A emissora FX anunciou nesta segunda-feira (6) que a série ‘O Urso’ foi renovada para a 3ª temporada. Disponível no Star+, a produção de comédia dramática se tornou uma das obras mais aclamadas durante a última temporada de premiações, recebendo 13 indicações ao Emmy.
‘O Urso’. Foto: FX.
Dentro da sinopse, somos apresentados à história de Carmy Berzatto (Jeremy Allen White), um chef de cozinha premiado que sai de Nova York para administrar um restaurante desorganizado e repleto de problemas em Chicago.
Em ‘O Urso’, três personagens negros ganham destaque: Sydney, Marcus e Ebraheim. A primeira, interpretada pela atriz Ayo Edebiri é um dos maiores acertos em toda produção. Descrita como uma jovem chef profissionalmente treinada, Sydney é contratada para liderar o restaurante The Beef e, rapidamente, demonstra seus talentos culinários e administrativos, ao implementar mudanças significativas dentro do negócio. Ela conquista o respeito relutante dos outros chefs por estar certa na maior parte do tempo e acaba ensinando uma série de truques para os outros chefes.
A atriz nigeriana-americana, Yvonne Orji, falou em entrevista para o podcast Dear Chelsea da apresentadora Chelsea Handler, sobre ser uma mulher virgem aos 39 anos. Orji, que ficou conhecida pela personagem Molly Carter na série Insecure, já havia mencionado que deseja permanecer virgem até se casar.
Durante a conversa, Handler questionou a atriz sobre sua vida sexual: “Você ainda é virgem?”, perguntou ela ao que Orji respondeu: “Eu estou”. “Oh meu Deus, eu amo isso”, ressaltou a apresentadora. “Este é o convidado mais original que já tivemos. E você tem 39 anos? Oh meu Deus. Essa represa vai quebrar um dia, querida.”
A atriz falou sobre o desejo de perder a virgindade só depois de se casar e brincou ao dizer que está potencialmente preocupada com o homem com quem vai ficar por causa do tempo que esperou. “As pessoas diziam, ‘Oh, Yvonne.’ … Ore por ele, seja ele quem for”, contou. “Há muita energia reprimida aqui comigo”
A apresentadora também brincou dizendo que Yvonne Orji atingirá seu “pico sexual” quando começar a fazer sexo, então ela “provavelmente precisará de alguns homens”. A atriz respondeu: “Yvonne passou de virgem a poliamor”.
Em uma entrevista concedida para a revista People, em 2017, Yvonne falou sobre sua decisão de esperar: ‘Antes que qualquer coisa [da fama] acontecesse, sentei-me comigo mesmo e com Deus e pensei, quando eu conseguir, como você quer que eu o represente enquanto estiver aqui?’ ela disse. “Foi tipo, OK, eu sei por que estou aqui. É para deixar você orgulhoso.
Além disso, a atriz falou que já respondeu sobre sua virgindade em muitas entrevistas “As pessoas perguntam sobre isso porque estão curiosas ou podem não entender”, falou. “Como eles vão entender se eu não falar sobre isso? Posso informar sua curiosidade, em vez de todo mundo ficar no escuro e apenas criar sua própria narrativa sobre isso.”
Sucesso da plataforma HBO Max, a segunda temporada da série ‘Maldito Rap’ estreia no próximo dia 9 de novembro. A obra segue a história de duas amigas distantes do ensino médio, Shawna e Mia, que se reúnem para formar um grupo de rap. Em sua ascensão à fama, elas se encontram num momento crucial em suas carreiras no rap, pois são forçadas a decidir se permanecerão fiéis a si mesmas ou se obedecerão às demandas da indústria musical.
O MUNDO NEGRO entrevistou com exclusividade as criadoras de ‘Maldito Rap’, Issa Rae e Syreeta Singleton. Em conversa com o jornalista ARTH, as duas estrelas contaram que o vínculo de amizade entre Shawna e Mia vai se fortalecer, apesar dos novos desafios. “Elas duas estarão completamente imersas nesse sonho que elas construíram, cometendo alguns erros ao longo do caminho, fazendo muitos compromissos, alguns que elas realmente deveriam fazer, outros que não deveriam, mas acho que elas estão aprendendo muito sobre elas mesmas, e elas estão se tornando cada vez mais próximas, descobrindo o quão importante essa relação pode ser”, contou Syreeta.
‘Rap Shit’. Foto: HBO.
Apresentando conflitos sobre o mundo musical feminino, ‘Maldito Rap’ também utiliza inspirações da vida real. De acordo com Issa Rae, a segunda temporada também vai utilizar elementos do rap dos anos 90. “Eu realmente tirei da vida real algumas situações do rap, fomos inspiradas. Na temporada 1 escrevemos algumas coisas que realmente aconteceram na vida real e na 2 temporada vamos ver se esse vai ser o caso também. Existem algumas coisas que já aconteceram, inclusive. Coisas que refletem o que escrevemos nessa temporada em particular. É muito animador estar alinhada com a cultura do rap feminino no geral. Existem momentos em que nos inspiramos nos anos 90, anos 2000 e que vamos ver refletidos nessa temporada“, contou Issa Rae, que também escreveu, produziu e estrelou a série ‘Insecure‘.
‘Rap Shit’. Foto: HBO.
Syreeta diz que para além das histórias conhecidas pelo público, ‘Maldito Rap’ vai utilizar ‘situações fantásticas’ dos bastidores. “Muitas das nossas histórias vem de acontecimentos que não estão em destaque nas notícias. Muitos de nossos escritores tiveram experiências reais. Tivemos um escritor que trabalhou como assessor de turnê e ele tinha tantas histórias e aí você descobre que outras pessoas possuem histórias e então unimos tudo”, contou a profissional.
Outro destaque de ‘Maldito Rap’ é a forte presença da internet, que assim como acontece na série, é responsável por alavancar a carreira de tantos artistas. As duas criadoras dizem que sempre estão de olho no que acontece no mundo das fofocas. “Syreeta está em toda página de fofocas, ela sabe tudo que está acontecendo e isso é ótimo para a série“, brincou Issa Rae.
Ó Paí Ó 2 esta com estreia agendada para o dia 23 de novembro nos cinemas O filme dirigido por Viviane Ferreira e estrelado por Lázaro Ramos ganhou apoio público do deputado federal do RJ, o Pastor Henrique Vieira, após campanha de boicote contra o longa: “Toda solidariedade a você, meu amigo! Tenho certeza de “Ó Paí, Ó 2” será um sucesso. Não perco por nada!”, destacou o deputado.
Em uma publicação no Instagram, o pastor critica a postura das pessoas que pediram o boicote: “Boicotar a cultura nacional não é nada patriota! @olazaroramos é um ator, escritor, cineasta e apresentador fundamental para o nosso país”, disse, “Toda solidariedade a você, meu amigo! Tenho certeza de “Ó Paí, Ó 2” será um sucesso. Não perco por nada!”, destacou ele.
O filme está sendo alvo de uma campanha de boicote organizada por apoiadores do ex-presidente, que relembraram comentários feitos no ano passado por Lazinho sobre a alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis durante a gestão de Jair Bolsonaro. Na época do lançamento de seu filme “Medida Provisória”, ele teria dito: “Olha o preço do combustível e dos alimentos. Olha como a pandemia e o valor à vida foram tratados. Está difícil ser brasileiro sob o governo Bolsonaro, não posso falar só sobre a dificuldade de ser artista neste momento, não se trata disso”.
A campanha de boicote também foi reforçada depois que o youtuber Enzo Momento, conhecido como Enzuh, postou um vídeo criticando o ator por apoiar o presidente Lula. No vídeo, ele teria dito: “Eu não sou hipócrita. Assisti ao primeiro filme do ‘Ó Pai Ó’ e adorei. Ri muito. Lázaro Ramos é divertidíssimo. Mas para que se envolver com o ‘Dilmo’”, afirmou.
Ontem, domingo dia 05 de novembro de 2023, estudantes de todo o país tiveram como tarefa construir um texto dissertativo- argumentativo com o tema: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) trouxe para o debate público um assunto que a teoria feminista, os estudos de gênero, direito do trabalhador vem, há anos, se preocupando. Cara leitora e caro leitor, preciso te alertar, logo no começo, que este texto não será uma reprodução de uma redação do Enem. Mas posso garantir (ou ao menos tentar) uma reflexão acerca do tema solicitado pelo exame.
Ao pensarmos nos cuidados com as crianças e idosos, ou nas tarefas domésticas, os ligamos, quase que automaticamente, à função das mulheres. Muitas vezes essas mulheres trabalham o dia inteiro fora de casa, possuem diversas profissões e quando finalmente chegam em casa, lhes cabem fazer comida, lavar roupa e louça, dar banho na criança, entre outras atividades, todas relacionadas a manutenção da casa e do cuidado com aqueles que necessitam de suporte. Todo esse trabalho não é nem considerado trabalho. Ele não é remunerado, é desvalorizado e por vezes invisibilizado na nossa sociedade. Não são considerados, por exemplo, pela previdência social.
Além da questão financeira e previdenciária, não podemos esquecer que a sobrecarga leva às doenças, síndromes e sintomas, como, ansiedade, exaustão, pressão alta, depressão e burnout. O argumento que coloca sobre a mulher a responsabilidade do cuidado, o lugar “certo”, lugar fixado para mulheres geralmente gira em torno do instituto, do natural, como se a mulheres nascessem com o dom do cuidado. Esquecem que tudo isso é socialmente aprendido e assim sendo todos, repito, todos podem aprender e reproduzir.
A escritora ligada à segunda onda do feminismo Margaret Benston no texto The political economy of women’s liberation (A economia política da libertação das mulheres, em português) publicado pela primeira vez em 1969, aponta que o trabalho feito por mulheres fora do dito mercado é necessário para a acumulação capitalista, de forma quase que irônica, a não remuneração do trabalho doméstico sustenta a lógica capitalista.
O debate sobre a divisão de gênero do trabalho não pode ser pensado sem levar em consideração a raça. No Brasil, as mulheres negras são maioria entre as mães solos, sendo elas as que mais necessitam das creches públicas, por exemplo. Provavelmente, você já deve ter notado que a invisibilidade do trabalho de cuidado é uma problemática que precisa ser enfrentada no âmbito público, privado e que perpassa por inúmeras questões, como a desconstrução de papéis de gênero fixos, que reforçam a superioridade masculina e o patriarcado e consequentemente intensifica a opressão de gênero. O machismo é estrutural e assim sendo, sustentam as relações sejam elas de trabalho, familiares e afetivas. Cabe a todos o enfrentamento desses desafios. Tanto nas nossas relações interpessoais, quanto nos movimentos sociais e cobrando políticas públicas, uma vez que também é responsabilidade do Estado eliminar as desigualdades de gênero.
Um torcedor do Boca Juniors foi preso em flagrante na noite de sábado, 4, no Rio de Janeiro, depois de chamar uma adolescente de 17 anos de ‘macaca’ e imitar o animal para a estudante. O homem foi detido pelo crime de injúria por preconceito e caso foi registrado na 12ª DP de Copacabana, bairro onde o crime aconteceu.
Segundo informações publicadas pelo jornal O Globo, o autor do crime se chama Fabiano Vieira Yamuni, de 19 anos, ele é filho de argentino e torcedor do Boca Juniors e acompanhava um grupo de torcedores na noite de sábado. Um funcionário da lanchonete que não quis se identificar afirmou em entrevista que os torcedores já estavam causando um tumulto no local antes da vítima chegar com o namorado.
A testemunha contou ao Globo que ao se aproximar do casal, viu os torcedores do Boca chamando a adolescente de ‘mono’, que significa macaco em espanhol. “Eles estavam fazendo gestos também. Todos tentaram amenizar, mas eles voltaram”, relatou. Ele também afirmou que o namorado da vítima vestia camiseta do Fluminense e a garota usava uma camiseta verde.
Clima de tensão
O clima tenso entre as torcidas já tinha começado antes mesmo da chegada dos argentinos no Brasil para assistir a final entre Fluminense e Boca Juniors, pela taça Libertadores, que aconteceu no sábado e teve o time do Rio de Janeiro como campeão. Na sexta-feira, o jogador Marcelo, já havia sido vítima de xingamentos racistas nos comentários do X (Ex-Twitter) da Conmebol.
Além disso, dias antes da final do campeonato, o Boca Juniors tinha publicado recomendações para os torcedores argentinos, alertando que racismo era crime no Brasil.
Fabiano Yamuni, que foi preso por injúria por preconceito contra a adolescente de 17 anos, é natural de Abadia de Dourados, em Minas Gerais.O crime de injúria por preconceito é inafiançável e possui pena prevista de dois a cinco anos de prisão.
Com extensa programação, o Salvador Capital Afro busca exaltar a ancestralidade negra da capital baiana, apresentando para o público eventos que valorizam a música, o cinema, o turismo, a gastronomia, a religiosidade, a moda e o empreendedorismo negro em Salvador através de encontros potentes em festivais, desfiles, shows e debates que exaltam a ancestralidade negra e promovem conexões culturais que evidenciam o potencial da capital baiana para o mundo e acontecem durante todo o mês de novembro.
Nesta segunda-feira, 6, acontece a reabertura do Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira, com a exposição “Um Defeito de Cor”, que tem curadoria de Ana Maria Gonçalves, Marcelo Campos e Amanda Bonan. A exposição é baseada no livro de mesmo nome escrito por Ana Maria e que narra a história de uma mulher escravizada que consegue sua liberdade e parte para encontrar o filho.
Dentro da programação, o festival Afropunk, que acontece no Parque de Exposições, em Salvador, nos dias 18 e 19 de novembro, vai promover shows de artistas negros de expressão no cenário nacional, como o rapper Djonga, a cantora Majur, Carlinhos Brown, Gaby Amarantos, que se apresentam no primeiro dia. Já o segundo dia contará com uma homenagem especial para a cantora Alcione, que se apresenta ao lado de Iza e da escola de samba carioca Mangueira.
O festival também vai promover “Rodadas de negócios”, nos dias 22, 23 e 24 de novembro voltadas para o afroturismo, a música e as artes visuais. Com objetivo de fortalecer a economia criativa, as rodadas de negócios buscam aproximar artistas e empreendedores locais de contratantes, compradores e diferentes agentes de fomento.
O Salvador Capital Afro teve início com a realização da primeira edição do Festival Liberatum Brasil, que aconteceu entre os dias 3 e 5 de novembro e trouxe Angela Bassett, Viola Davis e Julis Tennon para o Brasil.
Confira a programação completa do Salvador Capital Afro
6 de novembro – Reabertura do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira
O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), gerido pela Sociedade Amigos da Cultura Brasileira (Amafro), será reaberto no dia 6 de novembro com a exposição “Um Defeito de Cor”, eleita “exposição do ano” em 2022, após estreia no Museu de Arte do Rio (MAR). A exposição, que tem curadoria de Ana Maria Gonçalves, Marcelo Campos e Amanda Bonan, foi escolhida para marcar a reabertura do Muncab devido à sua relevância artística, histórica, literária e cultural, além da capacidade de promover a compreensão, o diálogo intercultural e o fortalecimento do museu como um polo cultural de destaque
7 de novembro – Seminário Nacional do Samba
Iniciativa da Unesamba, composta por nove blocos de samba de Salvador, que discutirá a cadeia produtiva do samba e o potencial de geração de empregos e de renda na economia da cidade e do país. O evento será no Centro Histórico.
10 e 11 de novembro – Candyall e Tal
Projeto que acontece anualmente no bairro do Candeal, realizado pelo projeto Pracatum, ocupará a localidade com apresentações musicais, oficinas de percussão, entre outras demonstrações culturais.
18 e 19 de novembro – Festival Afropunk
O maior festival de cultura negra do mundo ocorrerá novamente em Salvador e homenageará Alcione. O evento reunirá artistas de música negra, como Iza, BaianaSystem, Majur, Olodum, O Kannalha, entre outros.
20 de novembro – Caminhada da Liberdade
Organizada pelo Fórum das Entidades Negras da Bahia, a tradicional caminhada ocorre todos os anos no Dia Nacional da Consciência Negra, exaltando a importância da luta das pessoas negras, e conta com o apoio da Prefeitura de Salvador.
20 e 21 de novembro – Festival Afrofuturismo Vale do Dendê
O Festival de Afrofuturismo, realizado pela incubadora de startups baiana Vale do Dendê, vai reunir especialistas negros em tecnologia e inovação de todo o Brasil para compartilhar as suas experiências com a comunidade jovem de Salvador.
21 a 25 de novembro – Festival Internacional do Audiovisual Negro do Brasil
Maior festival de cinema negro do país, o evento vai trazer convidados internacionais para compartilharem a sua vivência na cadeia produtiva do audiovisual com os produtores da capital baiana.
22 a 24 de novembro – Festival Salvador Capital Afro
Festival de empreendedorismo, negócios, música e economia criativa focado no público negro, realizado com o apoio da Prefeitura de Salvador.
24 a 26 de novembro – Expo Carnaval
Exposição para discutir a cadeia produtiva e econômica do Carnaval. Neste ano, será focada na cultura negra de Salvador, reunindo artistas, dirigentes culturais, produtores e outras personalidades da área.
25 de novembro – Afro Fashion Day
Desfile de moda que abraça estilistas negros, focado na promoção da autoestima da população negra de Salvador.
25 de novembro – Desfile de Blocos
Projeto inédito da Prefeitura de Salvador, será um desfile de blocos afros e de afoxé pelas ruas do Pelourinho e do Centro da cidade, tal como ocorre no Carnaval.
25 de novembro – Dia Nacional da Baiana de Acarajé
Data para celebrar e debater melhorias para este ofício, tão importante para a cultura baiana, com homenagens e distribuição de kits com tabuleiro, ombrelone e outros materiais.
26 de novembro – Caminhada do Samba
O tradicional evento dos blocos de samba que se apresentam no final de novembro será incorporado ao calendário do Novembro Salvador Capital Afro.
30 de novembro – Scream Festival
Festival de inovação e criatividade, que ocorre tradicionalmente na cidade, desta vez terá também um enfoque no público negro e nas suas potencialidades.
Acesse o site para mais detalhes sobre a programação (CLIQUE AQUI)
A abordagem da Consciência Negra seria irrelevante numa sociedade igualitária, sem distinção de cor e sem exploração.
Steve Biko
Estamos no começo do mês de novembro, período em que celebramos a Consciência Negra e Zumbi dos Palmares. Alguns ativistas e militantes negros até chamam, ironicamente, de mês da “Paciência Negra”, pois, haja estômago para suportar os racistas enchendo o saco com reclamações sobre a comemoração presente no calendário nacional.
De qualquer maneira, devemos pontuar publicamente, e no meio em que transitamos, de que não se trata de uma agenda limitada ao dia 20 de novembro. Este é um período pertencente ao amplo processo na tomada de consciência dos descendentes dos povos escravizados, do enfrentamento ao racismo, do resgate e valorização da cultura negra, da discussão sobre a situação atual e construção de um projeto político para o futuro do povo negro. Mesmo assim, não podemos cair na besteira de acharmos que as explicações serão aceitas sem a resistência das pessoas brancas. Os entusiastas do sofrimento dos negros resistem aos argumentos. O objetivo deles é nos provocar com questionamentos estúpidos e racistas. Ignore essas pessoas. Gaste toda a sua energia focando no povo negro.
Não interessa a nós conscientizar a população branca acerca dos privilégios. Esse é um trabalho complexo que não acontece de uma hora para outra. O racismo é muito mais profundo do que o próprio comportamento individual dos brancos. O objetivo é mudar o pensamento dos negros, conduzi-los a emancipação intelectual. A assimilação do racismo acarretou múltiplas formas de degradação no modo de ver e posicionar-se no mundo. Existem muitos negros reproduzindo o racismo contra os seus próprios semelhantes, e também sofrendo com a autoestima abalada. Isso leva a inação e ao conformismo diante das condições de opressão, dessa maneira, impede a luta pela recuperação da própria humanidade. Os irmãos e irmãs negros se alimentam na covardia, e ignoram o inimigo que se esconde pelas estruturas institucionais. Desse modo, o sofrimento é elevado e a ausência de direitos estabelecidos na Constituição Federal continua sendo a norma social. Por isso que a destruição desse processo subjetivo e concreto é um dos objetivos que não podemos abdicar.
Neste “novembro negro”, vamos focar no nosso povo, na cultura e saberes ancestrais, no legado do herói quilombola – Zumbi dos Palmares; aquilombar-se é a única saída para a superação do racismo, e como disse o pan-africanista Amílcar Cabral: “temos necessidade de consciência, porque na medida em que o homem tem consciência da realidade, ele cria força para mudá-la.”
Hoje (5), a Praça Cairu recebe o grande show de encerramento do Festival Liberatum com atrações como Ground Blues Zero e Lazzo Matumbi, Orquestra Afrosinfônica, Luedji Luna, Márcio Victor e o Grupo Ilê Aiyê com convidados especiais, a partir das 16h.
O Grande Concerto apresenta ainda uma impactante homenagem a Angela Bassett. A atriz será premiada com o Liberatum Cultural Pioneer Award como reconhecimento por sua importância para a cultura negra de todo o mundo.
Além da premiada atriz, Vovô do Ilê e Débora (Didá) também serão homenageados no evento, que será mediado pela jornalista Luana Assiz.
O encerramento marca a primeira edição do Festival Liberatum no Brasil, com uma programação de nomes importantes para a cultura negra do mundo como Alcione, Viola Davis, Angela Bassett, Margareth Menezes, Seu Jorge e muitos outros. A cidade de Salvador, com uma população de mais de 80% de afrodescendentes, é um importante berço para as discussões promovidas pelo festival e a presença de artistas do território marcam a conclusão do evento de forma representativa e com grande impacto cultural.
Serviço: Show de encerramento do Festival Liberatum
Por Priscilla Arantes, gerente de comunicação do Sistema B Brasil, e articuladora do Coletivo Pretas B.
O uso da inteligência artificial (IA) para gerar imagens tem se tornado uma tendência recorrente nas redes sociais. Essa inovação tecnológica tem movimentado a produção de conteúdo e proporciona aos usuários a oportunidade de experimentar diferentes aparências, emulando personagens de desenhos animados ou de filmes famosos. Contudo, essa prática trouxe à tona questões importantes relacionadas à diversidade e à equidade racial.
A tendência mais recente, que envolve a utilização da plataforma Bing da Microsoft para criar imagens semelhantes aos personagens da Disney Pixar, ilustra a complexidade da IA na representação racial. Muitos usuários, principalmente pessoas negras, expressaram ter dificuldades para criar personagens que refletissem fielmente suas características físicas, principalmente, o tipo de cabelo e o tom de pele.
A IA, em muitos casos, parece favorecer um fenótipo mais alinhado ao padrão branco, reforçando, involuntariamente, preconceitos e estereótipos enraizados na sociedade. Ao solicitar imagens de pessoa negra sem especificar a cor dos olhos, por exemplo, a IA gerou imagens de personagens negras com olhos azuis. O cabelo crespo ou cacheado também surge com raiz lisa e aspecto de um cabelo modificado no salão. Para chegar mais perto da aparência real, é preciso investir em dezenas de tentativas. Eu mesma, fiz aproximadamente 60 descrições para conseguir personagens mais próximos das minhas características, e não alcancei o meu peso, todas as imagens criadas são de mulheres magérrimas.
Alguns incidentes chegam a ser ainda mais problemáticos. Um caso que chamou atenção envolveu a deputada estadual Renata Souza (PSOL), do Rio de Janeiro. Ao solicitar à ferramenta a criação de “uma mulher negra, de cabelos afro, com roupas de estampa africana num cenário de favela”, o resultado entregue a ela foi a imagem de uma mulher negra com uma arma de fogo nas mãos. Esse erro da IA levanta sérias preocupações, pois não apenas perpetua estereótipos negativos associados à população negra, mas também coloca em evidência a necessidade urgente de melhorias na programação dessas ferramentas.
Um dos principais desafios da IA reside na representação. Para que uma IA seja capaz de gerar imagens mais inclusivas e precisas, é crucial que haja uma coleta de dados mais diversificada, abrangendo uma ampla gama de características raciais, étnicas e culturais. Isso fornecerá à IA uma base mais sólida para entender e representar diferentes grupos.
É imperativo que os algoritmos de IA sejam projetados com sensibilidade à raça. Isso significa considerar não apenas a diversidade de características físicas, mas também as culturais para garantir que os resultados não perpetuem preconceitos ou estereótipos raciais.
As empresas que desenvolvem as ferramentas de IA devem priorizar a realização de testes rigorosos e revisões éticas para identificar e corrigir possíveis vieses raciais ao disponibilizarem a tecnologia ao público. Isso exige um compromisso contínuo com a equidade racial e a disposição de corrigir erros quando eles ocorrerem.
A transparência em relação às limitações de IA deveriam ser compartilhadas pelas empresas, que poderiam ainda envolver a comunidade em discussões sobre como melhorar essas ferramentas. As próprias redes sociais que abrigam as imagens criadas tem funcionado como espaço para o debate e desabafo. A voz das pessoas afetadas pode e deve ser ouvida e respeitada.
A IA tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa para a criatividade e a diversão, desde que seja desenvolvida com sensibilidade e responsabilidade. É doloroso e uma nova forma de exclusão, ver todo mundo brincando nas redes sociais e não poder entrar na brincadeira. Resolver questões de equidade racial na criação de imagens por meio de IA requer um esforço conjunto das empresas, dos desenvolvedores e da sociedade em geral. É um desafio que, quando enfrentado de maneira eficaz, promoverá uma representação mais inclusiva de todos nas redes sociais e, consequentemente, no mundo.