncia comentários racistas que recebeu após anunciar que está entre os finalistas do prêmio +Admirados jornalistas negros e negras do Brasil

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A jornalista Basília Rodrigues compartilhou nas redes sociais os comentários racistas que recebeu após anunciar que estava na lista de finalistas do prêmio +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira.

“Olha o nível de comentário que recebi depois da indicação ao prêmio de jornalista negro mais admirado”, escreveu ela em uma publicação em seu Instagram.

Em uma das mensagens compartilhadas pela jornalista da CNN, uma pessoa chegou a dizer “essa raça é uma piada”, outro pessoa comentou: “De onde vem essa gente? Do esgoto?”.  Outros seguidores de Basilia comentaram que estão denunciando os comentários recebidos por ela e deixaram mensagens de apoio: “Tem que denunciar. Já fiz minha parte”, respondeu um dos seguidores.  Uma pessoa também comentou: “Você é uma excelente profissional”.

Na publicação, Basilia também destacou o quanto a premiação é importante diante de comentários racistas como os que ela recebeu: “Se havia alguma dúvida sobre a importância ou necessidade de uma premiação tão específica como essa, imagino que aqui se vão os questionamentos. Esse é um exemplo de mensagem que, de tão repugnante, foi retirada do ar, com ajuda de internautas – que denunciaram. Nem sempre dá certo. Mas, quando finalmente uma fonte de racismo é suspensa ou banida da internet, ganha todo mundo, brancos e pretos”.

Alicia Keys registra marca da própria linha de chás: ‘Alicia Teas’

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Foto: Reprodução/Instagram

A cantora Alicia Keys registrou uma marca para sua própria linha de chás chamada ‘Alicia Teas‘ (Alicia Chás, traduzido em português), um trocadilho inteligente com o seu nome, revelou o TMZ nesta segunda-feira (25),

Em documentos obtidos pelo portal, a empresa da artista, AK Worldwide, entrou com pedido para garantir os direitos do nome da marca para lançamento.

Tudo indica que a ideia do nome da marca surgiu a partir de uma linha pessoal de chás que o marido e produtor musical Swizz Beatz presenteou a Alicia Keys, em 2020, para celebrar o aniversário da cantora.

“Todos na Starbucks em todo o mundo verão Alicia Teas”, escreveu Beats no Instagram. Ainda segundo o TMZ, é possível que os fãs possam comprar ‘Alicia Teas’ na rede de café, em breve, mas por enquanto, nada foi divulgado oficialmente.

Leilão da coleção de Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil, é suspenso após pedido do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)

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Foto: Fernando Azevedo/Divulgação

O aguardado leilão da coleção de obras de arte que pertenceram a Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil, que faleceu em setembro do ano passado, foi suspenso a pedido do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). O pregão que estava programado para começar nesta segunda-feira, 25, e seria encerrado no dia 29, foi adiado em resposta a um pedido extrajudicial do órgão enviado à Bolsa de Arte, casa de leilões responsável pela venda das obras.

O pedido do Ibram baseia-se na Constituição brasileira, que confere preferência aos 30 museus, sob a alçada desse órgão federal, em casos de venda judicial ou leilão de bens culturais. Esse período de preferência se estende por 15 dias, durante os quais as instituições vinculadas ao Ibram, bem como outras que aderiram voluntariamente ao Sistema Brasileiro de Museus, têm o direito de manifestar interesse nas obras.

A exposição das primeiras 600 peças a serem leiloadas esteve em exibição na galeria Bolsa de Arte, em São Paulo, e permanecerá aberta ao público até o final de outubro. A coleção, que abrange mais de 5.000 peças representando o barroco e a joalheria brasileira, é um testemunho do profundo interesse de Emanoel Araújo em obras que contam a história de artistas e artes negras, muito antes do atual movimento de destaque à diversidade nas instituições culturais do país.

O leiloeiro responsável, Jones Bergamin, expressou seu desejo de vender a coleção como um todo, preservando assim seu valor museológico e evitando sua fragmentação entre compradores individuais. Ele enfatizou a importância de garantir o acesso público às obras de arte.

Cerca de 1.500 itens da coleção deveriam ser leiloados, com os fundos destinados aos oito irmãos de Emanoel Araújo e às quatro pessoas próximas a ele, de acordo com as disposições de seu testamento. Essas pessoas desempenharam papéis importantes na vida do artista, seja na produção de suas obras de arte ou em sua esfera pessoal.

A coleção também inclui esculturas em madeira de santos negros do século 18, assim como “joias de crioula”, acessórios usados por mulheres escravizadas nos séculos 18 e 19, cada um com significados profundamente enraizados nas religiões africanas, muçulmanas e católicas, destacando o sincretismo cultural brasileiro.

Nenhuma obra de autoria de Emanoel Araújo seria leiloada, e a Bolsa de Arte prometeu encaminhar ao Museu Afro Brasil documentos, cartas e manuscritos pertencentes ao fundador que foram encontrados. O Museu Afro Brasil, por sua vez, detém em comodato 2.800 obras da coleção de Araújo, que não serão leiloadas no momento, mas poderão ser vendidas futuramente. A ideia é que essas obras sejam adquiridas em conjunto pelo poder público ou por mecenas que por alguma eventualidade queira doá-las ao Museu Afro Brasil, garantindo a continuidade do legado de Emanoel Araújo e o acesso público a essa herança cultural.

Leci Brandão passa mal após “estranhamento na mão direita”; Artista segue bem e se recuperando

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Foto: Reprodução

A cantora e deputada estadual de São Paulo, Leci Brandão, 79, passou mal após sentir um “estranhamento na mão direita” enquanto viajava de avião para o Rio de Janeiro no último sábado (23). Ela já segue em casa se recuperando.

Leci estava indo de São Paulo para o Rio de Janeiro quando passou mal e perdeu o movimento do pulso. Ela foi encaminhada para o pronto-socorro do aeroporto e logo em seguida foi para o Hospital Copa D’Or, em Copacabana, para realizar uma ressonância magnética.

Em um vídeo divulgado pelo G1, a cantora disse que está bem e já foi liberada. “Chegando à Emergência do Copa D’Or, foram realizados exames que constataram não haver nenhuma alteração neurológica”, disse Leci. “É muito importante que vocês saibam disso: nenhuma alteração neurológica”, tranquilizou a artista.

Ela também comentou que logo estará novamente em São Paulo com seus médicos e “tudo será resolvido”. “Eu estou bem, eu estou descansando. E quero agradecer assim, do fundo do meu coração, as orações, as pessoas que estão pedindo pela minha saúde hoje, pelo meu restabelecimento. Deus abençoe, proteja, ilumine todos vocês.”

Viola Davis no Brasil: Atriz vai participar do Festival Liberatum em Salvador

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Foto: Getty Images

A consagrada atriz Viola Davis já tem data para retornar ao Brasil. A estrela vencedora do Oscar vai participar do Festival Liberatum, que acontecerá entre os dias 3 a 5 de novembro em Salvador, Bahia. Ela será uma das homenageadas da edição ao lado de seu marido e empresário Julius Tennon. Juntos, eles ainda serão honrados como Embaixadores Culturais e Agentes de Mudança Global.

Dentro do evento, Wole Soyinka, a primeira pessoa negra a vencer o Prêmio Nobel de Literatura, as cantoras IZA e Majur também serão celebradas. Outros nomes internacionais como Morgan Freeman e Naomi Campbell já estão com presenças confirmadas.

Julions Tennon e Viola Davis. Foto: Oye Diran / For The Times

Alcione será homenageada com o Prêmio Liberatum Cultural Honor durante a cerimônia de gala de abertura. Além dela, grandes nomes como a artista performática Debbie Harry, o consagrado vencedor do Oscar Lee Daniels, a atriz brasileira Taís Araújo e ator e cineasta brasileiro Lázaro Ramos também foram confirmados.

A Liberatum, renomada empresa global especializada na concepção de conteúdos para festivais, está trazendo seu evento para o Brasil com foco na moda, cinema, fotografia e entretenimento. De acordo com os organizadores, a primeira edição terá um programa multidisciplinar ambicioso e profundamente inspirador para defender a igualdade, inclusão e diversidade. 

Viola Davis veio ao Brasil em setembro de 2022, ocasião em que divulgou seu filme ‘A Mulher Rei’.

MOVER assina Pacto na ONU para promover a equidade racial no setor corporativo

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Foto: Reprodução

Em um evento marcante realizado no dia 15 de setembro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, três entidades brasileiras, o Pacto Global da ONU no Brasil, o Movimento Pela Equidade Racial (MOVER) e o Pacto de Promoção de Equidade Racial, anunciaram uma aliança sem precedentes com o objetivo de promover a equidade racial no ambiente corporativo.

O SDGs in Brazil (Metas de Desenvolvimento Sustentável no Brasil), que reuniu mais de 300 líderes de grandes empresas, representantes do governo e da sociedade civil, tem como objetivo debater o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) por meio de iniciativas das empresas, além de discutir temas relacionados à Agenda 2030, como direitos humanos, meio ambiente e governança. A carta de compromisso foi assinada durante o evento promovido pelo Pacto Global no Delegates Dining Room

“Firmamos o compromisso público de cooperação, um protocolo de apoio institucional entre o Pacto Global da ONU no Brasil, através da iniciativa “Movimento Raça é Prioridade”, o MOVER (Movimento Pela Equidade Racial) e o Pacto de Promoção da Equidade Racial, para fortalecer a pauta da equidade racial no mercado corporativo e fora dele”, destacou o MOVER em uma publicação nas redes sociais.

A desigualdade racial no Brasil tem sido uma questão persistente, com pessoas negras enfrentando desafios desproporcionais em relação ao acesso ao emprego e representatividade em cargas de liderança. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas negras representam a maioria entre os mais pobres e têm a maior taxa de desemprego no país. Apenas 29,5% das cargas gerenciais das empresas são ocupadas por pessoas negras, em contraste com 69% por pessoas brancas.

“É uma responsabilidade de todos os setores da sociedade buscar a equidade racial, porém, as empresas têm um papel crucial nesta transformação. Só com uma liderança diversa é que veremos a mudança real acontece nas equipes, nos resultados de negócio e nas relações mercadológicas como um todo. O Pacto dos Pactos reforça este dever, chamando as instituições também para a ação”, comenta Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil.

O Pacto Global da ONU no Brasil, uma das maiores redes locais do mundo com mais de 1,9 mil organizações participantes, uniu forças com o MOVER, composto por 49 empresas de diversos setores, e o Pacto de Promoção de Equidade Racial, que conta com 55 empresas signatárias. Esta aliança histórica visa promover mudanças palpáveis ​​no ambiente corporativo brasileiro e na sociedade em geral.

Pesquisa aponta que negros e mulheres na chefia elevam investimentos e ampliam inclusão

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Foto: Yuri Arcus

Os dados são de um levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper a pedido da Fundação Lemann. Os pesquisadores analisaram 95 estudos nacionais e internacionais sobre diversidade de gênero e raça no mercado e na política, publicados em livros e revistas acadêmicos ao longo dos últimos 20 anos.

Lideranças femininas tendem a atrair até 60% mais investidores externos do que homens, enquanto chefes negros podem aumentar em até 1,8 ponto percentual a participação de trabalhadores pretos e pardos em suas empresas.

“Nos contextos analisados, as mulheres em posições de tomada de decisão tendiam a adotar estilos de liderança mais colaborativos e inclusivos, o que pode ser percebido pelos investidores como um indicativo de transparência e confiabilidade”, afirma Michael França, doutor em teoria econômica pela USP, colunista da Folha e co-autor do levantamento.

De acordo com ele, empresas lideradas por mulheres também tendem a dispor de práticas de responsabilidade social corporativa mais consistentes e efetivas, ou seja, criam mais iniciativas para promover melhorias sociais e ambientais para além do exigido por lei.

Exemplos são ações com foco na comunidade do entorno, como capacitações e cursos gratuitos, ou a redução dos impactos ambientais em processos de fabricação.

Sob a perspectiva racial, foi encontrada uma forte associação entre a inclusão de trabalhadores negros, por meio da contratação e participação de sua força de trabalho, e o sentimento de identificação e compromisso dos líderes.

Lideranças negras tendiam a se identificar mais facilmente com candidatos pretos e pardos, entendendo os desafios enfrentados por eles e valorizando suas vivências.

“Inclusive, devido às suas próprias experiências, os líderes negros tendiam a dispor de um maior compromisso com a diversidade e inclusão, buscando criar ambientes de trabalho mais diversificados”, explica o pesquisador.

Em entrevista para a jornalista Paola Ferreira Rosa, da Folha de S. Paulo contei que sempre liderou equipes majoritariamente formadas por mulheres e pessoas negras. Atualmente, trabalhando como Diretora Executiva da Fundação 1Bi, voltada ao impacto social a partir do uso de tecnologias, lidero 14 pessoas, das quais 70% se autodeclaram pretas ou pardas e 25% são LGBTQIA+.

Assumi meu primeiro cargo de liderança há dez anos, e não precisei abrir vagas afirmativas para compor equipes diversas.

Durante a entrevista, contei que: “As pessoas me procuram pedindo para trabalhar comigo. Acho que, por eu ser uma mulher preta, de origem periférica e mãe, se enxergam em mim como líder. Para mim também é muito mais fácil liderar pessoas que vêm desse lugar”

Todos os funcionários que trabalham comigo se formaram em universidades públicas, por meio de cotas, ou em particulares, através de programas de incentivo. Além disso, o domínio de línguas não é pré-requisito para que se contrate alguém.

Também destaquei as dificuldades que minorias sociais enfrentam no mercado de tecnologia: “O mercado de tecnologia é cruel. Às vezes querem uma pessoa júnior que já fale inglês, alemão e tenha experiência. A gente busca pessoas que têm história e são conectadas com a educação. Desenvolvemos elas aqui dentro, e temos uma taxa de evasão muito baixa”.

Para Deloise de Jesus, líder de equidade racial da Fundação Lemann, uma das barreiras para o crescimento profissional de grupos minorizados é não se verem como capazes de assumir cargos de chefia, devido à falta de pessoas semelhantes nessas posições.

“Muitas pessoas que têm um perfil de liderança, principalmente mulheres e pessoas negras, nem chegam a se candidatar, porque não se veem representadas. Elas não imaginam que aquela posição é para elas”, diz.

De acordo com ela, pessoas que passam por essa barreira ainda enfrentam bloqueios sistêmicos, como a discriminação e o racismo. “Eles operam na autoestima, na sensação de pertencimento, no acesso a recursos, e nessa parte externa, que é as portas serem abertas.”

No meu caso, conforme meu relato à Folha de S. Paulo: “Só estou aqui porque tive algumas pessoas que me incentivaram. Quando eu estava no processo seletivo para cá, não acreditei que conseguiria entrar como coordenadora. Eu tinha passado por um emprego muito ruim e estava adoecida”, afirma.

Depois de viver situações de racismo na empresa onde trabalhava, quase desisti da carreira e me inscrevi para uma vaga de analista júnior, recebendo 20% do que iria ganhar na época como coordenadora na 1Bi. E, além de ser selecionada para o cargo de coordenadora, fui promovida à diretoria no ano seguinte.

O economista Michael França cita a maternidade como outra barreira para que mulheres cheguem à liderança. De acordo com ele, estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa mostram que a desigualdade salarial entre mulheres e homens é acentuada depois da gestação.

“Isso acontece porque as normas sociais ainda colocam muito peso sobre as mulheres no cuidado dos filhos. Para cuidar da criança, elas começam a escolher empregos mais flexíveis e profissões que ganham menos, e isso afeta a carreira —tanto no setor público, quanto no privado”, diz.

O assédio sexual, em ambiente de trabalho ou fora dele, também impacta na carreira de mulheres, ao passo que discriminação racial incide sobre o trabalho de homens e mulheres negros.

Para França, enumerar todos os mecanismos que excluem mulheres e negros na sociedade é o primeiro passo para que mudanças sejam feitas.

Informações:  Folha de São Paulo 

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